DATA:
26/07/13 – LEMBRANÇAS ENCOBRIDORAS
Existem momentos de nossas vidas que
somos levados à interiorização, como minha reflexão no texto anterior. Posso
mencionar que somos levados a estados mentais que nos leva a um sentimento de isolamento,
quando não estamos para ninguém.
Mas, só hoje pude perceber minha
inquietação que se propaga por alguns dias. Para ser sincero nem o “ao-menos”
me despertava ao exterior.
Retornei ao silêncio guardião dos
desejos reprimidos e neste instante derradeiro fui levado a controlar meus
impulsos para tentar transcrever este sentimento de dor profunda.
Ao refletindo sobre este estado
mental conflitivo descobri a necessidade de implosão do eu, no qual, o “ideal
do eu” sucumbiu à totalidade. Estava tentando esquecer ou não conseguia me
lembrar de alguns fatos passados. Este sentimento negativo de impossibilidade une-se
aos sentimentos atuais de incapacidade.
Para explicar melhor este
sentimento posso dizer que o “eu atual” luta com o “eu que recordava”, ou seja,
o “ideal do eu”. Sentimentos incômodos levam-me de volta ao livro, aos estudos psicanalíticos.
Fui buscar minhas duvidas com estudos freudianos sobre “lembranças encobridoras”.
Os estudos conduzem-me a percepção das
lembranças encobridoras, estas são apoiadas entre a precisão da lembrança e o
lado anódino[1].
Contudo, é importante destacar que os estudos freudianos trazem um caráter
inofensivo da lembrança pelo efeito do deslocamento. Mas, ao mesmo tempo trás
pouco esclarecimento sobre a precisão de tais lembranças e percebo que estas
lembranças saem na proporção do esforço das memórias.
Minhas lembranças sobre fatos
reprimidos na minha vida infanto-juvenil trouxe-me a realidade atual. Ou seja, o
encontro do “eu atual” foca sobre a necessidade do outro.
Ontem fui levado a relembrar alguns
fatos vivenciais reprimidos na juventude. Fui abduzido as noites e as
madrugadas no Porto do Recife antigo, levando comida, cobertores e muitas vezes
deslocando-nos a hospitais e necrotérios. Nossa, convivíamos com moradores de
rua, sujeitos excluídos da significação social, negado pelo simples ao-menos.
Neste período preparava-me para
entrar na Ordem Religiosa dos Padres Oblatas, uma Ordem recém-chegada ao
Brasil. No qual, meu desejo de ser Padre causou transtorno em minha casa!
Curioso como tais lembranças são esfumaçadas
ou encoberta pelo cotidiano contemporâneo. Devo citar que muitas lembranças
deixam um distanciamento entre o “eu que age” e o “eu que recorda”. Deixa
transparecer a divisão entre os dois “eus”, neste momento nasce o conflito
interior.
As experiências passadas suscitaram
elementos importantes de minha vida, uma lembrança substituída por outros
contextos. Contextos atuais denominam a coerção do desejo passado. Isto é, a
experiência recalcada pode estar relacionada a relações anteriores, relações
não compreendidas conscientemente por minha mãe. Este sentimento pode ser uma
totalidade negativa para o conteúdo da lembrança, são imagens reprimidas na
adolescência que se deslocam do inconsciente para o desejo, o “eu”.
Porém, tais imagens não podem ser
uma repetição exata da impressão original, são traços mnêmicos[2]. Estes
traços seriam uma reprodução visual da memória atual, são imagens oníricas ligadas
à psicopatologia da vida cotidiana que une-se a necessidade do desejo negado
neste período. Posso afirmar que tais imagens ligam-se as escolhas atuais, ou
seja, nada existe por mero acaso!
Segundo Freud toda interligação
psíquica transformasse numa intensificação do seu conteúdo representativo. Assim,
as lembranças encobridoras é o testemunho do recalque, do desejo que permanece
em pensamento mesmo que inadaptável. Ou seja, estas interligações se faz desejo
buscando satisfação persistente em estados presentes. São estados consciente/inconscientes,
necessitam apenas serem trabalhados e compreendidos.
Nossa, que viagem!
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