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PEDAGOGIA DO DIÁLOGO



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PEDAGOGIA DO DIÁLOGO: como exercer este exercício no corpo da curiosidade

MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO


INTRODUÇÃO



A formação histórica de professores no Brasil desdém de uma Escola ortodoxa jesuítica, a oralidade sempre foi à forma didática de compartilhar saberes. A Escola contemporânea ainda utiliza metodologias jesuíticas em seu processo de Ensino/Aprendizagem. Estas didáticas não estão conseguindo atingir o imaginário do Educando. Se Ensinar é criar espaços dialógicos e valorizar saberes silenciado. Como poderemos atingir imaginários dispersos ou sujeitos violados em sua autonomia? Como despertar curiosidade se a informação esta na net? Faz-se necessário supor que, a escola de hoje e de ontem esta alheia às condições sociais e ou do desenvolvimento psicossocial dos nossos educandos. Freire (1996. p. 61) cita que "ensinar exige bom senso, no entanto, o professor deve estar sempre vigilante diante de sua prática".

O formalismo invencível desta prática não deve permitir o desleixo ou a falta de interesse do meu educando e ou atribuir a mim um direito de poder sobre este o outro. Não posso sequer imaginar que meu educando não sabe nada, minha praticabilidade deve ultrapassar meus limites e levar o meu educando a pensar. Freire (1996. p.62) menciona que, "o exercício do bom senso se faz no corpo da curiosidade". Esta falta de interesse vem de saberes segregado pela violência intrafamiliar e pela violência psicossocial. É na apartheid do preconceito cognitivo, social, econômico e político que faço a imagem do outro. Se o bom senso que faço de algo, não basta para orientar minha prática, devo buscar em mim e no outro, os motivos do seu desleixo ou até mesmo o meu.

A educação infantil tem uma importância muito grande no desenvolvimento intelectual e social do sujeito. Se fizermos uma escala comparativa na qualidade do desenvolvimento cognitivo vamos perceber valores absorvidos pelo sujeito durante seu

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desenvolvimento social promovido pela educação infantil, principalmente no nível um. Contudo, não podemos deixar de mencionar o contato mãe e filho e os valores familiares, ou melhor, a formação sócia familiar. É neste momento que a escola vem contribuir com a formação psicobiológico, e esta formação vai estar unida à formação cidadã.

Faz-se necessário citar que, é por meio dos processos sensório-perceptivo que o sujeito vai configurar a imagem da sua realidade com o mundo. Este processo ligasse as práticas diárias e ao domínio da relação de espaço e tempo. E este processo pode ser despertado no sujeito de diversas formas, uma delas são as brincadeiras. Este sequenciamento continuado só vai acontecer quando a criança passa a brincar com o faz de conta. Cabe ressaltar também a dimensão motora, esta vai permitir ao sujeito o desenvolvimento das coordenações dinâmicas manuais. Estas coordenações serão imprescindíveis para o desenvolvimento da escrita e da leitura.


Com 2-3 anos; a criança sai do período de inteligência sensório-motor que só pode organizar-se diretamente sobre os objetos. Ela entra na fase pré-operatória que pode, segundo Piaget, ser subdividido em estágio pré-conceitual (2-4 anos) e estágio intuitivo (4-7 anos). O período pré-operatório começa com a primeira aparição da representação simbólica que consiste em elaborar em pensamento imagens a partir de objetos ou de movimentos do mundo real, mas que não se apresentam imediatamente aos sentidos. Esse período termina pelo pensamento intuitivo que se caracteriza pela concentração da criança sobre a aparência das coisas e pela ausência do raciocínio lógico. (DELDIME. 2004. p. 90).


Nessa perspectiva de valores emocionais poderemos perceber que a escola faz parte do desenvolvimento e do fortalecimento das relações sociais, intelectuais e familiares. Ela é responsável pela interpretação cultural. É necessário esclarecer também que este desenvolvimento vai fazer parte da construção do pensamento diário e intelectual do sujeito em desenvolvimento. Ficando assim evidenciado que, a escola é responsável pela formação do sujeito em diversos aspectos inclusive na formação cidadã.

É de extrema importância destacar o termo cultura: "é um conjunto de valores e comportamentos estabelecido e seguido por uma sociedade". (Dicionário Prático de Pedagogia. 2003. p. 76). Segundo Lakomy (2003) a concepção construtivista interpreta o processo de ensino-aprendizagem como um processo de caráter social. E os valores culturais vão ser despertados na primeira sociedade do sujeito, a família. "O professor é um agente mediador entre o aluno e a sociedade, e o aluno é um agente ativo na construção do seu conhecimento por meio da sua interação com o mundo físico e social". (LAKOMY. 2003. p. 33). O Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) menciona em seu

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Artigo 53, que é dever da criança e do Adolescente o direito a educação e ao pleno desenvolvimento de sua pessoa. Em seu parágrafo único (1990)


"É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais" (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, LEI: 8.069, de 13 de julho de 1990. Ed. 2007. p. 43).


Às Escolas não devem alhear-se as condições sociais e culturais dos sujeitos ou das condições econômicas das famílias e ou da comunidade que está inserida. Este bom senso vai implicar a todos que fazem a escola um dialogismo constante e um abandono de crenças. Ou de sentimentos sem o exame crítico de alguns educadores, seja na área social ou educacional. Devemos aceitar essa interação verbal como constância nos processos pedagógicos, e ao mesmo tempo deslocar estes saberes não dialogados ao nosso planejamento didático. No Art. 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente, iremos encontrar recomendações previstas na Lei: 8.069/90 sobre as responsabilidades sociais da escola. Observamos em nossa pesquisa e prática de palestras que este artigo não é desenvolvido por mero desconhecimento dos gestores pedagógicos.


"Os dirigentes de estabelecimento de ensino fundamental comunicarão ao conselho tutelar: I Maus tratos envolvendo seus alunos; II reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; III elevados níveis de repetência" (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, LEI: 8.069, de 13 de julho de 1990. Ed. 2007. p. 43).


Faz-se necessário esclarecer que as ações coercitivas praticadas aos sujeitos dentro dos estabelecimentos de Ensino, vão alterar as práticas pedagógicas e o dialogismo no saber. Estas práticas violentas deixam marcas irreparáveis no imaginário do sujeito e vai Alterar também as atividades e os princípios ou métodos pedagógicos planejados pela instituição acadêmica. No entanto, chegamos muitas vezes a negar que, a criança ou o adolescente seriam incapazes de dedicar tempo ao estudo ou às práticas de dialogismo dentro de sala de aula. É importante buscar diálogos nos conflitos e nas imagens ações dos educandos e dos profissionais. As práticas pedagógicas devem se fazer presente em todas as ações socioescolar.

Novos paradigmas consideram não só a ampliação dos espaços de atuação do profissional da área (pedagogo ou professor de disciplina), como também a sua contribuição no processo de inclusão social. É importante destacar que, a pedagogia é

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uma ciência de atividades reais, e este processo pedagógico só vai acontecer no contexto histórico, social e cultural. Buscar a vivência de mundo do educando não existe apenas na teoria, ela se faz presente também no planejamento mensal do docente e nas práticas pedagógicas.

Desse modo, é importante mencionar que o saber aprendido com o desenvolvimento social e cultural, não acontece só nos espaços intra-escolar, eles acontecem nos processos sociais, econômicos e políticos. É nessa maturação social que poderíamos alterar as realidades sociais de toda uma comunidade. Estas questões fazem parte das emancipações dos sujeitos, nesta coletânea de artigos iremos denominar essa prática pedagógica de articulação de conhecimento. "A educação social atua sobre aspectos subjetivos do grupo, desenvolvendo laços de pertencimento, criando o que alguns analistas chamam de Capital social". (GOHN. 2010 P. 20).

Diante destas realidades e das varias negações sociais, coube à justiça fazer o papel das instituições de Ensino e Aprendizagem. Em suma, estas instituições não foram capazes de realizar seu papel social, articulando o sujeito com ser cidadão. O capítulo III, seção I do Estatuto da Criança e do Adolescente menciona no art. 205 (LEI, 8.069/90, p. 13) "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, [...]". O mesmo documento menciona também sobre o pluralismo de ideias e das concepções pedagógicas dialogadas dentro dos estabelecimentos de Ensino. Desta forma perguntamos: como trazer a curiosidade do saber se realizo apenas informação não dialogada ou se imponho autoritarismo em minha prática de ensino? São nestas correntes de ideias que deveríamos buscar uma social–democracia, com direitos políticos, opiniões e comportamentos culturais e sociais diversos.

E as crianças que não conseguiram entrar na educação infantil? Ou os que são vítimas da exclusão escolar simplesmente porque a escola não compreende seu comportamento. Os que são vítimas da violência doméstica, dos maus tratos, e ou a violência sexual.

Faz-se necessário denunciar que a violência também esta dentro da escola, onde professores, diretores e coordenadores pedagógicos, muitas vezes escondem os principais motivos da violência ou Violação de Direitos. É importante citar que em algumas situações estes profissionais são os responsáveis pelas ações violentas. É lamentável ver crianças, e adolescentes, vulneráveis a violência social e escolar.

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A maior de todas as violências é a Violação dos Diretos Humanos encontrasse na falta de vagas nas escolas de educação infantil e ou na negação de vaga ao sujeito por não saber lidar com seu comportamento subjetivo, isto é, exclusão escolar. Muitas vezes, estes sujeitos estão expostos a práticas de atos infracionais e ao assassinato, são vítimas da violência silenciosa (violência familiar).

Foi no trabalho do ato infracional que encontramos as maiores exclusões sociais, encontramos sujeitos sem perspectiva de vida. Sujeitos excluídos de si mesmo, da escola, da família e da sociedade.

Muitos não conseguem chegar aos 25 anos de vida, estes não conseguem sair do sistema de justiça pelas constantes práticas de atos ilícitos. O Núcleo de Atividade para Medida Socioeducativa é um Núcleo da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS, da Prefeitura da Cidade do Natal. É uma instituição pública que viabiliza atividades para o cumprimento das Medidas Socioeducativa em Meio Aberto de Liberdade Assistida – (LA) e Prestação de Serviço a Comunidade – (PSC).

Como se pode observar está instituição é responsável pelas atividades socioeducativas em Meio Aberto. E tem o a objetivação prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei nº 8. 069\ 90. As oficinas de Liberdade Assistida ocorrem no período de seis meses podendo ser prorrogadas em até um ano, e ou excluída. Estas atividades devem ter um acompanhamento de profissionais pedagogos e arte educadores. Estes profissionais são responsáveis pelo acompanhamento de adolescentes na Liberdade Assistida: oficinas pedagógicas de cidadania, letramento, arte e cidadania, e musicalização. De forma geral, as oficinas de Liberdade Assistidas têm a objetividade de fazer o indivíduo refletir sobre sua subjetividade (imagem ação) ou de fazer o papel que a escola e a família não souberam desempenhar. Neste caso, o trabalho da equipe multidisciplinar deveria materializar em objetivo o que pode ser empreendido conscientemente. Mesmo que os resultados estejam alienados em uma sociedade preconceituosa e capitalista/escravista. Freire (1996. P.22) cita que, "quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender".

Deve ao técnico enviar pareceres pedagógicos/ judiciais, informando a situação do adolescente autor de ato infracional. Isto é, as condições cognitivas, condições de memória visual, auditiva e motora, e principalmente seu comportamento. Nesse contexto, cabe ressaltar que muitas vezes o sujeito não apresenta condições psicológicas e cognitivas de cumprir a medida determinada pela Justiça. Seu compromisso com as

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substâncias psicoativas, e com o trafico é maior que seu papel em sociedade. Diante das condições psicossociais e cognitivas os técnicos encontram dificuldades em inseri-lo num tratamento ou no mercado de trabalho, devendo muitas vezes este voltar ao mundo do crime.

Os artigos são resultados de cinco anos de trabalho e pesquisa nas oficinas de arte e cidadania, atos infracionais e na Violação dos Direitos da Criança e do Adolescente. Ao mesmo tempo observamos e pesquisamos escolas públicas envolvidas com a violência e a violação de direitos humanos. Sendo observado durante a pesquisa que estas escolas não saber lidar com questões sociais como a violência familiar e ou com adolescentes iniciados com substâncias psicoativas, Cânabis sativa e outras.

Ao passo que, estes escritos forram norteados pelos pressupostos bibliográficos e enriquecidos com um conjunto de métodos pedagógicos desenvolvidos e utilizados nas oficinas de arte e cidadania na Liberdade Assistida. Os estudos permitiram buscar o conhecimento das imagens corporais e espetacular ou a assimilação ao meio. Permitiu também trabalhar as acomodações do conhecimento, inteligências, competência e fatores sociais, isto é, um processo criativo permanente, permitiu trabalhar o ócio criativo.

As ordens lógicas utilizadas em oficinas asseguram adaptações dos conteúdos transmitidos aos sujeitos nestas oficinas. Estes conteúdos foram relacionados a vivencia de mundo dos adolescentes (imagem corporal e imagem espetacular) e enriquecido com pedagogia do movimento, universo lúdico; criação e interpretação de textos, composições de rap, composição artística. E o mais importante o conhecimento de si mesmo, ou melhor, a busca do "eu". Este método permitiu a compreensão dos pilares da educação, isto é, o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e a prender a ser. Os desafios deste método mostrou que ensino e aprendizagem é um desafio constante nas etapas e nos limites do conhecimento humano. E este desafio está estabelecido entre o sujeito e objeto a ser compreendido, isto é, a assimilação mental. As atividades utilizadas permitiram aos adolescentes e aos técnicos buscarem respostas as suas hesitações entre as opiniões diversas, medos e por fim projeto de vida. Este projeto desenvolvido nas oficinas de Liberdade Assistida teve como título: Projeto Livro da Vida e a Pedagogia do Diálogo.

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INTELIGÊNCIAS, COMPETÊNCIAS
1 E FATORES SOCIAIS.

1 .ANTUNES, Celso. DVD. Um olhar para a Educação. Inteligências e competências.

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Orientador de arte e cidadania do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE atendeu também a Casa de Passagem III de 2009 a 2010, neste período atendeu o Núcleo de Atenção Especial NAE no período de maio de 2010 a fevereiro de 2011. E o Projovem Adolescente, onde, orientou um concurso internacional de cartaz publicitário em 2008, pela Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social- SEMTAS – Prefeitura do Natal. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte; Pedagogo pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA – Polo, Natal R/N. APB – Associação Psicanalítica do Brasil – Psicanálise, Último Período. Contato: rego_barros@hotmail.com, (084)99305333.

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RESUMO



Quando não damos atenção aos sentimentos do outro estamos manifestando um estado psíquico de negação. Estas manifestações são condições originárias das pulsões, gerando no sujeito um estado de aversão para com o outro. A escola deve trabalhar as inteligências, as competências e as habilidades de cada Educando para, assim, trabalhar as inteligências múltiplas, sendo elas: a linguística, a lógica-matemática, a sinestésica–corporal e a naturalista. Contudo, estas inteligências vão desenvolver outras no decorrer do desenvolvimento cognitivo do Educando, sendo elas: espacial e sonoro musical. Estas citadas inteligências só serão completas se explorarmos a inteligência pessoal ou emocional do Educando. É no todo ambiental que iremos perceber o sujeito, é na compreensão da inteligência pessoal ou emocional que ele vai poder interpretar todas as multiplicidades de sua aprendizagem. Só assim iremos explorar as inteligências múltiplas.


PALAVRA CHAVES:

inteligências, habilidades, competências e fatores emocionais. 8

1 OBJETIVOS, INTELIGÊNCIAS, COMPETÊNCIAS E HABILIDADES.

INTELIGÊNCIAS



Conjunto de funções psíquicas e psicofisiológicos que contribuem para o conhecimento, compreensão da natureza das coisas e dos significados dos fatos, isto é, um potencial humano que se faz humano.


COMPETÊNCIA



É a operacionalização da inteligência. É à maneira de como o cérebro organiza as estruturas do pensar, isto é, é a soma de conhecimento e habilidades (a maneira de encontrar saídas).


HABILIDADE



É a maneira de conquistar a competência com qualidade maior. (ANTUNES, Celso. DVD. Um olhar para a Educação).


INTELIGÊNCIAS MULTIPLAS (Teoria das inteligências Múltiplas)

LINGUÍSTICA:


falar ou criar textos, escrito ou oral, comunicação.

A experiência linguística não necessita estar ligado a valores intelectuais, basta ligar-se ao conjunto de comportamentos, crenças ou costumes.
Ex: um poeta popular. E pode ser desenvolvido em sala de aula quando o professor pede ao Educando que ele componha uma sentença ou descreva um fato. Pode ser uma frase, contudo, ele deve desenvolver o que se busca dizer, esta experiência vai levar o Educando a sintetizar ideias amplas, a comparações e criações de textos.

LÓGICO-MATEMÁTICO:

voltado para os símbolos numéricos, calculo, aritmética, subtração e geometria ou ideias de tempo e espaço.

É quando o professor solicita ao Educando que ele descreva comparações, linhas do tempo, ideias de proporções e grandezas, desenhos geométricos ou ilustrações de natureza geográfica. Este conceito teórico vai envolver o Educando em soluções de problemas, incluindo o seu cotidiano.
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SINESTÉSICO – CORPORAL:

é a inteligência do movimento do corpo.

Não esta restrita somente ao professor de Educação física. Numa sala de aula ela é colocada em atividade quando o professor faz referência a culturas corporais, expressões e movimentos, folguedos ou danças populares. É levar o Educando a perceber os movimentos com seu imaginário; é despertar a curiosidade do Educando e a beleza dos movimentos corporais. A inteligência Sinestésica é o cruzamento de palavras ou expressões em que ocorre uma combinação de sensações diferentes numa só expressão. Podem ser percebidas numa breve leitura de um texto que trata de sabores, cores ou linhas e danças ou numa composição de uma obra de arte.


NATURALISTA:

ecologia, natureza e meio ambiente.

É perceber a inteligência do eco natureza, estudar a ciência que trata dos fenômenos físicos biológicos e humanos que nela ocorrem como: causas e relações. Perceber o outro através do pensamento ligando-se à inteligência sinestésica corporal; é perceber a natureza e o movimente do corpo geográfico.


1.1 INTELIGÊNCIAS ESPACIAIS E INTELIGÊNCIA SONORA OU MUSICAL.

ESPACIAL



É identificada pela facilidade ou dificuldade; é perceber no espaço formas geométrico sem desenhar; é levar o Educando a identificar pontos de referência. É levá-lo a escrever cartas ou trabalhar com mapas, descobrir pontos e distâncias simétricos e assimétricos.


SONORO MUSICAL



É desenvolver a capacidade de escuta, perceber o som do vento, o ruído do tempo e o canto dos pássaros. Identificar a origem do som e seu destino, isto é, explorar a inteligência sonora musical é ampliar a capacidade e a compreensão dos Educandos. Quando o Educando explora as inteligências múltiplas ele interpreta toda a multiplicidade das aprendizagens.
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INTELIGÊNCIA PESSOAL



Manifesta-se em situações únicas, sendo elas: intrapessoal, interpessoal e existencial.


Intrapessoal:

autoestima do bem querer, qualidades e defeitos, limitações e grandezas.

Interpessoal:

é a inteligência da relação, o outro.

Existencial:

é místico, é pensar no micro e no macro cosmo. Quem sou eu? De onde vim, e para onde vou?

2 AULAS EXISTÊNCIAIS (reflexão do "EU" e do "OUTRO")



Nestas aulas deve-se discutir sobre um acontecimento ocorrido na sala de aula, na Escola, uma notícia de Jornal ou revista, acontecimentos na sociedade em que as crianças e adolescentes vivem, isto é, buscar o mundo vivenciado pelos mesmos. Buscar autoestima e valores pessoais dos adolescentes, ou tratar sobre assuntos ocorridos na comunidade onde a Escola está inserida. Trabalhar as diferenças de classes sociais, ideias preconcebidas sobre as diferenças sexuais, econômicas e as diferenças regionais.

Por outro lado, deve-se levar em consideração que a atividade educativa é parte de um todo maior, se observarmos a realidade brasileira, principalmente a historicidade social do Norte e Nordeste brasileiro, iremos encontrar uma historicidade que teve uma forte influência dos processos socioeconômicos, políticos e culturais. Nossa sociedade vem de uma influência segregada e escravocrata, a sociedade pobre ou marginalizada sofreu na transformação do Império para a República, depois para a República Nova e, por fim, a Ditadura Militar de 1964. Neste contexto, a Educação intelectual sofre uma forte influência da repressão Militar, isto é, uma verticalização do Ensino principalmente no interior das Regiões, Norte e Nordeste. Estas regiões ainda estão ligadas por valores, hábitos, conceitos e preconceitos, políticos e sociais. Estas convicções estão arraigadas nas características familiares, parentes e amigos que também sofrem influências dos meios de comunicação de massa. Não podemos negar que existe um funil para a entrada nas boas Universidades do país, que em geral são públicas e gratuitas. (VESENTINI, 2004. p. 239). O afunilamento do Ensino público no Brasil vem desde a Colonização, estendendo-se até os dias atuais, hoje vivenciamos a mercantilização do ensino.

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As aulas deveriam buscar todos os saberes múltiplos dos educandos, as histórias de mundo ou a geografia da comunidade. Fazer o educando refletir sobre a importância do ensino intelectual na vida cotidiana, é tirar o projeto político pedagógico da gaveta. Levando assim os saberes do educando para a escola e da escola para os educandos. É neste dialogismo que iremos buscar o equilíbrio entre escola e educando, mostrando que, ele é parte da escola e a escola é parte dele. É necessário acabar com as falácias dos gestores, devemos sair dos muros das escolas e buscar as realidades intrafamiliares dos educandos. Buscando uma nova escola, uma escola contemporânea dialogal, é não impor um currículo formal sem antes mostrar a importância dele.

Outro ponto a ser trabalhado é a informação transmitida pelo professor ao educando, a informação não pode ser solta, deve estar dentro de um contexto, de uma ideia. Ela não deve ser apenas um dado, deve estar contextualizada em todos os saberes. É importante buscar caminhos e experiências concretas, estes caminhos devem ser adaptados nas ideias do educando. É dever de o professor levar ao educando maneiras significativas de se perceberem no contexto de suas aulas. Mas, para que isto aconteça, ele deve envolver o aluno, isto é, deve despertar curiosidade. O educando interativo vai perceber que ele faz parte da geografia, da história, da ciência, da matemática, enfim de todas as disciplinas.

O ensino Médio no Brasil traz outro empecilho; "os Vestibulares e o Enem, pois forçam escolas privadas e professores a deixar de lado uma formação para a cidadania, para a vida". (VESENTINI, 2004. p.239). Hoje vivemos numa sociedade tecnológica, no qual os processos de troca de saberes vêm tomando rumos grandiosos. Novas linguagens vão dar forma epistemológica a estes novos saberes.

Segundo Vesentini (2004. p.247), "o futuro da educação depende de um projeto político de desenvolvimento". Isto porque o elemento fundamental do sistema escolar é o educando, ele deve se perguntar o que sou eu depois da história ou das outras disciplinas. Numa aula sem dialogismo o único portador da linguagem é o professor. As aulas devem ser dialogadas, uma vez que é fundamental percebermos o que aprendemos uns com os outros. É importante buscar as linguagens, contextualizadas dos educandos, dai a importância de ascender diálogos. As vivências devem ser contextualizadas, suas produções orais deve ser elemento para uma produção de texto. Produzimos diferentes textos orais ou escritos em condições diferenciadas, Schneuwly (2002, p. 97) chama isto de "gêneros textuais".

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3 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGENS



Neste modelo de aprendizagens deve-se propiciar o protagonismo. É na busca de diálogos que os caminhos vão se abrir para novas competências. Contudo, é importante refletir se as aprendizagens estão sendo significativas. Essa aprendizagem não é uma ideia isolada, isto é, devemos pensar se está informação esta sendo transformada em conhecimento. Toda aprendizagem significativa implica em transformação, e a informação solta não transforma, o que vai transformar é o conhecimento.

E as experiências concretas (sócio cognitivas) dos educandos devem ser adaptadas aos conhecimentos intelectuais propostos pelo ensino formal. Como já se havia percebido, é dever do professor levar o educando a uma maneira mais significativa de aprendizagem. Este Aluno interativo vai se permitir contextualizar-se dentro dos saberes que estão sendo transformados em sala de aula. A geografia, a história, a ciência devem fazer parte da vida cotidiana deste Educando. A Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos, a Economia Mundial, estes saberes devem interagir com a educação formal. Não se deve separar a vida cotidiana do educando das disciplinas formais.

Vivemos numa sociedade tecnológica; o computador faz parte do cotidiano do aluno, programas televisivos transmitem informações de conhecimento todo o tempo. Antunes, em seu DVD sobre Inteligências e Competências, menciona que, não se deve separar a vida do Educando da disciplina que se aprende na Escola. O educando da 8º ano não vive melhor do que o do 7º ano só porque esta um ano a frente do outro, isto é, ele não sabe mais do que o outro, mesmo por que, eles têm a mesma vivência. A grande diferença é o conteúdo apresentado em sala de aula, contudo, se o aluno do 7º ano buscar mais conhecimento que o outro, obviamente ele vai saber mais.

Outro ponto a ser discutido neste artigo são os fatores emocionais dos educandos, fatores como família e sociedade. A violência intrafamiliar é um dos agravantes no desenvolvimento cognitivo do educando. Outros fatores que contribuem para a não compreensão é a evasão escolar e o uso de substâncias psicoativas. Todos estes pontos aqui mencionados interferem na formação emocional do sujeito e consequentemente nos déficits cognitivos. Faz-se necessário compreender o imaginário do aluno, os fatores psicossociais, psicobiológico e o fator sócio cognitivo, para assim compreender seu desenvolvimento emocional, seus lapsos cognitivos. Enfim, conhecer o sujeito epistêmico como um todo. "A educação desvinculada da vida vai revelar uma consciência ausente de

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crítica, e a criticidade é nota fundamental da mentalidade democrática". (FREIRE, Paulo. 2010. p.103).

A Educação não formal orienta-se pelos princípios da emancipação e da autonomia do sujeito. E esse processo de "sensibilização a formação de consciência crítica, vem direcionar o encaminhamento de reivindicações na formação de propostas para políticas públicas". (PLANO NACIONAL EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. 2009. p.43). Hoje temos que desenvolver uma pedagogia participativa que inclua conhecimentos, analise críticas e habilidades objetivas e significativas para um despertar curioso. A escola deve estruturar-se nas diversidades culturais e ambientais garantindo a cidadania e a inclusão, buscando o conhecimento sócio cognitivo do educando. Ao mesmo tempo deve servir à comunidade onde esta inserida, e antes de tudo ter qualidade, interagir com outros serviços institucionais como: Saúde, Justiça e Assistência Social.

"Na atualidade os mecanismos de dominação utilizam processo de alienação pela prática do consumo de bens e mercadorias". (GOHN, Maria da Gloria. 2010. p. 57). Freire (apud. Gohn. 2010. p.58) afirma que, "a educação sozinha não emancipa, a emancipação deve ter como meta sujeitos autodeterminados, livres." É necessário fazer o sujeito refletir sobre sua realidade, perceber-se como um sujeito histórico que possa emitir opinião, fazer escolhas e construir projetos de vida.


4 CONCLUSÃO



O professor em sala de aula deve buscar linguagens alternativas, mesmo porque o educando vai levar estas linguagens para a sala de aula. Ao mesmo tempo em que se buscam estas linguagens devemos levar o aluno a refletir sobre sua linguagem.

