Pular para o conteúdo principal

Apedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização.


BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. A pedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização./Manoel Esperidião do Rêgo Barros – Natal/RN: Ed. do Autor, 2010. 30 f. Il. – CDD 707 CDU 7:37
A PEDAGOGIA E O PROCESSO COGNITIVO ATRAVÉS DA ARTE: CRIAÇÃO, UMA LINGUAGEM DE SOCIALIZAÇÃO 

                                                                                 MANOEL ESPERIDIÃO DO REGO BARROS NETO[1]

RESUMO

          As oficinas de artes visuais desenvolvidas no Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE tem o objetivo de socializar, bem como aproximar os adolescentes autores de atos infracionais dos processos culturais, valorizando os bens artísticos e sociais. Porém, diante das dificuldades emocionais e transtornos de comportamentos apresentados em oficinas, tomamos outras perspectivas metodológicas. “Em suas dimensões jurídico-sancionatório e ético-pedagógico, as oficinas constituem-se um conjunto de ações e estratégias que, expressam e orientam a natureza pedagógica das Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida”. (PROJETO POLITICO PEDAGOGICO INSTITUCIONAL – NATAL /RN. 2007. SERVIÇO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO).  Os desenhos e pinturas, desenvolvidos pelos adolescentes passaram a ter uma observação estritamente emocional e comportamental. Estudos desenvolvidos apontaram um alto índice de baixa auto-estima, comprometimento das funções cognitivas, emocionais e comportamentais por uso de substâncias psicoativas. No qual, os prejuízos sociais são altos, muitos não querem sair do problema apontado, outros esbarram na burocracia da rede e a falta de clinicas para tratamento. Faz-se necessário uma avaliação psicológica antes de encaminhar o adolescente ao Serviço de Medidas Sócio Educativa em Meio Aberto ou durante seu internamento em meio fechado.

PALAVRAS-CHAVES: Medida Socioeducativas, substancia psicoativas, cognição, artes visuais, comportamentos, estados emocionais e atos infracionais.


          Estudos desenvolvidos nas oficinas de artes-visuais apontaram que, a maioria dos adolescentes autores de atos infracionais apresenta déficit emocional e cognitivo, uma baixa auto-estima e estão fora da faixa escolar, estes também são usuários de substâncias psicoativos. Ao mesmo tempo apresentam uma consciência de classe, gerando entre eles e a sociedade um sentimento de hostilidade e negação instintiva. Essa disposição afetiva de ideias e ações de medo ou intimidação são características destes grupos ou “tribos”. Seus comportamentos são controlados pela expectativa da sociedade, é também um resultado da micro sociedade, isto é, a família. Winnicott (2005) observa que, a família possui lugar claramente definido naquele ponto em que a criança em desenvolvimento trava contato com as forças que operam na sociedade. A violência disponibilizada pelos grupos é uma resposta inconsciente do processo interior e exterior. Numa observação psicanalítica, o uso de substâncias ou os atos infracionais é um meio de chamar a atenção dos pais (sinalizando: eu existo) e ou um processo de morte, este processo é resultado desta negação instintiva. Winnicott (2005. P. 147) escrevendo sobre as dificuldades normais da vida traz: anormalidade ou saúde estão ligadas a maturidade e não a inexistência de sintomas.
          No ano de 2010, foram encaminhados ao Departamento de Prevenção e Acompanhamento ao Usuário de Drogas – DEPAD, 8 adolescentes, estes não tinham condições psicológicas e cognitivas de permanecerem nas oficinas. Suas funções perceptivas como memória, execução, atenção e concentração estavam seriamente comprometidas. Dos 8 (os socioeducandos, foram encaminhados ao Serviço Social do NAMSE pelo arte-educador,  depois  encaminhados ao DEPAD) encaminhados apenas um conseguiu terminar o tratamento, este aperfeiçoou sua técnica artística durante o tratamento. As estatísticas e o índice de comprometimento, por uso e tráfico de substâncias psicoativas entre estes adolescentes são altos. O instinto de morte entre os socioeducandos envolvidos com atos infracionais, seja tráfico ou consumo, é constante. Lacan (2008. P.111) observa, vai da descoberta das migrações da libido nas zonas erógenas, é um principio de prazer generalizado estendendo-se ao instinto de morte. Esse mesmo instinto também está ligado aos artistas, é um instinto erótico modelado as artes como um todo. Segundo Barros Neto (2010. P.5) a arte vai revelar imagens e expressões oníricas, estas imagens são construções do inconsciente. E estas organizações estruturais vão confundir-se com a idiossincrasia e a curiosidade do indivíduo. Alguns adolescentes destacaram-se nas oficinas de arte, estes conseguiram migrar sua libido e seu princípio de prazer e de morte aos instintos modeladores das artes visuais. Aduziram resultados inconscientes nas pinturas e rabiscos, em suas falas conseguiram traduzir às experiências deste estado onírico, e neste estado de transferência do inconsciente ao papel o adolescente entra em contato com o “EU”, passando a vivenciar o momento do agora. Estas construções de símbolos são significações expressivas do inconsciente, são relatos emocionais de uma vivência, de uma linguagem. Algumas oficinas tinham o objetivo de criação, muitos apresentaram composições de releitura, estas criações fazem parte da identificação inconsciente do adolescente com o processo de criação do artista estudado, é o seu grande momento.
Segundo o Relatório de gestão do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (2009. P.18) importa relatar que, um dos fatores relevantes ao não cumprimento das medidas socioeducativas em meio aberto, diz respeito ao considerável número de mortes violentas por arma de fogo, dado ao contexto em que vivem os socioeducandos. Registrou-se nos arquivos do NAMSE[2] um número alarmante de 14 adolescentes mortos por arma de fogo com idade de 15 a 17 anos, em 2008, em 2009 este número aumenta para 17 óbitos, ocasionando uma média de, 1,42% dos adolescentes /jovens mortos por mês, uma mostra do alto índice de violência contra a juventude em nossa cidade. Os dados de 2010 não entraram neste artigo, mas acredita-se que estes números sejam bem maiores. “Nas grandes cidades brasileiras a violência advinda do crime organizado configura uma guerra social que produz na vida das pessoas efeitos semelhante aos de uma guerra civil.” (SIYAMANSKI. 2002. P. 21). Porém, a nossa experiência mostrou que, outros fatores são causas do não cumprimento de medidas, um deles é o não comprometimento deste socioeducando com a justiça ou com a sociedade. O outro, é o não comprometimento dele com ele próprio, são causas da negação instintiva, “eu nunca existi”, ele não acredita na punição, nunca teve limite, é também um reflexo da violência disponibilizada pela sociedade ou pela micro-sociedade.

PERCEPÇÃO VISUAL

          Foram apresentados em oficinas alguns filmes com o objetivo de normatização externa, compreensão social e comportamental. Em alguns momentos o arrebatamento íntimo foi visível, a ausência do Self (mãe) estava presente em cada olhar. O desvio de sentimento e normas de conduta entre eles foi explicitado, seus medos, revoltas e carências afetivas foram exteriorizados. Diante destes comportamentos percebe-se que a organização cultural de cada sociedade é a linguagem, os filmes transmitiam a mesma expressão lingüística dos adolescentes estudados, este elemento também pode ser observado como uma forma de coerção social. Segundo Deldime (2004. P. 87) o desenvolvimento da linguagem é longo e complexo, até a idade de 12 a 13 anos a criança continua seu desenvolvimento de linguagem e esse desenvolvimento acompanha parte de suas atividades sociais. Esse processo é progressivo, ela apropria-se dos dados lingüísticos do ambiente como: família, escola e grupos de amigos, a linguagem é uma das composições mais explícitas de uma cultura. Lacan (2008. P.14) destaca, “é o elemento que determina a cultura e as relações humanas, é a parte do todo social.” Os indivíduos que integram determinados grupos sociais trazem conflitos internos e inconscientes, esses conflitos são resultados de institucionalizações. Maximino (2007. P.441) observa que, estes padrões culturais de institucionalização trazem marcas como: artefatos, tecnologia, costumes, valores e linguagem.
          As pinturas ou rabiscos desenvolvidos após apresentação dos filmes revelaram comportamentos inconscientes, estes comportamentos são reflexos do “agora”, causando ou não uma noção de perfectibilidade. São imagens autodestrutivas, fantasias da primeira infância, isto, só é reativado quando a mãe é má.  Freire (1996. P. 63) aponta que, “é preciso observar a leitura de mundo, e assim tentar resgatar, o meu bom senso me diz que é imoral afirmar que a fome e a miséria a que se acham expostos milhões de brasileiros e brasileiras são uma fatalidade em face de que só há uma coisa a fazer, esperar pacientemente que a realidade mude”. Hoje, às políticas públicas, estão tentando trabalhar a fome no Brasil, mas a educação, a moradia, o emprego e a renda não atendem as expectativas dos brasileiros que vivem as margens da sociedade, e diante destes impasses como prestar outros serviços essências: projetos de benefício e de proteção sociais básicos relativos às áreas da saúde, autonomia, convivência comunitária de proteção policial e finalmente estrutura sócio-familiar   
          Por outro lado, as famílias estão fragilizadas, qual é o papel da escola no desenvolvimento do indivíduo? Segundo Garcia (1999. P. 103) a escola ainda está mal aparelhada para lidar com coisas isoladas. Hoje temos alunos críticos, estes são capazes de refletir e ao mesmo tempo de intervir sobre sua própria realidade social. Porém, o estado de inércia causado pelo uso de substâncias psicoativas revela a realidade sócio-familiar, bem como a falta de atendimento no serviço público para um acompanhamento psiquiátrico ou analítico, isto dificulta o resgate social destes adolescentes e suas famílias durante seis meses de medidas Socioeducativas em meio aberto, e até mesmo no regime fechado. As substâncias psicoativas causam dependências, e a inaptidão ao conhecimento do usuário sobre a dependência o deixa vulnerável, em relatos alguns adolescentes mencionaram que, a maconha não traz viciosidade, porém, o vício é revelado pela fissura. Leite (2007. P.67) afirma que, não há relação direta com a substância, há crença nessa relação. Tão somente porque ela se propõe a fazer consistir, como objeto de gozo positivado. É a impossibilidade libidinal sendo satisfeita por um objeto empírico, é o estado de morte inconsciente.
          Os conjuntos de elementos das ideias apresentadas nas pinturas ou rabiscos revelaram cargas emocionais incompreendidas aos socioeducandos, imagens que até aquele momento não tinham sido percebidas pelos adolescentes. O mais interessante é que todos vivem ou viveram as mesmas consciências de classe apresentados nos filmes[3], e estas percepções experienciadas ou as cargas emocionais foram revividas nas citadas oficinas, hoje interdisciplinar. Estes mesmos elementos foram revelados ao papel, muitos ironizam outros lamentam. Segundo Ferreira (2006. P. 400) as medidas de Prestação de Serviço a Comunidade e de Liberdade Assistida abandonam o viés repressivo para adquirir um caráter pedagógico no momento em que se direcionam para a promoção social e familiar do infrator. Por outro lado, a rede de promoção social não tem a mesma eficácia, a escola não recebe o socioeducando, os atendimentos psicossociais não têm condições de receber nem a família nem o usuário de substâncias psicoativas, o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS (como equipamento público onde se referencia os serviços de Proteção Social Básica) e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS (de média complexidade) não estão preparados para estes atendimentos, é importante mencionar que, os socioeducandos chegam revoltados com o tratamento recebido no Centro Educacional CEDUC/PITIMB (internação de Seis meses a três anos). O citado autor menciona ainda que, as causas que levaram o adolescente a delinquir representam o foco principal das ações a serem desenvolvidas, as quais visam garantir os direitos fundamentais estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (LEI8069/90). Ao mesmo tempo estes mesmos direitos não são repassados aos adolescentes que são encaminhados ao CEDUC ou ao Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente – CIAD (internação provisória, 45 dias). O mais curioso é que, em oficinas ou em representações oníricas ao papel, o socioeducando revela que, para ele não tem mais jeito, e nem chegam aos 25 anos de vida. “A violência faz parte do dia-a-dia deles, não apenas quando estão fora do CEDUC, mas, principalmente, dentro dele. Há um enorme desrespeito pela vida e pelo ser desses meninos, tanto nas condições indignas, quanto na própria forma como alguns funcionários da instituição os tratam” (FROTA. 2007. P. 52). O serviço de proteção social é um sistema do poder público e as ações envolvem um leque de políticas sociais, este leque de serviço é justamente o que falta a população brasileira, é importante destacar que, estes serviços não estão sendo disponibilizados para a população. A escola não consegue atingir o imaginário dos educando, estes logo são excluídos, e suas famílias ficam vulneráveis ao crime organizado.

