Pular para o conteúdo principal

                 PROCESSO PSICOLÓGICO DA NATUREZA EDUCATIVA

 

                                     Manoel Esperidião do rêgo barros neto

 

 

Poderemos definir educação intelectual como uma ação planejada, racional, premeditada e consciente no processo de desenvolvimento cognitivo, emocional e cultural dos sujeitos. Como já observamos durante o desenvolvimento emocional, comportamental e cognitivo da criança, vamos perceber uma influência psicossocial e psicobiológico.

            Cabe ressaltar, hoje docentes e educadores sociais passam por situações constrangedoras no desempenho de suas funções, ao mesmo tempo contribuem para uma não compreensão dos objetos de conhecimento e ou para a evasão escolar.  Porém, durante a formação Acadêmica do Pedagogo estudasse três Cadeiras de Psicologia, são elas: Psicologia da Aprendizagem, Institucional e do Desenvolvimento.

            O processo psicológico da natureza educativa trata da elaboração de novos sistemas de respostas sobre um determinado objeto de conhecimento. Assim podemos supor que, todo sistema educativo é um processo empírico, e sempre irão formar certos aspectos abstratos e subjetivos da educação e do comportamento. Em certo sentido, em nossa praticabilidade educativa os determinantes pedagógicos científicos desapareceram, restando apenas os vivenciais.

            Nossas pesquisas na Casa de Passagem III, na Necessidade Especial, na Liberdade Assistida e numa determinada Instituição de Ensino Público na Capital Natal R/N, mostrou que certas ações comportamentais são desenvolvidas dentro da própria instituição. Como já observamos em outros trabalhos já publicados, o comportamento do sujeito é determinado pelos fatores exógenos, é uma resposta a outras condutas. Barros Neto (2012. p. 10) observa, “os fatores exógenos são determinantes na mudança do sentimento que permite ao sujeito experimentar a totalidade do mundo interno”. Ao passo que, o sujeito utiliza o meio para desenvolver seu potencial seja destrutivo ou não. Esta potencialidade é determinada por vários motivos, o primeiro é a carência emocional na primeira infância e na segunda, a segunda nasce da violência sofrida durante estas fases de desenvolvimento.

            Assim, os conceitos pedagógicos dos sujeitos devem ser definidos pelo estilo cognitivo, segundo Vigotski (2010) a lei psicológica estabelece que antes de querermos atrair o sujeito para alguma atividade devemos interessá-lo por esta atividade. “[...] ter a preocupação de descobrir se ela está preparada para tal coisa, se todas as suas potencialidades estão mobilizadas para desenvolvê-la, e se a própria criança vai agir restando ao professor apenas orientar-lhe a atividade” (VIGOTSKI. 2010. P. 112).

             Diante dos dados apresentados perguntamos: como despertar a curiosidade do sujeito diante do objeto a ser conhecido? É importante pensar que o jogo ou o diálogo pedagógico sobre os objetos de conhecimentos devem ser direcionados a curiosidade. Após este processo dialogal, iremos buscar a transformação imaginativa do sujeito pela realização de uma ação complexa. Vigotski (2010) designava-o de a aplicação pedagógica dos instintos, nós vamos chamar: pedagogia das pulsões. “[...]: a regra pedagógica básica da educação dos instintos exige não a simples neutralização, mas a aplicação destes instintos, não a sua superação, mais, a transformação em modalidades complexas de atividades” (VIGOTSKI. 2010. p.111). Diante dos fatos apresentados pelo citado autor, percebemos no dia-dia do nosso trabalho que: a solução das pulsões não é solução do problema, os instintos devem ser superados na aplicação do processo pedagógico dialogal diário, para despertar a curiosidade e o ócio criativo.

            É importante termos em mente que, a ação socioescolar pode organizar e articular elementos de forma complexa, diversificada, dialogal e flexível. Diante disto, é licito supor que estas ações pedagógicas encontrassem no corpo da curiosidade. Ao passo que estas ações podem organizar e neutralizar as pulsões e ou os impulsos que levam aos complexos sociais e educacionais dos sujeitos. Nossos estudos mostraram que comportamentos exagerados merecem atividades e atenções pedagógicas especiais. É licito supor que estas atividades não devem distanciar-se das ações educativas desenvolvidas em sala de aula, devem aproximar o sujeito despertando seu interesse. Seria necessário esclarecer que estas ações deveriam estar no corpo do Documento construído na Instituição de Ensino, o Projeto Político Pedagógico – PPP.

            Barros Neto (2012. p.10) menciona que: “toda instituição de ensino possui um documento chamado Projeto Político Pedagógico - PPP. Este documento deveria nortear a construção dos saberes e a inter-relação entre escola e comunidade”. Contudo, o que vemos é uma busca teórica na construção deste documento, servindo apenas como troféu. O Projeto Político Pedagógico (PPP) deveria nortear as práticas democráticas na Instituição de Ensino, propiciando uma ligação entre a escola, à família e a comunidade.  Deve possibilitar a inclusão dos pais a Instituição, levando estes a participarem das atividades educacionais e comportamentais de seus filhos. Contudo, o que percebemos é um enorme espaço entre, a escola e comunidade, desta forma perguntamos: como possibilitar o acesso dos pais a escola dos seus filhos, se não permitimos o exercício democrático entre, escola e comunidade?

