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SIGNIFICAÇÕES DO SILÊNCIO - CRÔNICAS DO EU


Data: 17/09/2013 – silenciosos anos de vida

            Hoje com cinquenta e um anos de existência, minhas buscas mentais ou imagens materializadas sobre a vida completam-se com mais clareza. Percebo que não me sinto velho, em épocas passadas estas ocasiões me levariam a ser velho.  
Contudo, percebo que ao longo dos anos fui deslocando-me silenciosamente em espaços temporais, espaços que me fizeram amadurece. Ainda assim, para madurar é necessário passar da dependência materna, relação “eu outro”, a liberdade social, “eu isso”.
Se você comentar a alguém que você existe nesta idade temporal vão lhe dizer que você já viveu bastante, deve ter uma boa condição econômica/social. Mas, se pensarmos que a mente é atemporal, você vai perceber que houve apenas uma travessia da abstração maturacional, ou seja, o isolamento de um estado de coisas relativamente complexas. Vivemos numa sociedade silenciosamente castradora, uma sociedade que determina a neurose da beleza sobre o poder Capital. Nossa sociedade traz atitudes éticas (social/religiosa) que preenchem todas as funções irracionalmente especificas, determinando preceitos que levam os indivíduos a morte inconsciente.
            Devo mencionar também que todo o ano neste fatídico dia (meu aniversário), silenciava-me para refletir sobre o meu papel social/familiar. Busco compreender alguns pontos sobre meu comportamento, minha personalidade, meus verdadeiros amigos e principalmente minha existência em sociedade. E sempre chegava a uma conclusão, é neste dia que as pessoas lembram-se ou não da sua existência, no entanto tal lembrança deva-se a sua posição social, seu caráter de seduzir ou ser sociável.
Nisto, você morre e renasce socialmente, renascer é ser lembrada, essa analogia com ser e existir leva-nos a perceber-nos diante do todo. Renascer é uma passagem dolorosa tanto para o bebê quanto para a mãe, se buscarmos o ser fetal vamos perceber que o desenvolvimento fetal é maturado, e doloroso para ambas as existências. Dessa maneira, completar anos de vida passa ser um processo doloroso inconscientemente (primeira infância), por outro lado pode ser prazeroso se isto foi bem direcionado durante a infância. Se examinarmos o ser social descobre se é ou não recordado por outros. Para mim revelações são sempre solitárias, é um processo dolorosamente silencioso!
            Este processo de dor é mais sentido no momento do desmembramento entre criador e criatura, mãe e filho, representa o desligamento objetal de ambas às partes. É neste momento que se revelam a transmutação da morte fetal (o nascimento).
Ainda assim, antes do choro vem o silêncio guardião do nada fazendo garantir apenas o ao-menos, só depois vem o choro o clamor, a queixa da morte fetal, dando espaço à dolorosa vida terrena.
A divisão biológica entre mãe e filho não termina no instante do nascimento nem muito menos com o desenvolvimento social, mas no fim da existência humana.
Recorrendo aos estudos psicanalíticos percebo que estes processos, nascimento e morte com outros olhos, em minha análise trabalhar essa conflitiva relação edipiana, foi difícil, e confesso que ainda não foi resolvida.
            Mas, este dia 17 de setembro, foram iguais há todos outros, Lacan cita que é na ausência do tempo que se sonha com a eternidade. Deslocamos o tempo silenciosamente pela falta da travessia do espaço ocupado dentro de mim. Espaço que muitas vezes procuramos ocupar por falta de outros espaços. Tal ocupação torna-se um processo inconsciente, existe entre a morte silenciosa durante o nascimento, e a vida terrena social. É neste instante que se percebem a existência da lembrança, é no agora que você passa a ter certeza do outro.  
Hoje percebo que não tenho amigos, e todos que me rodeiam são importantes para minha existência, contribuíram para meu discernimento solitário.
            Hoje vivo com prudência, busco sabedoria, tentando compreender o outro e/ou instantes e momentos de vida, arrisco perceber a distância entre o espaço e o tempo nos afazeres do dia-dia.

Agora percebo o espaço que se descortina entre minha pessoa e os outros, procuro simultaneidade do meu tempo em relação ao outro. E assim, passo a aprender que o tempo suprime igualmente todo o firmamento. Estes espaços são consciente/inconscientes, desse modo estes movimentos existem no interior de cada um. É ao longo da vida uma busca eterna, essa eternidade reside na lembrança dos atos, ações e emoções. Um beijo a todos, obrigado por momentos eternos!

Comentários

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