Pular para o conteúdo principal

SIGNIFICAÇÕES DO SILÊNCIO


DATA: 27/07/2013 - a prática pedagógica e as ações transferenciais do amor
              Ontem estávamos na Universidade estudando sobre bases para avaliações psicopedagógicos; como de costume passei a observar todos os comportamentos, inclusive o meu! Falávamos sobre a prática pedagógica cientifica e a metodologia não dialogal que resulta na exclusão inconsciente que resulta na ideia do castigo.
              Neste diálogo encontrei relatos sobre as várias práticas docentes, ao mesmo tempo organizávamos outras práticas pedagógicas com os mediadores em discussão.
Dentre tantas práticas observaram-se aquelas que os permitem perceber a metodologia em sala de aula ou o diálogo cientifico pedagógico; nossa capacidade de exclusão, por fim o nosso preconceito construído nas relações sociais e familiares.
Durante os estudos indagaram-se também o quadro estabelecido pela investidura familiar, ou seja, as fantasias parentais dos quais fomos concebidos. Normas paternalistas e machistas, castigo.
De maneira que este tema levou-me a perceber mais uma vez a morte suplício ou morte inconsciente. Segundo Foucault (2010) o castigo deve possibilitar ao sujeito o encontro da desvantagem sobre a ideia do delito. Para ser mais claro o delito deve despertar o sinal punitivo sobre o castigo. Mas, é necessário destacar que o castigo é a arte do combate das energias pulsionais e/ou arte das imagens que se instauram nas diferenças quantitativas entre as forças em questão e a relação do poder.     
              Assim, diante de todas as observações estabelecidas percebe-se que não existem uns conjuntos de fatos sem causa que determinem os acontecimentos. Voltolini (2011) cita que nossas escolhas ou decisões acontecem por motivações inconscientes, são reflexos vivenciais impostas pelo nosso grupo social.
De modo que muitas vezes o estilo adotado pelo docente sofre influência de vários outros docentes e até mesmo da relação social/familiar. Este comportamento são ações transferências, segundo Freud (1996) estas ações são decisivas na construção dos saberes, no qual os aprendentes escolhem suas profissões em função do mestre ou da necessidade emocional dos pais. Ressalto ainda que o mestre influencia negativo ou positivamente os aprendentes ao longo de sua jornada acadêmica.
Freud (1996) cita Goethe em seu artigo: “Totem e tabu”, e indaga que para fixar mentalmente qualquer informação de outro, devemos permitir o acesso a está informação, desta forma o conhecimento é ativo na memória de trabalho. Ou melhor, os dados só serão memorados se houver um fator desejante, caso contrário ela é descartada.
O fato é que transferimos aos aprendentes e filhos nossas fantasias e frustrações parentais, transferimos dores inconscientes diante do princípio do prazer. Quando desejamos um filho médico, desejamos inconscientemente uma especialização frustrada.
Muitos profissionais falam em amor, mas o que é este sentimento?
              Dissertar sobre este tema é colocar um limite diante da palavra, conduzindo-a sobre trilhos, permitindo e/ou restringindo a própria palavra. Isto é, colocamos um paradoxo sobre a imagem linguística.
Falar de, ou sobre o amor numa perspectiva psicanalítica é trazer o mero prazer, a inquietação da procura, a busca Mitológica de Afrodite, a deusa da beleza e/ou a cultura do prazer sobre o amor cortês em Eros.
Diante do exame filosófico-psicanalítica, o sujeito demanda suas intensões na duvida ou nos objetos de desejos acolhido sobre o consciente/inconscientes. Pois, é através das nossas inquietações que se busca o gozo unido à ambiguidade (obscuridade de sentido) no delineamento da compreensão. Busca-se o prazer supremo entre: o desejo do saber acadêmico/social e o “ideal do eu”.
Na verdade somos narcisistas por natureza, muitas vezes não conseguimos compreender o amor narcísico entre mãe e filho ou ensinante e aprendente, o que chamamos de amor.
Foi estudando sobre o imaginário materno que pude perceber o “amor narcisista” entre a mãe boa e a mãe má, a relação “doentia e inconsciente” entre mãe/filho.  O amor que mata, mortifica inconscientemente o sujeito.
Sublinho que a mãe revela seu desejo inconsciente sobre o objeto fálico do filho. Deste modo, as relações maternas despertam dependências inconscientes entre ela e a criança, tornando-se objeto do amor encarnado no imaginário da criança. Ou seja, essa relação dual torna a criança o centro de gravidade e da constituição do desejo materno e psicopatológico, complexo de Édipo.
Durante anos percebi pais que provocam as ações inconsequentes dos filhos não lhes permitindo limites, tudo é engraçado e belo. Diante disto pergunto: o que é limite?
Limite é permitir tudo ou é determinar universos com significações, devo mencionar que todo universo social é determinado pela família e pelas escolhas grupais. Este é um sentido do desenvolvimento simbólico do amor entre mãe e filho, pois, o objeto amado confunde-se com a criança idealizada ou permissiva. Neste momento a criança passa a ocupar os meus desejos reprimidos, desta forma, o objeto amado é a imagem fundamental dos desejos não vividos por mim quando criança!