A educação tem a obrigação de emancipar o sujeito, mas, para que isto ocorra à escola deve proporcionar acesso aos saberes múltiplo. E isto só vai ocorrer quando entendermos que, este aluno é sujeito do saber. Esta mesma escola, deve criar elementos contextualizando as vivências dos educandos e suas produções orais e escritas. Estas produções devem permitir ao aluno apropriar-se de noções e instrumentos textuais. Assim o aluno vai desenvolver capacidades de expressões orais ou escrita. É através da produção dos sentidos emocionais que vamos despertar no aluno o elemento que se constitui na interação de conhecimentos linguísticos, despertando também a curiosidade do educando. Isto é, leitura e oralidade, na busca da bagagem sócio cognitiva, iremos também nortear a produção destes sentidos emocionais, materializando

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a linguística textual. Quando buscamos as bagagens sócias e cognitivas do aluno, buscamos também a interação de conhecimentos relacionais e os valores sociais da comunidade em que ele esta inserido; são os seus valores intelecto sociais.

A compreensão da leitura se dá segundo as circunstâncias intelectuais e Inter-relacionais. É importante que o aluno conheça todo o processo de compreensão do texto trabalhado em sala de aula, isto é, a relação autor leitor e leitor autor. Só assim iremos trabalhar a compreensão de qual quer texto, o mais curioso é que exigimos que o aluno saiba interpretar o texto, mais, não ensinamos como fazê-lo. É necessário que ele saiba em primeiro lugar sobre: o que é língua? O que são gêneros textuais?

Um texto não se destina a qualquer leitor, ele vai estar direcionado a um público especifico, isto é, ele se relaciona a aspectos e normas linguísticas, são estes os fatores que vai orientar este texto. Os fatores linguísticos ou os gêneros textuais podem dificultar a compreensão de um texto. Produzimos diferentes textos ao longo da vida, sejam orais ou escritos, todos em condições diferenciados e ao mesmo tempo em situações semelhantes. Schneuwly (2002. p. 97) chama isto de gêneros textuais; segundo ele "determinados gêneros interessam mais a escola". Está mesma escola não considera outros gêneros, contudo, devemos considerar que, existem diversas categorias de linguagens populares, sejam orais ou escritas. Estas também devem ser trabalhadas em sala de aula, sendo elas: cordel, cantoria, linguagens Regionais, Rap etc.

São estas sequências didáticas que vai permitir ao aluno dominar um gênero de texto. Vai permitir também a comunicação seja ela, oral ou escrita numa determinada situação. No entanto, para uma produção textual é necessário um ajuste do texto, isto é, às especificações do contexto de produção sócio cognitiva. É necessário buscar a historicidade do autor, permitir que ele vá à busca de seus valores sociais. Para isto acontecer, é essencial interagir com diversas produções textuais, ir buscar o saber popular. "A autonomia é requisito básico para a participação política do indivíduo na sociedade em que vive, e na globalização". (GOHN. 2010. p. 59). Este indivíduo autônomo e incoercível é capaz de processar e selecionar informações, além de permitir sua participação política e social.

É na produção de gêneros textuais diversos que iremos transcender todos os saberes, este é o papel da escola, promover autonomia. À medida que o indivíduo perde a capacidade de optar vai sendo submetido a prescrições alheias minimizando sua

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decisão. A escola deve propor ao aluno a capacidade de desenvolver as inteligências pessoais e depois as inteligências múltiplas. Hoje temos alunos críticos, estes são capazes de refletir e de intervir sobre sua realidade social. A escola deve legitimar a emancipação social, a cidadania e fazer o aluno se perceber como sujeito da história; mostrar a importância do processo intelectual em sua vida. É importante mostrar que, a escola só existe por causa dele.
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REFERÊNCIAS



ANTUNES, Celso. DVD,
Um olhar para a Educação. Ciranda Cultural Editora e Distribuidora LTDA.

FREIRE, Paulo
. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 2010.

GOHN, Maria da Gloria.
Educação não formal e o educador social: atuação no desenvolvimento de projetos sociais. São Paulo; Córtex, 2010.

____________________.
Educação não formal no universo das práticas educativas. São Paulo: Cortez, 2010, p. 15 a 22.

Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos

– Comitê Nacional de Educação em direitos Humanos – Brasília: Secretaria Especial dos direitos humanos, ministério da Educação, ministério da Justiça, UNESCO, 2009.

SCHNEUWLY, Bernardo; DOLZ, Joaquim.
Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002.

VESENTINI, José William.
O ensino de geografia no século XXI. Campinas, SP; Papiros, 2004.

FREIRE, Paulo.
Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 2010.

LEAHY, Robert L.
Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e pratica. Porto Alegre: Artmed, 2010.

DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA

/ Tânia Dias Queiroz. 1ª ed – São Paulo: Rideel, 2003. 17

DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: a evolução da personalidade e do caráter.3



3 Este artigo é uma continuação da coletânea sobre: A PEDAGOGIA E O PROCESSO COGNITIVO ATRAVÉS DA ARTE: Criação, uma linguagem de socialização (BARROS NETO, 2010. P.1).

MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO


RESUMO



É importante destacar que o desenvolvimento emocional da gestante ira revelar o crescimento progressivo da criança, e o estado psicológico do futuro adolescente ou adulto. A saúde mental do indivíduo vai depender do desenvolvimento emocional da sua mãe, do estado gestacional e da relação inconsciente entre mãe e filho. Segundo Winnicott (2005. p.3) o desenvolvimento emocional torna-se importante desde o princípio, bem como, o estado de evolução da personalidade e do caráter do indivíduo. Ele acrescenta ainda que, é impossível ignorar as ocorrências dos primeiros dias e horas na vida de uma criança. E a experiência do nascimento pode ser significativa na formação da personalidade do futuro adolescente. Dentre tudo isto, as condições ambientais desempenham uma grande importância tanto para a gestante quanto para a criança.


PALAVRAS – CHAVE
:
Desenvolvimento emocional, criança e adolescente, gestante, escola e tráfico de substâncias psicoativas. 18

1 INTRODUÇÃO



Iniciamos este artigo mostrando a importância do desenvolvimento emocional da gestante, porém, muitas famílias brasileiras não podem desfrutar desta condição. Winnicott (2005) observa que, a mãe deve se sentir amada nas relações sócio familiar, durante a gestação. Poderíamos citar outros aspectos emocionais como: acolhimento durante o parto, à extrema dependência emocional da criança e o desenvolvimento natural e psicológico de crescimento, a ontogênese.

O desenvolvimento emocional na primeira infância vai revelar as fundações da saúde mental desta criança. Esse desenvolvimento vai desde a sua concepção até a maturidade. Segundo Winnicott (2005) estes aspectos são as bases da neurofisiologia do comportamento humano.

É de grande importância mencionar que na infância a personalidade do sujeito está em constante estado de desenvolvimento. Para este desenvolvimento ser saudável é necessário que a criança passe primeiro pela "dupla dependência", para assim passar pela independência. E Winnicott (2005) destaca que, a dependência torna-se conhecida pela criança quando ela adquire a capacidade de saber fazer ao ambiente a sua necessidade de atenção. "Do ponto de vista clínico, constata-se um progresso muito gradual em direção à independência, sempre marcado por recorrência da dependência e até da dupla dependência" (WINNICOTT, 2005. p. 6).

É está relação inconsciente entre mãe e filho que torna as mães capazes de adaptarem-se as necessidades variáveis e crescentes da criança. Um dos fatores preocupantes no atual contexto social brasileiro é a gravidez precoce na adolescência. Segundo a revista eletrônica Psiqweb (htt://gballone.sites.uol.com.br) no Brasil, cerca de 20% das crianças que nascem são filhos de adolescentes. Estas mães não têm condições financeiras e emocionais, seus familiares não podem assumir está maternidade. O que fazer com essa criança?

Outro aspecto preocupante desta gestação é que a grande maioria das adolescentes é adicta das substâncias psicoativas. E consequentemente estes bebês serão possíveis dependentes químicos. É importante esclarecer que, numa gestação normal vai se instalar na psique da futura mãe um estado de hipersensibilidade materna. Esta fase gestacional se desenvolve gradualmente. É a chamada preocupação maternal primaria, e chega a durar até o final da gestação. Em algumas mães duram semanas após o nascimento do bebê. Contudo, as crianças que convivem nas ruas ou são

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negadas não passam por está dupla dependência. Por um motivo óbvio, as mães não têm condições emocionais e psíquicas para uma gestação natural. É importante esclarecer também que muitas crianças não desfrutaram dos direitos do self.


2 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA PRIMEIRA INFANCIA, ESCOLA E FAMÍLIA



É impossível separar a maturidade adulta do desenvolvimento emocional da primeiríssima infância. Cabe ressaltar que esse desenvolvimento é complexo e ocorre antes do nascimento ou a partir dele. Segundo Winnicott (2005. p.30) não podemos colocar em segundo plano as ocorrências da infância e nem mesmo a da primeiríssima infância. Diante destas informações poderíamos considerar que os fatores ambientais e gestacionais são de grande importância para o desenvolvimento emocional do indivíduo. O citado autor traz que, esses fatores darão a cada indivíduo a oportunidade de tornar-se alguém que tem um lugar na comunidade sem perder sua individualidade.

E o ambiente saudável tem o objetivo de tornar possível o crescimento emocional da criança ou do adolescente e ou do futuro adulto. A educação básica (educação infantil) deve ter o objetivo de complementar à educação familiar, ampliando esses saberes aos contextos sociais e culturais. Porém muitas destas crianças não estão na escola por um motivo óbvio, não existem vagas para todas estas crianças. Outro grande problema da educação brasileira hoje é que a escola não esta conseguindo atingir o imaginário do educando. Ao mesmo tempo, as instituições como: família, educação, Saúde pública e Assistência Social não estão preparadas para lidar com fatos "isolados".

É necessário destacar neste artigo que, as instituições educacionais de ensino fundamental e médio de todo o Brasil fazem parte das estatísticas da violência e do tráfico de drogas. Muitas vezes o comercio ilegal das substâncias ilícitas é negociado dentro da própria instituição educacional. E os profissionais da educação não têm formação continuada para lidar com estas subjetividades.

Segundo dados estatísticos do NAMSE (2011) a situação escolar dos adolescentes envolvidos em atos infracionais são: estudando 47%, 57% não estão na escola. Quando o adolescente esta em privação de liberdade no CEDUC/PITIMBÚ, CIADE ou CEDUC/PADRE JOÃO MARIA. Muitos não têm condições de frequentarem as aulas nos citados estabelecimentos pelo excesso de inimigos entre os pavilhões.

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Outros dados sobre a escolaridade destes adolescentes são: 1% não é alfabetizado, 34% estão no ensino Fundamental até o 5º ano, no 9º ano 59%, no ensino Médio incompleto 3% e não informou 3%4.


4 Dados do Núcleo de Atividade para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE. Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS. Prefeitura do Natal R/N.

Atualmente, em muitas sociedades as crianças assumem responsabilidades dos adultos. É importante destacar que está condição traz para o imaginário da criança uma obrigação. E seu estado emocional não lhes permite que elas assumam estas responsabilidades. Outro aspecto preocupante é que muitas famílias colocam suas crianças para pedirem esmolas nos sinais de transito. Transportes coletivos ou nas residências dos bairros de classe média e alta.

É necessário esclarecer que muitas crianças fogem de casa por maus tratos, ou por causa da violência sexual cometida pelos próprios familiares. Ou até mesmo por uso de substâncias psicoativas, estes usuários envolvem-se no tráfico de drogas. Por saberem demais são ameaçados de morte, é a chamada queima de "arquivo". Muitos são acolhidos pela Vara da Infância e Juventude, passando afazer parte das chamadas Casas de Passagens ou casa abrigo.

Convêm destacar que, os números de crianç

as e adolescentes com endereços desconhecidos aumentaram bastante na Cidade do Natal/RN. Segundo a taxa de urbanização, razão de sexo e razão de dependência no Estado do Rio Grande do Norte. A Pesquisa nacional por amostra de domicilio (IBGE- 2009) aponta o Estado com uma taxa de urbanização de 72,5%, razão de sexo 98,0%, razão de dependência: jovens 35,8%, idosos 10,7%.

3 DEPRESSÃO E ANSIEDADE



Outro ponto é a chamada depressão, ansiedade e pânico, levando a adolescente grávida ao suicídio, estas jovens também estão fora da faixa escolar, não têm namorados e vêm de famílias de baixa renda, muitas estão envolvidas com substâncias psicoativas aumentando o grau de depressão e a ansiedade.

A revista Psiqweb (htt://gballone.sites.uol.com.br) traz dados de grávidas adolescentes, ( dados de Brasil segundo a citada Revista) o percentual de grávidas entre 16 e 17 anos é de 84%, a primeira gestação 75%, frequentaram pré-natal 95%, tiveram parto normal 68%, 1ª menarca entre 11 e 12 anos 52%,não usaram métodos contraceptivo 56%, utilizavam a pílula do dia seguinte 16%. Outro ponto a considerar é quando, a relação sexual ocorre até os 13 anos, os dados percentuais da citada revista são de 10%, entre 14 e 16 anos são de 27%, e entre 17 e 18 anos são e 18%. Segundo

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dados do Registro Civil
5 (IBGE – 2009) 47.855 nascidos vivos registrados no R/N sendo que, 47. 678 nasceram em hospitais; 108 em domicílios; e 61 em outros locais.

5 Os dados estatísticos do Registro Civil do IBGE/2009 sobre fecundidade no Rio Grande do Norte são: 1% possui menos de 15 anos, 17,4% possui de 15 a 19 anos. Isto mostra que, o nível de fecundidade tardio foi substituído pela fecundidade jovem (menos de 20 anos).

6 O livro do Registro Civil do IBGE/2009 destaca: Maranhão 84,2%; Piauí 80,7%; Alagoas 79,0% e Rio Grande do Norte 75,7%.



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Dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, 2011.

Os óbitos totais por lugar de residência foram de 15.228 inclusive óbitos de natureza ignorada no Estado do Rio Grande do Norte em 2009, estes dados estatísticos de nascidos mortos são: 2.013 do sexo masculino e 6.215 do sexo feminino, óbitos naturais 13.304 e violentos 1.752. Investigações de óbitos infantis menos de um ano são elevadas nas Regiões Norte 45,2% e Nordeste 68,0%.
6 Segundo o citado órgão de pesquisa, a situação dos óbitos infantis são consequências da desigualdade no acesso a bens e serviços públicos principalmente a Saúde.

Os dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, de Janeiro a Maio de 2011 sobre a situação sócia familiar do adolescente infrator, e com quem convivem é de: 32% convivem com os pais e outros parentes, 3% de união estável, 5% cônjuges e filhos, 8% parentes e cônjuges, 37% só com a mãe e outros parentes, 14% só com outros parentes sem os pais e 1% institucionalizados (Casas de Passagens).

Segundo os dados do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (NAMSE – 2011) sobre o rendimento sócio familiar dos adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto é de: 30% vivem com até um salário mínimo, 57% de um a dois salários mínimos e 13% mais de três salários mínimos. Porém, os dados do Estado do Rio Grande do Norte segundo o IBGE sobre rendimento sócio familiar é de: 100% mais pobres são de 54,23%; 40% mais pobres são de 137,15%; 100% mais rico são de 2.594,92%. Vivendo com um salário mínimo 10% mais pobres é de 0,12%; 40% mais pobres são de 0,29%; 10% mais rico são de 5,56%% (ESTATISTICA DO REGISTRO CIVIL – 2009). A situação de trabalho dos adolescentes envolvidos com atos infracionais segundo os dados do NAMSE (2011) são: trabalho informal 17%, não trabalha atualmente 53%, nunca trabalhou 30%.

Faixas etárias de idades de adolescentes envolvidos em atos infracionais

7 são 12 a 14 anos 10%, 15 a 17 anos 62%, 18 a 21 anos 28%. Cor da pele: 19% brancos, 71% pardos e 10% negros, estado Civil: 72% solteiro, união estável 23%. Zona administrativa da Capital: Norte 39%, sul 9%, Leste 185 %, Oeste 345 %. Situação sócia familiar e condições de moradia: 54% casa própria, alugada 37%, cedida 8% (não paga aluguel mora na casa de amigo ou parente favor) e institucionalizados 1% (Casa de Passagens). Gênero masculino e feminino, 19% feminino e 81% masculino. 22

4 CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA



O aleitamento materno e a presença da mãe são fatores fundamentais para o crescimento emocional da criança. E quando a criança entra em contato com o seio da mãe desenvolve-se uma relação objetal. Ela incorpora o seio como "bom", esse seio torna-se fonte de prazer.

É importante mencionar que o instinto de morte nos sujeitos ocorre desde o nascimento. E as fantasias autodestrutivas são reativadas quando sucede um processo inconsciente na criança é a chamada "mãe má". E as posições paranoicas são caracterizadas pela libido. Segundo a psicanálise os estágios e as funções destrutivas nas crianças, são: "estágio oral de sucção, oral de mordida, anal 1ª etapa; Libido: prazer de sucção, mordida, expulsar; Pulsões destrutivas: sugar tudo, secar, esvaziar, devorar anular, destruir" (DELDIME, Roger. 2004. p. 58).

Todos estes fatores da libido e funções destrutivas são inconscientes na criança, ela quer devorar a mãe má. Segundo o mesmo autor, as angustias paranoicas

8na criança dá lugar às angustias depressivas. É o medo inconsciente da criança, esses medos provem das pulsões destrutivas, isto é, vão anular o objeto amado. E a presença calorosa da mãe vai ser significativa para a criança. Isto quer dizer que ela pode "reparar" este sentimento destrutivo, sua ausência a faz temer sua perda do objeto amado. Confirmando assim o seu sentimento de abandono.

8 Caracterizado pelo sentimento de perseguição.


Contudo, estes dados, poderiam ser observados como uma possível causa da violência desenfreada pelos adolescentes. Faz-se necessário por em evidência que, determinados comportamentos entre os adolescentes estão chamando a atenção das autoridades sociais. As más condições ambientais como: família, moradia, violência domestica, negligência das instituições públicas. Educação, Saúde e Assistência Social, desempenham uma imensa importância no processo de desenvolvimento emocional tanto da família quanto da criança.

Como já citamos anteriormente os fatores gestacionais e ambientais contribuem para o desenvolvimento emocional na infância e na primeiríssima infância

. São de extrema importância para a formação da personalidade do indivíduo. Outro fator que cabe destaque é o continuo interesse da família sobre o adolescente, este é de fundamental importância. Dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas 23

em Meio Aberto – NAMSE traz um número de cinco adolescentes grávidas em cumprimento de Liberdade Assistida. (dados são Maio a Junho de 2011). É importante destacar que, não entraram neste artigo os dados das adolescentes que estão em privação de liberdade
.

5 A ORIGEM DO COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL (FOBIA SOCIAL)



A estrutura cerebral é formada durante a vida da criança, sobretudo durante a gestação. Contudo, o cérebro humano só atinge a maturidade aos 25 anos. Os fatores ambientais exercem grande importância durante a fase da gestação. Isto vai desde a mulher se sentir amada no seio familiar, do pré-natal na rede pública de Saúde, até o acolhimento na maternidade. Estes primeiros fatores são de primordial importância durante toda a vida da criança.

Porém, os fatores sociais e as práticas familiares contribuem para o desenvolvimento emocional da criança. Estes fatores vão determinar comportamentos antissociais, ou como já citamos no artigo anterior, a saúde mental da criança vai ser determinada pelo desenvolvimento emocional sócio familiar.

Os indivíduos que vivenciaram durante a infância uma situação de agressividade, violência ou morte, abandono (negação instintiva). Teriam mais probabilidade ou destreza de matar ou agredir sem demonstrar um sentimento de culpa ou arrependimento. Poderíamos citar como exemplo a ausência de culpa de alguns adolescentes infratores, presidiários ou os (serial killer)

9. Outro exemplo é o filme que traz a vida de Charles Manson10. Em 1970, Manson foi responsável pela carnificina ocorrida na Califórnia na casa do cineasta Roman Polanski. Todos foram mortos com objetos cortantes, uma das vítimas foi à esposa do cineasta.

9
Serial Killer – assassinos (as) em séries. LONGMAN. Dicionário Escolar. Inglês-Português. 2ª edição. 2008.

10
FILME: Helter Skelter. Versão do diretor (2005). Escrito e dirigido por John Gray. 24

Imagem desenvolvida em oficina de arte e cidadania de

Liberdade Assistida – NAMSE ("

CABEÇA DO PAI")

Por outro lado, as crianças que viveram um desenvolvimento emocional harmônico, também podem apresentar transtornos de comportamentos antissociais. Porém, estes têm condições de ter uma história de vida diferente dos casos mais graves, isto é, mentem, roubam más não matam.

Alguns pesquisadores atribuem certos casos a fatores genéticos e a fatores neurológicos, estes casos são de desordem de comportamentos com eventuais alterações cerebrais

. O Lóbulo Frontal: regula a inibição de comportamentos, a formação de planos e intenções. E o Lóbulo Temporal: regulam os sentimentos, emoções, instintos, comandam as respostas viscerais e às alterações ambientais.

Já os que apresentam comportamentos agressivos (agressão depredadora), quando estão em privação de liberdade e ou instituições de acolhimentos como Casas de Passagens, apresentam comportamentos de liderança, e organizam estratégias de rebeliões.

Winnicott (2005. p.139) menciona que, existe uma relação direta entre o transtorno de comportamento antissocial e a privação de liberdade. Com habilidade ardilosa estes indivíduos não tomam a frente das ações subjetivas, nunca aparecem, sabem como ficar com a ficha limpa, geralmente usam os chamados "laranjas". Contudo, estão sempre procurando chamar a atenção, e quando são pegos eles negam participação nas ações, "eu não fiz nada". Porém, os mais perigosos são os seriais Killers, isto é, reação Depredadora. Winnicott (2005. p. 140) menciona que, quando existe uma tendência de comportamento antissocial, "houve um desapontamento" (carência afetiva). E acrescenta: "houve a perda de algo bom (objeto amado, a mãe) que foi positivo na vida da criança até

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certa data", isto significa que, a perda estendeu-se por um período longo, onde a criança perde a experiência da lembrança. O citado autor levanta uma questão sobre a importância relativa do objeto perdido (o objeto interno, inconsciente), é a perda do objeto interno ou a aversão introjectada do objeto que se perdeu.

A revista eletrônica Psiqweb (htt://gballone. sites. uol.com. br) considera vários aspectos vinculados com a agressão e o transtorno de comportamento antissocial. Observa que, é importante a distinção entre, agressão Depredadora (ou Proativa) e Agressão Reativa.

A agressão reativa é definida como uma reação hostil ligada à impulsividade e a frustração, estes são considerados explosivos, já a agressão depredadora o indivíduo apresenta uma conduta agressiva e violenta (planejada e premeditada) com metas determinadas, estes comportamentos são considerados perigosos, tornando-se uma ameaça à sociedade.


Imagem desenvolvida em oficina de arte e cidadania,

Liberdade Assistida – NAMSE ("

A VIDA JOGADA NO LIXO")

6 CONCLUSÃO



Os efeitos da separação de bebês e crianças pequenas da figura parental ou que passaram por privação de liberdade podem apresentar comportamento ditado por disposição interior.

O indivíduo que está sujeito à perda do objeto, introjecta este objeto, isto é, submetesse ao ódio dentro do ego. Os primeiros sintomas do comportamento antissocial na criança segundo o citado autor é a avidez, e relaciona-se à inibição de apetite. Se buscarmos o significado da palavra "avido", iremos encontrar estado de sofreguidão, de ansiedade gerada por alguma expectativa (DICIONÁRIO ELETRONICO HOUAISS). O

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citado autor menciona que, a avidez num bebê não é a mesma coisa que voracidade. Buscando a palavra "voracidade" encontramos: o que devora, consome e corrói ao mesmo tempo destrói (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. 2001. p. 717).

É importante destacar que o bebê ávido, demonstra certo grau de privação, essa privação encontra-se no meio ambiente. Este impulso do bebê segundo Winnicott (2005) parte da compulsão da criança para buscar uma cura por parte da mãe que causou a privação. Essa avidez no indivíduo é precursora do furto e "pode ser atendida e curada pela adaptação terapêutica da mãe, é confundida com excesso de mimo" (WINNICOTT. 2005. p.143). As primeiras demonstrações do comportamento antissocial incluem mentira e uma conduta desordenada caótica. Algumas motivações são totalmente inconscientes, mas, não toda ela; "a criança que furta um objeto não está desejando o objeto, mas desejando a mãe..." (WINNICOTT. 2005. p. 141). Com já observamos, a agressão depredadora têm influencias traumáticas ameaçadoras e duradoras durante a primeiríssima infância ou na primeira infância.

Em oficina

11 de arte e cidadania, foi compartilhada uma leitura que trazia o seguinte tema: "O caminho do Bezerro". O texto trata sobre a cegueira dos homens, estes repetem as trilhas que os animais e outros homens já fizeram. Uma cegueira vivida por vários adolescentes no mundo contemporâneo, logo depois houve um debate e um registro deste debate.

11 Oficinas de Liberdade Assistida, no NAMSE, turma: 01/2011.

Uma adolescente de 17 anos mãe de um garotinho de um ano e meio, grávida de cinco meses respondeu o seguinte: "O caminho que eu quero seguir hoje, é o que meu pai e minha mãe desejam para mim. Ser alguém na vida, e terminar meus estudos para poder ter um trabalho para dar aos meus filhos, um futuro melhor, coisa que eu nunca pude ter, hoje só quero esquecer o meu passado." A citada adolescente vive com seu companheiro, parou de estudar no 6º ano do Ensino Fundamental I, e cumpre Medida Socioeducativa em Meio Aberto (Liberdade Assistida). Contudo, a citada adolescente não tem com quem deixar seu filho, este acompanha a mãe nas oficinas de Liberdade Assistida no NAMSE. Onde está o trabalho dos CREAS, e dos CRAS que não acompanham estas famílias? Onde se esconde a omissão da Saúde ou da Educação?
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REFERÊNCIAS



DELDIME, Roger.
O desenvolvimento psicológico da criança. 2ª Ed. Bauru: São Paulo. EDUSC, 2004.

DICIONÁRIO ELETRONICO HOUAISS OBJETIVA

, Dicionário da Língua Portuguesa.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda
. Minidicionário da língua portuguesa. 4. Ed. ver. Ampliada. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

WINNICOTT, Donald W.
A família e o desenvolvimento individual. 3ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

--------------,
Privação e delinquência. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

REVISTA ELETRONICA PSIQWEB

– htt://gballone. sites.uol.com.br . Acesso em 21 de julho. 2011.

IBGE –

ESTATÍSTICA DO REGISTRO CIVIL – 2009.

Dados Estatísticos do Serviço Social do Núcleo de Atividades para

Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE. 2011


, da Secretaria Municipal de Assistência Social – SEMTAS, da Prefeitura da Cidade do Natal. 28

CONHECER PARA PODER EDUCAR



MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO


RESUMO



Pensar no processo de ensino e aprendizagem é perceber o sujeito como um todo, inclusive com todos os desejos e conflitos. É a presentar condições para ele desenvolver suas capacidades físicas e intelectuais, trabalhando também os princípios que regulam a conduta humana e a vida em sociedade, a cidadania. Substituindo o conflito em certeza para funcionar como solução direta ou indireta na vida de crianças e adolescentes em todo o País.


PALAVRA CHAVES:

desenvolvimento emocional, linguagem, inteligências, ensino e cidadania. 29

1 INTRODUÇÃO



Para a psicanálise a vinda dos filhos ao mundo depende do desejo dos pais, isto é, somos objetos de desejos. E os conflitos emocionais e existenciais do sujeito vão ter início a partir deste desejo. Segundo Voltolini (2011. p. 40), esse caráter conflituoso é uma expressão direta de uma dinâmica pulsional sendo inerente a experiência humana. Quando a criança é fruto das necessidades narcísicas dos pais ela passa a ser adorada e servida, ela incorpora um ideal, sofrendo uma restrição violenta de sua liberdade.

"A existência de um rei está condicionada e constrangida pela adoração de seu povo." (VOLTOLINI. 2011. p.30). E passamos a perceber que, o conceito ideal do "eu" da criança é acompanhado pelo seu desenvolvimento emocional, este conceito é um dos fatores de mensuração do seu comportamento futuro. A identidade do sujeito vai ser definida pela síntese das representações afetivas e simbólicas, desenvolvidas no ato deste desejo, e no seu fator emocional.

