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PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS OFICINAS PEDAGOGICAS


                     PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DAS OFICINAS PEDAGOGICAS

 

                                       BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo

            As atividades e o planejamento das oficinas devem ser, contextualizadas e analisadas de acordo com as características cognitivas e comportamentais apresentadas pelo grupo durante o acolhimento, e será caracterizada por uma organização de tempo e espaço. Deve ter como base uma pedagogia psicotécnica/social unida aos pressupostos bibliográficos psicanalíticos e psicopedagógicos. É necessário mencionar, o profissional que vai mediar às oficinas deve criar situações problemas ou despertar a curiosidade dos sujeitos, estas situações devem fazer parte das atividades planejadas. É importante ter em mente que as ações devem estar interligadas a situações sociais e ou socioescolar. O objetivo das atividades é fazer o grupo encontrar uma solução ao problema apresentado. Tendo como princípio, trabalhar déficit de atenção, déficit cognitivo, agressividade, satisfação pessoal, fatores relacionais (bullyng) e sociais.

            Outro ponto importante é a interdisciplinaridade das oficinas psicotécnicas pedagógicas com as disciplinas escolares e o conhecimento geral. Cabe ressaltar que, os temas de conhecimentos gerais devem trabalhar questões sociais ligados aos comportamentos agressivos, identidade de gênero e etnia. Já os temas ligados às avaliações pedagógicas como intelectualidade devem trabalhar questões como: memória, atenção, vontade e receptores visuais. Os resultados apresentados durante as oficinas pedagógicas devem evidenciar o interesse pela escola e uma reflexão sobre as imagens ações e as imagens espetaculares. Contudo, devemos ressaltar que em nenhum momento interromperemos os trabalhos pedagógicos para fazermos observações especiais, porém, incluiremos como componentes gerais, tarefas com fundamentação psicopedagógico. As avaliações podem ser observadas com o grupo ao final dos trabalhos. As tarefas ou atividades serão desenvolvidas pelo método de estimulação e reeducação cognitiva. E a combinação dos elementos de estimulação podem definir os vínculos internos correlacionados aos fatores exógenos, bem como, as reações por ele suscitadas. Ao passo que, o projeto visa a acompanhar o desenvolvimento cognitivo e emocional medindo cada dia, o quanto o sujeito avançou.   

            É importante mencionar que este método de reeducação em oficinas pedagógicas ou arte e cidadania não deve haver cobrança dos resultados, os temas abordados devem ser apresentados de forma lúdica. As oficinas têm como objetivo principal fazer o sujeito refletir sobre suas duvidas e medos, proporcionando o prazer e despertando a curiosidade sobre o tema abordado, deve contribuir para o reconhecimento das suas limitações. Em nossa observação a educação escolar deveria ter todos estes parâmetros configurados ao processo curricular. A estimulação ou o despertar curioso no processo de desenvolvimento cognitivo e emocional durante o acompanhamento escolar, vem propor trabalhar o ócio criativo numa observação comportamental.  

1º Num primeiro momento o acolhimento tem o objetivo de buscar as características comportamentais e o estilo cognitivo do grupo, por fim, os motivos que os levaram as oficinas;

2º O número de participantes devem ser de 10 a 15 sujeitos, os mediadores devem acompanhar por registros escritos permanentes as seguintes características: mediar e registrar todos os comportamentos, os pedidos de ajuda, os sentimentos negativos, os acontecimentos e as produções no contexto das oficinas, é importante que cada grupo tenha dois mediadores para um melhor desempenho avaliativo;

3º O tempo de duração é de 2 horas de oficina, deve ser definida uma constância de tempo e espaço como: dia e hora, início e termino, a compreensão de tempo e espaço deve orientar o planejamento do usuário; é importante registrar também, a sala de oficina não deve haver mudança na organização dos objetos, estes devem permanecer em seus lugares;

4º A avaliação deve ser feita com o grupo, depois o mesmo grupo deve organizar o espaço da oficina, este momento ainda faz parte do exercício, isto é, trabalhar regra, organização e ordem social.

5º Planejar os temas com antecedência, as brincadeiras e ou os jogos, traçar objetivos e metas. As atividades com jogos matemáticos ou de arte e cidadania tem por objetivo proporcionar curiosidade, mesmo porque estas atividades vêm agitar os conteúdos internalizados pelo sujeito.

            Contudo, é importante frisar que durante as oficinas os participantes podem apresentar comportamentos como sentimentos negativos e ou medo. Estes sentimentos devem ser coordenados e refletidos com bastante clareza e segurança pelo mediador junto ao grupo, vamos chamar estas inconstâncias de sentimentos inconscientes. Segundo Vigotski (2010) o negativismo é um caso particular de manifestação à inadaptabilidade, é um traço da infância. E o processo de crescimento infantil, unido ao processo de escolarização ou a entrada da criança na vida social causa uma ruptura dolorosa, é a quebra dos laços de proteção sócio/familiar. “A manifestação mais nítida do negativismo é a paixão pelas discussões, pela negação e o hábito de contradizer” (VIGOTSKI. 2010. p. 293). O citado autor menciona que este estado de negativismo vai dos sete aos oito anos de idade, estendendo-se a fase adulta.

            Contudo, passamos a perceber que durante as oficinas de Liberdade Assistida (L.A), encontramos comportamentos de negativismo e sublimação das pulsões, isto é, energia pulsional. Essa energia pulsional é uma energia sexual sublimada ou não compreendida, este estado emocional ligasse as imagens ações de negação, sendo trabalhado com adolescente entre 13 e 18 anos. Contudo, este processo de compreensão se deu de forma lenta, levando o sujeito a perceber seu limite internalizado pela sua imagem ação dentro da imagem espetacular.

                                                                REFERÊNCIAS

VIGOTSKY, L. S. O desenvolvimento da percepção e da atenção. 7ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 21 a 31.

----------------, Psicologia pedagógica. 3ª Ed. – São Paulo : Editora WMF. Martins Fontes, 2010.

VIGOTSKY, Lev Semenovich. Implicações educacionais. 7º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 293.

 

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