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SIGNIFICAÇÕES DO SILÊNCIO - "CRÓNICAS DO EU"


Data: 02/09/2013 – observações silenciosas

            Estava num transporte coletivo, na qual passei a observar comportamentos variados, devo mencionar que o coletivo não estava lotado. Existindo alguns assentos vazios, inclusive do meu lado.  
Meu destino era longo, por tanto tinha muito que observar. Duas cadeiras à frente tinha um rapaz de mais ou menos 30 a 35 anos, ouvia e/ou fazia os outros ouvirem sua música, que por sinal era de muito mau gosto para mim. A música falava da exploração feminina ou sobre a desvalorização da imagem corporal, dizia mais ou menos assim, “só as cachorras...”.
            Mais uma vez a imagem do corpo retorna aos meus escritos, partindo deste princípio devo mencionar que as pessoas vestem-se de acordo com a determinação da imagem social destinadas pelo seu grupo. 
               O rapaz usava uma bermuda de marca, uma camisa de malha e uma sandália da moda, sem falar de sua mochila. Neste momento fiquei pensando; será que estas marcas são verdadeiras? Porém, não devo julgar, pois hoje a moda dos jovens é direcionada pela propaganda e pela hierarquia de sua sociedade.
            Logo pensei: "ele deve ir à praia, mas em plena segunda-feira?" Neste instante seu celular chamou e alguém perguntou algo, onde ele respondeu: “Sim estou chegando, termino o serviço hoje”.   
Curioso, mas deveria acreditar em coincidência! Ainda assim, diria que este telefonema ligar-se-ia ao meu pensamento, pois, trazia uma resposta as minhas perguntas.
Todavia, quando falei sobre este tal “fulano da música” foi para dizer que muitas vezes acreditamos que só existe o meu desejo, o desejo do outro não existe e/ou é parte de mim. A música me incomodava muito, os outros não se sentavam ao seu lado. Neste instante direcione a atenção para outros momentos.
Logo a frente de onde eu estava existiam duas senhoras conversando sobre “uma graça divina”. A conversa despertou-me interesse, fiquei curioso sobre tão nobre graça.
As senhoras aparentavam mais ou menos sessenta e cinco a sessenta e oito anos, pela conversa elas não se conheciam. Ou seja, elas entraram no ônibus em momentos diferentes, tal assunto nasceu de momentos percebidos por elas durante o percurso do ônibus. Penso que foi este o motivo que me despertou curiosidade e perguntei-me: “o que as levou a falar sobre tal graça divina, e em que momento isto foi despertado?"
Logo percebi que entrou no coletivo um senhor e uma mocinha, deveria ser sua filha. O senhor tinha os olhos encobertos, e a conversa das senhoras foi direcionada aos olhos deste senhor, logo a graça dialogal era sobre a visão.  
            Mais a frente sobe um homem e começa a discutir com o motorista, este mencionava sua raiva que por alguns instantes aludia ao fato de que o motorista não devia ter arrancado o transporte rapidamente; “o senhor deveria ser educado ao parar, percebeu que quase eu cai?”.
Este estado de tensão entre o motorista e o certo homem causou grande transtorno a outros passageiros, o clima ficou inquieto. Então resolvi desligar-me do interior deste ônibus e olhar a rua, precisava descansar meus ouvidos, precisava ausentar-me do todo.

O transito estava parado, imediatamente pensei que fosse o semáforo, mas logo à frente percebi um choque de dois automóveis e uma moto. Foi então que pensei: “meu Deus, que dia?” 

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