O que é o "eu"? "É sentir-se a si mesmo instalado num corpo, obedecendo às necessidades, atravessado por desejos e ao mesmo tempo ser produto de uma história". (NASIO. 2009. p. 84). Para Freud (1996. p. 11) "a consciência é a superfície do aparelho mental, e é o primeiro a ser atingido a partir do mundo externo". Diante desta teoria concluímos que, todas as sensações são percebidas de fora para dentro, a psicanálise chama de sensações e sentimentos. Existem casos em que o sujeito é negado na concepção, isto é, na ideia de uma suposta gestação. Nos dois casos, estes sujeitos irão apresentar problemas de desenvolvimento emocional e social.

Quando a criança passa a ser necessidade narcísica de seus pais ela ocupa uma posição de objeto de sedução, para clínica psicanalítica esta é uma relação incestuosa. Em muitos casos, a profissão deste futuro adulto passa a ser o sonho de seus pais: meu filho vai ser advogado ou médico. No entanto, os genitores esquecem que os fatores ambientais também contribuem para esse desenvolvimento emocional. E muitas vezes este sonho é incorporado ao inconsciente da criança, no qual, este vai desenvolver conflitos existenciais. Nasio (2011. p. 29) observa que, "a crise de adolescência designa o período intermediário da vida em que a infância não terminou e a maturidade não terminou de nascer". É neste instante de vida que o adolescente pergunta: quem sou eu, sou objeto dos desejos dos meus pais ou tenho incorporado seus sonhos frustrados?

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Em alguns casos estes filhos deixam de ser o rei para tornarem-se uma grande decepção e um grande problema social. Bock (1999. p. 261) afirma que, "a criança vai aos poucos deixando de imitar comportamentos adultos, apropriando-se dos modelos e dos valores transmitidos pela escola e pelo seu grupo social". Hoje vivenciamos uma sequência de atos de vandalismo, brigas de gangues, tráfico de substâncias psicoativas, alcoolismo na adolescência, bullyng nas redes sociais e nas escolas. Podemos afirmar que, tudo isto é resultado de uma sociedade consumista e sem limites. A ausência dos pais, e ou, os desejos narcísicos, levam os filhos a não compreenderem qual é o seu papel na sociedade. Hoje, a grande maioria dos pais não suprem as necessidades dos filhos, as básicas como: atenção, amor e carinho. E estes sentimentos são transferidos por bens materiais ou a falta dele.

E o simples ato de transferir muitas vezes é a causa da violência social ou sócio familiar.

"Há homens vivendo em nossa época que, acreditamos, estão muito próximos do homem primitivo, muito mais do que nós, e a quem, portanto, consideramos como seus herdeiros e representantes diretos." (FREUD. 1950. p. 6). O exemplo mais real é quando os genitores afirmam, meu filho vai ter o que eu não tive. O que faltou em minha educação?

"A manifestação de tendência antissocial inclui roubo, mentira, homicídio, incontinência e uma conduta desordenada e caótica". (WINNICOTT, 2005. p. 142). O citado autor relaciona estes sinais à gestação e a primeiríssima infância. Uma gestação caótica vai gerar na criança um sentimento de privação ou falta de amor e atenção. A tendência do comportamento antissocial também esta relacionada à inibição de apetite, isto é, avidez. Contudo, a avidez em psicanálise não é a mesma coisa que voracidade. A palavra voracidade é usada nas explicações teóricas da pediatria sobre as imensas reinvindicações intestinais que o bebê faz à mãe. Em psicanálise, "é parte da compulsão do bebê para buscar uma cura por parte da mãe que causou privação". (WINNICOTT, 2005. p. 143). No entanto, se a mãe é capaz de perceber a compulsão e as reclamações de seu bebê, é capaz de perceber as reclamações quando criança e adolescente.

A tendência ao comportamento antissocial e o potencial destrutivo atingem níveis altos e perigosos em toda a sociedade. São diversos os fatores que levam uma criança ou um adolescente a estes níveis destrutivos. O primeiro é a falta de atenção e amor, o segundo é a conduta narcísica dos pais e o terceiro é o abandono escolar. Winnicott (2005. p. 9) destaca entre estes fatores o mais grave de todos, "um importante fator

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externo na causa de delinquência (ato infracional) é a separação prolongada de uma criança pequena de sua mãe".

E o sofrimento inconsciente do adolescente pode manifestar-se em três maneiras: por uma neurose de crescimento, (angustia ou revolta, no qual, estes são sinais da futura maturidade dos adolescentes); comportamentos perigosos (é a materialização de um sofrimento inconsciente); e distúrbios mentais (esquizofrenia, TOC, fobias, depressão, distúrbios alimentares crônicos e perversão sexual).

Nesta pequena introdução observamos os primeiros fatores que levam uma criança ou um adolescente a chamar a atenção no principal grupo social (família e a escola). A escola ou a sala de aula são os primeiros locais onde este sujeito vai demonstrar seus conflitos internos. Ao longo deste artigo vamos tratar de outros fatores que contribuem para agravar o quadro clinico deste sujeito.


2 A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM



O processo de desenvolvimento da linguagem é longo e continuo, ocupando parte importante nas atividades do sujeito. É neste processo que ele vai adaptar-se aos dados linguísticos do meio familiar, da escolar e do seu grupo de amigos. Estas construções linguísticas iniciam no nascimento à idade de 3-4 anos, estendendo-se até a idade de12-13 anos no mínimo.

Nesta fase de 12 a 13 anos ela vai abandonar as formulações simplistas ascendendo a articulações mais elaboradas. Deldime (2004. p. 87) menciona que, "os pais são adaptados às possibilidades que variam com a idade da criança". Contudo, os modelos parentais contribuem na construção linguística do sujeito. Lacan (2008. p.14) destaca que, "a linguagem é o elemento que determina a cultura e as relações humanas, é a parte do todo social". É neste período de desenvolvimento cognitivo que eles vão assimilar os conceitos gramaticais da norma culta com mais facilidade, e cabe ao professor saber aproveitar.

"A estrutura e o funcionamento da linguagem têm repercussões importantes sobre as aprendizagens escolares." (DELDIME. 2004. p. 89) É importante destacar que, este é um período difícil para o pré-adolescente, ele passa por um momento de mudanças psíquico fisiológicas. No entanto, o professor deve perceber o sujeito de forma integral, isto é, dando mais atenção, para assim poder trabalhar as múltiplas inteligências. "É olhar

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o educando por suas admiráveis competências linguísticas e matemáticas, significando o emocional, desta forma ele vai perceber outras inteligências". (ANTUNES. 2006. p. 16). A inteligência bem aproveitada vai levar o sujeito ao conhecimento das regras sintáticas da língua, contribuindo para os enunciados gramaticais. A faculdade cognoscitiva é princípio fundador do conhecimento, e o sujeito é um ser vulnerável diante de um professor e dos seus pais que não sabem tirar proveito desta erudição. É preciso buscar construções significativas nas vivências emocionais, assim iremos descobrir este sujeito. Contudo, é necessário que o professor saiba trabalhar o estilo cognitivo da criança e do pré-adolescente. O estilo cognitivo nasce da estrutura de personalidade, essa personalidade vem das condições biológicas (gestação) e ambientais (grupo social).


3 LEITURA E ESCRITA



É importante mencionar que, é por meio dos processos sensório-perceptivo que o sujeito vai configurar a imagem da sua realidade com o mundo. Este processo ligasse as práticas diárias e ao domínio da relação de espaço e tempo. Estas percepções podem ser despertadas no sujeito de diversas formas, uma delas são as brincadeiras. E isso acontece também quando a criança passa a brincar com o faz de conta ou com a ideia da distância. Cabe ressaltar também a dimensão motora, esta vai permitir ao sujeito o desenvolvimento das coordenações dinâmicas manuais. E essas coordenações motoras serão imprescindíveis para o desenvolvimento da escrita e da leitura, é neste estágio que o professor deve perceber o estilo cognitivo do sujeito.

É necessário termos em mente que, o estilo cognitivo vai ser fundamental para determinar todo o processo de aprendizagem do sujeito. E este processo de aprendizagem tem uma dimensão humana, ele abrange desde a fecundação até a fase adulta. Se pensarmos na aprendizagem da leitura e da escrita devemos levar em conta que, este sujeito vai interagir com objetos de representações simbólicas. Isto por que, leitura e escrita são representados por signos gráficos e imaginários, poderemos citar que, é um mundo representativo. Contudo, o processo de leitura e da escrita inicia desde o primeiro contato do ser com o mundo interno e externo, vida uterina.

O que é estilo cognitivo? É a maneira como o sujeito tende a pensar as informações transmitidas e as suas vivências de mundo. Para melhor dizer, é a forma de como ele vai apropriar-se do conhecimento ou vai relacionar-se emocionalmente com esse objeto de conhecimento dialogado. "Os alunos terão que se deparar com uma investidura de seus professores que se sustenta nas fantasias destes." (VOLTOLINI. 2011. p. 31). É

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importante destacar que estes professores também foram alvos de transferências de seus pais ou da sociedade consumista e coercitiva. Segundo o citado autor o discurso pedagógico contemporâneo tende a esvaziar o espaço da subjetividade do professor. Contudo, esta subjetividade ainda é real no imaginário pedagógico, os professores querem transferir conhecimento e não dialogar as informações. É importante destacar que, a nova escola não se desprendeu de sua antiga estrutura. As salas de aulas estão superlotadas, as carteiras ainda são organizadas de forma impessoal e o professor ainda tem um comportamento bancário. Para Voltolini (2011. P. 34) "ensinar exige uma intencionalidade consciente e delibera na direção de passar significação". E transmitir informação vai indicar uma ausência de intencionalidade significativa e consciente. Hoje os conhecimentos e as informações são acessados virtualmente, isto sem mencionar as experiências vivenciadas pelos sujeitos, as vivências de mundo ou o estilo cognitivo.

Para que o discurso pedagógico contemporâneo consiga esvaziar essa subjetividade do professor, a escola tem que abandonar a herança de controle coercitiva. Cada sujeito tem sua forma de aprender, ele tem autonomia, é necessária uma interação e uma intencionalidade com a realidade subjetiva e objetiva entre, o sujeito da aprendizagem e professor. "A escola, criada também para servir a criança, não pôde e não soube compreender o papel que tinha a representar." (MEIRELES. 2001. P.9). Estas são reflexões de Cecília Meireles em seu artigo, "Política e pedagogia" escrita em 1930, encaixa-se perfeitamente nos dias atuais.

O conhecimento deve ser construído numa realidade diária e ao mesmo tempo deve ser dialogado, buscando também os conhecimentos de mundo dos sujeitos em questão. Para termos sempre uma certeza em nosso imaginário, o conhecimento não pode ser uma imposição ele tem que ser reflexivo dialogado e contínuo.


4 DESENVOLVIMENTO AFETIVO (DELDIME. 2004. p. 161).



A vida uterina é uma das fases mais importantes no desenvolvimento emocional do sujeito. E a relação entre mãe e filho é uma vinculação biológica, afetiva e psíquica. Estes vínculos emocionais podem ser desfeitos durante o período gestacional, isto ocorre quando a mãe traz no seu psicológico um sentimento de privação. Segundo Winnicott (2005. p.30) "não podemos colocar em segundo plano as ocorrências da infância e nem mesmo a da primeiríssima infância". Segundo o mesmo autor, "a adaptação ativa da mãe é essencial para o desenvolvimento emocional do sujeito". (WINNCOTT, 2005. p.30).
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Aos cinco anos a criança é impulsiva, inconstante, autoritária e excitável, seu equilíbrio interno é confuso. Aos sete, reencontra equilíbrio entre suas disposições internas, assimilando também confiança e autocrítica. Aos oito, é a idade da assimilação social ela apresenta mais rapidez, tem senso de si e dos seus direitos. E sua estrutura ou estilo cognitivo (atividade de aprendizagem) funciona como esquemas mentais para solução de problemas, ele tem um pensamento mais reflexivo, este período vai dos sete até os onze anos. Aos dez anos ele é mais equilibrado e passa a manifestar um senso de solidariedade, é a fase das grandes confidências. Porém, é aos dez anos que as diferenças entre meninos e meninas acentuam-se. As meninas têm mais consciência das relações sociais, são mais conscientes de sua própria pessoa e de sua aparência. Contudo, tanto para meninos quanto para meninas, está ainda é uma fase de sonho, e de heróis.

Ao passo que, os meninos desta idade ainda estão na fase de construir relações, vive um mundo de fantasias e brincadeiras. Contudo, observa-se também que, a maioria dos pais aproveita esta fase para trabalhar suas frustações, vestem e tratam seus filhos e filhas como se eles fossem pequenos adultos. Mas, no momento de corrigir sobre determinada travessura diz, você ainda é uma criança, deixando o sujeito confuso.

Dos onze aos quinze anos, ele ou ela passa a assimilar os problemas sociais da vida cotidiana, compreensão do outro e das regras sociais. É a chamada atividade de comunicação social. Nesta fase, os amigos ou os inimigos passam a fazer parte de sua realidade. Dos quinze aos dezessete eles passam a ter compreensão dos elementos do trabalho e dos projetos de vida. Porém, isto só vai acontecer se o adolescente tiver uma referência em sua vida, mas, é importante relatar que existem diversos projetos de vida. Em meu trabalho aprendi que, ser bandido também é um projeto de vida, ou melhor, foi à vida que o ensinou.

Um adolescente em situação de crise emocional aguda apresenta um comportamento agressivo, sendo inadministrável por sua família. Este é um comportamento perigoso e para os pais é um grande pasmo quando descobrem que, seu filho está traficando substâncias psicoativas ou são detidos com drogas e ou assalto a mão armada. Segundo Nasio (2011. p. 27), "ele vai apresentar distúrbios contraditórios da afetividade, insensibilidade emocional, distúrbios cognitivos e incapacidade de concentração".

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Conhecer as fases do desenvolvimento emocional do sujeito é de primordial importância para seu processo de aprendizagem acadêmica e social. Poderemos mencionar aqui algumas fases, uma delas é a relação de desejo, o sentimento religioso, a criança doente, a doença, a criança e a morte e, por último, o desenvolvimento psicossocial. Todos estes pontos são fases de desenvolvimento emocional do sujeito, ou melhor, é o processo de construção do futuro adulto. Como se viu anteriormente, todo este processo tem início no desejo sexual dos pais ou na vida uterina. "Tudo que construímos hoje é erigido com a energia e a inconsciência do adolescente que sobrevive dentro de nós". (NASIO, 2011. p. 16).


4. 1 DESENVOLVIMETO INTELECTUAL



Poderíamos citar alguns estudiosos para tratarmos do desenvolvimento intelectual da criança. Contudo, iremos apenas nos prender as fases emocionais do sujeito em desenvolvimento. Num primeiro momento a inteligência da criança atinge um estágio de representação simbólica. "No período anterior, a inteligência da criança estava ligada aos objetos concretos e aos acontecimentos presentes, atuais." (DELDIME. 2004. p. 91). Isto quer dizer que, os fatores emocionais de conflitos na fase da gestação e da primeiríssima infância vão ser decisivos para a formação do intelecto do sujeito e de sua personalidade. Existem alguns casos onde o sujeito é negado ainda na fase embrionária (vida uterina). Winnicott (2005. p. 111) menciona, "o envolvimento entre mãe e filho é uma característica importante na vida social do sujeito". E acrescenta, "no nível genital, o envolvimento é a base da família, é a responsabilidade pelo resultado." (WINNICOTT. p. 111).

Nos primeiros anos de vida, a criança começa a se relacionar com os objetos, estes objetos são elementos objetivos e perceptíveis, é a fase das imagens. A mãe passa a ser uma imagem coerente na mente da criança, é a expressão do objeto total. E seus desejos são satisfeitos, isto é, se este filho for objeto de desejo. O afeto é um conceito básico para o desenvolvimento emocional e cognitivo do sujeito. Winnicott (2005. p. 3) menciona, "muita coisa acontece no primeiro ano de vida da criança, é impossível ignorar as ocorrências dos primeiros dias e horas de vida". A mãe deve sentir-se amada desejada e segura nos círculos familiares, afinal de contas esta vai ser a primeira base social da criança.

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5 CONCLUSÃO



Percebemos neste estudo que, o aspecto emocional é um dos fatores importantes na formação da personalidade do sujeito e na formação acadêmica (estilo cognitivo). Tratamos também das observações do "eu", e este "eu" também identificaria a imagem mental das nossas sensações físicas. E ou, da imagem do corpo físico e a psicanalise vem chamar de duplo mental. Segundo Nasio (2011. p. 101) "é a fronteira filtrante do aparelho psíquico e, sobretudo, é a imagem mental do corpo sentido".

Pesquisa desenvolvida em outubro de 2011, numa Escola do Estado do Rio Grande do Norte, Natal Capital. Com um objetivo de desenvolver um trabalho sobre uso de substâncias psicoativas entre os educandos. Um questionário de sentenças incompletas mostrou dados sobre maus tratos no âmbito familiar e uso de droga entre familiares.

Foram trabalhadas as turmas dos 7º e 8º anos, sendo distribuído um questionário com sentenças incompletas que tratavam sobre: família, o uso de substâncias psicoativas, justiça e o "eu". Na primeira pergunta sobre "quem sou eu...", a maioria dos pré-adolescentes não sabe responder quem são eles. Este mesmo questionário é apresentado nas turmas de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto, lá também apresentam a mesma resposta. Contudo, "o adolescente não consegue verbalizar o sentimento difuso que o invade". (NASIO. 2011 p. 17) Na sentença que trata sobre a família alguns apresentam uma resposta que revelam conflitos familiares constantes como: separação dos pais, violência intrafamiliar, negligência e uso de substâncias psicoativas por outros integrantes da família. Se descrevermos o perfil do pré-adolescente ou do adolescente contemporâneo iremos encontrar um sujeito eufórico, taciturno, intransigente, revoltado, esclarecido e às vezes conformista. As instituições escolares que trabalham com crianças, pré-adolescente e adolescentes devem ter profissionais preparados para atender estes sujeitos em conflitos.

O professor em sala de aula não sabe identificar um sujeito com conflito existencial e muitas vezes não é qualificado para fazer tal diagnóstico. Já os pais, não têm tempo de observar alguns aspectos comportamentais ou não querem aceitar o filho real; este não é filho desejado. É imprescindível percebermos o sujeito em toda sua integridade física e psíquica, saber identificar o estilo cognitivo. Hoje observamos que a criança e o adolescente são sujeitos de direito. Mas, a grande maioria das instituições é violadora destes direitos, os profissionais não são preparados para compreenderem todos estes

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pontos aqui tratados. E a família ainda não percebeu que é responsável pela construção emocional e social do sujeito em toda sua totalidade.

A criança não é um objeto plástico modelado a nossa maneira, ele é um sujeito em constante processo de desenvolvimento psicobiológico. A sociedade é responsável por todo o processo de desenvolvimento emocional, acadêmico e social do futuro adulto. O tráfico de substâncias psicoativas, crianças e adolescentes com vivencia de rua, não são questões de polícia ou de justiça, são questões de educação acadêmica, assistência social e saúde pública. "O homem existe no tempo, está dentro e fora, herda, incorpora e modifica". (FREIRE, 2010. p. 49). Ele é detentor da história, da cultura, e sua pluralidade esta nos seus desafios contextualizados em sua história e na sobrevivência de todos os fatores externos e internos.

O adolescente é um ser complexo, suas respostas comportamentais são frutos de vivências e frustrações, são resultados do desejo sexual de seus pais, e depois do sentimento hostil da sociedade consumista e coercitiva.

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REFERÊNCIAS



VOLTOLINI, Rinaldo
. Educação e psicanálise. – Rio de Janeiro: Zahar, 2011.

NASIO, J. D.
Meu corpo e suas imagens. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

DELDIME, Roger.
O desenvolvimento psicológico da criança. 2ª Ed. Bauru: São Paulo. EDUSC, 2004.

BOCK, A. M. B; Furtado, O; TEIXEIRA, M. L. T.
Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva 1999.

LACAN, Jacques
. Escritos. São Paulo: Perspectiva. 2008.

FREUD, Sigmund.
Obras psicológicas complementares de Sigmund Freud; edição standard brasileira/ traduzido do Alemão e do Inglês. Rio de Janeiro: Imago, 1996. TOTEM UND TABU. [‘Alguns Pontos de Concordância entre a Vida Mental dos Selvagens e dos Neuróticos’].

------------,
Obras psicológicas complementares de Sigmund Freud; edição standard brasileira/ traduzido do Alemão e do Inglês. Rio de Janeiro: Imago, 1996. O ego e o ID e outros trabalhos. 1923 – 1925.

ANTUNES, CELSO.
Inteligências Múltiplas e seus Jogos; inteligências ecológicas. Vol. 3. Editora Vozes – Petrópolis, RJ. 2006.

MEIRELES, Cecília, 1901 – 1964
. Crônicas de educação, 3; apresentação e planejamento editorial de Leodegário A. de Azevedo Filho. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Fundação Biblioteca Nacional, 2001.

WINNICOTT, Donald W.
A família e o desenvolvimento individual. 3ª ed. – São Paulo: Martins fontes, 2005.

__________.
Privação e delinquência. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FREIRE, Paulo.
Educação como prática de liberdade. Rio de janeiro, Paz e terra. 2010. 39

RELAÇÕES SOCIAIS: a imagem do corpo e a imagem espetacular



MANOEL ESPERIDIÃO DO REGO BARROS NETO12


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Artista plástico, pedagogo formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú; Estudioso de Psicanálise pelo Curso de Teoria e Prática Psicanalítica da Associação Psicanalítica do Brasil; Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Rio Grande do Norte; orientador de arte e cidadania no setor pedagógico do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto - NAMSE, do Departamento de Proteção Especial – DEPADE da Secretaria de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS - Prefeitura do Natal/RN. Trabalhos realizados neste Departamento, Núcleo de Atenção Especial- NAE (necessidade especial), Casa de Passagem III (setor pedagógico) Projovem adolescente (educador social) Secretaria de Educação de Natal; Projeto Arte Contemporânea em Grafite – Transformar a pichação da escola em arte contemporânea.

RESUMO



O citado artigo vai tratar das relações sociais e das escolhas dos adolescentes autores de atos infracionais. Da relação de transferência e do deslocamento emocional do adolescente com relação ao técnico responsável pela oficina de Liberdade Assistida. Trataremos também, da imagem ação pigmentada na pele dos adolescentes, e do significante desenhado ou pintado nas oficinas de arte e cidadania. Os pressupostos bibliográficos observam que o significante e o significado correspondem ao signo linguístico e a cultura, isto é, ao conceito do eu. Ou melhor, da imagem do corpo próprio refletida no espelho, a visão entre o sujeito e a sociedade. Trataremos também das implicações e das predileções destes sujeitos.


PALAVRAS- CHAVE

: Imagens corporais, dor, medo e rua. 40

1 INTRODUÇÃO



A compreensão do socioeducando nas oficinas de arte e cidadania de Liberdade Assistida se torna mais fácil quando existe um enxerto da imagem corporal e a imagem espetacular social. Essa relação de transferência provoca um deslocamento emocional no subconsciente do técnico responsável pela oficina e do adolescente que está em conflito com ele mesmo.

A imagem do corpo próprio do adolescente esbarra com a imagem espetacular do técnico em atividade. Essa transferência de sentimentos vai gerar conflito interno e externo nos dois sujeitos, isto é, o adolescente e o técnico. O primeiro muitas vezes não sabe ou não compreende porque esta cumprindo Medida Socioeducativa, ou melhor, ele não se percebe como sujeito. É importante destacar que os direitos do sujeito em conflito com ele e com a Lei foram violados em diversos fatores, emocionais e sociais.

O segundo, isto é, o técnico, não compreende o estado de conflito emocional do adolescente, esse estado conflituoso o fez praticar a imagem ação. Desta forma consideramos que os dois sujeitos se percebem com seus direitos violados. O segundo por não compreender o estado emocional vivido pelo adolescente e o primeiro por não se perceber como sujeito. É importante destacar que trabalhar com conflitos emocionais sobrecarregar outros conflitos. Este técnico muitas vezes desenvolve doenças psicossomáticas por não terem acompanhamento psicoterápico. Contudo é importante perguntar, como trabalhar Direitos?

Porém, o enxerto das imagens, e a relação de transferência vai proporcionar ao adolescente uma reflexão sobre sua imagem ação. Mesmo assim, foi observado que a imagem ação dos adolescentes e a mudança de valores são graduais ou não existem. O mais curioso é perceber o sujeito compor (desenhar) em oficina a subjetiva imagem corporal e a sua imagem ação. Essa reprodução invertida do "eu", vai entrar em contradição com a imagem espetacular social direcionada pela ação da sociedade. "É através do desenho que o sujeito espaço-temporiza sua relação com o mundo". (DOLDO. 2008. p. 30).

A imagem ação é pigmentada inconscientemente na pele do adolescente ou desenhada em oficinas de arte e cidadania na Liberdade Assistida, e ou verificado nos

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sistemas de signos relatados em sentenças incompletas. Estas imagens são configuradas pelo comportamento subjetivo do sujeito, e trazem uma representação linguista e são denominadas de imagem acústica.

A representação da linguagem falada ou por meio de signos gráficos (escrita) são relatos inconscientes atribuídos aos fatos da vida social, isto é, o significado. Já o significante vem dar forma, ou melhor, vem dar significado aos signos linguísticos do sujeito autor de ato infracional. Esse significante vai ser denominado de impressão psíquica.

"A perturbação da reação ao significante exige que estejamos atentos aos distúrbios da linguagem [...]." (DICIONÁRIO DE PSICANÁLISE: FREUD & LACAN, 1997. p. 85). Desse modo à imagem acústica vai corresponder à imagem ação do sujeito em questão. Muitas vezes estas imagens são ritualizadas nos costumes culturais e míticos. São os objetos totêmicos transportados pelo adolescente são: crucifixos, adornos (correntes de aço, prata ou ouro), e as imagens de Santo. Estes significantes são comuns a autores de ato infracional, os mais utilizados pelos sujeitos são: crucifixo, terço e uma imagem de São Jorge. Em alguns casos são pigmentadas na pele dos adolescentes. Estas imagens inconscientes a cima citadas são objetos tótemes e nós iremos chama-los de transferência emocional.

É preciso ressaltar que, as transferências emocionais ou objetos totêmicos representados na pele ou como adorno faz parte do imaginário inconsciente do sujeito. Ao mesmo tempo vai fazer parte da sua imagem corporal, dando uma falsa impressão, é o chamado corpo fechado. Desse modo, estes objetos são atribuídos a sua crença Divina ou a ideia que estarei protegida.

É necessário esclarecer que, este sujeito é deixado a sua própria sorte. Contudo, sua ligação com o sagrado é uma transferência da sua carência afetiva. Ao mesmo tempo é uma forma de buscar proteção de um pai. Numa compreensão psicanalítica é a falta da proteção paterna, isto é, fica evidente a relação do sujeito ao significante. De acordo com os pressupostos bibliográficos (1997) que vai mencionar sobre um reconhecimento não do pai real, mas, algo referido a religião como a invocação ao nome-do-pai.

Nietzsche (2011) menciona que, os homens foram imaginados livres para serem condenados e punidos, "para que pudessem se tornar culpados [...]". (NIETZSCHE, 2011. p.56). Ao mesmo tempo o significante vai relacionar com a cultura religiosa e as relações

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sociais do sujeito em questão. E os pressupostos bibliográficos (2009) mostram que, a imagem do corpo é construída a partir da relação mãe e filho.

Quando o sujeito busca proteção ele transfere sua carência materna em proteção divina (o Pai do Céu). Ao passo que, o pai para esse sujeito não é o significante, é apenas uma imagem, um símbolo. É a relação desnuda de um personagem que se situa na ordem da potência e não no pacto de paternidade social. Deus é o ponto de equilíbrio de seu delírio, esse equilíbrio implica em sacrifício, isto é, a morte neste caso é uma espécie de defesa. Para Nietzsche (2011) Deus o Santo é condizente, é cortês é o castrado ideal, isto é, a vida acaba onde o reino de Deus começa.

