MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO
O Projeto Psicotécnico Pedagógico
visa conhecer o sujeito como um todo, busca a compreensão dos limites
cognitivos, comportamentais e o mais importante, as carências afetivas e
trabalhar o ócio criativo. Ao compreender o desenvolvimento humano e seu
processo de construção social, as escolas ou as Instituições Sociais devem
destacar a capacidade intelectual e a preservação cultural do sujeito.
Propondo resgatar a autoestima, os vínculos
positivos com a aprendizagem, os fatores emocionais, questões de agressividade,
violência sofrida e os déficits cognitivos. As oficinas pretendem trabalhar,
processos de cidadania, resgatar conteúdos escolares de forma lúdica, os signos
sociais, compreensão do “eu” e suas relações. Cabe ressaltar que, as oficinas
devem acontecer com educandos e educadores.
É necessário esclarecer que as
carências afetivas e os fatores exógenos, interferem no desenvolvimento
emocional, social e cognitivo do sujeito. Contudo, perguntamos: de que forma as
atividades experienciais podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem ou
no desenvolvimento socioescolar? Devemos destacar primeiro a importância da reeducação
infantil no desenvolvimento sócio cognitivo da criança.
O processo de reeducação infantil
desempenha uma importância muito grande no desenvolvimento intelectual e social
do sujeito. Se fizermos uma escala comparativa na qualidade do desenvolvimento
cognitivo da criança durante a reeducação infantil, vamos perceber valores
sociais e cognitivos absorvidos durante o processo socioeducativo. Vamos
observar também seu desenvolvimento receptivo, cultural e intelectual.
Porém, não podemos deixar de
mencionar o contato visceral entre mãe e filho, e os valores familiares. Estes
primeiros valores serão benéficos no desenvolvimento emocional e cognitivo do
sujeito. Deldime (2004) destaca que o
primeiro contato social da criança é com sua mãe, e este primeiro contato vai
ser um dos fatores primordiais na relação eu-outro.
É a partir da relação sócio familiar
e os valores transmitidos pela escola que vamos buscar as relações sociais do
sujeito. Estes valores seriam: memória visual, auditiva, organização social,
intelectual, físico afetivo e coordenação motora.
Estes estímulos cognitivos permitiram
ao sujeito a realização de movimentos como os domínios das ralações espaciais,
relacionais, temporais e simbólicas. Estes estímulos estão ligados ao
reconhecimento do objeto por meio do despertar sensorial. É no reconhecimento
do corpo e dos objetos, que vamos despertar a curiosidade e estimular
respostas. Por outro lado, a dimensão motora vai permitir ao sujeito o
desenvolvimento das coordenações dinâmicas manuais. Estas coordenações serão
imprescindíveis para o desenvolvimento da escrita e da leitura.
Os pressupostos bibliográficos
mostram que é por meio dos processos sensório-perceptivo que o sujeito passa a
configurar a imagem da sua realidade com o mundo. Este processo ligasse as
práticas diárias e ao domínio da relação de espaço e tempo. Essa relação pode
ser despertada no sujeito de diversas formas, uma delas são as brincadeiras, os
jogos criativos ou os jogos de regras. É necessário mencionar que a brincadeira
de faz de conta desenvolve a memória criativa e o contato com a realidade.
Com 2-3 anos; a criança
sai do período de inteligência sensório-motor que só pode organizar-se
diretamente sobre os objetos. Ela entra na fase pré-operatória que pode,
segundo Piaget, ser subdividido em estágio pré-conceitual (2-4 anos) e estágio
intuitivo (4-7 anos). O período pré-operatório começa com a primeira aparição
da representação simbólica que consiste em elaborar em pensamento imagens a
partir de objetos ou de movimentos do mundo real, mas que não se apresentam
imediatamente aos sentidos. Esse período termina pelo pensamento intuitivo que
se caracteriza pela concentração da criança sobre a aparência das coisas e pela
ausência do raciocínio lógico. (DELDIME. 2004. p. 90).
Nessa perspectiva de valores
cognitivos poderemos perceber que a escola é o fortalecimento das relações
sociais, culturais e familiares. Ela é responsável pela organização cultural e intelectual,
pelo pensamento intuitivo e lógico do sujeito em desenvolvimento. Ficando assim
evidenciado que a relação sujeito/escola responde pela formação de cidadania.