VISITAS EXTERNAS

          No dia 17 de março de 2010, levamos 06 socioeducandos ao Salão de Arte Contemporânea da Cidade do Natal, no salão de performance e instalações foi observado uma obra de arte que referia-se ao espaço reduzido nos grandes centros urbanos. Em outro momento, observamos outra obra que mencionava a psicose social e a subjetividade da ação junto ao comportamento do transeunte. Por último, víamos os procedimentos dos indivíduos aos estímulos sociais nos transportes coletivos, e chegamos à conclusão de que, não existe diferença nos comportamentos, seja fora ou dentro dos transportes coletivos.
          Todos se mostraram apáticos diante destes comportamentos apresentados nas obras de artes, não conseguiram interagir com o social urbano. Porém, a performance do transporte coletivo, chamou a atenção dos adolescentes, nesta obra observamos a subjetividade da ação e a não relação das pessoas. Dois meses depois, um adolescente desta turma foi assassinado por disparo de arma de fogo.

TENDENCIA AO COMPORTAMENTO ANTE- SOCIAL

          As pinturas e ou rabiscos dos socioeducandos desenvolvidos nas citadas oficinas mostraram posições depressivas e comportamentos repetitivos e persistentes, muitas pinturas revelam suas condutas, outras agressividade, e outras ironizam, revelando assim suas ações e procedimentos de antes da mediada. Porém, existem algumas que trazem necessidades de carinho e proteção sócio-familiar, mas a grande maioria traz padrões de comportamentos agressivos. Segundo Leahy (2010. P.289) os padrões comportamentais podem surgir em resposta a fatores específicos situacionais ou de desenvolvimento. O mesmo autor trata que, os padrões comportamentais descritos nas crianças são exibidos em uma ampla gama de contextos sociais, escolares e interpessoais. O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-IV define esse transtorno como um padrão repetitivo e persistente, e pode ser revelado como: agressão, delinquência e distúrbio de conduta, muitos destes adolescentes têm mais de dois processos e apresentam estes comportamentos. Winnicott (2005. P.90) menciona que, a mãe é uma das primeiras a identificar a tendência inata na criança. Estes comportamentos iniciam-se também na natureza ambiental, o citado autor traz que, a ausência de um sentimento de culpa liga a idéia dessa abstração e a capacidade de envolvimento à tendência anti-social. Fatores sociais como: beleza, estética, marcas de roupas famosas, cortes de cabelos, consumo e venda de substâncias psicoativas, falta de limite sócio familiar e a vulnerabilidade social contribui para a violência e identificam determinados grupos sociais.
          Sentimentos de amor e ódio são elementos desenvolvidos nas relações sociais, estas disposições afetivas são resultados das relações humanas, são de ordem moral e ou intelectual. A agressão segundo Winnicotti (2005. P. 93) pode ser um sentimento de medo e de defesa, e ainda acrescenta, no bebê existe amor e ódio com plena intensidade humana. Nos conjuntos de conhecimentos adquiridos em oficinas de artes foram observados que, de todas as ações subjetivas do ser humano, a agressividade pode ser escondida, disfarçada e ou desviada. O mencionado autor traz: a energia instintiva reprimida constitui um perigo potencial para o indivíduo e para a comunidade, e concluímos que, há muita coisa a ser estudada sobre agressividade relacionada a estes grupos sociais.
          Faz-se necessário compreender o imaginário destes adolescentes, suas fantasias e seus medos, os fatores psicossociais devem ser parte de um estudo analítico para assim, compreender a violência que gira em torno da juventude contemporânea. Muitas composições desenvolvidas em oficinas de artes visuais revelaram a realidade interior entrando em choque com a realidade exterior. Mostrando que, essa agressividade pode ser resultado do instinto de sobrevivência, do medo inconsciente e da negação instintiva ou de um simples chamar a atenção dos pais, e ou uma resposta ao preconceito social imposto pelo consumismo desenfreado.
           Muitos rabiscos e pinturas demonstraram que, as ações destrutivas ameaçam dominar as forças de amor, é a fantasia dramatizada inconscientemente ao papel. São pinturas infantis que demonstram uma necessidade de família, de casa, de amor e de um rápido retorno a um passado não compreendido. Estudos psicanalíticos trazem que, a agressividade é parte do sadomasoquismo moral, e é caracterizado pela não superação do complexo de Édipo. Segundo Deldime (2004. P. 109) é nessa fase que nasce o sentimento de culpa, algumas doenças e dores têm origem no estado fálico, cujas primeiras excitações e satisfações têm relação com a micção (estágio uretral). O instinto de morte apresentado pelos adolescentes é um instinto de calmaria inconsciente, é o instinto de prazer, e faz parte dos vários transtornos psicossociais. É importante relatar que, estes adolescentes apresentam comportamentos inconscientes e irregulares, um fracasso escolar e um sério distúrbio de aprendizagem, além de uma vulnerabilidade sócio-familiar, ao mesmo tempo, estás famílias são vitimas de preconceito social.


CONCLUSÃO

          Os fenômenos institucionais ligam-se às regras e aos valores sociais, por este motivo destacamos que todo processo organizacional está presente no inconsciente subjetivo do indivíduo, este é responsável pela produção institucional, seja ela, legal ou não. Sendo assim, o indivíduo irá reproduzir os aspectos comportamentais da sua instituição, em seu cotidiano. Bock (1999. P. 261) afirma que, a criança vai aos poucos deixando de imitar comportamentos adultos e vai apropriar-se dos modelos e valores transmitidos pela escola e o seu grupo social. É importante lembrar que, a escola necessita encontrar-se inserida na sociedade, ou seja, buscar uma pedagogia social e assim entrar no imaginário do educando, ao mesmo tempo as famílias precisão estar presentes na citada instituição social.
          Esta mesma instituição proporciona a exclusão de outros saberes, ocultando assim, os valores sociais, à citada autora afirma que, a escola faz uma opção ao modelo de homem a educar, um homem positivo perante o meio social. O ART.5º, do Estatuto da Criança e do Adolescente cita que: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI Nº 8.069/90, DE 13 DE JULHO DE 1990)
          A desigualdade social promovida pelos governos hoje, é responsável pela exploração, violência e crueldade de milhões de famílias. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE (2006. P.17) aponta que, o Brasil possui 25 milhões de adolescentes na faixa de 12 a 18 anos, o que representa 15% da população. Este mesmo documento traz que, 60% dos adolescentes de etnia branca concluíram o ensino médio, contra 36,3% de afro descendente. Neste contexto observamos que, a desigualdade social e a mortalidade por arma de fogo, também é um dos aspectos a considerar, o índice de homicídios na população jovem é superior a população não jovem. Como já observamos o transtorno de comportamento pode ser definido como: agressão, delinquência, distúrbio de conduta e possui um padrão repetitivo e persistente. Este comportamento tem um conjunto de causas diversas, essa complexidade de causas pede um detalhado estudo. A família e a escola são instituições fundamentais para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança e do adolescente. Porém, para que isto aconteça tanto às famílias quanto as escolas necessitam estar com seus vínculos fortalecidos, esse fortalecimento permitira um desenvolvimento físico e psicológico da criança e posteriormente do futuro adulto.
           O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE (2006. P.18,19), aponta que, 27.763 adolescentes de 12 a 18 anos encontram-se em cumprimento de medidas Socioeducativas em meio aberto (Liberdade Assistida e Prestação de Serviço a Comunidade). O mesmo documento traz que, existiam 13.489 adolescentes privados de liberdade (internação provisória, internação e semi - liberdade), com um déficit de vagas de 1499 e 1488. Faz-se necessário esclarecer que este documento, SINASE é de 2006, os números apresentados neste artigo estão defasados, e acreditasse que os números atuais sejam bem maiores.
           A educação brasileira está pedindo socorro, as escolas fazem parte das estatísticas da violência e do tráfico de substâncias, as famílias não sabem como educar e estão vulneráveis, as drogas hoje, é uma das principais causas de roubos e assassinatos em nosso país. O SINASE é um sistema de políticas públicas destinado à inclusão do adolescente em conflito com a lei, articulado às diversas outras políticas públicas, são elas: Sistema Educacional, Sistema Único de Saúde – SUS, Sistema Único da Assistência Social – SUAS e o Sistema de Justiça e Segurança Pública. Neste ponto passamos a observar e perguntar, onde está a falha e a responsabilidade do sistema de atendimento ao adolescente em conflito com a lei? Faz-se necessário lembrar que os direitos e as vulnerabilidades sociais estão presentes nas instituições e nas ações que deveriam garantir os direitos da criança e do adolescente. Qual o papel da educação brasileira hoje?