Segundo Nasio (2009. p. 19), "a imagem do corpo é o conjunto das primeiras impressões gravadas no psiquismo infantil pelas sensações corporais que um bebê sente ao contato de sua mãe". Diante disto poderemos perceber que, os dois corpos o da criança e do adulto vibram num mesmo ritmo, é a relação psicobiológico. Winnicott (2005. p. 9) destaca, "um importante fator externo na causa de delinquência (ato infracional) é a separação prolongada de uma criança pequena de sua mãe".


2 IDENTIDADE



Na oficina
13 de arte e cidadania ocorrida a sete de março de 2012, foi desenvolvida uma dinâmica de palavras: conhecimento, mundo, imagem, medo, rua, corpo e dor. E uma interpretação de um rep chamado: "versos sangrentos" (facção central), logo depois foram entregue um questionamento aos adolescentes. Por que precisamos do outro para sermos nós?

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Núcleo de Atividades para Medida Socioeducativa em Meio Aberto – NAMSE. Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS, Prefeitura do Natal RN.

A palavra medo foi associada pelo adolescente ao objeto totêmico e ele respondeu: "medo só de Deus, sempre trago comigo o meu terço, assim estou protegido". Imagem, "não sei, o povo tem medo de mim, acho que é a roupa de marca e o corte do cabelo tribal". Rua, "força e coragem, liberdade", podemos associar a esta resposta com a ideia inconsciente de um cavaleiro andante, "dom-quixote". Corpo ou imagem, "se mexer comigo é daquele jeito", podemos perceber que, o preconceito já é internalizado neste sujeito. Mundo, "as portas não se abrem, como mudar?". Dor, "a dor não existe só no corpo, mas, na alma". Winnicott (1990) quando trata sobre o estresse psíquico menciona que a natureza do homem não está relacionada à questão de corpo e mente – é uma
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questão de psique e soma inter-relacionado. Para o citado autor (1990) a ideia de alma no sujeito altera a base da existência na psique é associada aos ensinamentos de quase todos os sistemas religiosos.

Diante de algumas respostas observa-se que, imagem corporal dos adolescentes autores de ato infracional é definida em sua autoafirmação enquanto pessoa ao mesmo tempo é percebida em sua imagem ação. "A identidade ou identificação com o objeto lido pelo sujeito é um substrato relacional da linguagem". (DOLDO. 2008. p. 10). Diante disto observa-se que, as suas implicações relativas às suas escolhas são aspectos de sua identidade, isto é, da imagem inconsciente de seu corpo. "A leitura que o sujeito faz de uma imagem, revela uma parte dolorosa de seu corpo". (DOLDO. 2008. p. 10). Esse corpo é parte inconsciente do eu – Ex: eu estou com muita dor de cabeça. Segundo Nasio (2009. p. 23), "essas imagens orientam nossas escolhas estéticas e determinam nossos sonhos e nossos atos".

Contudo, toda essa catexia suprime o estado de tensão ou excitação corporal que é a fonte do principio de prazer. Para Nietzsche (2001. p. 55), "o impulso causal, depende e é estimulado pelo sentimento do medo". Freud (1996. p. 20) menciona que, "o ego é parte do id que foi modificada pela influência direta do mundo externo". Neste caso o ego tem a função de controle sobre o comportamento do sujeito, e grande parte do seu funcionamento é inconsciente, sofrendo influencia do mundo interno. O id compõe o sistema básico da personalidade, contém os desejos e sofre influência do mundo externo.


3 A DOR



A dor e o medo fazem parte da imagem corporal do sujeito e muitas vezes é uma resposta de sua imagem ação. Essa dor sentida na psique vai refletir no corpo sendo transformada em dor física, vamos denominá-la de dor psicossomática. Nasio (2009) denomina de imagem do corpo ou imagem do corpo próprio, sendo que, este termo imagem do corpo próprio foi utilizado por Lacan em seus estudos sobre o sujeito. Para o citado autor as principais imagens do corpo são: as imagens mentais (imagem do corpo), a imagem do espelho e a imagem inconsciente, estas imagens são responsáveis pelas sensações físicas do sujeito.

A imagem espetacular é a imagem visível do corpo refletido no espelho, segundo Nasio (2009) ambas as imagens são esburacadas (no inconsciente do sujeito) e atravessadas pela libido, é este reflexo que da vida a todas as nossas imagens. "Não

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somos nosso corpo em carne e osso, somos o que sentimos e vemos do nosso corpo [...]". (NASIO, 2009. p. 54). É importante perceber que nosso eu é uma ideia intima do nosso corpo, isto é, é o conceito que corresponde às sensações corporais internas e externas, estas imagens vai sofrer influência na imagem do espelho, ou da ideia do outro em relação a nós. Desta forma podemos concluir que, não existe um "eu" puro ele é resultado da interpretação pessoal e afetiva do que sentimos e vivenciamos. Ao passo que, as imagens do nosso corpo são alimentadas pelo amor e pelo ódio que temos por nós. "[...] as imagens deformadas de nosso corpo nos impõem fatalmente uma imagem distorcida de nosso eu". (NASIO, 2009. P. 56). É importante perguntar: quem sou eu? O "eu" é a imagem mental das nossas sensações internas, estas sensações sofrem influência externa da existência social. Estas vivências significativas emanam da superfície do corpo, isto é, estas sensações vão causar dor física e ansiedade. "A natureza humana não é uma questão de corpo e mente e sim uma questão de psique e soma inter-relacionado, [...]". (WINNICOTT, 1990. p.44).

Nas oficinas de arte e cidadania desenvolvida nas Medidas socioeducativas de Liberdade Assistida (L.A), foi observado que a dor psíquica é refletida na autoafirmação do sujeito, na imagem ação. Esta autoafirmação vai fazer parte da defesa do "eu" ela é marcada pelo medo do outro ou o medo de se sentir abandonado ou rejeitado. Quando mencionamos sobre o medo do outro falamos de autodefesa da rejeição, "se mexer comigo é daquele jeito [...]". (OFICINA DE LIBERDADE ASSISTIDA. 2012). Esta rejeição encontrasse marcada pelo comportamento de defesa do adolescente ou pré-adolescente, e vem envolvida em sua autoagressão. É importante termos em mente que essa autoafirmação faz parte do universo do adolescente. Este jovem não gosta de se sentir por baixo, é questionador e busca sempre explicação para tudo. Sua agressividade é autodestrutiva, isto é, ele se pune por algo que não consegue compreender, ele próprio. O mundo do adolescente é envolvido num conjunto de questões que faz parte do seu cotidiano interno e externo, os fatores ambientais são responsáveis pela construção da personalidade do sujeito em desenvolvimento. Essa construção de personalidade nasce quando ele ainda é desejo do outro, para a psicanálise somos objetos de desejo. O outro vai ser uma resposta da imagem do corpo próprio, da imagem do espelho e do desejo. É preciso ressaltar que todos os fatores psicossociais e psicobiológico o levaram a cometer o ato infracional. A prática deste ato não depende apenas deste sujeito e sim das diversas formas de coesão e de solidariedade social. Ao passo que, os espaços urbanos são sintomas ou símbolo desta agressividade.

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4 O SILÊNCIO



O Silêncio dos adolescentes nas oficinas de arte e cidadania na Liberdade Assistida ou em sala de aula é revelado pela experiência interior. E esta vivência significativa é mencionada pela escrita, pela interpretação de um texto ou pela pintura e ou até mesmo pela analise da letra de um rap. Devemos respeitar o silêncio dos adolescentes, "o silêncio é uma espera que negaceia com a morte, é uma construção intima". (NASIO. 2010. p.94) É neste momento que o olhar do profissional encontra o olhar do adolescente, este olhar vai negociar com a impotência da palavra não realizada pelo sujeito. "O silêncio é o efeito de uma palavra em espera." (THOMAS. apud NASIO. 2010. P.83). Para apagar a dor silenciosa ele usa substâncias psicoativas, a droga surge a alguém que já não tem nada a perder. Leite (2005) menciona que, o outro é também aquele com quem se fala sozinho. A substância neste momento do silencio ou como citamos o falar sozinho é introduzida pelo inconsciente como algo falacioso. "As falas que constituo falando sozinho apontam para o inefável do desejo [...]". (LEITE, 2005. p. 60).

Nesta construção do dialogo com o adolescente é de extrema importância perceber a semântica

14. Isto é, o significado de suas palavras e símbolos que servem a sua comunicação. Ter a sensibilidade de estudar a semiótica15 que se escode nos signos, costumes e ritos das significações que podem ser atribuída aos fatos de sua vida social. Faz-se necessário ter em mente que, o significado não se encontra no objeto de conhecimento, nem na pessoa que conhece, mas nas relações sociais entre o sujeito e o objeto. Martim Heidegger (1889 – 1976) rejeitava à metafísica tradicional e o tecnicismo presente na cultura contemporânea, buscava a totalidade das significações expressa como discurso que é posta em palavras. Será que as palavras aumentam em número? Ou brotam à medida que novos significados são atribuídos a elas?

14 Ciência que estuda a evolução do significado das palavras e de outros símbolos que servem à comunicação humana.

15 Para Ferdinand de Saussure, ciência que tem como objetivo os sistemas e signos, costumes e ritos. Para Rouland Barthes, estudo das significações que podem ser atribuídas aos fatos da vida social concedidos com o sistema de significação: imagens, gestos, rituais, sistema de parentesco, mitos etc. (Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, 3.0).


É de extrema importância utilizar as estruturas emocionais como referência desta construção linguística. Esse processo vai ajudar ao sujeito a acessar seus próprios recursos, internos e externos ou os seus caminhos. "A arte e a pedagogia social devem permitir a aproximação do indivíduo favorecendo as semelhanças e diferenças, poderá
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também desenvolver competências inconscientes e criativas". (Barros Neto, 2010, p.9). Segundo Doldo (2008. P. 29), "o desenho é síntese viva das experiências emocionais ligadas ao sujeito, ligadas à história do sujeito e articuladas à linguagem própria do vivido relacional".

Diante da realidade emocional não compreendida pelo sujeito foi observado em todas as oficinas de Liberdade Assistida ou em qual quer oficina, a negação em falar do sujeito. Essa negação é compreendida pelo silêncio de um fato que é dado ao esquecimento. Muitos profissionais, pais e professores não sabem amparar o sujeito em desenvolvimento psicossocial e psicobiológico. Poderíamos ir mais longe afirmando que, não conseguimos ainda compreender o adolescente em conflito com ele mesmo.

É necessário buscar a realidade social deste sujeito, depois reconhecer a sua existência no mundo capitalista e preconceituoso. Segundo Nietzsche (2011) "a manifestação de prazer escondesse na força, este é o impulso causal e esta manifestação vai ser estimulada pelo medo". Isto é, toda espécie de inibição, pressão e tensão, estimula o impulso causal revelando a imagem ação ou a imagem do corpo próprio. "Queremos uma razão para nos sentir bem ou mal". (NIETZSCHE, 2011. p.54). Muitas vezes os adultos que lidam com estes sujeitos também não conhecem as suas próprias limitações. Isto porque também não foi compreendido quando criança e adolescente, vivemos numa sociedade que busca respostas urgentes, será que a escola ensina a pensar? Nasio (2010) menciona que uma criança não pode carregar o peso das expectativas de seus genitores e professores. Esta criança vai sofrer com a mutilação da sua imagem do corpo próprio, vai ser um adolescente confuso e sem projeto de vida.


5 CONCLUSÃO



Com base nos pressupostos bibliográficos e no desenvolvimento do Projeto Livro da Vida passamos a observar em oficinas de Liberdade assistida o medo e o anseio vivenciado pela rua. Observamos também, a cultura e o papel do adolescente como sujeito de direito, e não como objeto moldado a nossa maneira. Estes solitários e abandonados sujeitos são artistas e grafiteiros, ou melhor, dizendo são pichadores da miséria urbana. São poetas, cantores e compositores de gêneros populares urbanos (rap), são dançarinos de rua, isto é, são letrados pela cultura da rua.

Muitas vezes vivem ou convivem com moradores de rua, são Dom Quixotes dos becos e esquinas. São excluídos da escola, são negados desde a vivência uterina, ou

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melhor, são excluídos a si mesmo. São dependentes químicos ou estão envolvidos em algum processo judicial, são crianças e adolescentes filhos dos sinais e dos cruzamentos das cidades do Brasil. É importante percebermos que a miséria das ruas deixa evidente a exclusão social e familiar, o abandono escolar e cultural. Freire (2010) menciona que, não admitiremos jamais que a democratização da cultura fosse a sua vulgarização.

Contudo, a escola não tem gabarito ou não sabe como lidar com estes fazedores de cultura popular. É lamentável para os dias de hoje termos adolescentes excluídos da escola, sujeito absorto pelo tráfico de sustância porque alguém um dia lhe disse: "você não sabe nada". A Lei 8.069/ 90 menciona que: "é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, á saúde, à alimentação, à educação, à cultura [...]". (Lei: 8.069/90. Art. 227, p. 17). O medo fica evidente quando ele sofre negação ou maus-tratos sociais e familiares. É necessário perguntar, quem pode acolher este sujeito para que fique a salvo dele própria?

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OPERAÇÕES COM SIGNOS: estímulo/resposta.



MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO

As funções elementares dos sujeitos são encontradas na relação entre estímulo e resposta. Estas ações serão determinadas pela estimulação ambiental no meio social. Segundo Vigotski (2007), a memória natural vem ilustrar a formação de imagens eidéticas. Essa memória é muito próxima da percepção e surge como influência direta aos estímulos internos e externos apresentados ao sujeito em desenvolvimento. De acordo com Vygotsky (2007), estes estímulos foram observados em pesquisas com crianças e jovens, sendo percebidos os estágios primitivos da memória. Isto é, os signos na formação de normas sociais, como: desenhos, escrita, leitura, e o uso de sistemas numéricos, bem como as normativas que compõem as Leis sociais, as memórias visuais auditivas e o raciocínio lógico.

Estes significantes auxiliaram o homem no desenvolvimento das normas sociais, ao mesmo tempo eles contribuíram para o comportamento do sujeito social. Lacan (2008. p. 27) observa que, "um linguista não pode ver mais do que uma simples significação do objeto". Para Lacan (2008) uma comunicação não está ausente do sujeito, existe uma desintegração do sujeito em seu dado natural de se comunicar. Diante desta realidade o citado autor menciona que, ele sofre pelo uso do símbolo.

Devemos observar que, existe um despojamento inconsciente, onde aparece à relação do significante com a fala, é neste momento que medimos a supremacia do significante no sujeito. Do mesmo modo, Vygotsky (2007) observa que, os símbolos possuem características importantes na ação reversiva do sujeito, isto é, ele age diretamente sobre o sujeito e não sobre o ambiente. Aparecendo assim, à imagem ação significativa. "O uso dos signos conduz os seres humanos a uma estrutura especifica de comportamento". (VYGOTSKY. 2007. p. 34).

Os signos vão demonstrar informações sobre o desenvolvimento cognitivo/comportamental numa versão qualitativa e quantitativa. Os símbolos apresentados no questionário devem dar instruções sobre o mundo afetivo do sujeito e sua interação com o social. O objeto significativo social deve conduzir o sujeito a uma

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estrutura específica de comportamento, isto é, significado. Nesse contexto, o signo vai se destacar do desenvolvimento psicobiológico e psicossocial enraizado na Cultura social. Isto quer dizer que, o significante
16 deve permite ao sujeito, com auxílio de estímulos extrínsecos a controlar seu comportamento perante o meio social. É imprescindível termos em certeza que a aprendizagem ocorre na relação entre, o que o sujeito conhece e o que o meio físico social lhe oferece. Para Vygotsky (2007) o processo de desenvolvimento e atenção do sujeito passa de automático para dirigida, sendo orientada de forma intencional. Este processo está relacionado às faculdades cognitivas, sofrendo influência dos símbolos no meio cultural. Nasio (2012) menciona três tipos de histeria na adolescência, isto é, são estágios do "EU" inconsciente, seriam eles: a histeria de angustia, a depressiva e a paranoide. A histeria de angustia caracteriza-se pelos sintomas fóbicos (falta de tolerância): a depressiva, por sintomas de apatia (insensibilidade emocional), é o adolescente triste: a paranoide é caracterizada pelo adolescente suscetível à revolta. "Ele foi uma criança mimada e superprotegida, [...]". (NASIO. 2012. p. 37) Contudo, não podemos esquecer-nos das crianças entregues a própria sorte, abandonada e mal tratada, este vai ser um adulto incompleto ou imperfeito. "Tudo que construímos hoje é erigido com a energia e a inconstância do adolescente que sobrevive dentro de nós". (NASIO. 2012. P. 16).

16 Significante, imagem acústica que é associada a um significado numa língua, isto é, formação do signo linguístico. (Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, 3.0).


REGRAS DO JOGO



As normas devem ser lidas uma única vez;



Responder cada questão usando uma única palavra, ela não pode ser repetida em outra questão;



Vão ser distribuídos cartões nas cores: peta, branca, vermelha, azul, amarela, verde, lilás, marrom e laranja. As cores podem auxiliar o jogador;



Não se pode usar o nome de duas cores: vermelha e azul e nenhuma cor pode ser usada duas vezes. Observação: a escolha das cores que não se pode usar é de responsabilidade do mediador da dinâmica. 51

AVALIAÇÃO



Avaliar a memória visual, auditiva, criatividade, raciocínio lógico, atenção voluntária e a memória atual. E principalmente, como este sujeito comporta-se diante de normas sociais.


OPERAÇÕES COM SIGNOS



Qual é a cor de sua camisa?

Qual é a cor do céu?

Qual é a cor de um tomate?

Você gosta de sua casa?

Qual era a cor do transporte que lhe trouxe para este lugar?

Você já esteve na praia?

Qual a cor do seu quarto?

Qual é a sua cor preferida?

Qual a cor do mar?

Você pode entrar no banheiro masculino/feminino?

O que você não poderia fazer neste jogo?

O que você não poderia fazer neste jogo?

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REFERÊNCIAS



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Função de campo da fala e da linguagem em psicanalise. São Paulo: Perspectiva, 2008. p. 101 a 187.

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NASIO, Juan-Davd
. Adolescência é uma salutar histeria de crescimento; A adolescência é um luto da infância. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 33 a 47. 53

VIOLÊNCIA E AGRESSIVIDADE NO CONTEXTO ESCOLA



MANOEL ESPERIDIÃO DO REGO BARROS NETO17


17
Artista plástico, pedagogo formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú; Estudioso de Psicanálise pelo Curso de Teoria e Prática Psicanalítica da Associação Psicanalítica do Brasil; Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Rio Grande do Norte; Artista plástico e orientador de arte e cidadania (setor pedagógico) do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto - NAMSE, do Departamento de Proteção Especial – DEPADE da Secretaria de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS - Prefeitura do Natal/RN. Trabalhos realizados: Núcleo de Atenção Especial- NAE (Necessidade Especial) Casa de Passagem III(setor pedagógico), Projovem adolescente. Secretaria de Educação de Natal; Projeto Arte Contemporânea em Grafite – Transformar a pichação da escola em arte contemporânea.

RESUMO



Neste artigo descrevemos e analisamos a conceituação de violência e agressividade. Com base nesta compreensão iremos trazer também dados sobre o comportamento antissocial. Contudo, é necessário evidenciar que para isto tomaremos sempre como ponto de partida os pressupostos bibliográficos aqui referenciados. É preciso esclarece também que essa ideia geral de comportamentos agressivos e violentos vai ter como foco principal a violência escolar. Cabe ressaltar que, para entendermos esse fenômeno da violência e da agressividade nas escolas públicas será necessário contextualizarmos os fatores sociais e suas estruturas, bem como todos os princípios que a comandam.


PALAVRAS- CHAVE

: Violência, violação de direitos humanos e agressividades. 54

1 INTRODUÇÃO



É imprescindível esclarecer a diferença sobre agressão e violência, no ponto de vista social, familiar e psicológico. "Agressividade é um comportamento adaptativo e intenso". (MARCELOS. 2012. p. 1). "Violência é o exercício injusto ou descriminário" (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua portuguesa 3.0). No ponto de vista da citada autora, o sujeito agressivo é vitima de violência constante, este tem dificuldade de se relacionar com o outro, isto é, para ele não existe limite. Muitas vezes estes limites não foram construídos no âmbito familiar. Contudo, este não limite vem se ampliar ao contexto social e escolar, provocando o que é entendido social e judicialmente como atos infracionais. Para Winnicott (2005) a agressão tem dois significados: a primeira designa uma reação à frustação, a segunda é uma das fontes de energia do sujeito.

"Algumas crianças tendem, definitivamente, a ver seus próprios impulsos agressivos controlados (reprimido) na agressão de outros". (WINNICOTT, 2005. p. 105). Para a psicanálise (1997) a agressividade é uma força que promove uma desorganização e uma fragmentação na psique do sujeito em questão. A psicanálise denomina esta agressividade como pulsão do "eu", está se liga a pulsão de vida. É importante termos o entendimento sobre a pulsão, é um processo dinâmico do organismo, a qual suprime o estado de tensão ou excitação corporal que é a fonte do processo.

É importante esclarecer que o "eu", é a imagem mental das nossas sensações internas, estas sensações sofrem influência externa de nossa existência social. Estas vivências significativas emanam da superfície do corpo e podem causar dor física e ou ansiedade. Para Nasio (2009) o "eu", é o conceito que corresponde às sensações emocionais e corporais internas e externas. Estas imagens mentais sofrem influência da imagem do espelho, nós vamos chamar de imagem social, ou da ideia do outro em relação a nós. Para uma melhor compreensão, o "eu" é o limite entre o psíquico

18 e o somático19. Ou melhor, é uma energia potencial desenvolvida pelo sujeito. É necessário esclarecer que a energia potencial é a capacidade de produção das potencialidades do corpo psíquico. "O impulso primeiro vai ser identificado a uma pura e simples tendência a descarga, há satisfação [...]." (Dicionário de psicanálise: Freud e Lacan. 1997. p. 210).

18 Relativo à esfera mental ou comportamental do sujeito.

19 Sensações patológicas ligadas ao organismo ou físico corporal.

"O sujeito agressivo tem atitudes agressivas para se defender e não é tido como violento". (MARCELOS. 2012). Numa observação psicanalítica o sujeito só vem atingir a
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dimensão do outro por intermédio do enlaçamento da pulsão. Ficando evidente que o sujeito do inconsciente
20 se constitui no campo do outro. É importante lembrar que, este sujeito pulsional pode necessitar de uma estratégia pedagógica especial ou uma atenção psicopedagógico e ou psicológica. Por tanto, não pode ser considerado violento ou indisciplinado. Diante dessa realidade perguntamos: como a escola de hoje pode dar atenção pedagógica especial a este sujeito?

20 O que não pode ser percebido pelo sujeito que vivencia.

2 DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL



Para termos uma ideia sobre este estado emocional se faz necessário compreendermos o desenvolvimento emocional da criança. E este desenvolvimento emocional vai depender das suas relações sociais e familiares.

As funções cognitivas também vão estar inclusas neste desenvolvimento emocional e psicológico do sujeito. Somos sujeitos sociais, isto é, nossa vivência de mundo vai direcionar toda construção de saberes, faz-se necessário esclarecer que o comportamento também vai ser direcionado pela relação histórico social. Para Vigotsky (2010), o aprendizado começa muito antes das crianças frequentarem a escola. "Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança". (VIGOTSKI. 2007. p. 94). Do mesmo modo, o comportamento do sujeito liga-se ao desenvolvimento emocional. Isto é, seu comportamento vai ser determinado pelo seu estado emocional e cultural. Diante desta realidade vamos perceber que o sujeito liga-se a padrões de comportamentos derivados da cultura (relações sociais e familiares), bem como, da posição social e ocupacional.

Como já citamos anteriormente a agressividade é resultado da consequência de um sentimento de ameaça de violência. Estes sentimentos trazem efeitos negativos à saúde e a integridade física e psíquica dos diversos autores envolvidos. Contudo, podemos destacar que as principais vítimas são as crianças e os adolescentes. E estas violências causam danos irreparáveis ao seu desenvolvimento psíquico. "Não podemos colocar em segundo plano as ocorrências da infância e nem mesmo a da primeiríssima infância". (WINNICOTT. 2005. p.30). Diante das informações apresentadas poderíamos considerar que os fatores ambientais (social) e gestacionais (gravidez) são de grande importância para o desenvolvimento emocional do sujeito. Muitas vezes a agressividade da criança ou do adolescente nasce do simples fato de não conseguirem suportar as pressões externas e internas

. 56

Para Marcelos (2012) existem vários tipos de violência praticada na escola, seriam elas: a violência contra o patrimônio; orientação sexual ou identidade de gênero; violência simbólica e por ultimo a violência física. No caso da violência ou agressividade escolar poderemos destacar as mais comuns, a simbólica (violência moral) e a física. Diante da pressuposição bibliográfica observamos que esta violência tem início primeiro no âmbito familiar depois na escola e por ultimo no social. Este tipo de violência ou agressividade trás danos irreparáveis ao psicológico do sujeito envolvido ou ao patrimônio público.

Para entendermos a violência social convém observar o processo de globalização e as suas consequências. Diante disto os efeitos negativos é a desigualdade social, essa dessemelhança social vai provocar danos no desenvolvimento psicossocial

21 do sujeito em questão.

21 Envolve conjuntamente aspectos psicológicos e sociais.

Nesse contexto é importante termos em mente sobre o processo de globalização entre as nações e as relações comerciais. Este processo capitalista compromete a justiça distributiva no mundo, na América do Sul e principalmente no Brasil. Esta globalização apresenta resultados negativos como a concentração de riquezas beneficiando apenas uma parte da população na sociedade brasileira.

Este desordenamento social traz resultados danosos à população mais pobre. Faz-se necessário mencionar que o tráfico de substâncias psicoativas cresce a olhos vistos na América do Sul e principalmente na população brasileira mais jovem. Para o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2009), os países da América do Sul, se aprofundam a cada dia na desigualdade e na exclusão social

. Freire (2010) observa em sua obra que a economia brasileira ainda continua baseada nas grandes propriedades de terra e no poder local e regional dos grandes latifundiários. Diante desta afirmativa do citado autor, poderemos concluir que essa exploração sobre a população mais pobre é uma das causas de violência. Isso demonstra que a violação de direitos humanos no Brasil é um fator histórico.

3 HISTORIANDO A VIOLÊNCIA E O TRANSTORNO DE CONDUTA



Alguns autores observam o movimento político, cultural e social que revolucionou o Brasil em 1964, este movimento foi liderado pela juventude intelectual da época. Ao mesmo tempo foi um movimento que protagonizou as relações sociais e culturais da sociedade brasileira. Silva (2010) observa que, essa juventude passou a idealizar um mundo diferente, mais livre, igualitário contestador e quase fantasioso.
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Contudo, ao final dos anos 70 inícios de 80 nascem às tribos urbanas em grande parte do mundo capitalista. Estes grupos apresentavam comportamentos violentos como: ideais racistas e posturas homofóbicas, era o reflexo do conflito idealístico mundial. O Brasil vivenciava um momento de abertura para uma possível democracia política e social. Porém, o tráfico de drogas buscava ensinamento na organização social política dentro dos presídios no Rio de Janeiro. Na década de 79 a 90, a economia brasileira passa por dificuldades, aumentando à desigualdade social. A miséria desenvolvia-se desordenadamente e a olhos vistos. Nesta época surgem as facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV). Estas facções criminosas vão deixar marcas sociais econômicas e estruturais para o crime organizado. Convém ressaltar que as grandes sociedades do crime agora organizado encontram nas favelas do Rio de Janeiro proteção a estes une-se os jogos ilegais.

Em suma, são diversos os fatores que levam uma criança, um pré-adolescente e um adolescente a praticarem atos agressivos. Poderíamos destacar dois, a violência sócio/familiar, o uso e o tráfico de substâncias psicoativas. Neste ponto é oportuno destacar que o uso de substâncias psicoativas não se liga apenas a miséria social, ela é a miséria social e familiar.

