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EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA CRIANÇA


UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

Evolução da psicomotricidade na criança, (pp. 17 a 44).

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wakeditaro. 2008.

BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo 

DESENVOLVIMENTO MOTOR
            É importante examinar que o desenvolvimento motor realiza-se sob uma adaptação aos estímulos externos. Organismo e meio ambiente são dependentes, e essa adaptação construtiva e sadia contribuem para o raciocínio e a socialização dos desejos maturacional dos sujeitos.
Assim, a maturação e o processo neuromotor ocupará um lugar considerável durante os primeiros meses de vida da criança. Pois, uma aquisição precoce pode ser compensada mais tarde por um atraso. E ao acompanhar o desenvolvimento do esquema corporal da criança é importante para associasse com a maturação nervoso-rígida pelas leis psicofisiológicos, porém, é importante que criança possa integrar cada processo maturacional antes de incorporar o novo.
Lei cefalocaudal: o desenvolvimento se estende da cabeça aos pés, num eixo;
Lei proximodistal: o desenvolvimento procede de dentro para fora a partir do eixo central do corpo.
Funcionalmente este processo é o mesmo, a criança tem a posse dos braços antes das mãos e a das mãos antes dos dedos. E estas etapas do esquema corporal são sempre as mesmas:
1ª etapa: do nascimento aos dois anos aproximadamente:
- movimentos com a cabeça (reflexos nucais),
- busca a continuidade do tronco,
- elevação da cabeça e ombro,
- posição sentada – facilidade para preensão,
- estágio réptil,
- quadruptismo,
- endireitamento da postura ereta (força muscular mais equilíbrio),
- bipedestria,
- marcha,
- primeiras coordenações globais.
2ª etapa: dos dois aos cinco anos, inicio da aprendizagem do uso de si mesmo e depois sua relação com o objeto. É nesta fase que os educadores infantis devem aproveitar a interação entre o sujeito e a evolução do grafismo e tonos muscular.
- preensão cada vez mais precisa,
          - locomoção mais coordenada,
          - equilíbrio.
É necessário observar que a elaboração do esquema corporal ocorre até os 12 anos, desenvolvimento infantil, ou seja, relações entre o desenvolvimento físico e a personalidade.
- enfoque psicossexual (psicanalítico) – Freud,
- enfoque global psicológico – H. Wallon,
- enfoque analítico/psicogenético – J. Piaget,
- método descritivo de A. Gesell.
LATERALIDADE
            É necessário examinar que o predomínio ou a eficiência do corpo não são definidos rapidamente na criança, a dualidade dos movimentos é perfeitamente normal, mesmo depois de ter sido feita a escolha da lateralidade predominante, pois as facilidades encontradas anteriormente não se desaprendem e as dificuldades nos forçam a escolher mais rápido um meio mais cômodo de adaptação ao uso da lateralidade precoce.
- Destralidade verdadeira: dm cerebral está à esquerda, portanto todas as realidades motrizes estão à direita,
- Sinistralidade[1] verdadeira: dm cerebral está  à direita, portanto todas as realidades motrizes são determinadas à esquerda.
- Dm lateral: a partir do momento em que os movimentos se combinam e se organizam na intenção de um lado predominante,
- Dm óculo-manual: geralmente é similar, serve também para pé. 
ATIVIDADE GRAFOMOTORA DA CRIANÇA
            As projeções inconscientes da criança refletem o conhecimento e as experiências sensoriais que têm da imagem corporal, ou seja, os desenhos do corpo humano são representações de uma tradução gráfica vivencial.
EVOLUÇÃO DO GRAFISMO
- 2 anos: garatujas e arabescos – atividade motora sem intenção figurativa,
- 3 anos: intencionalidade de significante,
- 4/5 anos: interpretação vivencial.
ATIVIDADE PSICOMOTORA
            Os elementos importantes da psicomotricidade são: coordenação óculo-motora. Na expressão gráfica da criança o corpo existe no traçado da postura do tronco, pois o tono muscular é presente neste traçado desde a primeira garatuja, é a partir dos três anos de idade da criança que os educadores podem começar de modo preventivo a trabalhar a tonicidade. Ou seja, o simbolismo inconsciente da criança traduz sua percepção a cerca do próprio corpo, é aceitando esta imagem e seu conteúdo simbólico que vai ser despertada a primeira noção de respeito à criança.
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
            O movimento permite à criança explorar o mundo com experiências concretas sobre as quais são construídas noções básicas de seu desenvolvimento intelectual. É durante esta exploração de mundo que o sujeito vai ter a consciência de si mesmo e do mundo que o rodeia. Segundo o autor o importante não é a criança realizar uma corrida de obstáculos, o mais rápido possível, mas desenvolver seu corpo e sua mente de maneira equilibrada.
            Cada sujeito é único e o esquema do desenvolvimento é comum a todas, mas as diferenças de caráter, as possibilidades físicas, o meio e o ambiente familiar vêm explicar maneiras de comportamentais e ritmos cognitivos diferentes. Cabe ressaltar que são varias etapas do desenvolvimento dentre elas estão à função motora, a estrutura do esquema corporal, o deslocamento geral do corpo e a educação do equilíbrio: educação das sensações, educação postural e o equilíbrio geral. De esta forma fazer julgamento do desenvolvimento comportamental, físico e cognitivo dos sujeitos é bastante complexo, deve-se buscar o conjunto do desenvolvimento, as condições de vida familiar.
