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SIGNIFICAÇÕES DO SILÊNCIO


DATA: 01/09/2013 – o sonho
              Hoje passados voltam ao consciente, às imagens reproduzidas às memórias são confusas. Mas, foi no silêncio desta reflexão que pude sentir saudades da juventude controlada e reprimida pela tradição religiosa conservada por meu pai.
              E retrocedendo ao passado percebo momentos frustrados, desejos reprimidos pela imposição do superego social. Ainda assim, passo a examinar que todas as frustrações e desejos reprimidos ao longo de cinquenta anos retornam deixando-me confuso.
              Educado por uma família católica e conservadora com tais ritos, os desejos meus e dos meus irmãos foram suprimidos pela necessidade transferencial da ideia de um Deus punidor. Meus relacionamentos foram controlados por minha mãe, onde ela gostava ou não das moças que eu me relacionaria, chegando a interferir e reprimir meus desejos libidinais.
              Hoje em estados oníricos vivi um momento de confraternização, era um almoço familiar em casa de amigas, na época era comum aos amigos compartilharem suas famílias, lá estavam duas pessoas que foram importantes em minha maturação relacional. O mais curioso é que existiam duas famílias em uma, ou seja, as irmãs de uma eram parte da família da outra, confuso.  
Porém, observando mais atentamente lembrei-me que uma tinha sido minha namorada, a outra era namorada do meu melhor amigo. Neste ambiente estávamos todos inclusive meu outro amigo com sua outra namorada. Está que era irmã da minha, estávamos os cinco além de outras pessoas. Mas, a presença de Ana só quem percebia era eu.
Os estados oníricos revelam momentos vivenciais e desejos não reais, são delírios de desejos não vividos. Às vezes são imagens confusas e intrigantes, outras vezes não conseguimos lembrar-se de algumas imagens. 
            Ana era uma pessoa que eu admirava, sua inteligência e sua simplicidade chamavam a minha atenção. Uma pessoa reprimida sentia que lhe faltava algo, eu só não sabia o que. Meu desejo por ela resumia-se em explorar sua inteligência, meus olhos degustavam-na por inteiro.  
Não cansava de admira-la, desejava tocar seus cabelos e beijar seus lábios, sentir gosto de sua língua, e tocar seus seios.
E no memento deste delírio lembrei-me do filme que assistirá certa vez, “O leitor”. Neste filme o adolescente ler livros para uma jovem mais velha, os dois têm um relacionamento carnal, o filme tele transportou-me a momentos não vividos e desejados.
            Devo explicar que o sonho passava-se na casa das irmãs da minha namorada. Silze uma jovem estudante de jornalismo, hoje percebe que eu não sentia desejo por ela apenas admirava sua inteligência.  
Uma moça reprimida, muito educada e bonita, no entanto Ana tomava todo meu espaço imaginário, era sublime.
Hoje compreendo que o medo da perda impedia e a não revelação de tão sublimes desejos impediram certos caminhar de minha trajetória. Silze, não era muito bem aceita em minha casa, e mamãe não gostava dela, acho que por este motivo preferi ficar com ela.
            O meu conhecimento psicanalítico trás certas compreensões de momentos reprimidos armazenados no inconsciente, tento significar silêncios sentidos e momentos não vividos fisicamente.
As cargas pulsional reprimidas e armazenadas a ponto de explodir pesam em meu corpo, e sinto às vezes que meu problema cardíaco foi acentuado pelas pulsões consciente/inconscientes ao longo dos cinquenta anos.
Estes são os primeiros estados oníricos revelados por mim nestes escritos, sinto-me bem em registrar tamanha dor reprimida ao longo de toda uma vida.
            Em meu sonho lembro-me apenas do sorriso de Ana, dos seus cabelos negros e cacheados, seus olhos negros e perdidos.  

Sabe devo mencionar que eu passaria uma noite inteira conversando com Ana. E hoje acordei com seu sorriso, saudade dos olhos negros! Acho que este sentimento adolescente não revelado deixou-me incompleto, saudades de você Ana Maria!

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