Convém destacar que as substâncias psicoativas tem efeito na atividade psicológica e ou comportamental dos adictos. Segundo Gequelin e Carvalho (2007), existe uma relação direta entre comportamentos antissocial e dificuldades acadêmicas. As autoras esclarecem que estes sujeitos merecem atendimentos psicológicos e estratégias pedagógicas específicas para uma recuperação, evitando uma exclusão social e escolar. Para nossa compreensão seria necessário que estes sujeitos tivessem um acompanhamento psicopedagógico para desenvolver as atividades cognitivas. As citadas autoras utilizam o termo referido pela psicologia e a psicanálise como, antissocial que quer dizer, sujeito contrário às ideias ou aos interesses sociais. Leahy (2010. p.289) observa que os padrões comportamentais podem surgir em resposta a fatores específicos situacionais ou de desenvolvimento. A mesma autora trata que os padrões comportamentais descritos nas crianças ou adolescentes são exibidos em uma ampla gama de contextos sociais, escolares e interpessoais.

Estes comportamentos são conhecidos como transtornos de conduta ou antissociais, o fracasso familiar e escolar leva as crianças e os adolescentes ao fracasso social, causando danos psicossociais e psicobiológico. De acordo com Gequelin e

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Carvalho (2007) o transtorno de conduta possui um padrão repetitivo e persistente. "A manutenção de estratégias pedagógicas centradas em um padrão específico, impede que diferentes sujeitos tenham suas habilidades cognitivas não reconhecidas" (GEQUELI E CARVALHO. 2007. p. 133). Segundo as autoras (2007) a escola deveria se constituir num certo dialogismo, para assim preservar e trabalhar sua diversidade de gêneros linguísticos. Segundo o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2009) é dever dos governos democráticos garantir a educação para todos e especialmente a educação de pessoas com necessidades especiais, a erradicação do analfabetismo e a valorização dos educadores. O mesmo documento cita que a escola é um local de estruturação e concepção de mundo e de consciência social, devendo possibilitar uma ação pedagógica conscientizadora e libertadora.


4 DIRETRIZES E POLÍTICAS E PÚBLICAS



O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2009. p.23) menciona, "o Estado brasileiro consolidou espaços de participação da sociedade civil organizada na formulação de propostas e diretrizes de políticas públicas". Contudo, o quadro contemporâneo da citada sociedade ainda apresenta uma série de aspectos inquietantes no que se refere à violência e às violações dos direitos humanos.

Hoje encontramos famílias desamparadas pelo poder público, a escola ainda escolhe o cidadão que quer formar, a saúde pública não sabe o que fazer com os dependentes químicos e seus familiares. Dentre tudo isto ainda existe questões agravantes como: a violência que diz respeito aos direitos econômicos, sociais, culturais, orientação sexual, identidade de gênero e outas. O mais curioso é que todas estas violências vão refletir nas escolas de todo o país.

É importante frisar que muito cedo crianças e adolescentes são expostas as substâncias psicoativas, a normas e regras e ao trafico de substâncias psicoativas. Para Lech (2007), as crianças começam a demonstrar comportamentos que poderiam ser considerados inadequados por diversos motivos, influência, violência domestica exploração sexual ou sobrevivência. Em função desta dominância social e escolar imposta sem explicação, é normal que exista uma contra regra, isto é, uma resposta às regras não dialogadas. Para Marcelos (2012. p. 1) "a violência é uma transgressão da ordem, das regras e da vida em sociedade". Gestores e coordenadores pedagógicos podem chamar estes comportamentos de violência, nós teremos a pretensão de chamar, sujeitos violentados. Convém observar que, as normas e regras da sociedade escolar são

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estabelecidas de acordo com os valores da classe social dominante. Neste ponto devemos observar que os gestores escolares são indivíduos socialmente construídos numa coletividade capitalista e preconceituosa. A violência ou a violação de direitos sociais vão refletir num quadro de agressividade e relações inquietantes nas escolas públicas e privadas em todo o país. Quando falamos sobre violação de direitos mencionamos os sujeitos excluídos da escola por motivo de indisciplina. A diferença entre a escola pública e a privada é que as escolas privadas não transformam estas agressividades em opinião publicada.

Mencionamos no paragrafo anterior sobre, sujeito violento, necessariamente teremos que falar de sujeito de direito. É de extrema importância citar que, a criança, o pré-adolescente ou o adolescente não são objetos plásticos modelados à nossa maneira, eles são sujeitos em processo de desenvolvimento psicossocial e psicobiológico

22. "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade [...]". (Estatuto da Criança e do Adolescente. LEI 8.069, de 13 de julho de 1990. Capítulo III Art. 205. p.13 Brasília 2007). Ainda segundo o Estatuto (2007) a condição de sujeito de direito implica a necessidade de sua participação nas decisões de seu interesse, no respeito à sua autonomia e nas explicações sobre o que é permitido e não permitido, inclusive sobre os cumprimentos das normas legais. O citado Documento (2007) menciona ainda que, a sociedade, a família, e a escola são responsáveis por todo o processo de desenvolvimento emocional, acadêmico e social do futuro adulto. Isto quer dizer que, a escola é a grande responsável pela construção acadêmica e cidadã do sujeito em questão. O Art. 206, inciso I e II (2007) do citado documento menciona: igualdade e condições no acesso a escola e permanência, liberdade de aprender pesquisar e ensinar o pensamento, a arte e o saber.

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Psicobiologia é o estudo das funções psíquicas e comportamentais em suas relações com processos biológicos. Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa – 3.0.

Dentre todos estes dados apresentados neste trabalho o mais interessante é a Lei 8.814/2006 de autoria do Deputado Fernando Mineiro. A Lei foi promulgada em 03/03/2006 sob o número 1.916/04, Nº do projeto de Lei: 178/04. "Artigo 1º - fica instituído o programa paz na escola de ação interdisciplinar e de participação comunitária para prevenção e controle da violência nas escolas públicas." (LEI Nº 8.814/06. Paz na Escola. Dep. Fernando Mineiro). Convém ressaltar que, o Art. 5º, da citada Lei, menciona sobre o Conselho de Educação Pela Paz nas Escolas, este Conselho foi criado na Secretaria de Educação do Estado junto ao Núcleo Estadual de Educação para paz e Direitos Humanos
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e o Comitê de Mobilização Social pela Educação. Esta Lei abre espaço para a criação da Companhia Independente de Prevenção ao Uso de drogas CIPRED – Ronda Escolar e ao Programa de Erradicação as Drogas – PROERD da Secretaria Estadual da Segurança Pública e da Defesa Social e da Polícia Miliar do Estado do Rio Grande do Norte.

Devemos observar com atenção o artigo terceiro da citada Lei, inciso I, ele menciona sobre a criação de Conselhos de promoção da paz dentro das escolas. Este Conselho deve estar vinculado ao Conselho de escola na prevenção e no controle da violência, devendo analisar as causas e consequência para assim apontar as possíveis soluções. Deve desenvolver também ações pedagógicas de conscientização e valorização da vida dentro do âmbito educacional. No inciso III do mesmo Art. cita sobre ações voltadas ao controle da violência com o reconhecimento dos Direitos Humanos e o exercício pleno da cidadania e da promoção harmônica de paz entre a comunidade escolar. O inciso IV do mesmo documento menciona sobre as ações culturais, sociais e desportivas, fortalecendo assim o vínculo entre a comunidade e a escola. (LEI 8.814/06. Processo: 1.916/04. Projeto de Lei: 178/04.).

Segundo Gohn (2010) a educação informal vai permitir ao sujeito ações coletivas de seu cotidiano. O Programa Mais Educação criado pela Portaria Interministerial Nº 17/2007, visa aumentar a oferta educativa nas escolas públicas por meio de atividades optativas. Este programa tem a pretensão de desenvolver atividades para melhorar o ambiente Socioescolar. Estas atividades tiveram início em 2008 e beneficiaram neste ano 386 mil estudantes em 27 Estados. Sua operacionalidade é feita por meio do Programa dinheiro Direto na Escola (PDDE) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

É importante mencionar neste estudo que este programa não foi bem recebido pelo corpo Docente das escolas, só aceito pela Direção. Contudo é pertinente citar os PCNS, estes trazem temas transversais como, por exemplo: a pluralidade cultural e orientação sexual, meio ambiente e saúde, arte entre outros. Se as ações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) fossem desenvolvidas pelos docentes nas escolas não seriam necessárias às ações Interministeriais. Desta forma é pertinente afirmar que a escola não cumpre seus deveres sociais, muito menos os intelectuais. É necessário sublinhar neste parágrafo que a importância intelectual da escola unida à formação social e cultural do sujeito.

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"Os sujeitos pertencem àqueles espaços segundo determinações de origem, raça, etnia, religião, [...]." (GOHN, 2010. p. 16). É nesta perspectiva que iremos observar, o homem transcende, distingue e dialoga com seu existir. Sua importância na formação social e cultural é fundamental, ele peça mestra nas relações de seu quotidiano. É um ser individual e só se realiza com outros existirem.

À medida que cria, recria e decide ele passa a compreende sua história e sua importância na sociedade em que vive. Contudo, esta compreensão só vai ser realidade em seu imaginário quando existir sua participação numa construção político social. Poderemos concluir que sua realidade social e histórica só vai ser modificada através das políticas públicas educacionais. Ou diante de uma proposta pedagógica que atenda o sujeito em conflito com ele mesmo. Mesmo porque a compreensão cognitiva de cada ser humano é diferenciada.


5 CONCLUSÃO



Diante dos pressupostos bibliográficos observamos que a agressividade ou a violência social e escolar têm varias fases, uma delas encontrasse nos fatores psicossociais. As outras são dos fatores psicobiológico, isto é, parte do desenvolvimento biológico do sujeito, relação mãe e filho.

Estes fatores estão relacionados ao desenvolvimento fetal e ao desenvolvimento psicológico da mãe. A este desenvolvimento, poderemos citar alguns fatores como: violência intrafamiliar, pré-natal não realizado e acolhimentos institucionais nas maternidades. Outro agravante é a gravides na adolescência, o assistencialismo e a desigualdade econômica social. Estes elementos concorrem para a violência e a violação dos direitos humanos no Brasil e em especial na América do Sul.

Quando mencionamos que o sujeito é fruto da consciência social passamos a observar que para ele é impossível emocionalmente viver numa sociedade sectária. Freire (2010) aponta sobre o assistencialismo como um dos fatores para essa desconstrução social do sujeito. (FREIRE, 2010. p. 65). "O assistencialismo faz de quem recebe a assistência um objeto passivo, sem possibilidade de participar do processo de sua própria recuperação". Dessa forma, convém observar que, esse assistencialismo está presente no imaginário da violência social. Para Freire (2010) é o mutismo associada a sua passividade. É preciso ressaltar que crianças e adolescentes da classe pobre frequenta a escola para seus pais receberem a bolsa escola. Poderemos concluir que, a escola faz de

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conta que ensina e o educando faz de conta que aprende, é uma grande fabula Nacional promovida com o dinheiro público.

Há de se considerar também que, os países da América do Sul são os principais cultivadores de substâncias psicoativas e um dos exportadores de maconha e coca. É imprescindível mencionar também que estas substâncias são distribuídas nos bairros de periferia das grandes Capitais do Mundo. Há algum tempo estas substâncias já circulava entre os estudantes Universitários. Hoje circula nas escolas da periferia e o mais agravante é comercializado dentro das instituições, provocando violência e medo.

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O ESTETISMO E O CONCRETO DELIRANTE23



23 BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. A pedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização./Manoel Esperidião do Rêgo Barros – Natal/RN: Ed. do Autor, 2010. 34 f. Il. – CDD 707 CDU 7:37

MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO

RESUMO



A estética da beleza ou o culto da beleza através das expressões artísticas de rua o grafite, mostra-nos um anacronismo entre o belo acadêmico e a cultura de rua. Isto se, consideramos que o estetismo intelectualista atribui às expressões de composições artísticas populares. Um movimento ridículo e um complexo de superioridade ao movimento de composições grafitadas nos muros e prédios abandonados nas grandes cidades. A arte de rua mostra um protesto das tribos de grafiteiros e pichadores, uma visão da dor social, da exclusão. Isto é, uma concretude da releitura do mundo contemporâneo, mundo segregado, delirante e expendido. Porém, é importante lembrar que, toda expressão artística deve primeiro ser esboçada em papel para depois transformar-se numa bela obra de rua. A cidade dispõe de espaços sujos e abandonados, é importante dispor espaços para os grupos de grafiteiros expressarem seus estados oníricos. Seus símbolos concretos e subjetivos, estas obras devem ser expendidas em muros e paredes dos grandes centros urbanos. Objetivando o conhecimento singular, ligando à realidade estética delirante a neurose urbana. Ao mesmo tempo em que expedimos belas obras de rua iremos resgatar adolescentes /jovens dos atos infracionais.


PALAVRAS– CHAVE:

beleza, estética, Liberdade Assistida, satisfações substutivas, morte. 66

1 INTRODUÇÃO



A arte deve ter um papel de aproximar o belo e o estético, mas, na cultura contemporânea esse conceito encontrasse restrito a uma classe elitizada. Segundo Barros Neto (2010. p. 12) "ciência e arte são produtos finais que expressam a representação do imaginário cognitivo na cultura de um povo", são emoções sentimentalizadas na forma de expressão do indivíduo, são restos inconscientes da neurose urbana. A ciência reproduz em laboratório de pesquisa os conhecimentos populares, e a arte vai reproduzir as satisfações substutivas, e as mais sentidas renúncias culturais. Para Freud (1996. p.25) "o indivíduo vai reagir aos danos que a civilidade causa, e outros homens lhes infligem, desenvolvendo assim um grau de resistência aos regulamentos da civilização e de hostilidade para com ela". Por outro lado, é necessário destacar Schlichta (2009. p. 6) quando ela cita que, "arte é criação-produto especifico ao homem e só à sua humanização deve se destinar".

As composições desenvolvidas em oficinas de Liberdade Assistida (L.A) expressão emoções sentimentalizadas, é um universo totalmente destituído do "eu", retirado de estados oníricos, inconscientes. Este universo mostra uma brincadeira com o desconhecido, arriscando hipóteses ousadas, é um exercício do conjunto e da razão, do sonho.

A didática do ensino da arte manifesta-se em duas tendências: uma propõe exercícios de repetição ou imitação mecânica de modelos prontos, a outra trata de atividades alto estimulante e criativa

. Contudo, os desenhos e pinturas, desenvolvidos pelos adolescentes em oficinas de Liberdade Assistida passaram a ter uma observação estritamente emocional e comportamental, são emoções transmitidas e sentidas ao papel. É necessário compreendermos que, os padrões comportamentais podem surgir em resposta a fatores específicos situacionais ou de desenvolvimento. Estes adolescentes apresentam um nível de transtorno de comportamento antissocial, alguns não têm condições cognitivas de estarem nestas oficinas pelo uso excessivo de substâncias psicoativas, outros mostram nos comportamentos estados de abstinência e ainda um desejo de estabilidade sócio familiar. Estes estados emocionais são representados em símbolos gráficos ou signos, é uma expressão inconsciente transmitida ao papel. 67

2 OS SIMBOLOS E O INCONSCIENTE



24
ABSTINÊNCIA – pintura em giz de cera – 297 x 420 FAMÍLIA – pintura em giz de cera – 297 x 420

24
Composições desenvolvidas em oficinas de Liberdade Assistida em Meio Aberto – NAMSE 2011. Mediado por BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo, artista plástico e orientador de arte e cidadania do NAMSE.

Os símbolos são processos imaginativos que aglutinam e corporificam as expressões psíquicas para que o indivíduo possa entrar em contato com os níveis mais profundos e desconhecidos do inconsciente. Este processo de criação inconsciente vai dinamizar e facilitar a estruturação e a transformação dos estados emocionais que deram origem aos seus transtornos. Nas composições apresentadas acima poderemos perceber estados incompreendidos e inconscientes, são eles
: carência afetiva, agressão, abstinências, vivencia de rua, necessidade do uso de substâncias psicoativas, resultado da negligência e da negação instintiva. Estes símbolos inconscientes compostos em papel mostram formas de mundos, exprimem dores e esperanças. E estas formas contextualizadas iram significar pertinência às suas singularidades e à historicidade de cada um dos artistas aqui presente.

Na composição que traz o título de ABSTINÊNCIA
, iremos encontrar a presença da morte junto a uma efígie, este olha para uma folha de cannabis com um desejo do uso como renuncia dele mesmo. O azul expressa uma sensação de vazio na alma, frieza e uma desmaterialização de uma ideia da mãe, nesta composição o socioeducando incorporam a frieza e o medo inconsciente. Com tudo, a cor azul também pode ser associada ao Self, isto é, a mãe. E essa composição traz a necessidade de retorno ao útero, carência, proteção da primeiríssima ou primeira infância.

O preto apresentado em toda a composição é associado ao luto e ao medo, descrença e a depressão. Em contra partida, a obra intitulada, FAMÍLIA, traz uma composição quase sem cor, as cores que aparecem são mínimas. Com traços inconsistentes, ele tenta alinhar as paredes deformadas de sua casa em seu consciente, a cama encontrasse em primeiro plano do lado direito, longe da casa.
68

A cor marrom aparece com mais intensidade, sua associação leva na direção das raízes familiares, do desejo por estabilidade e segurança, dando a sensação de que tudo é permanentemente sólido. E a cor verde mostra uma expectativa ou uma necessidade de esperança de um dia voltar para casa. Curiosamente, a cor marrom é pintada na parede onde se localiza a porta de entrada da casa e o telhado. A posição da pintura marrom vem confirmar o desejo inconsciente de retorno ao lar. O mais curioso é que este adolescente estava institucionalizado numa Casa de acolhimento sobre proteção do Estado do Rio Grande do Norte.


2.1 GRAFITE



As expressões expendidas nas ruas (o grafite) também trazem conteúdos inconscientes ou estados oníricos, são símbolos linguísticos significando uma leitura sobre o mundo refletido no subconsciente de quem a compôs, é uma necessidade inconsciente de ser percebido. Estas obras de artes devem ser iluminadas e valorizadas pela academia, pelo poder público e pela sociedade, o grafite deveria fazer parte da grade curricular do curso de arte.

Se o grafite fosse valorizado pelos movimentos artísticos iríamos diminuir o número de pichação nos centros urbanos. Estes pichadores iriam aproximar-se deste modelo estético, transformando um muro ou uma parede suja de um prédio abandonado, num belo modelo artístico, valorizando e estetizando a construção abandonada. Ao mesmo tempo vai socializar estes adolescentes /jovens e suas expressões artísticas inconscientes. Schlichta (2009. p. 4) observa que, "a produção artística constitui uma forma da realidade humano-social, e sua obra não cria um objeto para o sujeito e sim um sujeito para o objeto".

É importante observar a leitura de mundo expresso nas comunidades carentes, ao mesmo tempo transformar as pichações das escolas em arte contemporânea, e reconstruir este universo levando dignidade e respeito. O Estado deve investir em cultura, e em educação de qualidade para assim, tentar diminuir os atos infracionais. A Europa no pós-guerra foi reconstruída pela educação pela cultura e não pela repressão ou imposição. Hoje os maiores artistas grafiteiros do Brasil

, realizam seus trabalhos na Europa, e estão expendendo suas obras nos grandes salões de arte, são resiliências. 69

25 Projeto arte-contemporânea em grafite

25
Projeto desenvolvido pelo o autor deste artigo nas Escolas Municipais da Cidade do Natal Francisca Ferreira, Francisco Varela, e no Colégio e Curso PH3 (privado), em Parnamirim – RN, em 2007 e 2008. Pesquisas realizadas pelos alunos do Colégio PH3 resultaram nas releituras de obras dos seguintes artistas; Anita Malfate, Picasso, Tarsila do Amaral e uma obra do Professor orientador.

3 A MAGIA E A ONIPOTÊNCIA DE PENSAMENTO, O TOTEN



É nas neuroses obsessivas que sobrevivem à onipotência dos pensamentos primitivos. Um neurótico obsessivo pode ser oprimido de uma sensação de culpa, isto é, sua sensação de culpa. Essa culpa vem fundada nos intensos desejos de morte contra seus semelhantes que estão inconscientemente em ação dele e estes atos têm um caráter inteiramente mágico. Segundo Freud (1996. p. 64) "um homem adulto primitivo tem à sua disposição um método alternativo". Seus desejos são acompanhados de um impulso motor, à vontade que está destinado. Mais tarde, altera toda a face da terra para satisfazer seus desejos, o canibalismo ou os desejos humanos, a morte.

As obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos, que são indesejáveis em termos pessoais. O início da doença é gradual e, na maioria das vezes, ocorre entre o começo da adolescência e o começo da idade adulta. Segundo Leahy (2010. p. 152) "o conteúdo obsessivo tem uma alta taxa de comorbidade", como depressão, transtorno do pânico, fobia social (comportamento antissocial) e o transtorno da ansiedade generalizada. Os indivíduos que vivenciaram durante a infância uma situação de agressividade, violência, morte e abandono (negação instintiva). Estes sujeitos teriam mais probabilidade e ou destreza de matar e agredir sem demonstrar um sentimento de culpa e ou arrependimento. Segundo Freud (1996. p. 64) "a visão do homem primitivo, esta ligada a uma das partes mais importantes, é quando este consegue penetrar nos mistérios da morte". E se souber o nome do seu adversário ou de um espírito, obtém-se certo poder sobre seu punidor.

Conversas desenvolvidas entre os socioeducandos nas oficinas de Liberdade Assistida em meio Aberto revelam satisfações em eliminar seus adversários, eles além de mencionar os nomes, citam as armas e os ferimentos de causa morte. As cicatrizes que marcam seus corpos também é objeto singular de poder, estes mostram suas cicatrizes,

70

citando os nomes dos adversários. Segundo Freud (1996) os motivos mais elevados para o canibalismo entre os povos primitivos têm uma origem semelhante, Incorporar partes do corpo de uma pessoa pelo ato de comer. A este hábito o guerreiro pode adquirir a qualidade por ele possuída, o citado autor menciona ainda: "a crença de que existe uma ligação mágica entre um ferimento e a arma que causou este ferimento pode ser percebida e inalterada, através de milhares de anos" (FREUD, 1996. P. 62). É nas neuroses obsessivas que sobrevivem à onipotência de pensamentos, e as consequências desse modo primitivo de pensar aproximam-se da consciência, são estados mnêmicos. Poderíamos citar como exemplo a ausência de culpa de alguns adolescentes infratores (homicidas), presidiários ou o (serial killer).

Outro ponto importante a ser observado, são os objetos sagrados (tabus) que trazem sobre o pescoço (terço católico), as pichações encontradas nas instituições de internamento educacional

26 ou Casa de Passagens, trazem cruzes estilizadas, são expressões psíquicas expendidas nas paredes, são símbolos de martírio e ou proteção, é o retorno inconsciente ao "pai".

26
Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente – CIAD (internação provisória, 45 dias), CEDUC/PITIMBÚ, internação de seis meses a três anos, Casa de Passagens (Proteção Especial)

27 Liberdade Assistida em Meio Aberto desenvolvida no NAMSE.


A cruz é um instrumento de tortura e execução, formado de dois toros de madeira transversais que servia para pregar criminosos no século VIII antes de Cristo, este mesmo instrumento é utilizado como símbolo do Cristianismo, entidade protetora (Totem). Segundo Freud (1996. P. 18) "as restrições do tabu são distintas das proibições religiosas ou morais". Não se baseiam em nenhuma ordem divina, mas pode-se dizer que se impõem por sua própria conta. Este símbolo ancestral ou entidade protetora é tatuado no corpo dos adolescentes /jovens, às vezes é marca registrada de um determinado grupo ou tribo. Este totem encontrasse pichado nas celas das instituições de internamentos educacionais (privação de liberdade). A cruz pichada nestas instituições é símbolo de um grupo musical, "Racionais". Este grupo musical fala de fome, preconceito racial, pobreza, droga, perseguição policial, tráfico, morte e privação de liberdade.

A crença nos espíritos e a sobrevivência da alma vêm dos povos primitivos, perpetuando-se até os dias de hoje. Outro ponto observado nos estudos desenvolvidos nas oficinas de L.A

27 mostrou que, o símbolo da cruz (tabu), abrange apenas o caráter sagrado (ou impuro) de pessoas ou coisas. E se for violado traz consequências graves, isto é, um suposto castigo divino que pode cair sobre o culpado ou sobre o grupo. Contudo, estes adolescentes não têm consciência sobre a morte ou sobre a onipotência 71

dos seus atos. Porém, a expectativa de vida destes adolescentes /jovens é de, 15 ou 18 anos é pequena. A consciência do pouco tempo de vida é real e ao mesmo tempo, inconsciente. O mais curioso é que, por meio de pigmentos sobre a pele, muitos escrevem nos braços a seguinte frase:
vida looka.

A ancestralidade sagrada também pode ser um estado inconsciente ao retorno familiar, é uma sequência de memória, uma concentração de energia inconsciente (catexia). Este estado de retorno ancestral é percebido nos pigmentos por sobre a pele. O pigmento traz na maioria das vezes o nome das mães ou das namoradas, é uma forma de sentir-se protegida. A figura materna é bastante respeitada pelos socioeducandos, e quando não existe a afigura mãe, existe a avó materna. A arte de gravar na pele por pigmentos coloridos são ícones indeléveis que simbolizam efígie ou signos gráficos, e estes símbolos sagrados bem como a ancestralidade ou entidades protetoras (tabus) estão presentes no consciente destes jovens.

Por outro lado, um sentimento só não é fonte de energia se for expressão de uma necessidade intensa. Contudo, não existe uma necessidade mais intensa quanto à proteção de um pai (Deus). Numa concepção primitiva, Deus é o principio absoluto, uma entidade superior aos homens designador das forças ocultas, e responsável pela origem do universo, regulado os seres que o habitam. As efígies expendidas nas celas das instituições educacionais "privação de liberdade", ou pigmentadas na pele dos socioeducandos, representam símbolos ancestrais. "A origem da atitude religiosa pode ser remontada, em linhas muito claras, chegando até ao sentimento de desamparo infantil." (FREUD. 1996. p.81).


4 AS AÇÕES DIANTE DA MORTE



Segundo Schwartz e Peroca (2002. p.35) na tradição barroca nenhum evento parecia tão perfeito para um artista que a morte de um alto funcionário da corte. A morte é um símbolo da passagem e da afirmação mística na força divina. O aparato suntuoso e a cerimônia da religião, hoje no Século XXI ou no Século XVI, mostram os impactos destes elementos, e estes impactos foram revelados na literatura barroca
.

As narrativas históricas destes adolescentes mostram ações virtuosas com relação à morte, igualmente à narrativa das cerimônias da morte e da busca de sinais de salvação do Século XVI na Europa, depois no Século XVIII no Brasil. As ações nos atos de sobrevivência destes adolescentes ou de seus feitos são valores da sua existência
72

terrena, precisam ser demonstrados e confirmados pelos seus adversários ou chegados
28. São atos derradeiros, são confrontos com a polícia ou com seus adversários. A final de contas um homem é lembrado pelos seus feitos e conquistas, porém, para que isto aconteça alguém, tem que registrar. Boff (1999. P.131) menciona que, "a morte anula certos arranjos, possibilitando outros e criando transformações que abrem novas chances para a vida".

28 Termos utilizados pelos adolescentes envolvidos com atos infracionais, quer dizer parceiro de práticas infracionais.

29 Governador da província, Bahia de todos os Santos em 1671, assassinado por Juan Lopes Sierra em 1676.

30

GRAFITE – rabisco ou desenhos, feitos com aerossol de tinta nas paredes, muros de uma cidade. ETIMOLOGIA: GRAFITO.

4.1 O APARATO FÚNEBRE



Quando mortos em confrontos com a polícia, seus chegados participam do funeral com suas armas, e o descrevem como um amigo verdadeiro e como uma pessoa temente a Deus.