COMPORTAMENTO DA CRIANÇA
            A inaptidão de um sujeito vem em razões das faltas constitucionais, acidentais, afetivo-emocionais estes e outros fatores contribuem para uma falta de elaboração de seu Ego corporal. Desta forma a educação deveria ser pensada em função dos sujeitos, necessidades e interesses e não tendo em vista apenas um objetivo particular, ex: aprendizagem da leitura e da escrita. As necessidades e interesses da criança podem ser estabelecidos através de observações objetivas dos estágios de desenvolvimento e do comportamento nas diferentes idades. 
CRITERIOS DE AVALIAÇÕES
Observação do desenvolvimento psicomotor;
O desenho da figura humana, que está intimamente ligado à evolução do esquema corporal;
O comportamento social.
Os primeiros anos de vida da criança tem uma grande importância para o desenvolvimento da inteligência, da afetividade, das relações sociais, estas realizações determinarão em grande parte as capacidades futuras. Contudo, o meio ambiente deve ser favorável para que os sujeitos tenham maturação normal. A escola deve estar preparada para recebê-la, implantar e reforçar sabedoria, mas o bom desempenho deste dependerá do seu ambiente familiar. Ou seja, os pais devem estar conscientes da importância da influência do meio e a evolução dos seus filhos.
EXAME PSICOMOTOR
Zero a dois anos
Atividades reflexivas em resposta à estimulação sensorial;
Evolução das posturas: sentada, de pé e de marcha.
Dos dois aos cinco anos
Estágio global e sincrético: atingindo a representação do corpo, nesta fase devem ser observados os seguintes comportamentos;
Coordenação óculo manual
1-      Coordenação dinâmica geral
2-      Equilíbrio
3-      Controle do próprio corpo
4-      Organização perceptiva
5-      Linguagem.
Dos seis aos onze anos
Estágio de aperfeiçoamento e diferenciação:
1-      Coordenação dinâmica manual,
2-      Coordenação dinâmica geral,
3-      Equilíbrio,
4-      Organização do espaço,
5-      Rapidez de execução.
COORDENAÇÃO MOTORA FINA:
- envolve pequenos músculos,
- coordenação óculo- motora,
- coordenação facial,
- coordenação digital,
- prevalência do sistema piramidal na motricidade fina voluntária.
COORDENAÇÃO MOTORA:
- envolve grandes pares musculares,
- envolve as atividades de arrastar, rolar, engatinhar, andar, correr e saltar,
- prevalência do sistema extrapiramidal.
EQUILÍBRIO:
- equilíbrio estático e dinâmico, ex: manter-se sobre um pé durante algum tempo, pula, salta sofrendo poucas quedas. Quando apresenta deficiência postural de equilíbrio estático e dinâmico, não consegue manter-se sobre um pé só, pular, saltar, sofrendo quedas continua.
LATERALIDADE:
- desenvolve grande importância na evolução da criança;
- homogênea: a criança é destra ou canhota;
- cruzada: a criança é destra;
- ambidestra: a criança é tão forte e destra do lado esquerdo quanto do lado direito.
DOMINÂNCIA LATERAL
            Um sujeito cuja lateralidade não está bem definida encontra problemas de ordem espacial, isto é, não percebe a diferença entre a esquerda e a direita, é incapaz de seguir a direção gráfica, (leitura começando pela esquerda).
ESQUEMA CORPORAL
            Formação do “eu”, da personalidade da criança, desenvolvimento do esquema corporal, ou seja, o sujeito toma consciência do seu próprio corpo e a possibilidade de expressão.
- função de ajustamento (adaptação ao mundo exterior);
- intencionalidade, praxia;
- exploração do corpo, ligadas a experiências emocionais e/ou afetivo-emocional;
- corpo como objeto global da relação;
- experiências motoras vividas globalmente;
- condutas motoras;
- maturação praxia com prevalência sobre maturação gnóstica;
- consciência do próprio corpo, da relação das partes entre si, das possibilidades de movimento, com referência aos dados do mundo exógeno.
IMAGEM CORPORAL
- percepção do próprio corpo, ligados aos aspectos relacionais envolvidos a experiências interiores, expectativas psicossociais e psicoemocionais.
NOÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL:
- noção e localização do espaço circundante,
- orientação temporal.
CORPO E MOVIMENTO
- o próprio corpo, o conhecimento se estrutura através de sensações, mobilizações e deslocamento, esquema corporal (imagem de si mesmo), construção do esquema corporal (maturação neurológica, evolução sensório motor e da elação do corpo do outro), sensibilidade proprioceptiva (movimento e atitudes, postura), sensibilidade exteroceptiva (englobamento da função tátil, visual e auditiva).
MOVIMETO REFLEXO
- podem ser inatos ou adquiridos por aprendizagem, ex: reflexo pupilar ou reflexo de sucção.
MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS
- motivação e antecipação
MOVIMENTOS AUTOMATICOS
- relações globais do organismo aos estímulos do meio, são reações aprendidas tornando-se involuntária, ou seja, a partir de um estímulo, controle consciente do sujeito.

 

 



[1] Ação motora voluntaria tendência espontânea de preferir o elemento esquerdo dos órgãos ou membros dúplices do corpo. Ex: o olho, a mão, o pé, etc. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 3.0.

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