                                                         REFERÊNCIAS



BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. A arte e seu processo de criação e integração da personalidade. Ed. Do Autor. 2010.
BOCK, A. M. B; Furtado, O; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva 1999.
BRASIL. Capacita SUAS – Volume 1º E 3º. São Paulo – 1ª Ed. Brasília: MDS, 2008.
DELDIME, Roger. O desenvolvimento psicológico da criança. 2ª Ed. Bauru: São Paulo. EDUSC, 2004.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – Lei N 8.069/90, de 13 de Julho de 1990
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
FERREIRA, Luiz Antonio Miguel. Execução das medidas Socioeducativas em meio aberto: prestação de serviço à comunidade e liberdade assistida. ILANUD; ABMP; SEDH; UNFA (orgs). Justiça adolescente e ato infracional: sociedade e responsabilização. São Paulo: ILANUD, 2006.
FROTA, Teresa de Lisieux Lopes. Entre o pavilhão e o inferno: trajetória de meninos infratores no CDUC/Pitimbú. João Pessoa: Ideia. 2007.
GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. R. paran. desenv. Curitiba, Nº 95, Jan/Abr. 1999.
IBGE - Estatística do registro civil - 2008
LEITE, Eduardo A. Furtado. Drogas, concepções imagens: um comentário sobre dependência a partir do modelo de prevenção. São Paulo: Annablume. FAPESP. 2005.
LACAN, Jacques. Escritos. São Paulo: Perspectiva. 2008.
LEAHY, Robert L. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e pratica. Porto Alegre: Artmed, 2010.
MAXIMIANO, Antonio Cesar. Teoria geral da administração da revolução urbana à revolução industrial. 6ª Ed. São Paulo. Atlas. 2007.
SIYMANSKI, Heloisa. Revista do Serviço social. N 71 – Ano XXIII Especial.
WINNICOTT, Donald W. A família e o desenvolvimento individual. 3ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
--------------, Privação e delinqüência. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.






O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: A EVOLUÇÃO DA PERSONALIDADE, E DO CARATER.[4]




                                                                                         MANOEL ESPERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO





RESUMO

             É importante destacar que, o desenvolvimento emocional da gestante ira revelar o crescimento progressivo da criança, e o estado psicológico do futuro adolescente ou adulto. A saúde mental do indivíduo vai depender do desenvolvimento emocional da sua mãe, do estado gestacional e da relação inconsciente entre mãe e filho. Segundo Winnicott (2005. P.3) o desenvolvimento emocional torna-se importante desde o princípio, bem como, o estado de evolução da personalidade e do caráter do indivíduo. Ele acrescenta ainda que, é impossível ignorar as ocorrências dos primeiros dias e horas na vida de uma criança, e a experiência do nascimento pode significar muito na formação da personalidade do futuro adolescente. Dentre tudo isto, as condições ambientais desempenham uma grande importância tanto para a gestante quanto para a criança.




PALAVRAS – CHAVES: Desenvolvimento emocional, criança e adolescente, gestante, escola, tráfico de substâncias psicoativas.






             Iniciamos este artigo mostrando a importância do desenvolvimento emocional da gestante, porém, muitas famílias brasileiras não podem desfrutar desta condição. Winnicott (2005) observa que, a mãe deve se sentir amada nas relações sócio familiares durante sua gestação. Poderíamos citar outros aspectos emocionais como: acolhimento durante o parto ou a extrema dependência emocional da criança, e seu desenvolvimento natural e psicológico de crescimento, a ontogênese. O desenvolvimento emocional da primeira infância vai revelar as fundações da saúde mental desta criança. Esse desenvolvimento vai desde a sua concepção até a maturidade, e segundo o citado autor estes aspectos são as bases da neurofisiologia do comportamento humano.
             É de grande importância destacar que, na infância a personalidade está em constante estado de desenvolvimento, é necessário que a criança passe primeiro pela “dupla dependência”, para depois passar pela independência. E Winnicott (2005) destaca que, a dependência torna-se conhecida pela criança quando ela adquire a capacidade de saber fazer ao ambiente a sua necessita de atenção. “Do ponto de vista clínico, constata-se um progresso muito gradual em direção à independência, sempre marcado por recorrência da dependência e até da dupla dependência” (WINNICOTT, 2005. P. 6).
             É está relação inconsciente entre mãe e filho, que torna as mães capazes de adaptarem-se as necessidades variáveis e crescentes da criança. Um dos fatores preocupantes no atual contexto social brasileiro é que, a gravidez precoce na adolescência é banal e comum, segundo a revista eletrônica Psiqweb (htt://gballone.sites.uol.com.br) no Brasil, cerca de 20% das crianças que nascem são filhos de adolescentes, estas não tem condições financeiras, emocionais, e  seus familiares também não podem assumir está maternidade. Outro aspecto preocupante desta gestação é que, a grande maioria das adolescentes são usuárias de substâncias psicoativas, e conseqüentemente estes bebês serão possíveis usuários. Durante a gestação instala-se um estado de hipersensibilidade materna, esta fase desenvolve-se gradualmente, é a chamada preocupação maternal primaria chegando a durar até o final da gravidez, e muitas vezes duram algumas semanas após o nascimento do bebê. Com tudo, estas crianças não passam por está dupla dependência por um motivo óbvio, as mães não têm condições emocionais, e quando crianças não desfrutaram dos direitos do self.








DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA PRIMEIRA INFANCIA, ESCOLA E FAMÍLIA

             É impossível separar a maturidade adulta do desenvolvimento emocional da primeira infância, esse desenvolvimento é complexo, e ocorre antes do nascimento ou a partir dele. Segundo Winnicott (2005. P.30) não podemos colocar em segundo plano as ocorrências da infância e nem mesmo a da primeira infância.  Diante destas informações, poderíamos considerar que, os fatores ambientais e gestacionais são de grande importância para o desenvolvimento emocional do indivíduo. O citado autor traz que, esses fatores darão a cada indivíduo a oportunidade de tornar-se alguém que tem um lugar na comunidade sem perder sua individualidade.
             E o ambiente saudável tem o objetivo de tornar possível o crescimento emocional da criança ou do adolescente e ou do futuro adulto. A educação básica (educação infantil) deve ter o objetivo de complementar à educação familiar, ampliando esses saberes com os contextos sociais e culturais, porém muitas destas crianças não estão na escola por um motivo óbvio, não existem escolas para todas estas crianças, a Cidade do Natal é uma delas. Outro grande problema da educação brasileira hoje, é que a escola não esta conseguindo atingir o imaginário do educando, ao mesmo tempo, as instituições como: família, educação, Saúde pública e Assistência Social não estão preparadas para lidar com coisas “isoladas”.
             Como já citamos anteriormente, as instituições educacionais de ensino fundamental e médio, fazem parte das estatísticas da violência e do tráfico de drogas, muitas vezes o comercio ilegal da substância esta sendo negociado dentro do próprio estabelecimento educacional, e os profissionais da educação não têm formação continuada para lidar com estes problemas. Segundo dados estatísticos do NAMSE (2011) a situação escolar dos adolescentes envolvidos em atos infracionais são: estudando 47%, 57% não estão na escola, e quando está apreendido no CEDUC/PITIMBÚ, CIADE ou CEDUC/PADRE JOÃO MARIA, não têm condições de frequentarem às aulas nos citados estabelecimentos pelo excesso de inimigos entre os pavilhões. Outros dados sobre a escolaridade destes adolescentes são: 1% não é alfabetizado, 34% estão no ensino Fundamental até o 5º ano, no 9º ano 59%, no ensino Médio incompleto 3% e não informou 3%.
              Atualmente, em muitas sociedades as crianças assumem responsabilidades de mãe, é importante destacar que está condição traz para o imaginário da criança uma obrigação, e seu estado emocional não permite que elas assumam estas responsabilidades. Outro aspecto é que, muitas famílias colocam suas crianças para pedirem esmolas nos sinais de transito, transportes coletivos ou nas residências dos bairros de classe média e alta. Algumas crianças fogem de casa por maus tratos, ou por causa da violência sexual cometida pelos próprios familiares, ou até mesmo por uso de substâncias psicoativas, estes usuários envolvem-se no tráfico de drogas, e por saberem demais são ameaçados de morte, é a chamada queima de “arquivo”. Muitos são acolhidos pela Vara da Infância e Juventude, passando afazer parte das chamadas Casas de Passagens. Convêm destacar que, os números de crianças e adolescentes com endereços desconhecidos aumentaram bastante na Cidade do Natal/RN, e em todo o Brasil. Segundo a taxa de urbanização, razão de sexo e razão de dependência no Estado do Rio Grande do Norte, a Pesquisa nacional por amostra de domicilio (IBGE- 2009) aponta o Estado com uma taxa de urbanização de 72,5%, razão de sexo 98,0%, razão de dependência: jovens 35,8%, idosos 10,7%.