Dados históricos sobre os aparatos fúnebres no século XVIII no Brasil esclarecem que, "parte importante nestes atos é a presença da artilharia de tempos em tempos". (SCHWARTZ e PEROCA, 2002. p. 59). Na descrição que Schwartz e Peroca trazem da procissão do aparato fúnebre de D. Afonso Furtado

29 "revela o translado do corpo com as seguintes pompas: uma imagem de Cristo amortalhado à frente do esquife preside a procissão o cabido e a cruz levantada". (SCHWARTZ e PEROCA, 2002. p.59). É importante termos em mente que estes ritos ainda hoje são tradições católicos, desde o mais pobre ao mais rico.

As satisfações substutivas são oferecidas pelas artes e pelo uso de substâncias psicoativas. Contudo, as artes são emoções em contraste com a realidade destes adolescentes e estão presentes em pinturas grafitadas (grafito)
30 nos muros e paredes dos grandes centros urbanos. Por outro lado, as substâncias tóxicas trazem as mesmas satisfações substutivas das artes, influenciam e altera o comportamento do indivíduo, modificando as cadeias moleculares, endorfina. A endorfina é uma proteína de peso molecular de grande poder analgésico que estão presentes em estado natural no cérebro. No entanto muitos adolescentes alegam estar mais acessível ao ato criativo quando estão sobre o efeito de substâncias psicoativas. Contudo, observamos em oficina de Liberdade Assistida que muitos apresentam déficit de memória e cognição comprometida.

O propósito da vida é o principio do prazer; Freud (1996. p.84) traz que, "o que chamamos de felicidade no sentido mais restrito, provem da satisfação de necessidades
73

repassadas em alto grau". O mesmo autor menciona o artista plástico Goethe; "nada é mais difícil de suportar que uma sucessão de dias belos." Vincent Van Gogh (2008. p.213) escrevendo ao seu irmão Théo, aos quatro de maio de 1888 menciona: "Esta noite eu vi em sonhos paisagens com céus todos cor-de-rosa".

Freud (1996. p.87) observa que, "o sentimento de felicidade formado pela satisfação de instintos perversos e a atração pelas coisas proibidas, encontram impulso não domado pelo ego"

. Contudo, a economia psíquica consiste em reorientar os objetivos instintivos do mundo externo. E os instintos humanos são naturais ao homem, simbolizando tudo que deseja compreender para assim controlar seus impulsos. O citado autor chama de denominação psíquica como preparo para a dominação física. Segundo ele, a libido segue os caminhos da necessidade narcísica, ligando-se aos objetivos que asseguram as satisfações. A mãe satisfaz a fome da criança tornando-se seu primeiro objeto amoroso, por outro lado ela se torna sua primeira proteção contra os perigos do mundo externo. A morte para estes adolescentes, e os objetos sagrados, revelam seus impulsos de reação contra uma sociedade segregada pelo preconceito e a exclusão dos seus. Bem como, a negação instintiva desde seu nascimento. Há de se considerar que sua imagem ação e o signo apresentado em suas composições vão revelar as satisfações reprimidas e os seus instintos mais perversos.

4.2 A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO EPISTÊMICO



Lajonquière (2007. p.67) descreve alguns estudos desenvolvidos por Piaget sobre equilibração majorante, são eles: "assimilação de objetos e deslocamento de objetos". À assimilação de objetos, são a aceitação e a acomodação do sujeito as particularidades a este objeto. Essa acomodação possibilita três processos de equilibração, estes processos são fundamentais para a conservação do sistema cognitivo. A segunda é quando o sujeito compreende o deslocamento do objeto, é a chamada coordenação e movimento. Estes conjuntos irão formar o sistema cognitivo, estes estudos confirmam o processo de aprendizagem estrutural, e são subordinados ao desenvolvimento espontâneo. Portanto, o equilíbrio cognitivo depende do desenvolvimento emocional da primeiríssima infância e da segunda.

Para Vigotsky (2010), o aprendizado começa muito antes das crianças frequentarem a escola. "Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança". (VIGOTSKI. 2007. p. 94). Do mesmo modo, o comportamento do sujeito liga-se ao desenvolvimento emocional, isto é, seu comportamento vai ser determinado pelo seu estado emocional e cultural. O citado autor (2007) menciona ainda

74

que, no decorrer do processo de desenvolvimento, a atenção passa de automática para dirigida sendo orientada pelo pensamento. Isto quer dizer que este sujeito passa a sofrer influência dos símbolos do meio cultural em que está inserido.

A negação instintiva desenvolvida na primeiríssima infância (mãe má) irá desencadear perturbações ao sistema cognitivo, seriam eles: desequilíbrios

e resistências aos objetos externos, causando obstáculos à assimilação. Porém, é importante destacar que, a inteligência é auto reguladora, "toda regulação que culmina numa compensação implica em si mesma, uma verdadeira construção" (LAJONQUIÈRE. 2007. p. 73). Isto nos mostra que a criança alcança sucesso à medida que consegue reparar seus erros em acertos. Estas construções derivam dos processos das experiências vivenciadas pelas crianças.

Faz parte do desenvolvimento espontâneo (natureza), por tanto, está atrelado aos mecanismos de equilibração (coordenação e movimento). Porém, segundo Ballone e Moura (2008
) o cérebro humano possui sistemas de regulação naturais que controlam as emoções negativas. E alterações nesses sistemas como substâncias psicoativas parecem aumentar dramaticamente o risco de comportamento impulsivo e violento. O mesmo autor traz que: "Pesquisas são baseadas fortemente nas imagens funcionais cerebrais em pessoas violentas ou predispostas à violência, estas preenchem os critérios para diagnóstico de Transtorno Explosivo de personalidade." (BALLONE, GJ. MOURA, EC. WWW.psiqueweb.med.br, 2008. p. 26).

A influência do desenvolvimento do Transtorno de Comportamento (conduta) será desencadeada por diversos problemas emocionais. Seriam eles, comportamentos familiares, consumo de substâncias psicoativas, exclusões socioeconômicas, má distribuição de renda e vulnerabilidade sócias e familiares. Contudo, as aprendizagens intelectuais trariam consequências benéficas, modificando o comportamento e o desenvolvimento cognitivo do sujeito. E as representações semióticas observadas em alguns grupos de adolescentes mostram que elas exercem uma influência em seu desenvolvimento, uma delas é a absorção da linguagem grupal. Segundo a psicanálise a linguagem é um conjunto de conotações que fazem parte do corpo social. Estes elementos compõem à língua e são chamados de signos, e este significante vai depender da cultura de cada grupo social.

A imagem acústica da linguagem é representada pelos traços psíquicos, o signo é entendido com duas faces

, o significante e o significado. "O significante corresponde à imagem acústica da fala, e o significado o conceito desta imagem". (LAJONQUIÈRE. 75

2007. p. 238). Bock (1999. p. 261) afirma que, "a criança vai aos poucos deixando de imitar comportamentos adultos para apropriar-se dos modelos e valores transmitidos pela escola e o seu grupo social".

O conceito de significante e significado nas culturas sociais de periferia vai representa elementos segregativos e imaginários. Segundo Lajonquière (2007. p. 240) "o real não divide o significado, mas, irá recortar o real", isto é, o significante de ordem social vai articular uma lei real. Um exemplo observado pelo citado autor é que, existem sobre duas portas de banheiros com os seguintes signos; masculino e feminino. Segundo estudos desenvolvidos pela psicanálise cada significante passa a formar uma cadeia virtual, os nomes escritos sobre cada significante formam uma cadeia imaginaria, isto é, uma preeminente remissão entre os significantes.

Os dependentes químicos ficam com o processo de memória, atenção visual, auditiva e cognitiva comprometida. Este comprometimento é irreversível, acarretando uma baixa autoestima, desmotivando o dependente químico. A motivação é uma tendência diretiva que se processa no interior do organismo cerebral. As motivações variam desde os impulsos ou necessidades fisiológicas, até os sistemas de ideias altamente organizados. (DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 2003). Diante destas observações constata-se que, a representação semiótica

31 do dependente químico fica totalmente comprometida, isto é, as substâncias psicoativas afetam o sistema límbico do cérebro.

31
Para Roland Barthes são todos os sistemas de comunicação vigente na sociedade – Estudo das significações. (Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)

Os socioeducandos que têm um nível escolar mais elevado (ensino médio), mesmo que sejam incompletos, apresenta um comportamento diferenciado dos que têm um grau de escolaridade mais baixa. Nestes casos a subjetividade apresentada no ato infracional é de agressão, pelo código penal é lesão corporal. Com base nesta observação foi constatado que, o seu envolvimento com a mediada de L. A, é bem mais satisfatória. Na maioria das vezes, estes não estão envolvidos com o uso de substâncias psicoativas. Porém, valem ressaltar que, o estado de desenvolvimento emocional destes socioeducandos também está abalado, na maioria das vezes os pais são separados ou vivenciam problemas sócios familiares. Dados estatísticos do NAMSE (2010) apontam que, 32% convivem com pais e outros parentes, 3% possuem união estável, 37% só com as mães e outros parentes, 14% com outros parentes sem os pais e 1% institucionalizados (Casas de Passagens). As situações processuais dos adolescentes em
76

conflito com a Lei segundo os dados já citados são: 60% primário, 25% reincidente, 15% progressão.

Pesquisas realizadas dentro da instituição nós mostram os atos infracionais mais frequentes. São eles; 9% furto, 30% roubo qualificado (grave ameaça e violência, mão armada), 12% porte ilegal de armas, 7% tráfico de entorpecentes ou porte de armas

32, 4% a tentado à vida (homicídio), 9% lesão corporal, não informado 29%. O mais alarmante é perceber a escolaridade destes adolescentes autores de atos infracionais; 1% não alfabetizado, 34% no ensino fundamental (analfabetos) até o 5º, 59% no ensino fundamental (a grande maioria são analfabetos institucional) até o 9º ano, 3% no ensino médio incompleto e 3% não informaram.

32 Em muitos casos o socioeducandos é condenado pelo roubo e não pelo tráfico de substâncias entorpecentes.

33 Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (L.A).


5 CONCLUSÃO



É importante resgatar as composições artísticas destes adolescentes /jovens, estás obras vêm construir e restaurar os instrumentos e os seus objetos de amor e ódio. Nestas restaurações psíquicas e individuais encontram-se características inconscientes e autônomas da negação instintiva desenvolvida na primeiríssima infância (mãe má). Segundo Freud (1996. p.130) "o objetivo primário do artista é libertar-se, e através da comunicação de sua obra, a outras pessoas que sofram dos mesmos desejos sofreados, oferecerem-lhes a mesma libertação".

As oficinas de artes visuais desenvolvida no NAMSE possibilitam aos adolescentes, resgatar-se socialmente através das artes visuais e dos movimentos culturais, estes vivenciam suas frustrações tanto nos rabiscos quanto nas visitas externas fora do Núcleo. E ao experienciar o estetismo delirante de um mundo vivido, vem compor linhas e cores que se aproximam do mundo onírico, resgatando e ao mesmo tempo despendendo um mundo inconsciente. Freud menciona que, "a arte constitui um meio-caminho entre uma realidade que frustra os desejos, e o mundo de desejos realizados da imaginação". (FREUD, 1996. p.131).

O surrealismo lançado em 1924, pelo escritor Francês André Breton caracteriza uma expressão espontânea ditada pelo inconsciente, resgatando assim, todos os valores sociais. As obras compostas pelos adolescentes em oficinas de L.A

33 impregnam toda uma revolta e carência emocional, contrapondo a violenta forma de sobrevivência, são 77

expressões surrealistas de memórias passadas. Elas refletem desejos estéticos de uma comunicação frente uma linguagem, é uma resposta à morte diária pela sobrevivência. Segundo Almeida (2002. p. 11) "a estética surge como fruto da cultura e desabrocha quando liberta a finalidade mágico-religiosa (ancestralidade), ligando-se a exuberância da vida, na releitura de mundo vivido".

Estes adolescentes respondem inconscientemente como um homem primitivo, cultivando suas armas e glorias, tentando sobreviver como um cavaleiro andante. Lutando com moinhos de ventos e ao mesmo tempo observam nuvens de poeiras imaginando guerreiros. Contudo, não passam de ovelhas, isto é, alucinando e resgatando monstros inconscientes, é a resposta da negação instintiva, da dependência química, e da exclusão social e escolar. Esta resposta encontra-se em suas composições artísticas, e junto a elas, observa-se uma atividade destinada ao apaziguamento dos desejos não gratificados. Suas obras vêm objetivar o conhecimento singular, ligando-se à sua realidade estética delirante e inconsciente da neurose de adolescer, unindo-se a psicose urbana e capitalista.

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Teoria e dados experimentais. Domínio sobre a memória e o pensamento. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 31 a 50. 79

O CONCEITO DO SUJEITO SOCIAL



MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO


RESUMO



É importante ressaltar aqui o papel de duas instituições necessárias ao pleno desenvolvimento psicossocial e psicobiológico do sujeito, a família e a escola. E os valores culturais e sociais transmitidos por estas instituições serão absorvidos e contextualizados pelo sujeito. É nesta perspectiva que vamos perceber que a escola e a família são responsáveis pelo fortalecimento dos vínculos sociais, econômicos e políticos de uma sociedade. Vamos perceber também que a concepção construtivista passa a interpretar o processo pedagógico como um caráter social. Contudo, no âmbito da práxis este conceito não é um fato real é apenas teórico. Deixando claro que o comportamento social do sujeito será contextualizado e ao mesmo tempo definido pelos valores apreendidos nas citadas instituições.


PALAVRAS– CHAVE

: relações sociais e culturais, comportamento social, escola e família. 80

1 INTRODUÇÃO



É necessário ressaltar que os pressupostos bibliográficos vão apontar neste estudo o importante papel da família como unidade efetiva da composição social e cultural. Segundo Simanke (2002) a família desempenha um papel primordial na transmissão da cultura. E essa transmissão cultural se reproduz no discurso parental, ou melhor, na ideia do social sobre a família. O citado autor chama de o simbólico no infante, isto é, o conceito clássico de família. "[...] que o sujeito em potencial está ai capturado antes de nascer, sendo o discurso em que se articula o desejo dos pais a seu respeito, o veículo com o qual ele ingressa na ordem da linguagem [...]". (SIMANKE, 2002. p. 250). Diante da ideia social deste autor passamos a perceber que o fator sócio cultural é operado pela família e estes fatores serão repassados como transmissão das estruturas comportamentais pelo sujeito social. Estas estruturas comportamentais segundo Simanke (2002) é uma representação cujo jogo ultrapassa os limites da consciência.

Se fizermos uma escala comparativa na qualidade do desenvolvimento cognitivo da criança, vamos perceber todos os valores absorvidos pelo sujeito socialmente contextualizado. E esta qualidade quantitativa nasce da primeira formação sócia cultural, a familiar. Partindo deste principio destacaríamos também as qualidades intelectuais transmitidos pela escola. E seriam elas, memória visual, auditiva, preparação social, intelectual, física, afetiva e a organização cognitiva.

Nessa perspectiva de valores poderemos perceber que, a escola é o fortalecimento das relações sociais, culturais e familiares. Ela é responsável pela organização cultural e pela formação do sujeito em cidadão. Neste caso é importante destacarmos o termo cultura: "é um conjunto de valores e comportamentos estabelecido e seguido por uma sociedade". (DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 2003. p. 76). Segundo Lakomy (2003) a concepção construtivista interpreta o processo de ensino-aprendizagem como um processo de caráter social. "O professor é um agente mediador entre o aluno e a sociedade, e o aluno é um agente ativo na construção do seu conhecimento por meio da sua interação com o mundo físico e social". (LAKOMY. 2003. p. 33).

Ficando assim evidenciado que o comportamento social do sujeito faz parte do conjunto de valores transmitido pela primeira sociedade em que ele esta inserido, isto é, a família. A escola vem apenas complementar esta primeira formação social, seu papel é transformar e organizar estes valores apreendido numa formação intelectual e social. Poderemos assim concluir que, é dever da escola desenvolver a capacidade de pensar, transformando conteúdos em pesquisa.

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O fato é que nem todos os sujeitos têm acesso à escola durante o período pré-operatório, isto é, de 02 a 7 anos. Ficando evidenciado que seu desenvolvimento cognitivo fica comprometido sobre diversos aspectos sociais e intelectuais. Desse modo, podemos concluir que, a educação infantil vai ser responsável pela organização do processo mental e da percepção visual da criança. Ela também vai ser responsável pela socialização do sujeito durante toda a sua relação e interação com o outro. Sendo esta uma ação continuada do desenvolvimento emocional e social do sujeito. Este crescimento ou desenvolvimento intelectual se da pelas ações e relações que vão nortear sua interpretação das representações simbólicas à sua experiência de mundo. E não pelo acumulo de informações que muitas vezes é exigida pelo professor ou pela escola.

No período operatório concreto de 7 a 12 anos a criança passa a pensar sobre o seu agir, ou melhor, pensar sobre o mundo e sua ação reflexiva diante deste mundo pensado. É nesta fase que o sujeito vai ser despertado para uma consciência critica, "é por meio da educação que há a formação da autonomia intelectual do sujeito, para que possa intervir sobre a realidade". (DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 2003. p. 197). É pertinente esclarecer que a fase da representação, é a capacidade de pensar um objeto a través do outro. Ou melhor, cada um dos estágios da representação ocorre durante o período pré-operatório. E vai se desenvolvida pela linguagem, este vai ser o primeiro processo de socialização do sujeito. Contudo, é necessário esclarecer que as acomodações mentais, isto é, fase da ação e interiorização reversível só acontece durante o período operatório concreto (7 a 12 anos). São durante todo o processo de socialização do sujeito que surgem as duas polaridades do processo cognitivo. E seriam elas, as etapas e os limites do conhecimento humano. Poderemos assim afirmar que, é nas relações sociais que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o objeto inerte, este é o estágio do desenvolvimento psíquico do sujeito epistêmico.

Durante as oficinas de Liberdade Assistida no NAMSE

34 foram desenvolvidas atividades que exigiam dos adolescentes coordenações motoras, memória visual, atenção, memória atual e reflexiva. E concentração, nesta etapa do processo de atividades seria desenvolvida desenhos, pinturas e atividades matemáticas com figuras geométricas (tangram) e imagens inconscientes35. Nestas oficinas foram utilizados jogos e

34 Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS da Prefeitura da Cidade do Natal R/N.

35 Que ou o que não pode ser percebido pelo indivíduo que o vivencia, diz-se do processo psíquico. (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua portuguesa 3.0). 82

atividades de estimulo/resposta para buscar o nível de abstração de signos do s socioeducandos sua imagem ação e a imagem acústica, significante e significado.

O significante é a imagem acústica que é associada a um significado da linguagem. Já o significado corresponde à face do signo linguístico, isto é, corresponde ao conceito estruturante da linguagem. Este conceito é entendido como uma representação mental de um objeto abstrato (de difícil compreensão; obscuro) ou concreto (que ou o que é real, verdadeiro). É o instrumento fundamental do pensamento na tarefa de identificar, descrever e classificar os elementos e seus aspectos de realidade. E este processo vai ser desenvolvido pela educação infantil, isto é, na primeira infância. Para sermos mais claro isto vêm ocorre na fase pré-operatória de 02 a 07 anos, e se prolonga até a fase operatória concreta 07 a 12 anos.

O trabalho de pesquisa desenvolvida nas oficinas de Liberdade Assistida nós permitiu uma observação sobre a leitura de mundo de cada socioeducando. Isto é, a imagem espetacular, a imagem ação e a imagem corporal. Todas estas imagens foram transmitidas ao papel por meio de desenhos e pinturas, e trabalhos com formas geométricas. Observamos também o desenvolvimento cognitivo de cada socioeducando e suas memórias. "O desenho é uma estrutura do corpo que a criança projeta e com a qual articula sua relação com o mundo". (DOLDO. 2008. p. 30) Do mesmo modo constatamos que a falta do desenvolvimento escolar durante a primeira infância foi bastante prejudicial para o desenvolvimento cognitivo destes adolescentes. Estamos falando das fases pré-operatórias e operatórias concreto.


2 PADRÕES COMPORTAMENTAIS DO PRÉ-ADOLESCENTE E DO ADOLESCENTE ENVOLVIDO EM ATOS INFRACIONAIS



A adolescência se resume a um curto período de tempo e é compreendida entre a infância e a idade adulta. "Considera-se criança, para efeito desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompleto, e adolescente aquele entre doze e dezoito anos de idade". (Art. 2º da Lei 8.069/90, de 13 de julho de 1990. p.23. Estatuto da Criança e do Adolescente). Contudo, é importante citar que muitas vezes este sujeito é vítima da violência, e podem apresentar uma agressividade. Este sujeito pode trazer características ou aversão às normas sociais. Ao mesmo tempo ele não aceita ser chamada atenção na frente de outro. Por conta do seu comportamento agressivo, isto é, padrões comportamentais. Ele não
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participa do processo de comunicação em sala de aula, e em algumas situações sua menção é indefinida.

Convém observar que, estes sujeitos geralmente estão envolvidos em atos infracionais ou em pequenos delitos como destruição do patrimônio público. E esta envolvido em furto, mentira e ou violência simbólica, geralmente ele é usuário de cânabis sativa. "O desempenho escolar desses jovens costuma ser irregular ou deficitário; no entanto, em hipótese alguma, isso configura uma deficiência intelectual ou de aprendizagem por parte deles". (SILVA, 2010. p. 43). Quando aumenta o uso de substâncias psicoativas ele passa a envolver-se no trafico de substâncias psicoativas. Partindo para a prática de delitos mais graves como, roubo majorado (art. 157 do código penal brasileiro), homicídio e latrocínio dentre outros. Cabe aqui frisar que, na realidade o que lhes falta é atenção, afeto e proteção. E muitos destes atos de vandalismo são para chamar a atenção, e ao mesmo tempo são atos inconscientes. Em alguns casos lhes falta uma referência e segundo Nasio (2011) este não tem conhecimento do sofrimento que o invade. E muitas vezes ele não encontra palavras para exprimir seu mal-estar. "Se um adolescente não fala, não é porque não quer comunicar-se, é porque não sabe perceber o que vive no interior de si mesmo". (NASIO, 2011. p.17).


A maioria dos menores encarcerados são garotos sem escolaridade e abandonados a si mesmo que, antes de cometerem delito, ingerem um coquetel de drogas e bebidas alcoólicas para suprimir toda consciência e todo medo do perigo. Expulsa assim da cabeça o menor sopro de super eu para que sua fúria não conheça limites. (NASIO. 2011. p.23)


Segundo Leahy (2010. p.289) "os padrões comportamentais podem surgir em resposta a fatores específicos situacionais ou de desenvolvimento". O mesmo autor trata que, os padrões comportamentais descritos nos sujeitos agressivos são exibidos em uma ampla gama de contextos sociais, escolares e interpessoais. E os sentimentos de amor e ódio são elementos desenvolvidos nas relações social e interpessoal. Estas disposições afetivas são resultados das relações humanas. Isto quer dizer que são de ordem social e ou intelectual, e está associada a uma ausência de culpa. A agressão segundo Winnicotti
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(2005) pode ser um sentimento de medo e de defesa, no bebê existe amor e ódio com plena intensidade humana.

É necessário esclarecer que, muitas vezes estes comportamentos antissociais ou transtorno de conduta, são de natureza ambiental e emocional fazem parte do desenvolvimento psicobiológico e psicossocial do sujeito. Partindo deste principio observamos que, a ausência de afeto e amor o desresponsabiliza de culpa. Nessa perspectiva de raciocínio poderemos supor. O sujeito violento se liga a ideia de abstração

36 ou de sentimento, poderíamos chamar este comportamento de capacidade de envolvimento à tendência antissocial.

36 Processo mental que consiste em isolar um aspecto determinado de um estado de coisas relativamente complexo. (Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, 3.0).

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Processo psíquico, impulsivo e essencialmente irracional, função direta do id ou dele derivado. Id, sistema básico da personalidade, que possui um conteúdo inconsciente, por um lado hereditário e inato, por outro, recalcado e adquirido. (Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, 3.0).

Para a psicanálise a vinda dos filhos ao mundo depende do desejo dos pais, isto é, somos objetos de desejo. É necessário esclarecer que, os conflitos sociais e familiares do sujeito vão ter início a partir do desejo de seus pais, isto é, começa durante sua vida uterina. Segundo Voltolini (2011. p. 40), "esse caráter conflituoso é uma expressão direta de uma dinâmica pulsional
37 sendo inerente a experiência humana". Quando a criança é fruto das necessidades narcísicas dos pais ela passa a ser adorada e servida, ela incorpora o ideal de seus pais passando a sofrer uma restrição violenta de sua liberdade. "A existência de um rei está condicionada e constrangida pela adoração de seu povo." (VOLTOLINI. 2011. p.30).

Por outro lado quando esta criança não é desejada ela incorpora um estado de negação, essa negação tem origem durante sua vida uterina. "Desde o nascimento o instinto de morte entra em conflito com a libido". (DELDIME, 2004. p. 56). Cabe ressaltar que, os fatores psicobiológico e psicossociais exercem uma ampla influência na personalidade do sujeito em desenvolvimento.

E os pressupostos bibliográficos nós mostram que o conceito ideal do "eu" do sujeito é acompanhado pelo seu desenvolvimento emocional. Este conceito é um dos fatores de mensuração do seu comportamento futuro. A identidade e o seu comportamento, vai ser definido pela síntese das representações afetivas e simbólicas, desenvolvidas no ato deste desejo, e depois pelo fator emocional do desenvolvimento social e cognitivo.

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Existem casos em que o sujeito é negado na concepção ou na ideia de uma suposta gestação. Nos dois casos apresentados aqui estes sujeitos irão singularizar problemas de desenvolvimento emocional e social. "A manifestação de tendência antissocial inclui roubo, mentira, homicídio, incontinência e uma conduta desordenada e caótica". (WINNICOTT, 2005. p. 142).

É licito supor que, as agressões ou atos de violência contra outros e contra o patrimônio ou violência simbólica são ações cometidas contra si mesmo, sendo que estes resultados são nocivos. É preciso acentuar que, estes sujeitos muitas vezes não querem machucar ninguém, só querem chamar à atenção para sua pessoa e ou suprimir seu estado de morte inconsciente. Segundo Nasio (2011) novos distúrbios de comportamento antissocial passam a aumentam com a bebedeira e o uso de substâncias psicoativas. Convém observar que muitas vezes o uso de álcool é a ponte para outras substâncias ilícitas.

O uso de substâncias psicoativas desenvolve em alguns sujeitos níveis de transtornos psicológicos como: esquizofrenia, transtorno de conduta e o abandono escolar. Nasio (2011) observa ainda que, a grande maioria dos adolescentes envolvidos em atos infracionais ou a danos ao patrimônio público parte do uso de substâncias ilícitas.

Estes adolescentes envolvidos em atos infracionais seja privação de liberdade ou Liberdade Assistida apresentam baixa escolaridade e baixa autoestima

. Muitas vezes são abandonados à própria sorte. É preciso ressaltar que este fato foi observado com frequência nas audiências da 3ª Vara da Infância e Juventude na Capital Natal. "Toda essa crueldade contra si mesmo e contra os outros encerra, frequentemente, numa depressão bem peculiar que não se manifesta por abatimento e tristeza". (NASIO, 2011. p. 23). Na realidade estamos falando de sujeitos reais em pleno desenvolvimento emocional que esconde uma incógnita, são adolescentes. Passamos a observar que este sujeito não é agressivo porque quer, ele esconde uma dor, a dor de suas duvidas de seus medos e da não compreensão do "eu".

Estamos falando sobre fatores psicobiológico e psicossociais, ou da falta de representação, isto é, o conceito que corresponde e que se encerra fora da consciência. Falamos da imagem do corpo e ou da imagem espetacular, isto é, da imagem inconsciente de si mesmo, da baixa autoestima. Seu silêncio ecoa entre outros longínquos silêncios do preconceito, este é real.
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É como um véu que rasgasse ao simples sabor do vento violento que se agita mudando seu estado emocional de violência sofrida em agressividade. Porém, é a partir da fuga assinalada pelo silêncio que seu corpo apresenta a linguagem de suas imagens. E a imagem do "eu" não compreendido passa a ser representada como resposta a sua agressividade. Essa agressividade é reflexível nas figuras pigmentadas (tatuagem) em sua pele, são os símbolos de sua cultura é a ideia do seu ser social.

