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Significações do Silêncio


DATA: 21/08/13 – reflexão
Revendo registros anteriores sobre o luto, deslocamento. Percebi a relação entre o estado psíquico da morte ligado ao desejo de prazer.
Num primeiro momento percebi que a natureza humana não condiz com os signos sociais impostos ao homem.
Contudo, toda natureza humana é gradativamente construída pelo entendimento individual. De certo modo, é necessário perceber que a reflexão que envolve o ser no sentido abrangente de ser, torna-lhe possível as múltiplas existências. Estes conceitos nos leva a busca pela moral social, a ciência dos costumes.
Numa observação fria não trataremos aqui neste escrito sobre a ideia da realidade objetiva da consciência, mas da representação proveniente de certos procedimentos reais da vida em sociedade. Simanke citando Léy-Bruhl menciona que a moral teórica repousa sobre dois postulados errôneos. Ele supõe que a natureza humana é a mesma organizada socialmente.
No entanto, o que se deve perceber é que a natureza humana e a organização social se relacionam como se fosse um todo harmonioso. Já o antropólogo Lévi-Strauss identifica nos povos primitivos o conceito inconsciente que pode ser harmonizado a uma teoria simultânea sobre o determinismo social. 
            Ao atender sujeitos em conflito com a lei passei a examinar a falta de existência física e subjetiva, a não realidade do “eu”.
O comportamento natural entre as exigências dos signos sociais e seu universo cultural. Ou seja, ao projetar imagens consciente/inconscientes sobre o princípio do prazer e o princípio de sobrevivência, leva-os ao exercício conflituoso e necessário na demonstração do existir, agressividade.
Segundo Lévi-Strauss a ausência de regra social parece ser um bom critério da diferença entre natureza e cultura, embora exista uma dupla constância, mesmo que a morte do corpo seja a mesma morte do desejo. Estas duas mortes dependem do princípio de prazer.
Para Winnicott a agressão tem dois significados; primeira é uma reação à frustração, a segunda é fonte da energia pulsional. Contudo, não poderíamos excluir a face significativa dos dois fatos psicológicos, essa abordagem deve abarcar um conjunto de fatos determinantes do comportamento subjetivo dos sujeitos. Embora estas duas abordagens, morte e princípio do prazer passam pelo modelo filosófico estruturalista, os dois enfatizam os mesmos componentes afetivos e os mesmos conteúdos psicossociais, são sincrônico e ao mesmo tempo diacrônico.  
              Mas, o grande ponto desta questão não é a compreensão acadêmica do conjunto social, mas a compreensão psicoemocional do fato.  
É necessário mencionar que estas questões nós levam a outras, por exemplo: como aceitar a diferença social? O que é Deus? E o desejo inconsciente da morte do meu pai?  O assunto é muito mais amplo e complexo, até breve.



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