DATA:
24/07/2013 – CALOR INCÔNSCIO
Não sei como me deixei adormecer por
tanto tempo, hoje despertei com o sol quente sobre o rosto. A quentura dava
arrepios internos, um calor tanto que se misturava a outras questões.
Ciente e com plena consciência, não
podia deixar-me transcender ao inferno do calor terreno que queima intensamente
a alcova. O calor chega ao ponto de quase pegar fogo nos lençóis, penso que
este calor intenso é meu desejo libidinal reprimido ou será o silêncio frio e
solitário do repouso.
Por falar em solidão, escrever é um
ato solito, e perceber-se compondo temas que podem levar alguém ao torpor ou ao
gozo supremo, é hilário. Hoje escrever para mim é projetar ao papel observações
dos desejos incônscios, são imagens linguísticas que deixa transparecer o
silêncio obscuro refugiado no tártaro do submundo da mente.
Neste instante necessitei de Nasio,
percebi que o silêncio sentido se faz discurso na simples recusa, ou no
assassinato de mim mesmo. A recusa do registro completa o desejo de morte
inanimado. Uma morte que se transmuta pela falta do cumprimento do luto, um
silêncio guardião do nada que se traduz na garantia do ao-menos.
A materialização da imagem
transposta à linguagem escrita preservando limites delineáveis projeta um “eu
não integrado” unido à coerência exógena. Porém, devo ressaltar que este “eu
não integrado”, não é delimitado por regras, é frágil. E este se protege no
simples silêncio guardião do nada, guardião das minhas imagens projetivas e/ou
refugiado no labirinto do inconsciente.
Porém, quando me lembro do calor, lembro-me
dos desejos não realizados, da necessidade do encontro libidinoso e carnal,
este se deixa resplandecer sob o calor da imagem mental, calor reprimido pela
composição social do agora. Que calor!
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