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OS MIL E UM FORMATOS DOS CARACTERES


DEHAENE, Stanista. Os mil e um formatos dos caracteres. Porto Alegre: Penso, 2012. 

BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo 

            O processo da leitura começa na retina dos olhos, aonde se vem projetar os fótons reenviados pelo citado processo. Cabe ressaltar que este captor está longe de ser perfeito, ao mesmo tempo ele não é homogêneo. É importante destacar que só a região central da retina, chamada de fóvea, é rica em células fotorreceptoras de alta resolução. 
            Porém, o translado dissertativo vem tratar das atividades de leitura, pois, não é uma tarefa simples, este processo exige do cérebro uma ampla variedade de atividades, no qual, muitas não são especificas da leitura. As atividades envolve algo peculiar, ou seja, linguísticos-lexical aos símbolos gráficos visualizados pelos sujeitos. Mas, o que é ler? 
            Ler é saber identificar todas as palavras, sejam elas em letras de imprensa, maiúscula, minúscula, manuscrita, em todos os tamanhos ou fontes. Ao ler reconhecemos e atribuímos e a atribuímos um significado aos símbolos gráficos. Para poder reconhecer algum estímulo, seja um objeto ou uma palavra, devemos possuir a imagem mental, pois, uma representação interna deve confirmar a identidade da imagem. Trata-se de localizar o que não varia – a sequência das letras, ou seja, a invariância perceptiva da imagem. 
PROBLEMA DA INVARIÂNCIA PERCEPTIVA
            A identificação seria facilitada se as palavras fossem sempre escritas na mesma fonte, com o mesmo tamanho e no mesmo local. Pois, o reconhecimento das palavras é bem mais complexo, na medida em que dezenas de imagens gráficas diferentes podem corresponder a uma mesma palavra.       É necessário percebermos, para o reconhecimento de uma palavra é preciso atingir o reconhecimento invariante dos símbolos gráficos, apesar da grande variedade de formas de superfície que as palavras podem assumir.
RECONHECIMENTO INVARIANTE
            Cabe ressaltar que o tamanho das letras pode variar ao fator cinquenta sem que nossa leitura seja afetada. Segundo o autor estas variações não são piores que aquelas a que somos submetidos quando reconhecemos um rosto a cinquenta centímetros ou a vinte e cinco metros de distância – nosso sistema visual resiste sem esforço a vastas mudanças de escala. Ou seja, o sistema visual compensa automaticamente as variações enormes de talhe ou de fonte dos caracteres, permitindo o acesso abstrato da palavra seja qual for à representação gráfica. 
            Contudo, quando o anel da letra modifica o traço e/ou a escrita modifica toda uma cadeia de tratamento da palavra, acarretando erro na pronuncia e no significado; Ex: levo e leve.
POSIÇÃO DAS LETRAS
            Uma vez que nosso olhar se desloca durante a leitura o centro da retina aterrissa ligeiramente à esquerda do centro da palavra, porém, ela não pousa sempre no mesmo local. Cabe ressaltar que o sistema visual dispõe de mecanismos que compensam simultaneamente as mudanças de tamanho das letras e da posição das palavras. 
            No curso da aprendizagem da leitura, deve-se aprender não somente que as letras representam os fonemas da língua, mas que existem múltiplos formatos gráficos sem ligação especial entre elas. Ao mesmo tempo deve-se observar neste aprendizado que existe uma estrutura mental que é denominada de léxico interno, ou seja, experiência subjetiva de compreensão de letras e palavras em relação ao objeto sugerido pela palavra, ou seja, ativação mental. Esse conhecimento abstrato resulta na existência de detectores de letras, isto é, de neurônios capazes de recuperar a identidade das letras por detrás das formas de superfície diferentes.  
A AMPLIAÇÃO DAS PEQUENAS DIFERENÇAS
            O sistema visual é sensível à diferença minúscula entre as palavras “bela e bala”, amplificando-a de etapa em etapa a fim de acessar ao final da cadeia, ou seja, sons e sentidos radicalmente diferentes. Ao mesmo tempo, não presta muita atenção a diferenças muito maiores como as que se encontram em palavras como “bela e BELA”.
            As organizações visuais das áreas visuais inicialmente muito próximas como “bela e bala” são progressivamente selecionadas, separadas e religadas a significações diferentes. Formas como “bela e BELA”, são compostas por traços visuais inteiramente diferentes, ou seja, são representadas por neurônios distintos, na área visual primaria, mas são em seguida progressivamente recodificadas para os níveis seguintes.
Ex: detectores reconhecerão a similaridades entre “x e X”, outros de letras mais abstratas serão capazes de classificar as formas “e e E”.
PARTE PERTINENTE DE UMA PALAVRA – MORFEMA (prefixo sufixo e infixo)
            O conjunto da palavra “desvestir”, é encontrado um prefixo “des”, um sufixo ou desinência de modo-temporal “r”, uma vogal temática da 3ª conjugação “i” que enquadram e modificam o elemento central no seio da palavra, o radical “vest”, estes elementos se chamam morfemas. São as unidades menores dotadas de significados que as palavras contêm, ou seja, as reuniões dos morfemas determinam o significado da palavra.
Ex: a palavra “florzinha” é pronunciada mais rapidamente “flor”. Pois, a presença da palavra ‘florzinha” parece pré-ativar o morfema “flor” facilitando seu reconhecimento ulterior – efeito gatilho; p. 37.

           

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