DEPRESSÃO E ANSIEDADE   
             Outro ponto é a chamada depressão, ansiedade e pânico, levando a adolescente grávida ao suicídio, estas jovens também estão fora da faixa escolar, não têm namorados e vêm de famílias de baixa renda, muitas estão envolvidas com substâncias psicoativas aumentando o grau de depressão e a ansiedade. A revista Psiqweb (htt://gballone.sites.uol.com.br) traz dados de grávidas adolescentes, ( dados de Brasil segundo a citada Revista) o percentual de grávidas entre 16 e 17 anos é de 84%, a primeira gestação 75%, frequentaram pré-natal 95%, tiveram parto normal 68%, 1ª menarca entre 11 e 12 anos 52%,não usaram métodos contraceptivo 56%, utilizavam a pílula do dia seguinte 16%. Outro ponto a considerar é quando, a relação sexual ocorre até os 13 anos, os dados percentuais da citada revista são de 10%, entre 14 e 16 anos são de 27%, e entre 17 e 18 anos são e 18%. Segundo dados do Registro Civil[5] (IBGE – 2009) 47.855 nascidos vivos registrados no R/N sendo que, 47. 678 nasceram em hospitais; 108 em domicílios; e 61 em outros locais.
             Os óbitos totais por lugar de residência foram de 15.228 inclusive óbitos de natureza ignorada no Estado do Rio Grande do Norte em 2009, estes dados estatísticos de nascidos mortos são: 2.013 do sexo masculino e 6.215 do sexo feminino, óbitos naturais 13.304 e violentos 1.752. Investigações de óbitos infantis menos de 1 ano  são  elevados nas Regiões Norte 45,2% e Nordeste 68,0%.[6] Segundo o citado órgão de pesquisa, a situação dos óbitos infantis são conseqüências da desigualdade no acesso a bens e serviços públicos principalmente a Saúde.
             Os dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, de Janeiro a Maio de 2011 sobre a situação sócio-famíliar do adolescente infrator, e com quem convivem é de: 32% convivem com os pais e outros parentes, 3% de união estável, 5% cônjuges e filhos, 8% parentes e cônjuges, 37% só com a mãe e outros parentes, 14% só com outros parentes sem os pais e 1% institucionalizados (Casas de Passagens). Segundo os dados do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto (NAMSE – 2011) sobre o rendimento sócio-familiar dos adolescentes em cumprimento de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto é de: 30% vivem com até um salário mínimo, 57% de um a dois salários mínimos e 13% mais de três salários mínimos. Porém, os dados do Estado do Rio Grande do Norte segundo o IBGE sobre rendimento sócio-famíliar é de: 100% mais pobres são de 54,23%; 40% mais pobres são de 137,15%; 100% mais rico são de 2.594,92%. Vivendo com um salário mínimo 10% mais pobres é de 0,12%; 40% mais pobres são de 0,29%; 10% mais rico são de 5,56%% (ESTATISTICA DO REGISTRO CIVIL – 2009). A situação de trabalho dos adolescentes envolvidos com atos infracionais segundo os dados do NAMSE (2011) são: trabalho informal 17%, não trabalha atualmente 53%, nunca trabalhou 30%.
             Faixas etárias de idades de adolescentes envolvidos em atos infracionais[7] são 12 a 14 anos 10%, 15 a 17 anos 62%, 18 a 21 anos 28%. Cor da pele: 19% brancos, 71% pardos e 10% negros, estado Civil: 72% solteiro, união estável 23%. Zona administrativa da Capital: Norte 39%, sul 9%, Leste 185 %, Oeste 345 %. Situação sócio-familiar e condições de moradia: 54% casa própria, alugada 37%, cedida 8% (não paga aluguel mora na casa de amigo ou parente favor) e institucionalizados 1% (Casa de Passagens). Gênero masculino e feminino, 19% feminino e 81% masculino.

CONDIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL DA CRIANÇA

             O aleitamento materno e a presença da mãe são fatores fundamentais para o crescimento emocional da criança, e quando a criança entra em contato com o seio da mãe desenvolve-se uma relação objectal. Ela incorpora o seio como “bom”, esse seio torna-se fonte de prazer, já o instinto de morte ocorre desde o nascimento. As fantasias autodestrutivas são reativadas quando sucede um processo inconsciente na criança, “mãe má”, este estado refere-se ao ambiente externo quando bebê. E a posição paranóica caracteriza-se, por: libido e funções destrutivas: estágios, oral de sucção, oral de mordida, anal 1ª etapa, libido: prazer de sucção, mordida, expulsar, pulsões destrutivas: sugar tudo, secar, esvaziar, devorar anular, destruir (DELDIME, Roger. 2004. P. 58). Todos estes fatores da libido e funções destrutivas são inconscientes na criança, ela quer devorar a mãe má. Segundo o mesmo autor, as angustias paranóicas[8]na criança dá lugar às angustias depressivas, é o medo inconsciente da criança, esse medo provem das pulsões destrutivas, isto é, anulem o objeto amado.  E a presença calorosa da mãe significa para a criança, que ela pode “reparar” este sentimento destrutivo, sua ausência a faz temer sua perda, confirmando o seu sentimento de abandono.
             Contudo, estes dados, poderiam ser observados como uma possível causa da violência desenfreada pelos adolescentes é um sentimento de culpa, medo, abandono, da negação instintiva ou da não autoridade dos genitores. Faz-se necessário por em evidência que, determinados comportamentos entre os adolescentes estão chamando a atenção das autoridades sociais. As más condições ambientais como: família, moradia, violência domestica, negligência das instituições públicas com: Educação, Saúde e Assistência Social, desempenham uma imensa importância no processo de desenvolvimento emocional tanto da família quanto da criança. Como já citamos anteriormente os fatores gestacionais e ambientais contribuem para o desenvolvimento emocional na infância e na primeira infância, são de extrema importância para a formação da personalidade do indivíduo. Outro fator que cabe destaque, é o continuo interesse da família sobre o adolescente, este é de fundamental importância. Dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, traz um número de 5 adolescentes grávidas em cumprimento de Liberdade Assistida, estes dados são de maio a junho de 2011. É importante destacar que, não entraram neste artigo os dados das adolescentes que estão no CEDUC/PADRE JOÃO MARIA, privação de liberdade.

A ORIGEM DO COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL (FOBIA SOCIAL)

             A estrutura cerebral é formada durante a vida da criança, sobretudo durante a gestação e na primeira infância. Os fatores ambientais têm grande importância durante a gestação, isto vai desde a mulher se sentir amada no seio familiar, do pré-natal na rede pública de Saúde, até o acolhimento na maternidade, estes primeiros fatores são de primordial importância durante toda a vida da criança. Para sermos mais claro, os fatores sociais e as práticas familiares contribuem para o desenvolvimento emocional da criança, isto é, ira determinar comportamentos anti-sociais, ou como já citamos no artigo anterior, a saúde mental da criança vai ser determinada pelo desenvolvimento emocional sócio-familiar.
             Os indivíduos que vivenciaram durante a infância uma situação de agressividade, violência ou morte, abandono (negação instintiva), teriam mais probabilidade ou destreza de matar ou agredir sem demonstrar um sentimento de culpa ou arrependimento. Poderíamos citar como exemplo a ausência de culpa de alguns adolescentes infratores, presidiários ou os (serial killer) [9], outro exemplo é o filme que traz a vida de Charles Manson[10]. Em 1970, Manson foi responsável pela carnificina ocorrida na Califórnia na casa do cineasta Roman Polanski, todos foram mortos com objetos cortantes, uma das vítimas foi à esposa do cineasta.

                              
              Imagem desenvolvida em oficina de arte-educação de
                                    Liberdade ASSISTIDA – NAMSE (“CABEÇA DO PAI”)          

             Por outro lado, as crianças que viveram um desenvolvimento emocional harmônico, também podem apresentar transtornos de comportamentos anti-sociais, porém, estes têm condições de ter uma história de vida diferente dos casos mais graves; mentem, roubam más não matam. Alguns pesquisadores atribuem certos casos a fatores genéticos e a fatores neurológicos, estes casos são de desordem de comportamentos com eventuais alterações cerebrais. O Lóbulo Frontal: regula a inibição de comportamentos, a formação de planos e intenções. O Lóbulo Temporal: regulam os sentimentos, emoções, instintos, comandam as respostas viscerais e às alterações ambientais.
             Já os que apresentam comportamentos agressivos (AGRESSÃO DEPREDADORA), quando estão em privação de liberdade como: CEDUC/PITIMBÚ, PADRE JOÃO MARIA, CIAD e ou instituições de acolhimentos como Casas de Passagens, apresentam comportamentos de liderança, e organizam estratégias de rebeliões. Segundo Winnicott (2005. P.139) existe uma relação direta entre o transtorno de comportamento anti-social e a privação de liberdade. Com habilidade ardilosa estes indivíduos não tomam a frente das ações subjetivas, nunca aparecem, sabem como ficar com a ficha limpa, geralmente usam os chamados “laranjas”. Mas, estão sempre procurando chamar a atenção, e quando são pegos eles negam a participação nas ações, “eu não fiz nada,” os mais perigosos são os seriais Killers, reação Depredadora. Winnicott (2005. P. 140) menciona ainda que, quando existe uma tendência de comportamento ante-social, “houve um desapontamento” (carência afetiva). E acrescenta: “houve a perda de algo bom (objeto amado, a mãe) que foi positivo na vida da criança até certa data”, isto significa que, a perda estendeu-se por um período longo, onde a criança perde a experiência da lembrança. O citado autor levanta uma questão sobre a importância relativa do objeto perdido (o objeto interno, inconsciente), é a perda do objeto interno ou a aversão introjectada do objeto que se perdeu. A revista eletrônica Psiqweb (htt://gballone. sites. uol.com. br) considera vários aspectos vinculados com a agressão e o transtorno de comportamento anti-social. Observa que, é importante a distinção entre Agressão Depredadora (ou Proativa) e Agressão Reativa.
             A agressão reativa é definida como uma reação hostil ligada à impulsividade e a frustração, estes são considerados explosivos, já a agressão Depredadora o indivíduo apresenta uma conduta agressiva e violenta (planejada e premeditada) com metas determinadas, estes comportamentos são considerados perigosos, tornando-se uma ameaça à sociedade.