Segundo Lakomy (2003) a concepção construtivista interpreta o processo de
ensino-aprendizagem como um processo de caráter social. Contudo, os valores
culturais e comportamentais fazem parte do conjunto de valores vão transmitidos
pelas primeiras sociedades do sujeito, a família e a escola. “O professor é um
agente mediador entre o aluno e a sociedade, e o aluno é um agente ativo na
construção do seu conhecimento por meio da sua interação com o mundo físico e
social”. (LAKOMY. 2003. p. 33).
A escola vem complementar a segunda
formação social transformando estes valores em conhecimento intelectivo e
cidadão. Contudo, é dever da escola desenvolver a capacidade de pensar no
sujeito e ao mesmo tempo, transformar a curiosidade em conhecimento. “[...], a
criança torna-se um ser que organiza suas atividades sensoriais em relação com
seu ambiente: ela procede por tentativa e erro e resolve problemas simples.”
(DELDIME. 2004. p. 37). Todos estes valores intelectivos e cidadão vão unir-se
às curiosidades e as descobertas relacionais fornecidas pela escola na reeducação
infantil, principalmente no nível I.
Deldime (2004) passa a observar em
seu estudo as primeiras aquisições da inteligência infantil na perspectiva de
Piaget. Estas primeiras aquisições nada mais é que a capacidade de coordenar e
integra informações mentais, ou melhor, é a capacidade de perceber a
informação.
No curso do período
precedente à inteligência sensório-motor (0 – 2 anos), a criança só pode
elaborar os elementos de seu meio ambiente que lhe chegam por meio dos cinco
sentidos. Se num dado momento, ela não tem oportunidade de ver, ouvir, cheirar,
provar, tocar um objeto ou uma pessoa, esse objeto ou essa pessoa não tem
existência para ela (DELDIME. 2004. p. 91).
As perguntas e as questões
da descoberta na reeducação infantil podem ser transformadas em descobertas
conjuntas entre: o docente, o sujeito e a família. Desta maneira ele, o
docente, deve investigar a curiosidade dos sujeitos na descoberta de mundo e ao
mesmo tempo perceber a relação do limite social incorporado pelo sujeito. Estas
informações podem auxiliar o professor a indagar, a capacidade intelectiva e
emocional dos educandos, ao mesmo tempo deve avaliar seu desempenho como
docente em sala de aula.
É nos anos inicias que o sujeito vai
ser despertado para uma consciência critica e criativa. “É por meio da educação
que há a formação da autonomia intelectual do sujeito, para que possa intervir
sobre a realidade”. (DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 2003. p. 197).
Em nossa prática de estágio no nível
I para a Graduação de Pedagogia Licenciatura Plena, observamos que uma das
crianças chorou muito quando sua mãe a deixou em sala de aula. A professora
regente informou que ele era assim desde o primeiro dia do ano letivo,
estávamos no mês de maio e sua adaptação socioescolar não tinha sido
concretizada. Porém, foi observado que em alguns minutos ele parou de chorar e
socializou com as outras crianças, estavam numa atividade de canto. Deldime
(2004) observa os estímulos condicionados estudado por Wallon e menciona. “O
sentimento de segurança experimentado ao lado de uma pessoa grande e forte
podem reaparecer em companhia de indivíduos de mesma estatura”. (DELDIME. 2004.
p.55).
Contudo, observávamos que este
garoto merecia uma atenção maior, mesmo porque quando perguntamos seu nome ele
menciona o nome do irmão mais velho. Segundo a professora ele já havia chegado
com algumas marcas em seu corpo. Em nossa observação seria necessário uma
anamnese com a mãe da criança sobre sua gestação, e seus desejos gestacionais e
emocionais. Só assim teríamos subsídios para pesquisar sobre o comportamento de
medo e abandono e as causas das marcas de violência apresentada pela criança.
Mencionamos sobre a reeducação
infantil, porque observamos em oficinas de Liberdade Assistida (L.A) déficits
cognitivos diversos, e carências emocionais graves. Cabe ressaltar que nas
oficinas de L.A atendemos adolescentes entre 12 e 21 anos de idade, do mesmo
modo na Casa de Passagem III. Diante das realidades encontradas percebemos que
estes adolescentes não adentraram na reeducação infantil. Porém, o medo do
abandono é declarado na agressividade social e no fator pulsional, o mais
lamentável é que não conseguiram terminar o Ensino Fundamental.
REFERÊNCIAS
DICIONÁRIO
PRÁTICO DE PEDAGOGIA.
1ª ed. São Paulo: Riideel, 2003.
LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem.
Curitiba: IBPCX, 2003.
DELDIME, Roger. O desenvolvimento psicológico da criança. 2ª Ed. Bauru: São Paulo.
EDUSC, 2004.
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