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DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL E AFETIVO


WALLON, Henri. Psicologia e educação da infância. Editorial estampa LTDA, 1975.  

                                                       BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo 

Ao estudar o desenvolvimento social da criança Wallon examina questões minuciosas sobre o afetivo e o emocional. Nesta obra investiga com detalhe o emocional por diversos ângulos, inclusive as questões cerebrais, ao mesmo tempo investiga a evolução social da humanidade e as influências psicossociais numa perspectiva psicológica, sociológica e filosófica. Citando Pavlov e Monarkow (1975. p. 14) observa o centro coordenadores das emoções conectadas à região subemisférica do cérebro humano, no qual, o córtex cerebral é um instrumento de analise do sistema nervoso central. Segundo ele as influências emocionais biológicas vêm associar-se aos fatores educacionais e desenvolvimentais cognitivos. Em sua pesquisa passa a referenciar diversos estudiosos ligados aos campos de conhecimentos como: psicologia, sociologia, filosofia e medicina. Formado em filosofia e medicina passa a pesquisar sobre psicologia do desenvolvimento com uma postura interacionista, teve sua primeira publicação em 1909 - “Delírio de perseguição – delírio crônico na base da interpretação”. Wallon além de ser pesquisador era político, seu ideário Marxista direcionou sua pesquisa cientifica no campo da psicologia social do desenvolvimento.
E ao tratar sobre o papel do outro na consciência do EU, examina questões da psicanalise, da psiquiatria e da psicologia construtivista e social. Desta forma procura desenvolver sua pesquisa sobre as influências intelectuais com diversos estudiosos da área como Piaget, Vygotsky, Freud, Bleuler e outros. Ao citar os estudos de Piaget sobre o desenvolvimento da inteligência observa as relações de reciprocidade, principalmente nos estudos de crianças autistas passando para o egocentrismo. Citando os estudos de Bleuler sobre esquizofrenia e autismo, examina que o autista é absorto por si mesmo, este sujeito é completamente alheio ao mundo exterior como os esquizofrênicos. Eugen Bleuler foi um psiquiatra Suíço ele contribui com o entendimento da esquizofrenia, utilizando o termo autista em 1908 para descrever um paciente esquizofrênico que se retira em seu próprio mundo. Já o egocêntrico impede que o sujeito se interesse pelo outro. “Ele é a razão de ser dos acontecimentos”. Para estes sujeitos os seres e as coisas são complementares a sua pessoa, pois, os acontecimentos e os objetos existem por causa dele. Neste artigo ele cita a socialização eu outro. Contudo, para Wallon todo sujeito traz dentro de si o fantasma do outro, pois as variações intensificadas pelo fantasma social regulam as relações. É necessário examinar que como médico ele cita que as influências sobre os pensamentos, atos e sentimento estendem-se aos órgãos do corpo humano. Citando Hughlings Jakson trás: “a doença não cria nada, subtrai ao controle das funções dirigentes aquelas que deveriam estar normalmente subordinadas a ele”. (WALLON, 1975. p. 161). Hughlings Jakson neurologista britânico propunha uma base anatômica e fisiológica organizada hierarquicamente para a localização das funções cerebrais, tais estudos influenciaram as teorias freudianas. Diante dos dados apresentados pelos pesquisadores e por ele consultados, o equilíbrio normal desintegra o desequilíbrio, essa desintegração psíquica faz atuar elementos significativos por sua própria conta...    
Mais a frente quando examina os meios, os grupos e a psicogênese da criança menciona que as sociedades somam ao ambiente intenção técnica e/ou cultural. Segundo ele meios e grupos são consciências conexas que podem coincidir, mas são distintas. “O meio não é outra coisa senão o conjunto mais ou menos duradouro das circunstâncias onde se desenrolam existências individuais” (1975. p. 165). Pois, o meio possibilita condições físicas e naturais, ao mesmo tempo são transformadores pelas técnicas, costumes e usos dos grupos. Ao passo que o espaço não é o único e não é o fator de grande importância na determinação do meio, pois a meios funcionais que podem coincidir ou não com os ambientes. Diante desta observação ele utiliza como exemplos meios profissionais, escolares e familiares. Para ele a escola é um meio funcional e um meio local, por conseguinte, é um meio onde se constituem diversos grupos com tendências variáveis, estes podem estar ou não em discordâncias. “Certos meios, como a família, são ao mesmo tempo grupos, pois, sua existência baseia-se na reunião de indivíduos tendo entre si relações que notificam cada um o seu papel ou o seu lugar dentro do conjunto” (1975. p. 167). A família é um modelo de grupo variado, é a representação de todas as relações. E sua ação sobre a criança é o resultado de sua estrutura em face de carências, paternal e maternal. Segundo ele a carência paternal diante da rivalidade com a mãe reivindica pelos meios mais diversos e arbitrários de dominação, já a carência maternal leva a perturbações mais graves. Quando examina essa estrutura familiar menciona que para alguns psicólogos e educadores a condição de filho único não assegura à criança condições normais de desenvolvimento psíquico. Pois, crianças que têm irmãos mais velhos ou mais novos fazem aprendizagens de relações muito mais variadas. Diante dos seus estudos ele observa que os grupos não podem ser definidos no abstrato, nem em sua essência reduzida ou em sua estrutura explicada por esquemas universais, todos os grupos têm objetivos determinados e sua composição depende dos seus objetivos. “O grupo é indispensável à criança não só para a sua aprendizagem social, mas também para o desenvolvimento da sua personalidade e para a consciência que pode tomar dela” (1975. p. 174). Porém, o grupo pode colocar-se entre duas exigências opostas, por um lado exigindo à filiação em seu conjunto, e por outro, a não integração do sujeito ao grupo, leva-o a qualidade de não pertencimento do grupo, ou seja, a exclusão por diversas razões ideológicas ou linguísticas. O lugar e méritos que o grupo oferece exigem aos participantes tarefas e normas que impõem sua pertença ao grupo, todas as obrigações regulam sua ação e controle sobre o outro como um espelho, a imagem exterior do grupo é imposta com exigências que reduzem o sujeito à espontaneidade e subjetividade individual.  É através dos grupos que a criança toma consciência de si como sujeito e como objeto, isto ocorre porque o grupo a solicitou constantemente a classificar-se entre si e entre os outros, pois, o sujeito se assemelha e/ou diferencia-se da imagem própria grupal.

 

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