            É necessário percebermos os métodos de alfabetização das Instituições de Ensino, estes não são contextualizados sobre a linguagem e sua aquisição. Na realidade o processo de alfabetização ergue uma distância entre o sujeito, o objeto de conhecimento, e a Norma Culta. Cabe ressaltar que a linguagem deveria ser o foco de análise reduzindo a um produto da simples experiência sensorial. Braggio (1992) menciona que o sujeito passa a ser considerado como tabua rasa, como um processo passivo entre, o estimulo e o ambiente.

            A criança não é um ser acabado e nem é uma folha em branco, não pode ser tratada como objeto de transportação, elas são sujeitos de direito com sentimentos e desejos. Muitos métodos de alfabetização não permite ao sujeito desenvolver sua habilidade de análise ou fazer uma associação passiva entre a palavra e a compreensão. Hoje o processo de alfabetização ainda é mecânico, repetitivo, imitativo e cansativo. Devemos levar em conta que toda criança supõe que a escrita é outra forma de desenho e não a Norma Culta de uma língua e ou a representação da fala e do som das palavras. Em nossa observação não é permitido ao sujeito uma explicação do que se esta ensinando, muitas vezes não foi esclarecida a este sujeito qual é a importância da linguagem falada e da escrita, muito menos sobre a importância de sua cultura.

            Nossa experiência com o Projeto Livro da Vida uma Pedagogia do Diálogo, na Liberdade Assistida, na Casa de Passagem, mostrou que crianças e adolescentes são alfabetizadas pelo imediatismo. É neste imediatismo do processo de alfabetização que se busca preparar o sujeito perfeito, e especializado para a sociedade mercantilista e adoradora do Capital. Não educamos num despertar curioso, educamos homens maquinas para uma sociedade paranoica sem oferecer tratamento.

 

                                           REFERÊNCIAS

 

BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. Violência e violação de direitos na escola pública: desafios enfrentados por docentes e gestores. Natal R/N: ed. Do autor, 2012 – Trabalho de Intervenção Socioescolar apresentado à Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, como registro parcial para a obtenção do Título de Licenciatura em Pedagogia.

 

DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 1ª ed. São Paulo: Riideel, 2003.

 

LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: IBPCX, 2003.

 

FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra. 2010.

BRAGGIO, Silva Lucia Bigonjal. Sob o prisma dos métodos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. P. 07 a 15.

VIGOTSKY, Lev Semenovich. Implicações educacionais. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 87 a 125.

 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DIFICULDADE NA APREENDIZAGEM ESCOLAR

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA   DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM ESCOLAR, (pp. 78 a 109). GOLBERT, Clarissa Seligman; MOOJEN, Sônia Pallaoro. Dificuldade na Aprendizagem Escolar. In: SUKIENNIK, Paulo Beréi (Org.). O aluno problema: transtornos emocionais de crianças e adolescentes. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996. Pp. 79 a 109.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo As dificuldades de aprendizagens são comuns durante todo o processo do compartilhamento do conhecimento, existem aprendentes que por diferentes razões seja: o nível de complexidade de conteúdos e/ou metodologia não consegue acompanhar a troca da informação dialogal em sala de aula. Tais dificuldades têm sido objeto de estudo a partir de inúmeras perspectivas ordenando elementos conceituais diversos, o conceito de problemas na aprendizagem e/ou atrasos é extenso e quase incompreensível. Martín e Marchesi [1] menci

Psicomotricidade e grafismo

BOSCAINI, Franco. Psicomotricidade e grafismo: da grafo motricidade à escrita. 1998 - Instituto Italiano Di cultura. Rio de Janeiro – Sete Letras.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo                   Segundo o autor todos os trabalhos sobre atividades gráficas, oferecem resultados parciais. E em referência apenas as produções gráficas, pode-se notar que a maior parte das produções artísticas recebem orientações psicanalíticas do desenho e da escrita. Poucos autores abordam a problemática da gestualidade, do traço, da motricidade e da estética. Contudo, os estudos sucessivos se orientam mais tarde sobre a expressividade considerando a ligação entre grafismo, gestualidade e movimento. O citado autor observa que a atividade gráfica é um meio de comunicação que se origina do corpo expressando-se através da escrita e do desenho. EXPRESSÕES HUMANAS             O homem é por natureza um ser comunicante e para esta comunicação ele utiliza-se de uma vasta gama de linguage

FATORES DE INTEGRAÇÃO E DESINTEGRAÇÃO DA VIDA FAMILIAR - ( WINNICOTT, 2005. pp. 59 a 72 - Capitulo VI)

WINNICOTT, Donald W. Fatores de integração e desintegração na vida familiar . 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.                                                               BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo               O presente estudo analisa as bases familiares num contexto de integração e desintegração durante a vida familiar numa perspectiva cultural/vivencial. “O modelo pelo qual organizamos nossas famílias demonstra na prática o que é a nossa cultura, assim como uma imagem do rosto é suficiente para retratar o indivíduo [1] ”. As sessões psicanalíticas com famílias europeias no pós-guerra levaram Winnicott a estudar a natureza humana, essa natureza é vista por ele como organismos vivos e complexos, cuja existência social/cultural leva os indivíduos a tendências naturais, e segundo ele, as frustrações acarretam sofrimento.              Quando trata sobre emigrações ou transferências de indivíduos para outro Estado e/ou País examina a ação e a neces