         
Imagem desenvolvida em oficina de arte-educação,
         Liberdade Assistida – NAMSE (“A VIDA JOGADA NO LIXO”)


CONCLUSÃO

             Os efeitos da separação de bebês e crianças pequenas da figura parental ou que passaram por privação de liberdade, estas crianças vivem, segundo Winnicott (2005. P. 150) um sintoma de luto e melancolia. O indivíduo que está sujeito a perda do objeto, introjecta este objeto, isto é, submetesse ao ódio dentro do ego. Os primeiros sintomas do comportamento anti-social na criança segundo o citado autor é a avidez, e relaciona-se à inibição de apetite. Se buscarmos o significado da palavra “AVIDO”, iremos encontrar estado de sofreguidão, de ansiedade gerada por alguma expectativa (DICIONÁRIO ELETRONICO HOUAISS). O citado autor menciona que, a avidez num bebê não é a mesma coisa que voracidade. Buscando a palavra “VORACIDADE” encontramos: o que devora, consome e corrói ao mesmo tempo destrói (FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. 2001. P. 717).
             É importante destacar que o bebê ávido, demonstra certo grau de privação, essa privação encontra-se no meio ambiente. Este impulso do bebê segundo Winnicott (2005) parte da compulsão da criança para buscar uma cura por parte da mãe que causou a privação. Essa avidez no indivíduo é precursora do furto e “pode ser atendida e curada pela adaptação terapêutica da mãe, é confundida com excesso de mimo” (WINNICOTT. 2005. P.143). As primeiras demonstrações do comportamento anti-social incluem mentira e uma conduta desordenada caótica. Algumas motivações são totalmente inconscientes, mas, não toda ela; “a criança que furta um objeto não está desejando o objeto, mas desejando a mãe...” (WINNICOTT. 2005. P. 141). Com já observamos, a agressão depredadora têm influencias traumáticas ameaçadoras e duradoras durante a infância ou na primeira infância.
             Em oficina[11] de arte-educação, foi compartilhada uma leitura que trazia o seguinte tema: “O caminho do Bezerro”. O texto trata sobre a cegueira dos homens, estes repetem as trilhas que os animais e outros homens já fizeram. Uma cegueira vivida por vários adolescentes no mundo contemporâneo, logo depois houve um debate e um registro deste debate.
             Uma adolescente de 17 anos mãe de um garotinho de 1 ano e meio, grávida de 5 meses respondeu o seguinte: “O caminho que eu quero seguir hoje, é o que meu pai e minha mãe desejam para mim. Ser alguém na vida e terminar meus estudos para poder ter um trabalho para dar aos meus filhos, um futuro melhor, coisa que eu nunca pude ter, hoje só quero esquecer o meu passado.” A citada adolescente vive com seu companheiro, parou de estudar e cumpre Medida Socioeducativa em Meio Aberto (Liberdade Assistida). Contudo, a citada adolescente não tem com quem deixar seu filho, este acompanha a mãe nas oficinas de Liberdade Assistida no NAMSE. Onde está o trabalho dos CREAS, e dos CRAS que não acompanham estas famílias, onde se esconde a omissão na Saúde ou na Educação?

                                                                    REFERÊNCIAS 
                          


DELDIME, Roger. O desenvolvimento psicológico da criança. 2ª Ed. Bauru: São Paulo. EDUSC, 2004.

DICIONÁRIO ELETRONICO HOUAISS OBJETIVA, Dicionário da Língua Portuguesa.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda.  Minedicionário da língua portuguesa. 4. Ed. ver. Ampliada. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2001.

 WINNICOTT, Donald W. A família e o desenvolvimento individual. 3ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

--------------, Privação e delinqüência. 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

REVISTA ELETRONICA PSIQWEB – htt://gballone.sites.uol.com.br

IBGE – ESTATÍSTICA DO REGISTRO CIVIL – 2009.

DADOS ESTATISTICOS DO SERVIÇO SOCIAL DO NÚCLEO DE ATIVIDADES PARA MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO – NAMSE. 2011.

















O ESTETISMO E O CONCRETO DELIRANTE[12]





MANOEL ESPWERIDIÃO DO RÊGO BARROS NETO



RESUMO


             A estética da beleza através das expressões artísticas de rua (grafite) mostra um anacronismo, isto se, consideramos que o estetismo intelectualista atribui às expressões artísticas populares. Um movimento ridículo e um complexo de superioridade social dos movimentos artísticos e acadêmicos as composições estéticas de rua, ao qual vem acrescentar um coeficiente de humor sórdido – critico. A arte de rua mostra um protesto das tribos de grafiteiros e ex-pichadores, porque não dizer de pichadores, uma visão da memória popular, isto é, uma concretude da releitura de mundo, mundo segregado, delirante e expendido. Porém, é importante lembrar que, toda expressão artística deve primeiro ser esboçada em papel para depois transformar-se numa bela obra de rua. A cidade dispõe de espaços sujos e abandonados, é importante dispor estes espaços para os grupos de grafiteiros expressarem seus estados oníricos, seus símbolos concretos e subjetivos, estas obras devem ser expendidas nos muros e paredes dos centros urbanos, objetivando o conhecimento singular, ligando à realidade estética delirante a neurose urbana.



PALAVRAS – CHAVES: beleza, estética, arte, cultura, satisfações substutivas, morte e sobrevivência.





            
             A arte deve ter um papel de aproximar o belo e o estético; mas, na cultura contemporânea ela encontrasse restrita a uma classe elitizada. Segundo Barros Neto (2010. P. 12) “ciência e arte são produtos finais que expressam a representação do imaginário cognitivo na cultura de um povo, são emoções sentimentalizadas na forma de expressão do indivíduo.” A ciência reproduz em laboratório de pesquisa os conhecimentos populares, e a arte vai reproduzir as satisfações substutivas, e as mais sentidas renúncias culturais. Para Freud (1996. P.25) o indivíduo vai reagir aos danos que a civilidade causa, e outros homens lhes infligem, desenvolvendo assim um grau de resistência aos regulamentos da civilização e de hostilidade para com ela. Por outro lado, é necessário destacar Schlichta (2009. P. 6) quando ela cita que, arte é criação-produto especifico ao homem e só à sua humanização deve se destinar.
             As composições desenvolvidas em oficinas de Liberdade Assistida (L.A) expressão emoções sentimentalizadas, é um universo totalmente destituído do “EU”, retirado de estados oníricos, inconscientes. Este universo mostra uma brincadeira com o desconhecido, arriscando hipóteses ousadas, é um exercício conjunto da razão e do sonho.
             A didática do ensino da arte manifesta-se em duas tendências: uma propõe exercícios de repetição ou imitação mecânica de modelos prontos, outra que trata de atividades auto-estimulantes e criativas. Contudo, os desenhos e pinturas, desenvolvidos pelos adolescentes em oficinas de Liberdade Assistida em Meio Aberto passaram a ter uma observação estritamente emocional e comportamental, são emoções transmitidas ao papel. Os padrões comportamentais podem surgir em resposta a fatores específicos situacionais ou de desenvolvimento. Estes adolescentes apresentam um nível de transtorno muito alto, alguns não têm condições cognitivas de estarem nestas oficinas pelo uso excessivo de substâncias psicoativas, outros mostram pelos comportamentos estados de abstinência e ainda um desejo de estabilidade sócio-familiar. Estes estados emocionais são representados em símbolos gráficos ou signos, é uma expressão inconsciente transmitida ao papel.

