DATA:
23/08/2013 – a silenciosa onipotência divina
Hoje acordei pensando sobre algumas
questões, questionei a ideia de Deus! Devo mencionar que estas ideias já foram
plenas em meu imaginário, certa vez me perguntei o que é Deus? Fui tentar buscar
respostas teológicas e filosóficas.
A Doutrina Filosófica Espirita
apresenta uma explicação abstrata e subjetiva sobre Deus. O livro dos Espíritos
menciona que Deus é uma inteligência suprema causa primeira de todas as coisas.
O livro do profeta Isaias no Antigo
Testamento menciona sobre a personificação mítica do reino do Messias, fala
sobre o tronco de Jessé, onde um rebento brotará de suas raízes. E sobre ele
repousará o Espíritos do Senhor, ou seja, o espirito da sabedoria, do
entendimento, da prudência e da coragem, este será perfeito aos olhos do outro.
Indo mais além foi à busca do livro
da Gênese, neste nesta obra literária percebi que o homem foi criado livre, e
do seu corpo nasce sua filha, “a mulher”, esta lhe servira até o fim dos seus
dias. Curioso, é que Deus condena e pune os dois pelo pecado original, eles são
punidos pelo desejo incestuoso e pela curiosidade de Eva despertada pela
serpente.
Diante dos fatos registrados nestes
livros, o senhor onipotente lança sobre o casal um sentimento de culpa, e os
expulsa do paraíso. O fato é que essa passagem merece um longo estudo
psicanalítico, se Deus é o pai como Eva nasce do corpo de Adão? Eva era irmã,
filha ou mulher de Adão?
Se buscarmos a filosofia grega
veremos a história de Pandora, presente de Zeus a Epimeteu irmão de Prometeu.
Pandora chega com uma Caixa cuja recomendação era não abrir em hipótese nenhuma.
No entanto, a curiosidade feminina leva Pandora a abrir a caixa libertando
todos os Demônios no mundo.
Freud menciona em “O futuro de uma
ilusão”, que a natureza do homem leva-o a personificar tudo que deseja compreender.
A necessidade narcísica do homem de regular a origem civilizatória, estaria na
superação do desejo sobre a lei universal da natureza. Pois, a necessidade
mitológica martirizada numa divindade, rei e pai perpetuaram por toda a
história, no qual, o símbolo do martírio e da crucificação serve de totem até
os dias atuais.
Ou seja, estudos sobre os povos
antigos mostraram que o homem primitivo sempre lutou contra a revolta da
natureza, criando seres abstratos e divinos que lhes explicassem coisas que desconheciam
principalmente o mistério da morte.
Mas, a história mítica da divindade
– Pai, não explica sobre a memória sensorial dos homens, este sistema neural constitui uma
unidade de processamento e lida com vários tipos de informações como sons,
imagens projetivas (pensamentos) e desejos ardentes.
É
necessário percebermos que os sons ou as imagens projetivas estarão disponíveis
para, raciocínio e a compreensão de alguns fatos. Contudo, cabe ressaltar que a
compreensão visual depende da compreensão mental e nem tudo o que vemos é real.
Por exemplo: os espíritos são projeções das nossas culpas, dos nossos medos e
desejos frustrados, e as divindades são resignações de nossas culpas?
Não
estou aqui tentando julgar a fé humana, estou tentando fazer uma breve reflexão
sobre o sentimento da culpa que necessariamente nos levada a fé doentia sobre as
entidades martirizadas ao longo da história.
Ao
estudar o significado silencioso da morte diante do pecado imposto aos homens,
examinei que a tradição Barroca mostra que nenhum evento era tão perfeito
quanto os ritos da morte direcionada pela Fé Católica. É importante perceber
que a morte era símbolo da reafirmação mítica da força divina que levava o
homem a culpa, uma avaliação interior perante seu julgador, e sobre ela
depositava-se as indulgências pagas ao céu.
A
demonstração fúnebre e os ritos da Igreja revelam elementos visuais, usos e
costumes impostos à sociedade. Estudando
o panegírico fúnebre a D. Afonso Furtado, governador da Bahia em 1676,
observaria seu testamento. Nele deixou três lâmpadas perpetuas para o
Santíssimo Sacramento, benefícios soberanos só se pagam humilhando-se o
espírito do Senhor e levantando as mãos ao céu. Imaginei o quanto custou em
dinheiro estas lâmpadas ao Santíssimo Sacramento?
Seu
funeral com honras militares, a riqueza da ornamentação fúnebre e os ritos católicos,
sem falar nas missas que seriam realizadas em seu favor durante muitos anos. Posso afirmar que foi fantástico estudar sobre
este belo e deprimente testamento, deprimente por que o medo do inferno é real,
a dor da ansiedade neurótica e moral. O remorso de toda uma vida é percebido
durante a leitura do testamento, recomendo a leitura; “As excelências do governador”.
Em
pleno Século XXI observam-se funerais e ritos que nos conduzem ao Barraco,
féretros ricamente adornados, ritos religiosos e pedidos de indulgencias para o
céu, paraíso.
Freud cita sobre o sofrimento
silencioso e o insucesso da humanidade em proteger seus ancestrais da força
universal da natureza, pois, toda infelicidade humana deve-se a lei da natureza
invencível. Darwin trás a lei do mais forte regulando a vida dos homens
primitivos, onde os nobres eram herdeiros da divindade, da sabedoria, do
entendimento, da prudência e da coragem. Segundo Darwin estes homens regulavam
a ordem social determinando culpa sobre os fracos, excluídos e intimidados.
Freud menciona ainda que o pai da
horda primitiva era o chefe, este empunhava a força monopolizando a potência da
comunidade.
Voltando aos estudos teológicos
percebo que somos autores de um parricídio, matamos o Pai Divino. E a culpa
deste desastre é lançada sobre a humanidade, essa culpa determina nossas
frustrações, nossos medos e incesto humano determinam os pecados.
Bossa menciona que a rivalidade
entre irmãos potencializa-se com a morte do pai, ou seja, diante da onipotência
paterna, não restava à prole senão a união dos fracos e excluídos, onde estes assassinam
o pai. Nietzsche menciona que o livre-arbítrio é um infame truque teológico
cuja finalidade é tornar a humanidade responsável pelo pecado original do
incesto, levando-nos ao martírio do pai. Tais contextos trazem a clara da morte
suplicados à humanidade. Pois, o sentimento da culpa levam os sujeitos ao
julgamento interior. “O devir foi despido de sua inocência quando se busca
explicação pela vontade [...]” (Nietzsche). Foucault em sua obra “Vigiar e
punir” menciona que a morte-suplício é a arte de reter a vida em sofrimento,
subdividindo-a em mil outras mortes antes de sessar sua existência.
Esta pequena dissertação deixou-me
pensativo, mas sempre se fez presente em meu consciente, no qual, sempre me
perguntei por que cremos em Deus, e não em nos mesmos? Será pela sensação da
plenitude, força e tranquilidade interior?
Na verdade a ideia de Deus trás a
humanidade a certeza da busca, da esperança de um dia melhor. Ao mesmo tempo
trás a incerteza e a culpa de um pecado humano cometido por Adão e Eva.
É bem verdade que a histórica
doutrina teológica repousa e determina uma moral, em nome de Deus. Ainda assim,
comunidades inteiras foram destruídas, em nome de Deus, a pedofilia é praticada
dentro de locais dito sagrados por representantes ou sabedores teológicos.
Ressalta-se ainda que a verdade de Deus confunde-se com o efeito daquilo em que
se acredita ser verdadeiramente sagrado.
Despeço-me deixando sempre um
abraço, e até breve.
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