É pertinente dizer que, os símbolos pigmentados a pele do adolescente, são imagens que passam a designar no sentido de seu ideal. É o objeto abstrato e quase concreto de sua linguagem, e ou, sua imagem ação. Neste caso é a imagem inconsciente do seu corpo que passa a se apresentar na dimensão do real alucinatório. Este vem cortado pelo ditoso objeto pulsional pigmentado em sua pele. "Os símbolos são processos imaginativos que aglutinam e corporificam as expressões psíquicas para que o indivíduo passe a entrar em contato com os níveis mais profundos e desconhecidos do inconsciente". (BARROS NETO, 2010. p.35).


2.1 IMAGENS INCONSCIENTES



Foi desenvolvida na oficina de arte e cidadania de Liberdade Assistida no setor pedagógico do NAMSE
38 uma atividade de estímulo/resposta com a turma: 04/2012, operações com signos. O exercício tinha o objetivo de perceber a relação entre o sujeito e os signos que compõem a ordem social, significante e significado. Na atividade foram distribuídas algumas imagens, cada figura estava numerado para identificação.

38 Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, Departamento de Proteção Especial – DPSE da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS da Prefeitura do Natal, RN.

Os signos sugeridos davam a noção abstrata da interdependência entre os elementos emocionais que formam a sociedade, o sujeito e família. As imagens escolhidas pelos adolescentes revelaram carências afetivas e ao mesmo tempo demonstrava a vinculação da imagem ação e a imagem corporal. Podemos mencionar que estas imagens é a reprodução invertida do sujeito, ou melhor, é a superfície refletora do seu estado emocional.

A reprodução dinâmica obtida por meio técnico revelou a relação do sujeito e os signos imaginários. É importante ressaltar que, esta atividade foi associada a analise do

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filme transmitido em oficina passada, "Quêro". O filme relata a história de um adolescente filho de uma prostituta que depois de uma parada
39 mal sucedida é privado de liberdade.

39 Golpe ou ato ilícito na gíria do crime.

O exercício teve a intensão de provocar uma reflexão entre o sujeito e sua relação em sociedade. Isto é, perceber o sentimento inconsciente materializado no objeto significativo. E a relação entre a imagem subjetiva, isto é, o significado e significante. Neste sentido passamos a observar que, as imagens apresentam uma interdependência entre os elementos à imagem espetacular e a imagem corporal.

É necessário ressaltar que existe uma não dependência entre a prevalência do sujeito social sobre o vital. Essa hipertrofia apresentasse nos determinantes psíquicos ou estados psicossociais imaginativos. E estes estados imaginativos são insuficientes diante da questão psicobiológico do sujeito. Simanke (2002) menciona que, a bagagem instintual do sujeito não prover uma regulação eficiente para seu comportamento. Diante desta ideia poderemos deduzir que está hipertrofia imaginária e social não garantem a sobrevivência do sujeito ou de seu grupo social. Isto quer dizer que, seu estado emocional de comportamento vai mudar diante dos obstáculos sociais a ele apresentado. "Há em Lacan, um argumento biológico para a onipresença da determinação social no homem [...]". (SIMANKE, apud LACAN. 2002. p. 380). Nos estudos de Simanke (2002) sobre as teorias Lacanianas ao sintoma psicótico, são observados que, a psicose fica desenraizada do plano médico passando a ser conduzida ao plano social.

Lamentável acreditar que os adolescentes contemporâneos passam por dificuldade emocional devido sua posição psicossocial e psicobiológico. Ao mesmo tempo muitos apresentam distúrbios de comportamentos refletindo-se ao ato infracional. São diversos os fatores que levam ao sujeito a adentrar no campo infracional. Um deles é a exclusão escolar, o outro é a negação intrafamiliar.

Contudo, temos que ter em mente que a escola não esta preparada para entender os fatores que geram a violência e a agressividade. Não existem propostas pedagógicas que atendam estes sujeitos. As didáticas não possibilitam diálogos para uma reflexão de saberes, ao mesmo tempo as salas de aulas não permitem uma confluência de inteligências. Como despertar nos adolescentes a curiosidade pela escola? Outra questão importante a tratar: qual é o papel social da escola?

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3 DESTEMPO



O que é o tempo? Pensemos que o tempo é um estado subjetivo da consciência do ser. Essa subjetividade temporal vai criar aos homens a ideia de passado, presente e futuro. Contudo, é necessário esclarecer que a mente é atemporal, se todos os sujeitos sociais tivessem essa certeza não pensariam no estado de morte.

Mas, o que é morte? Ação subjetiva, criada conscientemente ou inconscientemente pelo homem ou simplesmente uma interrupção da vida orgânica. Pela concepção social é o fim de um intenso sofrimento ou uma grande dor, angustia. E na caminhada com os lobos observamos:


Pela estrada afora, vamos,

Uma multidão de sozinhos,

Pedras de água,

Pedras fluindo entre estigmas.

Bem sozinhos estrada afora,

Nós, resíduos de anjos decaídos,

Pelas brenhas, pelos vales,

Instantes nos sucedem.

(VASCONCELOS, Carmen, apud, HOBBES, Thomas. p. 11).


As substâncias psicoativas exercem estados inconscientes de morte, da negação do "eu", é uma ação lenta e sem consciência plena. Carneiro (2008) quando menciona sobre a construção social da mente cita que, tudo em nosso ser funciona com o objetivo de entender as coisas tanto no exterior quanto no interior. "[...], podemos dizer que nossa interpretação de um evento é composta por nossa percepção acerca do fato, que é checada por nosso sistema de crenças, [...]" (CARNEIRO, 2008. p.120). É necessário termos em mente que, o envolvimento do adicto causa um profundo distanciamento da realidade. E segundo a citada autora este mesmo sentimento é sugerido à família. "Muitos nascem em famílias adictivas aprendem desde cedo a negar, minimizar, racionalizar e desprezar seus sentimentos e suas experiências". (CARNEIRO, 2008. p.113). Faz-se necessário mencionar que muitos destes adolescentes podem apresentar uma natureza agressiva e depredadora. E estes comportamentos decorrem de diversos fatores, emocionais de desenvolvimento ou situacional, este sujeito é pouco loquaz.

Convém ressaltar que, é da natureza destes sujeitos apresentar um comportamento instável, contraditório e imprevisível. Contudo, este comportamento oscilante não é constante e intenso. De acordo com Nasio (2011) a maioria dos conflitos apresentados

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entre o adolescente e seus pais é causada pelo medo de se expor a humilhação. De se mostrar incompetente, não se sentir fraco, é neste momento que ele se faz agressivo. "O adolescente sofre de uma neurose de crescimento alimentada por seu medo pueril e exagerado de ser humilhado". (NASIO, 2011. p.42). Para Barros neto (2010), existe dois tipos de agressão, a agressão ativa e a agressão depredadora. A agressão ativa é definida como uma reação hostil ligada à impulsividade e a frustração, estes são considerados explosivos. Já à agressão depredadora, o indivíduo apresenta uma conduta agressiva e violenta, isto é, planejada e premeditada com metas determinadas. Estes comportamentos são considerados perigosos, tornando-se uma ameaça à sociedade. Os que apresentam uma natureza destrutiva de depredação estão fora do contexto escolar. São autores de atos infracionais, estes não conseguem cumprir normas, isto é, têm muitos processos Judiciais. Estes não conseguem sair do sistema Judiciário, passando a maior parte de sua vida em regime fechado.
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LEAHY, Robert L.
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VASCONCELOS, Carmen.
A caminhada com lobos. Natal RN; Fundação José Augusto, 2002. P.11. 91

A INSERÇÃO DA CANNABIS NA REALIDADE SUL-AMERICANA: efeitos e riscos.



MANOEL ESPERIDIÃO DO REGO BARROS NETO


RESUMO



O Centro Brasileiro de Informação Sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID aponta que, pesquisas comprovaram que a maconha fumada ou ingerida agudamente traz prejuízos transitórios para os processos cognitivos e psíquicos do ser humano. O Brasil se destaca entre os países da América do Sul na produção agrícola no tráfico e no consumo de cânhamo. Entre os mais afetados estão os estudantes do Ensino Fundamental e Médio, isto é, adolescentes entre 12 e 18 anos de idade, estes são alvos de traficantes.


PALAVRAS-CHAVE:

tráfico, cannabis, depressão, consumo e dependência. 92

1 INTRODUÇÃO



O princípio ativo da cannabis o tetrahidrocanabinol – THC bloqueia as substâncias aminas, estas substâncias são compostos orgânicos do cérebro, são elas: a serotonina e a noradrenalina. Estas substâncias aminas informam ao cérebro quando o organismo esta saciado, este mesmo princípio ativo faz o cérebro liberar endorfina substância responsável pela sensação de prazer. Estas substâncias são encontradas no cérebro e nas mucosas gástricas, e desempenham funções fisiológicas como, neurotransmissores e vasoconstritores
40 este tem a função de regular as atividades dos músculos lisos.

40
Os vasoconstrictores são responsáveis pela contração de fibras musculares. (DICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA – HOUAISS OBJETIVA).

A serotonina e a noradrenalina são responsáveis pelos sintomas da depressão, estes neurônios noradrenérgicos e os serotonérgicos se projetam ao córtex frontal. Regulando o humor, às áreas límbicas regulam as emoções e a ansiedade ao hipotálamo, onde controlam o comportamento alimentar, o apetite, o peso, o sono, o impulso sexual e o prazer. (STAHL, STEPHEN e BRILEY MIKE - 2004 p. 10. Compreendendo a dor na depressão).

Segundo o estudo publicado no British Jornal of Psichiatry (apud. Revista Mundo Estranho – outubro-2011. p. 23) "o uso da maconha como recreação pode causar pânico e esquizofrenia em algumas pessoas, desde que, estas tenham hereditariedade genética". Pertwee cita estudos realizados na década de 80 sobre o uso de maconha, estes estudos mostraram que:


"[...] a relação entre o grau de depressão (personalidade), o efeito foi quanto mais deprimido a pessoa mais eufórica ficava na hora que estava fumando. Já as pessoas que não tinham depressão em sua estrutura de personalidade demonstraram pouca euforia". (apud. SIMPOSIO CANNABIS SATIVA L. E SUBSTÂNCIAS CANNABINÓIDES EM MEDICINA – 2005 p. 33).


O mesmo autor acrescenta que no caso da pessoa deprimida em termos de personalidade, estes usam maconha para obter euforia, bloqueando assim a depressão. Contudo, este indivíduo que utiliza a substância não vai trata a depressão ao contrario,
93

quando o efeito passa, o sujeito ingere outra dose de maconha. Comprovando assim sua dependência química a substância ingerida.

No Brasil a erva foi proibida pelo uso tradicional ritualista e religioso no inicio do século XIX, criminalizando e marginalizando o uso e o usuário. É importante destacar que, os Governos não discutem sobre o abuso da dependência. Segundo Caroline (SÍMPOSIO CANNABIS SATIVA L. 2005. p.120) "essa dependência não esta comprovada". É importante observar que a dependência é caracterizada pela necessidade psicológica do sujeito em relação à substância.

Contudo, o consumo, o tráfico e a dependência têm aumentado entre pré-adolescentes no Ensino Fundamental e Médio, tanto nas escolas públicas, quanto nas Escolas privadas. Ao mesmo tempo é importante mencionar que o Brasil não tem estrutura Social e política para controlar o abuso do consumo. E o Sistema de Saúde pública brasileiro não dispõe de Clinicas para tratamento de dependente químico. O mais alarmante é a evasão Escolar, o tetrahidrocanabinol afetam as funções cognitivas. A mesma autora menciona que, os países onde o consumo de droga é legal o atendimento social e médico é mais accessível a população.

Em relação ao Brasil o que se observa é o aumento da repressão aos que estão à margem da sociedade, aumentando assim os crimes de homicídio. A sociedade brasileira vive hoje Estada de calamidade pública no que se refere ao uso indiscriminado de substâncias psicoativas. Se observarmos a história do uso e do tráfico no Rio de Janeiro, vamos ver cenas do Regime Sul-Africano, a apartheid. Os morros estão sendo ocupados pelas forças armadas, cria-se a chamada Polícia Pacificadora, o Regime de segregação em nosso País é uma questão histórica, a apartheid é real em todos os Estados do Brasil. A ocupação dos morros cariocas pela polícia do Rio de Janeiro não levou as politicas publicas necessárias àquelas populações. Só os órgãos de repressão não bastam e não tratam os adictos da periferia das cidades do Brasil.


2 REALIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE



O Estado do Rio Grande do Norte cria a Companhia Independente de Prevenção ao Uso de Drogas da Polícia Militar – CIPRED, pela Lei 8.814/06. Essa Companhia tem o objetivo de pacificar e controlar o consumo e o tráfico de drogas nas Escolas. Por outro lado, o que se observa são Escolas mal aparelhadas sem qualidade de ensino. Outro
94

ponto importante a citar é que escola não é lugar de polícia, estes adolescentes envolvidos no consumo de substâncias psicoativas necessitam de tratamento e educação. Freire (1996. P. 59) menciona que, "o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros".

O caos se instala em quase todo o Estado, e o Município de Mossoró R/N registrou uma média de 27 crimes de homicídios até o mês de maio de 2011, quase um por dia. No ano de 2010 registrou-se 16 crimes de homicídios (Jornal O Mossoroense. sete de agosto de 2011. p.8). O mais curioso é que os executados são adolescentes e jovens entre 12 a 24 anos de idade.

"A violência causa desagrado nos segmentos governamentais na Cidade de Mossoró e o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública – CIOSP proíbe divulgação de dados oficiais" (Jornal O Mossoroense. sete de agosto de 2011. p.8). Segundo Rosseno (I Simpósio Nacional: Juventude, resiliências e vulnerabilidade. Natal. 2011) a 3ª população carcerária do Mundo encontra-se no Brasil, e este número encontrasse na faixa etária de 18 a 30 anos.

No Sistema Socioeducativo em Meio Aberto em Natal R/N, iremos encontrar no 1º quadrimestre de 2011 um total de 74 atendimentos iniciais de janeiro a abril. A faixa etária é de 12 a 21 anos, deste total 71% é pardo, 10% é negro. E segundo o registro do Serviço Social sobre a zona administrativa de domicílios, 39% é da Zona Norte da Capital Natal, 34% é da Zona Oeste, 18% da Zona Leste e 9% da Zona Sul. Situação sócia familiar e com quem convive: 32% com os pais e outros parentes, 55com cônjuges e filhos, 8% parentes e cônjuges, 37% mãe e outros parentes, 14% outros parentes e institucionalizados 1%. Situação Escolar no início do processo: 47% estudam e 53% não estudam. Escolaridade: 34% estão no Ensino Fundamental até o 5º Ano, 59% no Ensino Fundamental até o 9º Ano, 3% no Ensino Médio incompleto, 1% não Alfabetizado e 3% não informaram, 64% têm relação com drogas lícitas e ilícitas.

Segundo de Análise Estatísticas e distribuição de ocorrências do Centro Integrado de Operações de Segurança Publica de outubro de 2011. O número de ocorrências atendidas pelo CIOSP, tipificadas como envolvimento de crianças e adolescentes por Bairro no 1º semestre de 2011, em Natal foi: Cidade Alta 13, Planalto 13, Potengi 13, Quintas 14, Cidade da Esperança 15, Pajuçara 19, Felipe Camarão 19, Ponta Negra 21, alecrim 21, Lagoa Azul 29, Nossa Senhora da Apresentação 39. Apreensão de drogas, envolvendo a faixa etária de 12 a 21 anos por mês, no 1º semestre de 2011, em Natal.

95

Janeiro 10, fevereiro vinte, março onze, abril seis, maio quinze, junho cinco com um total de sessenta e sete adolescentes. O número de homicídios registrados pelo CIOSP, por faixa etária de 12 a 21 anos no 1º semestre de 2011, em Natal RN foi: 12 anos é zero, 13 anos um, de 14 anos um, 15 anos três, 16 anos três, 17 anos quatro, 18 anos doze, 19 anos treze, 20 anos oito, 21 anos nove, somando um total de 54 adolescentes mortos n a Capital Natal. Quantidades de drogas apreendidas pela Polícia Militar envolvendo a faixa etária de 12 a 21 anos, no 1º semestre de 2011 em Natal RN. Cocaína: gramas 60, papelotes 2, trouxinhas 3; crack: gramas 275, pedras 1138, trouxinhas 45; maconha: pacotes 13, papelotes 18, tabletes 1, trouxinhas 251.


3 DEPRESSÃO: BAIXA AUTOESTIMA



Pesquisas mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. (Ballone GJ, Moura EC -
Depressão na Adolescência- in. Psiqweb, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008). Estes dados servem para refletirmos sobre a criminalização do dependente químico. O mais curioso é que estes dados são uma das causas de morte violenta (suicídio) entre jovens de 12 a 24 anos. A depressão é um dos principais fatores de suicídio. E os sintomas da depressão são: baixa autoestima, alteração no sono e no apetite, na escola ele vai apresentar déficit cognitivo e atenção.

Estes sentimentos depressivos levam a prejuízos relacionais na saúde, na Escola, na família e no social. Durante estes sintomas emocionais o sujeito pode também apresentar atos antissociais, distúrbios de conduta e comportamentos hostis e agressivos. Vários fatores podem levar a criança e o adolescente a este estado depressivo um deles é a separação dos pais, o abandono, a negação instintiva (necessidade do self), e a vivência de rua. Cabe ressaltar também a medicalização desnecessária de crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento emocional. É importante conhecermos todo o processo de desenvolvimento dos sujeitos aqui citados. A escola muitas vezes desconhecem estas questões passando a rotular sujeitos como agressivos ou hiperativos. Contudo, é importante encaminhar este sujeito a um profissional que possa levar a um diagnóstico.

Estes fatores emocionais levam o sujeito ao isolamento social, à agressividade, ao uso de substâncias psicoativas, desatenção Escolar e a evasão. O uso destas substâncias são satisfações substutivas, são ilusões em contraste com a realidade. Faz-se necessário destacar que, "o narcotráfico é o segundo maior mercado do mundo, depois

96

dos armamentos" (LEITE. 2005. p.56 e 86). "o uso regular e provável dependência pode trazer inconsciências ou deficiências na personalidade futura" (CARNEIRO. 2008. p. 2007). As drogas mais utilizadas pelos estudantes do Ensino Fundamental e Médio são: maconha, solventes (inalantes), álcool, cocaína.


3.1HISTÓRICOS SOBRE O CÂNHAMO



A planta foi trazida para o Brasil pelos navios negreiros, a planta é um arbusto de origem Asiática, e ficou conhecida pela população da época como: "Fumo de Angola." As velas e cordas dos navios portugueses e Espanhóis eram feitas de fibra de "
cânhamo". "Em 1961 a planta é classificada como perigosa para o consumo humano pela Convenção Única de Entorpecentes da ONU". (CAROLINE apud SÍMPOSIO CANNABIS SATIVA L. 2005. p.120).

4 EFEITOS ADVERSOS

-


Amento do risco de câncer na cavidade oral, faringe e esôfago, leucemia entre recém-nascidos expostos ao útero;

-

Problema no desempenho escolar, diminuição da memória de atenção e memória recente em adolescentes e baixas produtividades em adultos que requerem alto nível de desempenho cognitivo. (SÍMPOSIO CANNABIS SATIVA L. 2005. p.175).

4.1 GRUPOS COM MAIOR RISCO

-


Adolescentes com história de baixo rendimento escolar, e que apresentem algum Transtorno como: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Os que começaram a usar maconha na puberdade apresentam riscos de usarem outras drogas ou se tornarem dependentes da TETRAHIDROCANABINOL – THC (cannabis) Substância química, responsável pelos efeitos da planta, maconha;

-

"Indivíduos com asma, bronquite, enfisema, esquizofrenia e dependência de álcool ou de outras drogas, cujas doenças podem ser exacerbadas pelo uso de maconha ou avivar transtornos psiquiátricos" (SÍMPOSIO CANNABIS SATIVA L. 2005. p.175). 97

4.2 EFEITOS AGUDOS

-


Ansiedade e pânico, especialmente em usuários iniciais;

-

Prejuízos de atenção, memória e no desempenho psicomotor durante a intoxicação;

-

Possível aumento do risco de acidentes se a pessoa dirige um automóvel sob o efeito da maconha, especialmente usada com álcool;

- "

Risco aumentado para sintomas psicóticos entre aqueles indivíduos vulneráveis pela história pessoal ou familiar" (SÍMPOSIO CANNABIS SATIVA L. 2005. p.175).

5 REALIDADE SUL-AMERICANA, NÚMEROS DE DETENÇÕES POR CONSUMO E TRÁFICO DE DROGAS41



41
Os números apresentados aqui foram do SIMPOSIO CANNABIS SATIVA L. E SUBSTÂNCIAS CANNABINÓIDES EM MEDICINA – 2005, promovido pela Secretaria Nacional Antidrogas – SENAD e pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas – CEBRID.

42
O nome do país é uma homenagem ao Italiano Cristóvão Colombo, descobridor do Continente em 1492, (Simpósio CANNABIS SATIVA L. – 2005).

Argentina

TRÁFICO –


Masculino e Feminino total: 7.399;

POSSE -

Masculina e Feminina total: 16.671;

Total de quilos apreendidos na Argentina em 2002 foi de 44.824 Kg.


BRASIL



O resultado apresentado neste artigo são resultados apresentados pela Polícia Federal em relação às drogas entre 2000 e 2003.


INQUERITOS

– Total: 2.516;

INDICIADOS

– Totais: 3.153.

Total de quilos de maconha apreendidos no Brasil em 2003 foi de 190. 726 toneladas. A porcentagem apresentada no Simpósio em relação ao Brasil sobre a maconha é muito semelhante ao uso diário de álcool e cocaína.


COLOMBIA42



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 76.998 Kg.
98

EQUADOR43



43
A Palavra deriva do Latim "aequus" e significa igual, e divide a Terra em duas partes, (DICIONÁRIO DA LINGUA PORTUGUESA – HOUAISS). OBJETIVA.

44 O nome deriva da tribo indígena que habitava a Região "payaguais", (Simpósio CANNABIS SATIVA L. – 2005).

45
O nome deriva da língua falada pelos Incas o "quíchua", e significa "Terra de riquezas", (Simpósio CANNABIS SATIVA L. – 2005).

46
O nome do País deriva do Tupi e significa "rio de pássaros", (Simpósio CANNABIS SATIVA L. – 2005).

47 O navegador italiano Américo Vespúcio batizou a região de "pequena Veneza", os índios construíram suas casas em palafitas sobre as águas do Lago Maracaibo, (Simpósio CANNABIS SATIVA L. – 2005).

Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 1.746 Kg.

PARAGUAI44



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 44.141 Kg.


PERU45



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 78.773 Kg.


TRÁFICO –

Masculino e Feminino total: 2.081;

POSSE -

Masculina e Feminina total: 11.076;

OBSERVAÇÃO:

estes números de tráfico e posse incluem qualquer droga.

SURINAME



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 208 Kg.


URUGUAI46



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 0.9Kg.

TRÁFICO: Número de detenções masculino e feminino: 351;

Posse: Número de detenções masculino e feminino: 1.519.


VENEZUELA47



Total de maconha apreendida em 2002 foi de, 20.920 Kg, detenções de pessoas por posse e tráfico foram "0".


BOLÍVIA



Na Bolívia 70% da população é indígena, a Economia é agrário, o produto mais rentável é Coca. Total de quilos de maconha apreendida no País em 2002 foi de 8.754 Kg.
99

CHILE



O nome do País deriva da palavra "chili", e significa "onde acaba a terra" na língua dos aimarás. Total de maconha apreendida em 2002 foi de 8.833 Kg.


6 CONCLUÇÃO



Faz-se necessário termos em mente que cada adolescente é único, e suas famílias têm suas histórias de dor e sucesso. Hoje os casos de dependência química são gritantes no Brasil. As consequências são físicas, emocionais e sociais, em nosso trabalho percebemos que o número de atos infracionais entre adolescentes vêm do uso e trafico de substâncias psicoativas. Sabemos também que nem uma família esta preparada para este grande problema, a dependência química. Contudo, Carneiro aponta que comportamentos familiares são os primeiros passos para o uso de substâncias.


Um importante fator de risco é o uso por pais, familiares próximos e amigos. Casas recheadas de bebidas ou de outras substâncias, por exemplo, a visão frequente de familiares ingerindo álcool e outras drogas (CARNEIRO. 2008. P. 207).


É preciso compreender que qualquer substância química que altere o humor ou o estado de comportamento do sujeito é considerada droga. As drogas lícitas causam morte e destruição de famílias em nossa sociedade. O álcool é a primeira porta para o uso de outras substâncias químicas entre os adolescentes. Segundo Carneiro (2008) o corpo e o cérebro se adaptam de tal maneira com a substância que fica muito difícil usar bom senso.

Acompanhando adolescentes autores de atos infracionais podemos perceber o quanto as substâncias químicas os destroem. Em nosso trabalho percebemos a dor, o sofrimento e a angustia das mães. Muitas suplicam, gostaria de ver seu filho morto ou preso aos velos usar drogas. "O envolvimento com o mundo do crime é algo que perpassa a vida do usuário de drogas ilícitas" (CARNEIRO. 2008. p.2008). Este envolvimento com o mundo do crime e a exposição da família ao perigo se dá pela necessidade do uso. Há de se considerar que as famílias e os usuários não ficam

100

expostos apenas ao uso, mas, pela violência física. A grande maioria das famílias e dependentes químicos são ameaçados por policiais e traficantes.

O comportamento agressivo é um fator comum entre os dependentes químicos, e o descontrole emocional tornasse constância. Numa visão mais ampla percebemos que este descontrole é reflexivo nos familiares do adicto. As substâncias psicoativas escravizam tanto os adictos quanto as famílias. Diante deste tema perguntamos: a escola esta preparada para estas questões sociais?

101

REFERÊNCIAS


Revista Mundo Estranho


– outubro-2011.

STAHL, STEPHEN e BRILEY MIKE -
Compreendendo a dor na depressão. 2004 P. 10.

SIMPOSIO CANNABIS SATIVA

L. E SUBSTÂNCIAS CANNABINÓIDES EM MEDICINA – 2005.

LEITE, Eduardo A. Furtado.
Drogas, concepções, imagens: um comentário sobre dependência a partir do modelo usual de prevenção. São Paulo: Annablume; FAPESP, 2005.

FREIRE, Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes necessário à prática educativa. São Paulo: paz e terra, 1996.

Jornal O Mossoroense.

7 de agosto de 2011.

Ballone GJ, Moura EC -
Depressão na Adolescência - in. Psiqweb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.

CARNEIRO, Elizabeth.
Drogas. Sem. Rio de Janeiro: BestSeller, 2008.

GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

– SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E DA DEFESA SOCIAL – CENTRO INTEGRADO DE OPERAÇÕES DE SEGURANÇA PÚBLICA. Oficio nº 552/2011 – CIOSP – Relatório de Análise Estatística com Distribuição de Ocorrências. Natal RN. 2011. 102

IGONOGRAFIA 103


Figura: 01

Pintura do Autor, resultado de uma escuta na Liberdade Assistida, mãe de um adolescente usuário de crack. Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE - Departamento de Proteção Social Especial – DPSE, Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social SEMTAS, Natal – 2010.
104


Figura: 02 Figura: 03

Momentos depressivos, Conflitos Inconsciente.

Pintura de adolescente, oficina de arte e cidadania na Liberdade Assistida, ato infracional tráfico, Art. 33 do Código Penal Brasileiro.