                             
[13]ABSTINÊNCIA – pintura em giz de cera – 297 x 420                FAMÍLIA – pintura em giz de cera – 297 x 420

             Os símbolos são processos imaginativos que aglutinam e corporificam as expressões psíquicas para que o indivíduo possa entrar em contato com os níveis mais profundos e desconhecidos do inconsciente. Estes iram dinamizar e facilitar a estruturação e a transformação dos estados emocionais que deram origem aos seus transtornos. Em suas composições poderemos perceber estados incompreendidos e inconscientes, são eles: carência afetiva, agressão, abstinências, vivencia de rua, e a necessidade do uso de substâncias psicoativas, resultado da negligência e da negação instintiva. Estes símbolos compostos em papel mostram formas de mundos, expressando dores e esperanças. E estas formas contextualizadas iram significar pertinência às suas singularidades; à historicidade de cada um.
              Na composição que traz o título de ABSTINÊNCIA, iremos encontrar a presença da morte junto a uma efígie, este olha para uma folha de cannabis com um desejo inconsciente ou renuncia. O azul expressa uma sensação de vazio na alma, frieza e uma desmaterialização de uma ideia, neste caso o socioeducando incorpora a frieza. Mas, esta cor também esta associada à mãe, a necessidade de retorno ao útero, carência, proteção da primeiríssima ou primeira infância. O preto apresenta-se em toda a composição, está cor é associada ao luto e ao medo, descrença e depressão.
              Em contra partida, a obra intitulada, FAMÍLIA, traz um vazio de cores, as cores que aparecem são mínimas. Com traços inconsistentes, ele tenta alinhar as paredes deformadas de sua casa em seu consciente, a cama encontrasse em primeiro plano do lado direito, longe da casa. A cor marrom aparece com mais intensidade, sua associação leva na direção das raízes familiares, do desejo por estabilidade e segurança, dando a sensação de que tudo é permanentemente sólido, a cor verde traz esperança de um dia voltar para casa. O mais curioso é que este adolescente estava institucionalizado numa Casa de acolhimento sobre proteção do Estado do Rio Grande do Norte.
             As expressões expendidas nas ruas também trazem conteúdos inconscientes ou estados oníricos, são símbolos linguísticos significando uma leitura sobre o mundo refletido no consciente de quem a compôs. Estas obras de artes também devem ser iluminadas e valorizadas pela academia, ou pelo poder público, o grafite deve fazer parte da grade curricular do curso de arte. Se o grafite fosse valorizado pelos movimentos artísticos iríamos diminuir o número de pichação nos centros urbanos, estes pichadores iriam aproximar-se deste modelo estético, transformando um muro ou uma parede suja de um prédio abandonado, num belo modelo artístico, valorizando, preservando e socializando estes adolescentes /jovens com suas expressões artísticas inconscientes. Schlichta (2009. P. 4) observa que, a produção artística constituir uma forma da realidade humano-social, e sua obra não cria um objeto para o sujeito e sim um sujeito para o objeto. É importante observar a leitura de mundo expresso nas comunidades carentes, reconstruir este universo levando dignidade e respeito aos seus moradores. O Estado como um todo deve investir em cultura para assim tentar diminuir os atos infracionais, a polícia traz um histórico de segregação. A Europa no pós-guerra foi reconstruída pela educação pela cultura e não pela repressão ou imposição, hoje os maiores artistas de rua realizam seus trabalhos na Europa.
                        
                                                                              [14] Projeto arte-contemporânea em grafite


A MAGIA E A ONIPOTÊNCIA DE PENSAMENTO – O TOTEN

             É nas neuroses obsessivas que sobrevivem à onipotência dos pensamentos primitivos. Um neurótico obsessivo pode ser oprimido de uma sensação de culpa, sua sensação de culpa, está fundada nos intensos desejos de morte contra seus semelhantes que estão inconscientemente em ação dele. Estes atos têm um caráter inteiramente mágico. Segundo Freud (1996. P. 64) “Um homem adulto primitivo tem à sua disposição um método alternativo. Seus desejos são acompanhados de um impulso motor, à vontade, que está destinado, mais tarde, a alterar toda a face da terra para satisfazer seus desejos, o canibalismo ou os desejos humanos, a morte.” As obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos, que são indesejáveis em termos pessoais. O início da doença é gradual e, na maioria das vezes, ocorre entre o começo da adolescência e o começo da idade adulta. Segundo Leahy (2010. P. 152) o conteúdo obsessivo tem uma alta taxa de comorbidade como: a depressão, transtorno do pânico, fobia social (comportamento anti-social) e o transtorno da ansiedade generalizada. Os indivíduos que vivenciaram durante a infância uma situação de agressividade, violência ou morte, abandono (negação instintiva), teriam mais probabilidade ou destreza de matar ou agredir sem demonstrar um sentimento de culpa ou arrependimento.
             Segundo Freud (1996. P. 64) a visão do homem primitivo, esta ligada a uma das partes mais importantes, é quando este consegue penetrar nos mistérios da morte, e se souber o nome do seu adversário ou de um espírito, obtém-se certo poder sobre seu punidor. Conversas desenvolvidas entre os socioeducandos nas oficinas de Liberdade Assistida em meio Aberto revelam satisfações em eliminar seus adversários, eles além de mencionar os nomes, citam as armas e os ferimentos de causa morte. As cicatrizes que marcam seus corpos também é objeto singular de poder, estes mostram suas cicatrizes, citando os nomes dos adversários. O citado autor menciona ainda que, os motivos mais elevados para o canibalismo entre os povos primitivos têm uma origem semelhante, Incorporando partes do corpo de uma pessoa pelo ato de comer, adquire-se ao mesmo tempo as qualidades por ela possuídas, por exemplo: “A crença de que existe uma ligação mágica entre um ferimento e a arma que causou este ferimento pode ser percebida e inalterada, através de milhares de anos” (FREUD, 1996. P. 62). É nas neuroses obsessivas que sobrevivem à onipotência de pensamentos, e as consequências desse modo primitivo de pensar aproximam-se da consciência, são estados mnêmicos. Poderíamos citar como exemplo a ausência de culpa de alguns adolescentes infratores (homicidas), presidiários ou o (serial killer).
             Outro ponto importante a ser observado, são os objetos sagrados (tabus) que trazem sobre o pescoço (treço católico), as pichações encontradas nas instituições de internamento educacional[15] ou Casa de Passagens, trazem cruzes estilizadas, são expressões psíquicas expendidas nas paredes, são símbolos de martírio e ou proteção, é o retorno inconsciente ao “pai”. A cruz é um instrumento de tortura e execução, formado de dois toros de madeira transversais que servia para pregar criminosos no século VIII antes de Cristo, este mesmo instrumento é utilizado como símbolo do Cristianismo, entidade protetora (Totem). Segundo Freud (1996. P. 18) as restrições do tabu são distintas das proibições religiosas ou morais. Não se baseiam em nenhuma ordem divina, mas pode-se dizer que se impõem por sua própria conta
             Este símbolo ancestral ou entidade protetora é tatuado no corpo dos adolescentes /jovens, às vezes é marca registrada de um determinado grupo ou tribo, e encontrasse pichado nas celas das instituições de internamentos educacionais (privação de liberdade). A cruz pichada nestas instituições de privação de liberdade é símbolo de um grupo musical, “Racionais”, é um grupo musical que fala de fome, preconceito racial, pobreza, droga, perseguição policial, tráfico, morte e privação de liberdade.
             A crença nos espíritos e a sobrevivência da alma vêm dos povos primitivos, perpetuando-se até os dias de hoje. Um dos pontos observados nos estudos desenvolvidos nas oficinas de L.A[16] mostrou que, se o símbolo da cruz (tabu), o tabu abrange apenas o caráter sagrado (ou impuro) de pessoas ou coisas e se for violado traz como consequência grave, isto é, um suposto castigo divino que pode cair sobre o culpado ou sobre o grupo.  Contudo, estes adolescentes não têm consciência sobre a morte ou sobre a onipotência dos seus atos, porém, a expectativa de vida destes adolescentes /jovens é de 18 anos. A consciência do pouco tempo de vida é real, por meio de pigmentos sobre a pele, muitos escreve nos braços a seguinte frase: vida looka.   
             A ancestralidade sagrada também pode ser um estado inconsciente ao retorno familiar, é uma sequência de memória, uma concentração de energia inconsciente (catexia). Este estado de retorno ancestral é percebido nas tatuagens que levam o nome das mães ou das namoradas, é uma forma de sentir-se protegido. A figura materna é bastante respeitada pelos socioeducandos, quando não existe a afigura mãe, existe a avó materna, a arte de gravar na pele por pigmentos coloridos, são ícones indeléveis que simbolizam efígie ou signos gráficos, e estes símbolos sagrados bem como a ancestralidade ou entidades protetoras (tabus) estão presentes no consciente destes jovens.
             Por outro lado, um sentimento só não é fonte de energia se for expressão de uma necessidade intensa, não existe uma necessidade mais intensa quanto à proteção de um pai (Deus). As efígies expendidas nas celas das instituições educacionais “privação de liberdade”, ou pigmentadas na pele dos socioeducandos, representam símbolos ancestrais. Segundo Freud (1996. P.81); “A origem da atitude religiosa pode ser remontada, em linhas muito claras, chegando até ao sentimento de desamparo infantil.”

AS AÇÕES DIANTE DA MORTE

             Segundo Schwartz e Peroca (2002. P.35) na tradição barroca nenhum evento parecia tão perfeito para um artista que a morte de um alto funcionário da corte. A morte é um símbolo da passagem e da afirmação mística na força divina. O aparato suntuoso e a cerimônia da religião, hoje no Século XXI ou no Século XVI, mostram os impactos destes elementos, e estes impactos foram revelados na literatura barroca.
             As narrativas históricas destes adolescentes mostram ações virtuosas com relação à morte, igualmente à narrativa da busca de sinais de salvação do Século XVI na Europa, depois no Século XVIII no Brasil. As ações nos atos de sobrevivência destes adolescentes ou de seus feitos, são valores da sua existência terrena, precisão ser demonstrados e confirmados pelos seus adversários ou “chegados[17]. São atos derradeiros, são confrontos com a polícia ou com seus adversários. A final de contas um homem é lembrado pelos seus feitos e conquistas, porém, para que isto aconteça alguém, tem que registrar. Boff (1999. P.131) menciona que, “a morte anula certos arranjos, possibilitando outros e criando transformações que abrem novas chances para a vida.”