Mais uma vez pude dissertar sobre temas que me confundiam em observações comportamentais dos ensinantes, espero ter levado compreensão sobre o tema abordado por mim. Um abraço e até breve. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Psicomotricidade e grafismo

BOSCAINI, Franco. Psicomotricidade e grafismo: da grafo motricidade à escrita. 1998 - Instituto Italiano Di cultura. Rio de Janeiro – Sete Letras.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo                   Segundo o autor todos os trabalhos sobre atividades gráficas, oferecem resultados parciais. E em referência apenas as produções gráficas, pode-se notar que a maior parte das produções artísticas recebem orientações psicanalíticas do desenho e da escrita. Poucos autores abordam a problemática da gestualidade, do traço, da motricidade e da estética. Contudo, os estudos sucessivos se orientam mais tarde sobre a expressividade considerando a ligação entre grafismo, gestualidade e movimento. O citado autor observa que a atividade gráfica é um meio de comunicação que se origina do corpo expressando-se através da escrita e do desenho. EXPRESSÕES HUMANAS             O homem é por natureza um ser comunicante e para esta comunicação ele utiliza-se de uma vasta gama de linguage

DIFICULDADE NA APREENDIZAGEM ESCOLAR

UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ - UVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA   DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM ESCOLAR, (pp. 78 a 109). GOLBERT, Clarissa Seligman; MOOJEN, Sônia Pallaoro. Dificuldade na Aprendizagem Escolar. In: SUKIENNIK, Paulo Beréi (Org.). O aluno problema: transtornos emocionais de crianças e adolescentes. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1996. Pp. 79 a 109.   BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo As dificuldades de aprendizagens são comuns durante todo o processo do compartilhamento do conhecimento, existem aprendentes que por diferentes razões seja: o nível de complexidade de conteúdos e/ou metodologia não consegue acompanhar a troca da informação dialogal em sala de aula. Tais dificuldades têm sido objeto de estudo a partir de inúmeras perspectivas ordenando elementos conceituais diversos, o conceito de problemas na aprendizagem e/ou atrasos é extenso e quase incompreensível. Martín e Marchesi [1] menci

FATORES DE INTEGRAÇÃO E DESINTEGRAÇÃO DA VIDA FAMILIAR - ( WINNICOTT, 2005. pp. 59 a 72 - Capitulo VI)

WINNICOTT, Donald W. Fatores de integração e desintegração na vida familiar . 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.                                                               BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo               O presente estudo analisa as bases familiares num contexto de integração e desintegração durante a vida familiar numa perspectiva cultural/vivencial. “O modelo pelo qual organizamos nossas famílias demonstra na prática o que é a nossa cultura, assim como uma imagem do rosto é suficiente para retratar o indivíduo [1] ”. As sessões psicanalíticas com famílias europeias no pós-guerra levaram Winnicott a estudar a natureza humana, essa natureza é vista por ele como organismos vivos e complexos, cuja existência social/cultural leva os indivíduos a tendências naturais, e segundo ele, as frustrações acarretam sofrimento.              Quando trata sobre emigrações ou transferências de indivíduos para outro Estado e/ou País examina a ação e a neces