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LEITURA E ESCRITA: primeiros passos

           


BARROS NETO, Manoel Esperidião do Reêgo

           Mencionar sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita não é apenas focar no ato de ler ou escrever. É necessário primeiro examinar como ocorreu à alfabetização e como a criatividade da criança foi aproveitada durante este processo.
Diante de tais contextualizações examina-se que alfabetizar é buscar desejos, motivações e/ou aproveitar todos os momentos de garatujas.
           Garatujas são os primeiros traços que as crianças produzem quando percebem o mundo ao seu redor. Pode-se mencionar que são representações simbólicas ou leitura do mundo vivido, é o primeiro traçado da escrita.  
Para os pais estes rabiscos não têm significados, tornam-se apenas leituras incompreensíveis. Porém, aos olhos das crianças estes riscos mal traçados trazem as primeiras características da essência de coisa, qualifica a maneira de interpretar o mundo vivido.
Vigotski (2014) em sua obra imaginação e criatividade na infância menciona que a imaginação e a criatividade articulam-se com as experiências individuais. Ou seja, encontra-se em qualquer parte da vida social. É de natureza antecipatória, possibilita ir além do aprendido diretamente, são fatores decisivos dos nexos entre: a capacidade imaginativa e a antevisão das coisas. Para Vigotski (2014) a imaginação distingue-se em duas; imaginação reprodutiva está ligada à memória, e a imaginação criativa ultrapassa a memória.
“Na infância encontramos a alternância de uma e outra forma de imaginação concomitantemente ao desenvolvimento intelectual, estruturada a parir das relações entre quantidade e qualidade das imagens mentais” (VIGOTSKI. 2014. p. 10).
O contato entre a criança e o desenho é de extrema necessidade para seu desenvolvimento cognitivo. E quanto mais ela tiver contato com outras formas de desenhos e rabiscos, outros objetos intelectuais mais enriquecidos será o seu conjunto de conhecimento e grafia.
Assim diante de tais contextualizações examina-se que alfabetizar significa mexer com o social/cognitivo, envolvendo processos cerebrais complexos. Ao mesmo tempo devem-se examinar os fatores desejáveis da alfabetização.
      Vigotski (2007) menciona que existe uma relação entre: aprendizado, desenvolvimento e metodologia. Para ele (2007) o aprendizado é puramente espontâneo e externo, não está envolvido ativamente no desenvolvimento.
O aprendizado utiliza os avanços do desenvolvimento em vez de fornecer impulsos para modificá-los. Assim, é importante ter ciência da compreensão evolutiva de cada indivíduo, ter ciência sobre o domínio das formas lógicas do pensamento (estilo cognitivo), ter ciência que este domínio lógico é vivencial.
Por outro lado, o desenvolvimento e/ou a maturação é uma pré-condição do aprendizado, depende só do ensinante, este deve ter conhecimento do domínio da vivencia e do estilo cognitivo do aprendente. mas, é necessário primeiro o ensinante ter consciência da sua metacognição, dos seus medos, desejos e limites. 
Vigotski (2007) menciona sobre o desenvolvimento real, como desenvolvimento das funções mentais da criança, é o resultado dos ciclos de vida. 
desenvolvimento proximal, determina soluções de problemas, define funções não amadurecidas, mas que em processo de maturação será definida com orientação de alguém. Estes são os segredos da alfabetização!

REFERÊNCIAS
VIGOTSKI, L. S. Imaginação e criatividade na infância. São Paulo: Editora WMF: Martins Fontes, 2014.
_________. Interação entre aprendizado e desenvolvimento. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. pp. 87 à 107. 






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