O APARATO FÚNEBRE

                               Quando são mortos em confrontos com a polícia, seus chegados participam do funeral com suas armas e o descrevem como um amigo verdadeiro e como uma pessoa temente a Deus. Dados históricos sobre os aparatos fúnebres no século XVIII no Brasil esclarecem que, “parte importante nestes atos é a presença da artilharia de tempos em tempos.” (SCHWARTZ e PEROCA, 2002. P. 59)
                               Na descrição que Schwartz e Peroca trazem da procissão do aparato fúnebre de D. Afonso Furtado[18] revela o translado do corpo com as seguintes pompas: “uma imagem de Cristo amortalhado à frente do esquife, preside a procissão o cabido e a cruz levantada.” (SCHWARTZ e PEROCA, 2002. P.59)
             As satisfações substutivas que são oferecidas pelas artes, são emoções em contraste com a realidade destes adolescentes e estão presentes em pinturas grafitadas (grafito)[19] nos muros e paredes dos grandes centros urbanos. Por outro lado, as substâncias tóxicas trazem as mesmas satisfações substutivas das artes, influenciam e altera o comportamento do indivíduo, modificando as cadeias moleculares, endorfina. A endorfina é uma proteína de peso molecular de grande poder analgésico que estão presentes em estado natural no cérebro.
             O propósito da vida é o principio do prazer; Freud (1996. P.84) traz que, “o que chamamos de felicidade no sentido mais restrito, provem da satisfação de necessidades repassadas em alto grau.” O mesmo autor menciona o artista plástico Goethe: “nada é mais difícil de suportar que uma sucessão de dias belos.” Vincent Van Gogh (2008. P.213) escrevendo ao seu irmão Théo, aos 4 de maio de 1888 menciona: “Esta noite eu vi em sonhos paisagens com céus todos cor-de-rosa.”
Freud (1996. P.87) observa que, o sentimento de felicidade formado pela satisfação de instintos perversos e a atração pelas coisas proibidas, encontram impulso não domado pelo ego. Contudo, a economia psíquica consiste em reorientar os objetivos instintivos do mundo externo. E os instintos humanos são naturais ao homem, simbolizando tudo que deseja compreender para assim controlar seus impulsos. O citado autor chama de denominação psíquica como preparo para a dominação física. Segundo ele, a libido segue os caminhos da necessidade narcísica, ligando-se aos objetivos que asseguram as satisfações. A mãe satisfaz a fome da criança tornando-se seu primeiro objeto amoroso, por outro lado ela se torna sua primeira proteção contra os perigos do mundo externo. As mortes para estes adolescentes, e os objetos sagrados, revelam seus impulsos de reação contra uma sociedade segregada pelo preconceito e a exclusão dos seus, bem como a negação instintiva desde seu nascimento, revelam também as satisfações e os instintos mais perversos.

A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO EPISTÊMICO

             Lajonquière (2007. P.67) descreve alguns estudos desenvolvidos por Piaget sobre equilibração majorante, são eles: assimilação de objetos e deslocamento de objetos. À assimilação de objetos, são a aceitação e a acomodação do sujeito as particularidades a este objeto. Essa acomodação possibilita três processos de equilibração, estes processos são fundamentais para a conservação do sistema cognitivo. A segunda é quando o sujeito compreende o deslocamento do objeto, é a chamada coordenação e movimento. Estes dois conjuntos iram formar o sistema cognitivo, estes estudos confirmam o processo de aprendizagem estrutural, este é subordinado ao desenvolvimento espontâneo. Portanto, o equilíbrio cognitivo depende do desenvolvimento emocional da primeira infância e da segunda.
             A negação instintiva desenvolvida na primeiríssima infância (mãe má) irá desencadear perturbações ao sistema cognitivo, seriam eles: desequilíbrios e resistências aos objetos externos, causando obstáculos à assimilação.  Porém, é importante destacar que, a inteligência é auto-reguladora, “toda regulação que culmina numa compensação implica em si mesma, uma verdadeira construção” (LAJONQUIÈRE. 2007. P. 73). Isto nos mostra que a criança alcança sucesso à medida que consegue reparar seus erros em acertos. Estas construções derivam dos processos das experiências vivenciadas pelas crianças. E faz parte do desenvolvimento espontâneo (natureza), e está atrelado aos mecanismos de equilibração (coordenação e movimento). Porém, segundo Ballone e Moura (WWW.psiqueweb.med.br) O cérebro humano possui sistemas de regulação naturais que controlam as emoções negativas, e alterações nesses sistemas parecem aumentar dramaticamente o risco de comportamento impulsivo violento. O mesmo autor traz que: “Pesquisas são baseadas fortemente nas imagens funcionais cerebrais em pessoas violentas ou predispostas à violência, estas preenchem os critérios para diagnóstico de Transtorno Explosivo de personalidade.” E deve influenciar o desenvolvimento do Transtorno de Comportamento (conduta) são eles: comportamentos familiares, exclusão sócio-econômica, má distribuição de renda e vulnerabilidade sócio-familiar. (BALLONE, GJ. MOURA, EC. WWW.psiqueweb.med.br, 2008. p. 26).
             Contudo, as aprendizagens intelectuais trazem consequências benéficas, modificando o desenvolvimento cognitivo. E as representações semióticas exercem uma influência no desenvolvimento cognitivo, uma delas é a absorção da linguagem grupal. Segundo a psicanálise a linguagem é um conjunto de conotações que fazem parte do corpo social. Este se desenvolve segundo o elemento cultural de cada grupo, estes elementos compõem à língua e são chamados de signos.
              A imagem acústica da linguagem é representada pelos traços psíquicos, o signo é entendido com duas faces, o significante e o significado. O significante corresponde à imagem acústica da fala, e o significado o conceito desta imagem (LAJONQUIÈRE. 2007. P. 238). Bock (1999. P. 261) afirma que, a criança vai aos poucos deixando de imitar comportamentos adultos para apropriar-se dos modelos e valores transmitidos pela escola e o seu grupo social. O conceito de significante e significado nas culturas sociais representa elementos segregativo imaginários. Segundo Lajonquière (2007. P. 240) o real não divide o significado, mas, irá recortar o real, isto é, o significante articula uma lei real. Um exemplo observado pelo citado autor é que, existem sobre duas portas de banheiros com os seguintes signos; masculino e feminino. Segundo estudos desenvolvidos pela psicanálise cada significante passa a formar uma cadeia virtual, os nomes escritos sobre cada significante formam uma cadeia imaginaria, isto é, uma preeminente remissão entre os significantes. Os dependentes químicos ficam com o processo cognitivo comprometido, este comprometimento é irreversível, acarretando, uma baixa auto-estima, e desmotivando o indivíduo droga - dito. A motivação é uma tendência diretiva que se processa no interior do organismo. “As motivações variam desde os impulsos ou necessidades fisiológicas, até os sistemas de idéias altamente organizados.” (DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA. 2003). Diante destas observações consta-se que, a representação semiótica[20] do dependente químico fica totalmente comprometida, isto é, a substância psicoativa afeta o sistema límbico.

             Os socioeducandos que têm um nível escolar mais elevado (ensino médio), mesmo que sejam incompletos, na maioria das vezes os delitos é agressão (lesão corporal), o seu envolvimento com a mediada de L. A, é satisfatória. Na maioria das vezes estes não estão envolvidos com o uso de substâncias psicoativas. Porém, vale ressaltar que, o estado de desenvolvimento emocional destes socioeducandos é abalado. Dados estatísticos do NAMSE apontam que, 32% convivem com pais e outros parentes, 3% possuem união estável, 37% só com as mães e outros parentes, 14% com outros parentes sem os pais e 1% institucionalizados (Casas de Passagens). As situações processuais dos adolescentes em conflito com a Lei segundo os dados já citados são: 60% primário, 25% reincidente, 15% progressão. E os atos infracionais são: 9% furto, 30% roubo (grave ameaça e violência, mão armada), 12% porte ilegal de armas, 7% tráfico de entorpecentes ou porte de armas[21], 4% a tentado à vida (homicídio), 9% lesão corporal, não informado 29%. Escolaridade: 1% não alfabetizado, 34% estão no ensino fundamental até o 5º, 59% estão no ensino fundamental até o 9º ano, 3% estão no ensino médio incompleto e 3% não informou.


CONCLUSÃO


             É importante resgatar as composições artísticas destes adolescentes /jovens, estás obras vêm construir e restaurar os instrumentos e os seus objetos de amor e ódio. Nestas restaurações psíquicas e individuais encontram-se características inconscientes e autônomas da negação instintiva desenvolvida na primeiríssima infância (mãe má). Segundo Freud (1996. P.130) o objetivo primário do artista é libertar-se, e através da comunicação de sua obra a outras pessoas que sofram dos mesmos desejos sofreados, oferecerem-lhes a mesma libertação.  As oficinas de artes visuais desenvolvida no NAMSE possibilitam aos adolescentes, resgatar-se socialmente através das artes visuais e dos movimentos culturais, estes vivenciam suas frustrações tanto nos rabiscos quanto nas visitas externas fora do Núcleo. E ao experienciar o estetismo delirante de um mundo vivido, vem compor linhas e cores que se aproximam do mundo onírico, resgatando e ao mesmo tempo despendendo um mundo inconsciente. O citado autor menciona que, a arte constitui um meio-caminho entre uma realidade que frustra os desejos, e o mundo de desejos realizados da imaginação (FREUD, 1996. P.131).  
             O surrealismo lançado em 1924, pelo escritor Francês André Breton caracteriza uma expressão espontânea ditado pelo inconsciente, resgatando assim, todos os valores sociais. E as obras compostas pelos adolescentes em oficinas de L.A[22] impregnam toda uma revolta e carência emocional, contrapondo a violenta forma de sobrevivência. Elas refletem desejos estéticos de uma comunicação frente uma linguagem, respondendo assim, a morte diária pela sobrevivência. Segundo Almeida (2002. P. 11) a estética surge como fruto da cultura desabrochando quando liberta a finalidade mágico-religiosa (ancestralidade), ligada a exuberância da vida, na releitura de mundo.    Estes, respondem inconscientemente como um homem primitivo, cultivando suas armas e glorias. E em suas composições artísticas observa-se uma atividade destinada ao apaziguamento dos desejos não gratificados. Estas obras vêm objetivar o conhecimento singular, ligando-se à realidade estética delirante e inconsciente destes adolescentes, a neurose e a psicose urbana.


