Figura: 04

Deus, referência utilizada pelos adolescentes, ato infracional tráfico, estado de morte.
105


ANEXOS

106

ANEXO 01

CARTA DE INTENÇÃO


Manoel Esperidião do Rêgo Barros Neto48



48
Orientador de arte e cidadania no setor pedagógico do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, período de 2009 a 2012. Setor pedagógico da Casa de Passagem III, período de 2009 a 2010, Núcleo de Atividades Especiais – NAE período de 2011 a 2012. Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS da Prefeitura do Natal R/N. Membro do Instituto Histórico do Rio Grande do Norte desde 2002. Pedagogo formado pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – Polo Natal R/N. Discente de Psicanálise pela Associação Psicanalítica do Brasil – APAB.

A educação brasileira enfrenta dificuldade para entender o processo da violência, tanto no âmbito escolar, quanto social. O quadro contemporâneo da sociedade brasileira apresenta uma série de aspectos inquietantes no que se refere às violências e as violações de direitos humanos. Hoje encontramos outra realidade sócia familiar, estas estão fragilizadas. É importante pensar que a família esta presente no imaginário dos sujeitos, mesmo que ela seja motivo de violência ou violação de direitos.

Há de se considerar que estas famílias se encontram desamparadas pelo poder público. E hoje o uso de substâncias psicoativas é realidade na conjuntura social e familiar. E as escolas ainda não estão preparadas para atender a criança e o adolescente conflituoso. O conflito do sujeito encontrasse em seu processo de desenvolvimento psicobiológico e psicossocial. Meireles (2001. p. 9) destaca, "A escola, criada também para servir a criança, não pôde e não soube compreender o papel que tinha a representar." Estas são reflexões de Cecília Meireles sobre o papel social da escola, estão registradas em seu artigo, "Política e pedagogia" escrita em 1930. Diante deste contexto passamos a observar que as palavras de Meireles se encaixam perfeitamente nos dias atuais. Se buscarmos a significação do termo inclusão, iremos encontrar o ato ou efeito de incluir. Como incluir se a escola não sabe lidar nem com a necessidade especial, quanto mais com a subjetividade da violência ou do uso de substâncias.

Em nossa pesquisa de Intervenção Socioescolar, com o tema: Violência e Violação de Direitos na Escola Pública: desafios enfrentados por gestores e docentes. Teve como objetivo indagar minuciosamente os novos paradigmas sobre as causas da violência e a

107

violação de direitos no âmbito escolar. E que levantamos a seguinte hipótese, as causas da violência escolar provem de questões sociais e familiares.

A pesquisa de Intervenção Socioescolar do Curso de Graduação em Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade Estadual Vale do Acaraú – Polo Natal RN. Foi indicada pela Banca Examinadora para uma amplitude maior, Mestrado. E foi desenvolvida numa Escola da Zona Urbana de Natal RN.

Entre os aspectos inquietantes nas violações de direitos humanos estão os direitos econômicos, educacionais, culturais, sociais e ambientais. "O recrudescimento da violência escolar tem-se agravado com a generalização dos conflitos sociais e familiares, e ao mesmo tempo com a intolerância étnico-racial, religiosa, cultural e de gênero de orientação sexual". (Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. BRASILIA: UNESCO. 2009. p. 21). Em nossa pesquisa encontramos diversas formas na apresentação da violência seja socioescolar. Há de considerarmos que uma das maiores violências é ser negado ou não compreendido pela mãe. Vamos denominar este tipo de violência como "intimidação". É a chamada violência silenciosa. É importante perguntar: quem sou eu?

Hoje utilizasse uma palavra Inglesa "bullyng" que quer dizer, "intimidação". Nós vamos denominá-la de violência silenciosa, esse tipo de violação de direitos encontrasse em diversas formas sociais. "Não podemos colocar em segundo plano as ocorrências da infância e nem mesmo a da primeiríssima infância". (WINNICOTT. 2005. p.30).

É necessário termos em mente que, o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança vai depender das suas relações sociais e familiares. "[...], quando uma criança apresenta de repente uma reação insólita, que incomoda a todos, nossa tarefa é entender o que está acontecendo" (DOLTO. 2008. p. 02). Somos sujeitos sociais, isto é, nossa vivência de mundo vai direcionar toda construção de saberes e comportamento. Para Vigotsky (2010), o aprendizado começa muito antes das crianças frequentarem a escola. "Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida da criança". (VIGOTSKI. 2007. p. 94).

É importante destacar que o comportamento do sujeito liga-se ao desenvolvimento emocional. Isto quer dizer que seu comportamento vai ser determinado pelo seu estado emocional e cultural, ou melhor, pelo desenvolvimento psicossocial e psicobiológico. Diante desta realidade observamos que seu comportamento liga-se a padrões

108

situacionais derivados de sua cultura (relações sociais e familiares), bem como, da posição social e ocupacional.

É preciso ressaltar a diferença entre violência e agressividade: "agressividade é um comportamento adaptativo e intenso". (MARCELOS. 2012. p. 1). "Violência é o exercício injusto ou descriminário" (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua portuguesa 3.0). No ponto de vista da citada autora, o sujeito agressivo é vitima de violência constante. E este tem dificuldade de se relacionar com o outro (mãe), isto é, para ele não existe limite ou o outro.

Faz-se necessário esclarecer também o que é limite? Limite é uma linha espacial (imaginativa) que determina os contornos abstratos, separando dois domínios subjetivos, espaço e tempo. Muitas vezes estes limites não foram construídos no âmbito familiar. Contudo, este não limite vem se ampliar ao contexto social e escolar, provocando o que é entendido social e judicialmente como atos infracionais. Para Winnicott (2005) a agressão tem dois significados: a primeira designa uma reação à frustação, a segunda é uma das fontes de energia do sujeito. "Algumas crianças tendem, definitivamente, a ver seus próprios impulsos agressivos controlados (reprimido) na agressão de outros". (WINNICOTT, 2005. p. 105). Desse modo passamos a perceber que este sujeito é vitima de violência silenciosa ou intimidação. É importante esclarecer que o sujeito vítima de intimidação vai representar sua agressividade em algum lugar. E seu comportamento não pode ser previsto nem por ele próprio, este sujeito vai comportar-se como uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento.

Para a psicanálise (1997) a agressividade é uma força que promove uma desorganização e uma fragmentação na psique do sujeito em questão. A psicanálise denomina esta agressividade como pulsão do "eu". Está pulsão vai se ligar a pulsão de vida do sujeito. É importante termos o entendimento sobre a pulsão, é um processo dinâmico do organismo, a qual suprime o estado de tensão ou excitação corporal que é a fonte do processo de vida.

No trabalho com adolescentes autores de atos infracionais percebemos diversos tipos de comportamentos agressivos. É importante pensar qual é o papel social da escola? Os resultados percebidos no atendimento com adolescentes autores de atos infracionais na Liberdade Assistida. Mostram que muitos são frutos da evasão escolar, intransigência sócia escolar e da violência familiar. Outros, da inserção de cânabis sativa e outras substâncias. "As substâncias psicoativas causam dependências, e a inaptidão ao

109

conhecimento do usuário sobre sua dependência química, o deixa vulnerável". (BARROS NETO. 2010. p. 09). Segundo Barros Neto (2010), os arquivos de óbitos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE
49. Revelaram um número de 14 adolescentes mortos por arma de fogo no ano de 2008, este número aumenta para 17 no ano de 2009. É importante esclarecer que estes adolescentes assassinados estavam em cumprimento de medida socioeducativa e fora da escola, e tinham idade entre 15 a 17 anos.

49
Os números apresentados nesta carta são de adolescentes mortos são dos dados estatísticos do Núcleo de Atendimento para Medidas Socioeducativas em Meio aberto. Departamento de Proteção Social Especial – DPSE da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS.

Hoje é imprescindível uma articulação entre a escola, a família e as políticas públicas. O Estatuto da Criança e do Adolescente deve ser estudado, debatido e compreendido por diversos atores de políticas públicas. Ampliar pesquisas sobre as causas da violência nas Instituições de Ensino seja público ou privado é urgente.

A violência silenciosa é muito comum nas escolas de todo o País. Muitas crianças e adolescentes escondem a violência moral ou silenciosa (intimidação) sofrida na escola. Segundo Dolto (2008) crianças na segunda infância não conseguem falar o que aconteceu na escola. "[...], só consegue falar do que acontece naquele meio, do que está pensando no momento. A criança está presente no presente" (DOLTO. 2008. p. 03). Diante da experiência com adolescentes autores de atos infracionais percebemos a importância de acolher escolas com palestras sobre diversos temas relacionados à agressividade social e escolar.

110

REFERÊNCIAS



BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo
. A pedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização. – Natal/RN: Ed. do Autor, 2010. 46 f. Il. – CDD 707 CDU 7:37.

MARCELOS, Viviane Avelino.
A violência escolar. Disponível em: http:// meuartigo.brasilescola.com – Acesso em 04, ABRIL. 2012. As 21h01min.

VIGOTSKY, Lev Semenovich.
Implicações educacionais. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 87 a 125.

----------------,
Teoria e dados experimentais. Domínio sobre a memória e o pensamento. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 31 a 50.

----------------,
Teoria básica e dados experimentais. Internalização das funções psicológicas superiores. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 51 a 58.

WINNICOTT, Donald W.
A família e o desenvolvimento individual. 3ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

DICONÁRIO DE PSICANÁLISE:

Freud e Lacan. Salvador, BA: Agalma,1997.

MEIRELES, Cecilia. Política e pedagogia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Fundação Biblioteca nacional, 2001. P. 9.


Brasil. Comitê Nacional de Educação em Direitos Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

– Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2009.

DOLTO, Françoise.
Quando os filhos precisam dos pais. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2008.

SECRETARIA MUNICIPAL DE TRABALHO E ASSISTÊNCIA SOCIAL- SEMTAS. NÚCLEO DE ATENDIMENTO PARA MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO – NAMSE. DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL - DPSE. PREFEITURA DO NATAL RN.
111

ANEXO 02:50



50 Reportagem feita pelo setor de imprensa da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS, dia 27 de outubro de 2011.

CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS EXPÕEM NO MUSEU DE CULTURA POPULAR

PINTANDO O INCONSCIENTE



Este é o tema da exposição coletiva de Artes Visuais que irá revelar as imagens produzidas pelas crianças do Núcleo de Atenção Especial – NAE, que se destina ao atendimento de crianças e adolescentes de zero a 18 anos com deficiência. O Núcleo é coordenado pela Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS. Os trabalhos das crianças estarão expostos no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão e será aberto à visitação a partir do dia 26 de outubro. Quando haverá a abertura oficial da exposição, com início previsto para as 15h. Os quadros poderão ainda ser vistos até o dia 08 de novembro, das 9h às 16h.

As 32 composições expostas são pinturas feitas em giz de cera e lápis de cor. Elas são resultado de um trabalho iniciado há cinco meses com a orientação do artista plástico Manoel Esperidião do Rêgo Barros Neto, curador da exposição. Ele atende em conjunto com a equipe de pedagogia/psicologia do NAE. "O trabalho é realizado duas vezes por semana e resgata a memória e o cotidiano das crianças através das imagens. Participam das atividades artísticas cerca de 40 crianças com paralisia cerebral, deficiência mental e diversas síndromes", destaca o curador.

Os quadros trazem imagens de pinturas abstratas. "De fato são verdadeiros reflexos do inconsciente registrados ao papel pelas crianças. Nas atividades que realizamos nosso foco é o trabalho do traçado das linhas, na coordenação motora, e no uso e classificação das cores. Acredito que a arte consegue até mesmo substituir a dor", afirma Barros.

A Coordenadora do NAE, Milena Maia destaca a importância do trabalho de artes e da exposição para o desenvolvimento dos usuários. "Através do desenho e da pintura, a criança com deficiência pode se expressar, socializando seu interior e demonstrando sua singularidade. Pode, também, trabalhar suas emoções e habilidades, o que contribui, assim, para sua inserção social. Nós da equipe percebemos um desenvolvimento significativo desses usuários referente à questão da socialização, educação, interação com outras crianças, com os profissionais e até mesmo com a família. A exposição na galeria de artes será uma excelente oportunidade das crianças apresentarem a todos os

112

trabalhos realizados e também os objetivos alcançados", declara à coordenadora. A exposição é gratuita e aberta a toda a sociedade.


SOBRE O ARTÍSTA PLÁSTICO



Manoel Barros é recifense e atua como artista plástico há 20 anos. Ele está envolvido em projetos sociais desde 2006 e já teve seus trabalhos artísticos vendidos na Europa. E em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, coordenou um projeto de arte contemporânea e grafite em escolas do Município do Natal, tendo também atuado no Programa Projovem da SEMTAS como orientador de dois participantes em um concurso internacional de cartaz publicitário. Também atuou na SEMTAS na Casa de Passagem III, no Núcleo de Atividades para medida Socioeducativa em Meio Aberto, e no Núcleo de Atenção Especial.


CONHEÇA MAIS SOBRE O NAE



O NAE destina-se ao atendimento de crianças e adolescentes de zero a 18 anos com deficiência, em situação de vulnerabilidade social, bem como a suas famílias, tendo como objetivo contribuir para a conquista da autonomia, a inserção social e a participação efetiva na sociedade, por meio de ações de prevenção de deficiências, reabilitação, igualdade de oportunidades e proteção social. Atente ao todo 180 crianças.


ANEXO 03:


PEMSEMA E CASA DE PASSAGEM III- EXPÕEM OBRAS NA FACEX.



Data de publicação: 26/05/2010 15:32


A partir de hoje à noite (26), os quadros artísticos pintados por adolescentes beneficiados por programas da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social- SEMTAS estarão expostos na 1ª Mostra dos Cantos do Fazer Profissional do Serviço Social, que se realizará até amanhã (27), na Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do Rio Grande do Norte FACEX. A exposição vai apresentar trabalhos artísticos que vêm colorindo e dando sentido à vida de adolescentes entre 12 e 18 anos abrigados na Casa de Passagem III e dos que estão cumprindo medidas socioeducativas da Justiça no Programa de Execução das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (PEMSEMA).

Serão mais de 20 quadros pintados em lápis de cor e giz de cera. Os quadros feitos pelos adolescentes da Casa de Passagem III são mais subjetivos e introspectivos. Já os

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realizados pelos do PEMSEMA são releituras de artistas famosos como Matisse, por exemplo. "Trabalhamos a concentração, a atividade sensorial e comportamental. Buscamos com isso gerar mudança do pensar desses jovens", afirma o artista plástico e curador da exposição, Manoel E. Rego Barros Neto. O trabalho desenvolvido pelo artista e orientador nas oficinas de arte e cidadania, Barros vai além da produção de quadros artísticos. Ele leva os adolescentes a museus e exposições para que eles possam entrar em contato com a arte, e assim, aflorar a experiência criativa. Barros trabalha ainda de forma a unir as vivências de cada adolescente ao trabalho de artistas renomados, produzindo quadros diferenciados através da releitura.


SOBRE OS PROGRAMAS



O Programa de Execução das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (PEMSEMA) tem como objetivo apoiar, orientar e acompanhar os adolescentes que estejam em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto (Liberdade Assistida – LA e Prestação de Serviço à Comunidade – PSC), contribuindo para a construção de um novo projeto de vida dissociado da violência. Busca ainda, promover a cidadania e reestabelecer e/ou fortalecer os vínculos afetivos familiares e comunitários. Adolescentes de 12 a 18 anos, que cometeram ato infracional, com determinação de cumprimento de medida socioeducativa.

Já as Casas de Passagem se constituem em um serviço de Proteção Social Especial e Alta Complexidade. São abrigos (não implicando privação de liberdade), que objetivam acolher e assegurar proteção integral às crianças e adolescentes sem referência familiar e/ou em situação de risco. São implementadas ações de acompanhamento, apoio social, psicológico e educacional às crianças e adolescentes, na perspectiva de reconstrução dos vínculos sociais, familiares e afetivos. Crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social, com idades entre 0 e 17 anos.

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ANEXO 04

ADOLESCENTES EXPOSITORES DA CASA DE PASSAGEM III COMEMORAM SEMANA DA CRIANÇA

Data de publicação: 15/10/2009 15:38



Na semana dedicada às crianças, os adolescentes da Casa de Passagem III estão aproveitando a programação preparada especialmente para a ocasião. Desde a terça-feira (13), todos os dias foram de atividades educativas e recreativas, entre elas, as gincanas culturais. A entidade que funciona como uma modalidade de abrigo emergencial e temporário é gerida pela Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS.

A celebração segue até o próximo sábado, 17, a partir das 9 horas da manhã e segue até às 15h, na própria Casa com a realização de uma super, gincana, churrasco, entrega de lancheiras e muita brincadeira. Além dos adolescentes, ainda são esperadas as presenças da gestora da SEMTAS, Rose de Souza, dos servidores do Departamento de Proteção Social Especial (DPSE) e dos voluntários da Igreja Refúgio da Graça, parceira da Casa de Passagem.

Segundo a Coordenadora da Casa de Passagem III, Rejane Maria Bruno, atualmente são atendidos 22 adolescentes, que estão expondo os seus trabalhos artísticos até o final deste mês o Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão - MCP, localizado no bairro da Ribeira, mais exatamente no pátio da antiga Rodoviária Velha.


EXEPOSIÇÃO



O inicio da Semana da Criança coincidiu com a abertura da exposição
"Passagem: uma estética de amor", produzida pelos adolescentes da Casa de Passagem III sob a orientação do artista plástico Barros Neto. A mostra aborda a arte como forma de expressão e entretenimento. O trabalho traz os sentimentos de Júlia, Carlos Augusto, Jaqueline, Jefferson e Kaline. Até o dia 28 deste mês, as 27 obras em giz de cera, lápis de cor e colagens que compõem a exposição poderão ser vistas das 9h às 17h, de segunda a sexta, e das 10h às 16h, nos sábados, domingos e feriados. Elas são o resultado das oficinas de arte e cidadania realizadas na Casa de Passagem III desde o início deste ano. 115

SOBRE O ARTISTA PLÁSTICO



Manoel Barros é recifense e atua como artista plástico há 20 anos. Ele está envolvido em projetos sociais desde 2006 e já teve seus trabalhos vendidos na Europa. Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação coordenou um projeto de arte contemporânea e grafite em três escolas do Município do natal, tendo também atuado no Programa Projovem da SEMTAS como orientador de artes visuais de dois participantes em um concurso internacional de cartaz publicitário em 2008.


SOBRE AS CASAS DE PASSAGENS



As Casas de Passagem constituem-se em um serviço de alta complexidade, integrante do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e que tem como objetivo oferecer acolhimento de caráter emergencial e provisório a crianças e adolescentes em situação de risco. Em Natal, há três delas. A unidade I atende crianças de 0 a 6 anos de idade. A unidade II acolhe crianças entre 7 e 12 anos, e a unidade III a colhe jovens entre 13 e 18 anos incompletos que se encontrem em situação de vulnerabilidade social, vítimas de maus-tratos e cujos direitos tenham sido violados.


ANEXO 05


RELAÇÃO SIGNIFICANTE E SIGNIFICADO: Projeto Livro da Vida.



O presente estudo foi desenvolvido para perceber as imagens inconscientes dos adolescentes autores de atos infracionais, isto é, o significante e o significado. O exercício de estimulo resposta propõe uma observação dos signos imaginativos. É preciso ressaltar, em cada imagem existe uma numeração para identificar sua escolha. O presente exercício foi desenvolvido junto com a análise do filme; Querô. E teve o objetivo de provocar uma reflexão entre a imagem ação e a imagem espetacular apresentada pelo adolescente.

É necessário esclarecer que os nomes dos adolescentes serão preservados conforme a Lei 8.069/90. "O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais" (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Art. 17, p.25).

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Na escolha das imagens foram reveladas, necessidades internas como: carência emocional, anseios, projetos de vida e necessidade de família. Nesse contexto, trabalhamos com a turma: 04/2012; suas escolhas mostraram a imagem corporal e imagem ação. Percebemos também a interdependência entre os elementos linguísticos, juntamente com os signos pigmentados em sua pele. Como já foram observados os elementos linguísticos revelam o pertencimento de uma comunidade étnica. E os fatores linguísticos, é a base cultural contido nos imaginários dos sujeitos.

Nesta reprodução dinâmica percebemos que a família é um dos organismos que promove e sustenta mudanças. A citada sociedade é o principio absoluto da cultura, e qual quer mudança em seu núcleo vai influenciar todo o contexto de desenvolvimento emocional do sujeito. A família exerce influências positivas e negativas, somos causa e efeito. "Nossos relacionamentos são causa e consequência de tudo aquilo que somos" (Carneiro, 2008. p. 120).


DATA:

13/06/2012

MEDIDA DE LIBERDADE ASSISTIDA.


TEMA:


Imagem ação

MODALIDADE:

Oficina pedagógica de arte e cidadania,

PROJETO:

Livro da Vida,

MEDIADOR:

Manoel Barros Neto.

ATIVIDADE



Analisar e levantar questionamento sobre o filme: Querô;

Trabalhar com imagens inconscientes (Figuras Sociais) – exercício de estímulo resposta, significante e significado.


OBJETIVO



Perceber a relação emocional entre o sujeito e o filme apresentado;

Trabalhar a relação significante e significado, isto é, os signos imaginários, imagem espetacular e a imagem ação, contida nas escolhas dos adolescentes.


QUESTIONAMENTO

O que essa figura representa para você?


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Flaviana C.

"Essa figura para mim representa família, por que eu tenho vontade de ter uma família". (Figura: Nº 12, um casal e dois filhos).

Wiliam N. dos S.

"Às vezes em meus pensamentos, quando viajo em meus pensamentos eu estou só". (Figura: Nº 11, uma sala com mesas e cadeiras vazias).

Pedro H. B. C.

"Tem haver, eu tenho uma família". (Figura: Nº 14, uma criança beijando uma mulher).

Maria R.

"Por causa da cadeia e dos crentes orando". (Figura: Nº 05, homens no pátio de um presídio).

Natanael da S. D.

"Porque sou estudante e gosto de ir para escola". (Figura: Nº 16, uma sala de aula).

Judival da C. B.

"Pela dor" (Figura: Nº 05, Cristo morto).

Lucas T. da S. M.

"Que é só sofrimento lá dentro, só quem passa sabe como é". (Figura: Nº 03, um homem com os olhos vendados por traz de grades, algemas e cassetetes).

Jefferson T. de L.

"A família". (Figura: Nº 09, pessoas comendo em volta de uma mesa).

Alef A. F. da S.

"Amor é bom". (Figura: Nº 07, uma mulher gestante beijando uma criança na segunda infância).

AVALIAÇÃO



Foi observada a necessidade de pertencimento a uma família mesmo que esta seja causa de danos emocionais. O citado filme mostra um adolescente abandonado à própria sorte e carente emocionalmente. E por necessidade resolve fazer uma parada com mais dois adolescentes, preso é encaminhado para uma Unidade Educacional de Privação de Liberdade. É fato que estas Unidades não desenvolvem medidas educacionais e os adolescentes saem pior do que entraram.

O que falta a estes jovens? Em nosso debate sobre o filme e as figuras escolhidas percebemos seus desejos, revoltas e medos. Contudo, houve uma reflexão das imagens ações com as imagens espetaculares, seus diálogos mostraram uma ação reflexiva sobre todos os itens trabalhados. Porém, eles vão voltar para os mesmos bairros e as mesmas amizades, não vão deixar de usar substâncias psicoativas e nem mesmo de praticar suas ações. Por falta de políticas públicas adequadas, não estão na escola porque a escola não os quer. Suas famílias não são acompanhadas pelos CREAS por falta de estrutura e de investimento social e pessoal na Instituição. O que fazer?

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REFERÊNCIA



CARBEIRO, Elizabeth.
A construção em sociedade. Rio de Janeiro: BestSeller, 2008. p. 120.

______________________________________________________________________________

ANEXO 06

PROJETO LIVRO DA VIDA: menino 157, rap da L.A


Turma:


02/2012 – Liberdade Assistida (L.A)

MODALIDADE:

Oficina pedagógica de arte e cidadania,

PROJETO:

Livro da Vida,

TEMA:

Os valores e o ser,

ATIVIDADE:

Composição de um rap.

MEDIADORES:

Manoel Barros Neto e Andrey Azevedo

MÚSICA:

Andrey Azevedo.

COMPOSITORES:



Allan Magno Leal Rodrigues da Silva,

Eulania Maria Silva,

Rafaela Barbosa,

Vanessa Bernardo Alves,

Wanilson Cabral da Silva,

Marcelo Lima da Costa.


COMPOSIÇÃO:

Menino 157: rap da L.A.

Eu queria trabalhar

Porque a vida do crime é vida de ninguém

Eu queria uma vida melhor

Para minha filha e para mim também

Eu queria que o meu marido

Mudasse de vida

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Ter uma vida melhor, vida honesta

E ser feliz nesta vida

Onde eu moro é muito violento

Todo dia quando não morre um vai preso, tá sendo

Minha mãe é muito chata

Pega muito no meu pé não tenho vontade de ficar em casa

Tenho um irmão que fazia tudo de errado

Levou um tiro já não anda tá ferrado

Ele ainda é pequeno, mas estuda, se salvou

Não vou pra escola tem mais de um ano

Não tenho mais paciência tô sem plano

Na real eu só quero é me casar

Meu namorado tá preso em Mossoró será que dá pra piorar

E aqui não é um conto de fadas

Vacilou caiu paga a rodada


REFRÃO

Se liga aí galera não pode vacilar

Porque esse é o rap, é o rap da L. A.



Polícia tem maldade na mente

A arma vai pro seu descendente

Polícia não fala logo arregaça

Vida louca é quem vive na vida do crime na desgraça

Bandido mal aquele que pensa no mal

Não fica sossegado na mente nem na moral

Na fumaça não fica pensando besteira

Vê se sossega bagulho doido é quem vive na favela

Bicho do mato na mente só no sossego

Não vive de arrego

Sempre no destino da maldade cruel

De um homem que cumpre seu papel

Você planta, vai colher

Se não planta não vai ter

Destino pra trilhar em que trilho você vai andar

Vou trilhando com vontade

Sem perder a necessidade

Na coragem e na mente

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Quero deixar uma história descente


REFRÃO

Se liga aí galera não pode vacilar

Porque esse é o rap, é o rap da L. A.



Em frente ao meu portão vejo um ladrão

Cheirando pó olha só que vacilam

Não gosto de droga porque faz a gente cair

E chega a matar roubar e se prostituir

Por uma coisa que não vale a pena

Sinto muito, mas, vou sair de cena

Se não quer pensar não tem problema

Vai bater de frente com o sistema

O sistema do crack é imoral

Faz a gente ficar anormal

Preocupação com o meu filho

Preocupação com a vida

A polícia passando no meu pedaço

Vida louca é passagem só de ida

E aqui não é um conto de fadas

Vacilou caiu paga a rodada


REFRÃO

Se liga aí galera não pode vacilar

Porque esse é o rap, é o rap da L.A.

AVALIAÇÃO



Esta atividade foi desenvolvida durante os últimos meses de oficinas de Liberdade Assistida nas oficinas de arte e cidadania, no Setor Pedagógico do Núcleo de Atividades para Medida Socioeducativa em Meio Aberto. E teve a participação do arte educador e musico Andrei Azevedo e do pedagogo Manoel Barros Neto, orientador das oficinas de arte e cidadania. Contudo, buscamos apoio da equipe administrativa do Núcleo na pessoa da Assistente Social Rosana França.

Os profissionais envolvidos tiveram sua participação na orientação de composição, e gravação da música em CD, é necessário ressaltar que o Núcleo conta com uma equipe

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multidisciplinar. Agradecemos o apoio dos Socioducadores dos adolescentes envolvidos, sem eles não existiria o trabalho da equipe pedagógica.

Contudo, este trabalho é resultado de uma falta de investimento na educação, no setor social, na saúde pública e nas políticas públicas. É lamentável acompanhar adolescentes nas Medidas Socioeducativas. Estes adolescentes têm seus sonhos frustrados, são negados pelos seus familiares e pela sociedade, é lamentável perceber que estes não conseguiram frequentar escolas. É urgente uma mudança social em nossa sociedade, é urgente proteger as famílias. Como resolver estes problemas sociais?

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