                                                                REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Ângela Maria. Encantaria da pedra: o espaço estético no Sertão e na obra de Flávio Freitas. – Natal, RN: NAC-UFRN, 2002.

BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. Projeto para o desenvolvimento de ações voltadas a arte-educação no âmbito NAMSE: a pedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização/ Manoel Esperidião do Rêgo Barros Neto. – Natal (RN): Ed. do Autor, 2010.

BALLONE, GJ; MOURA, EC. Cérebro e violência. Revisado em 2008. (WWW.psiqueweb.med.br)

DADOS ESTATISTICOS DO SERVIÇO SOCIAL DO NÚCLEO DE ATIVIDADES PARA MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS EM MEIO ABERTO – NAMSE. 2011.

DICIONÁRIO PRÁTICO DE PEDAGOGIA/ Tânia Dias Queiros, (organizadora). 1. Ed. – São Paulo: Rideel, 2003.

FREUD, Sigmund. Obras psicológicas complementares de Sigmund Freud; edição standard brasileira/ traduzido do Alemão e do Inglês. Rio de janeiro: Imago, 1996. TOTEM UND TABU. [‘Alguns Pontos de Concordância entre a Vida Mental dos Selvagens e dos Neuróticos’]

LAJONQUIÈRE, Leandro de. De Piaget a Freud: para repensar as aprendizagens. A (psico) pedagogia entre o conhecimento e o saber. 14. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
             
LEAHY, Robert L. Terapia cognitiva contemporânea: teoria, pesquisa e pratica. Porto Alegre: Artmed, 2010.

SCHLICHTA, Consuelo A. B. D. Apreciação e o fazer artístico no Ensino Fundamental II. Curitiba, PR: Editora Módulo, 2009.

As excelências do governador: o panegírico fúnebre a d. Afonso Furtado, de Juan Lopes Sierra (Bahia, 1676) / organização Stuart B. Schwartz e Alcir Péroca – São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

VAN GOGH, Vincent. Cartas a Théo; tradução de Pierre Ruprecht – 2 ed. Porto Alegre: L&PM, 2008.



[1]- Artista plástico, discente dos 6º período de Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú e do 2º ano do Curso de Teoria e Prática Psicanalítica pela Associação Psicanalítica do Brasil; Arte educador do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto - NAMSE, do Departamento de Proteção Especial – DEPADE da Secretaria de Trabalho e Assistência Social – SEMTAS - Prefeitura do Natal/RN.
            [2] CAUSA MORTE: ferimento penetrante com arma de fogo, atingindo: crânio e tórax causando hemorragia interna. (RELATÓRIO DE GESTÃO-Ano 2009. P. 17). Segundo IBGE (ESTATÍSTICA DO REGISTRO CIVIL 2008. P. 35) os registros de óbitos violentos de jovens de 15 a 24 anos de idade do sexo masculino aponta que, o Estado do Rio Grande do Norte traz um índice de 72,2%, São Paulo 77,0%, Rio de Janeiro 72,0%, Pernambuco 68,0%.
O NAMSE é um núcleo da Secretaria de Trabalho e Assistência social, que viabiliza as atividades para o cumprimento das medidas socioeducativas em meio, Liberdade Assistida – L.A e Prestação de Serviço à Comunidade – PSC, prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, LEI Nº 8.069/90.
     [3] Filmes apresentados em oficinas: A voz do coração; Falcão meninos do tráfico; A gangue está em campo; Crash no limite; Escritores da liberdade; Quase deuses; Justiça, documentário sobre adolescentes infratores; A procura da felicidade; Ônibus 174 documentário; Aos treze anos.
 [4] Este artigo é uma continuação da; A PEDAGOGIA E O PROCESSO COGNITIVO ATRAVÉS DA ARTE: Criação, uma linguagem de socialização (BARROS NETO, 2010. P.1).                                 
[5] Os dados estatísticos do Registro Civil do IBGE/2009 sobre fecundidade no Rio Grande do Norte são: 1% possui menos de 15 anos, 17,4% possui de 15 a 19 anos. Isto mostra que, o nível de fecundidade tardio foi substituído pela fecundidade jovem (menos de 20 anos).
[6]  O livro do Registro Civil do IBGE/2009 destaca: Maranhão 84,2%; Piauí 80,7%; Alagoas 79,0% e Rio Grande do Norte 75,7%.
[7] Dados estatísticos do Núcleo de Atividades para Medidas Socioeducativas em Meio Aberto – NAMSE, 2011.
[8] Caracterizado pelo sentimento de perseguição.
[9] Serial Killer – assassinos (as) em séries. LONGMAN. Dicionário Escolar. Inglês-Português. 2ª edição. 2008.
[10] FILME: Helter Skelter. Versão do diretor (2005). Escrito e dirigido por John Gray.
[11] Oficinas de Liberdade Assistida, no NAMSE, turma: 01/2011.
[12]BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo. A pedagogia e o processo cognitivo através da arte: criação, uma linguagem de socialização./Manoel Esperidião do Rêgo Barros – Natal/RN: Ed. do Autor, 2010. 30 f. Il. – CDD 707 CDU 7:37

[13] Composições desenvolvidas em oficinas de Liberdade Assistida em Meio Aberto – NAMSE 2011. Mediado por BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo, artista plástico e arte-educador do NAMSE.
[14] Projeto desenvolvido pelo o autor deste artigo nas Escolas Municipais da Cidade do Natal Francisca Ferreira, Francisco Varela, e no Colégio e Curso PH3 em Parnamirim – RN, em 2007 e2008. Pesquisas realizadas pelos alunos do Colégio PH3 resultaram nas releituras de obras dos seguintes artistas; Anita Malfate, Picasso, Tarcila do Amaral e uma obra do Professor orientador.
[15] Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente – CIAD (internação provisória, 45 dias), CEDUC/PITIMBÚ, internação de 6 meses a 3 anos, Casa de Passagens (Proteção Especial)
[16] Liberdade Assistida em Meio Aberto desenvolvida no NAMSE.
[17] Termos utilizados pelos adolescentes envolvidos com atos infracionais.
[18] Governador da província, Bahia de todos os Santos em 1671, assassinado por Juan Lopes Sierra em 1676.
[19] GRAFITE – rabisco ou desenhos, feitos com aerossol de tinta nas paredes, muros de uma cidade. ETIMOLOGIA: GRAFITO.
[20] Para Roland Barthes são todos os sistemas de comunicação vigente na sociedade – Estudo das significações. (Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa)
[21] Em muitos casos o socioeducando é condenado pelo roubo e não pelo tráfico de substâncias entorpecentes.
[22] Liberdade Assistida em meio Aberto (L.A)

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

DIFICULDADE NA APREENDIZAGEM ESCOLAR

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA   DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM ESCOLAR, (pp. 78 a 109). GOLBERT, Clarissa Seligman; MOOJEN, Sônia Pallaoro. Dificuldade na Aprendizagem Escolar. In: SUKIENNIK, Paulo Beréi (Org.). O aluno problema: transtornos emocionais de crianças e adolescentes. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996. Pp. 79 a 109.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo As dificuldades de aprendizagens são comuns durante todo o processo do compartilhamento do conhecimento, existem aprendentes que por diferentes razões seja: o nível de complexidade de conteúdos e/ou metodologia não consegue acompanhar a troca da informação dialogal em sala de aula. Tais dificuldades têm sido objeto de estudo a partir de inúmeras perspectivas ordenando elementos conceituais diversos, o conceito de problemas na aprendizagem e/ou atrasos é extenso e quase incompreensível. Martín e Marchesi [1] menci

Psicomotricidade e grafismo

BOSCAINI, Franco. Psicomotricidade e grafismo: da grafo motricidade à escrita. 1998 - Instituto Italiano Di cultura. Rio de Janeiro – Sete Letras.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo                   Segundo o autor todos os trabalhos sobre atividades gráficas, oferecem resultados parciais. E em referência apenas as produções gráficas, pode-se notar que a maior parte das produções artísticas recebem orientações psicanalíticas do desenho e da escrita. Poucos autores abordam a problemática da gestualidade, do traço, da motricidade e da estética. Contudo, os estudos sucessivos se orientam mais tarde sobre a expressividade considerando a ligação entre grafismo, gestualidade e movimento. O citado autor observa que a atividade gráfica é um meio de comunicação que se origina do corpo expressando-se através da escrita e do desenho. EXPRESSÕES HUMANAS             O homem é por natureza um ser comunicante e para esta comunicação ele utiliza-se de uma vasta gama de linguage

FATORES DE INTEGRAÇÃO E DESINTEGRAÇÃO DA VIDA FAMILIAR - ( WINNICOTT, 2005. pp. 59 a 72 - Capitulo VI)

WINNICOTT, Donald W. Fatores de integração e desintegração na vida familiar . 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.                                                               BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo               O presente estudo analisa as bases familiares num contexto de integração e desintegração durante a vida familiar numa perspectiva cultural/vivencial. “O modelo pelo qual organizamos nossas famílias demonstra na prática o que é a nossa cultura, assim como uma imagem do rosto é suficiente para retratar o indivíduo [1] ”. As sessões psicanalíticas com famílias europeias no pós-guerra levaram Winnicott a estudar a natureza humana, essa natureza é vista por ele como organismos vivos e complexos, cuja existência social/cultural leva os indivíduos a tendências naturais, e segundo ele, as frustrações acarretam sofrimento.              Quando trata sobre emigrações ou transferências de indivíduos para outro Estado e/ou País examina a ação e a neces