BARROS NETO[1],
Manoel E. do R.
INTRODUÇÃO
O orientador educacional é um dos profissionais da equipe de
gestão, atua diretamente com aprendentes e ensinantes.
É importante mencionar que este espaço é reservado a um
Pedagogo ou ao Docente Licenciado em qualquer Disciplina, mas com
Especialização em Orientação Educacional.
É necessário perguntar: existe diferença entre a função de
Coordenador Pedagógico e Orientador Educacional?
Tais diferenças perceber-se-ão no decorrer deste estudo, mas
deve-se perceber que são funções diferenciadas. Uma lida com normas trabalha
diretamente com a Direção Educacional, a outra lida com fatores pedagógicos
científicos, lida diretamente com aprendentes e ensinantes.
DIFERENÇAS E APLICAÇÕES PROFISSIONAIS
O Coordenador Pedagógico atua junto a Direção Escolar, é
um profissional atento às transformações e as atitudes comportamentais de todos
os que fazem a Instituição. Sua função exige que ele tenha uma percepção
minuciosa sobre o comportamento emocional do outro, percebe e analisa vivencias.
Cabe
ressaltar que este Profissional é um dos responsáveis pelo “Capital
Intelectual” da Organização Corporativa Educacional.
Como agente
transformador da prática pedagógica comportamental, o coordenador precisa ser
um sujeito aberto às transformações contínuas, a estados emocionais metabólicos
adolescentes. É um profissional atento às ações comportamentais, atento aos
jogos linguísticos que dificultam o andamento comportamental da Instituição de
Ensino. Seus estudos vão além das teorias da Gestão Educacional, assim como o
Orientador Educacional é primordial o conhecimento das teorias Filosóficas,
sociológicas e psicológicas.
Seu papel
também é de escuta, ele deve perceber o outro e sua leitura de mundo vai
possibilitar a percepção de todos os encalços que dificultam a interação do
aprendente com mundo que o cerca.
E o mais
importante o Coordenador Pedagógico não deve ser um sujeito preconceituoso. “O
desrespeito à leitura de mundo do educando revela o gosto elitista, por tanto
antidemocrático, do educador que, desta forma, não escuta o educando, com ele
não fala” (FREIRE. 1996. p. 123).
Diante de
tais contextualizações é importante perceber que as Filosofias Linguísticas, a
Psicologia Histórico-cultural e a Psicanalise complementam analises sobre o
desenvolvimento humano.
E os
estados metabólicos adolescentes comandam áreas geográficas da Instituição de
Ensino e Aprendizagem, é responsável pelo desenvolvimento emocional e cognitivo
do aprendente. E o coordenador Pedagógico deve ter conhecimentos consideráveis
e bastante atuais sobre as teorias Científicas que comandam práticas
pedagógicas.
Em muitas
Instituições na maioria das vezes o Profissional que ocupa esta área é um Psicólogo,
é importante destacar que a Psicologia é ampla, mas esta área de trabalho tem
como responsável o Pedagogo.
A
Pedagogia é uma Ciência completa, sua área de atuação é abrangente. É uma Ciência educativa única. E diante da
globalização trata sobre questões diversas, seja Empresarial, Educacional ou
Social. Seus métodos e princípios reúnem em seu campo de estudo um conjunto de
teorias filosóficas, psicológicas, antropológicas e sociológicas.
No campo
Educacional a Pedagogia direciona todos os preceitos científicos que orientam
as atividades e práticas educativas dentro e fora de sala de aula, tornando o
saber atencional, mais eficiente.
O
Coordenador Pedagógico lida com estados emocionais de toda a Instituição de
Ensino. É a partir das considerações reflexivas e do feedback dos demais atores
Educacionais.
O Orientador
Educacional trabalha diretamente com aprendentes, ajudando-os em seu
desenvolvimento pessoal, cognitivo, emocional e motivacional. É responsável direto
pelo comportamento Educacional (estados emocionais e cognitivos) é o elo entre
a comunidade Educacional e a família.
Sua área de atuação não é restrita apenas aos espaços escolares.
No entanto, não se pode confundir o Orientador Educacional com o profissional
que dá “reforço escolar”.
Este Profissional trabalha em parceria com o corpo Docente é
responsável pela atuação didática do Ensinante dentro e fora de sala de aula. É
responsável por todas as atividades pedagógicas internas ou em aula de campo,
responsável também pelo acompanhamento e planejamento do corpo Docente.
Para
Vigotsky[2] a
criança é ativa e interativa, é necessário pensar que o processo sócio
histórico é um psicológico. E segundo a Psicologia Histórico-cultural o
psiquismo humano nasce da construção social, é um resultado das relações
humanas.
Deve-se
pensar que as relações sociais são estabelecidas pelas produções culturais em
que o sujeito está inserido. Existindo assim uma “mediação” entre, o
sujeito/emocional e a sociedade - comportamento. Para Vigotsky (2007) o termo
“mediação” nasce da relação estabelecida entre dois objetos de conhecimento: o
sujeito e a cultura, ou seja, nasce da estimulação ambiental.
A
interação entre: sujeito e cultura se dão pelo processo da hipótese do conflito
sócio cognitivo, incluindo a história do pensamento do sujeito diante da
cultura e da sociedade.
Echeita e
Martín[3]
mencionam que a atividade do aprendente é condicionada pela atividade do
ensinante, dele depende o tipo de organização da sala de aula, interação ou
falta. E muitos comportamentos por parte do ensinante interferem no processo
transicional de conhecimento. Estas transições de instabilidades emocionais
possibilitam diferentes mecanismos cognitivo-comportamentais.
Junto aos Coordenadores Pedagógicos o Orientador Educacional
atua com todo o processo normativo Institucional, ressalta-se: como o
Coordenador Pedagógico o Orientador Educacional também é um dos responsáveis
pelo “Capital Intelectual”.
Em sua práxis a escuta é primordial para compreender o
desenvolvimento cognitivo, comportamental e emocional dos sujeitos aprendentes.
É um profissional que deve estar sempre pronto para ouvir, famílias, ensinantes
e aprendentes.
Responsável pelo bom andamento educacional “Capital
Intelectual”, o Orientador Educacional deve estar atento às práticas
pedagógicas de toda Corporação Educativa (vivência de mundo).
O ensinante volta-se para o processo de ensino e aprendizagem
na especificidade de sua área de conhecimento. O Orientador Educacional não segue Curriculum, seu
compromisso é com o “Capital Intelectual”.
Este atual modelo de produção intelectual tem como
palavra-chave: flexibilidade e bom
senso. Por isto
o Orientador Educacional deve ser um sujeito capaz de resolver problemas, ter
domínio dos conhecimentos científicos pedagógicos e ter habilidades como: comportamento cooperativo, participativo e
bom senso.
Freire
(1996) menciona que o meu bom senso me adverte de que há algo a ser
compreendido no comportamento silencioso de um determinado aprendente, há algo
de assustador nas ações e jogos linguísticos dos aprendentes. “O meu bom senso
não me diz o que é, mas deixa claro que há algo que precisa ser sabido”
(FREIRE. 1996. P. 63).
O Orientador Educacional é responsável pelas atitudes
comportamentais, emoções e compreensões cognitivas. É responsável por
sentimentos de autoestima, deve estar sempre discutindo e analisando ações
comportamentais, é parte importante na Gestão Corporativa, tanto em Empresas
quanto na Educação.
ÁREA DE ATUAÇÃO
O orientador educacional deve acompanhar o
desenvolvimento cognitivo/emocional do aprendente em todos os ângulos: a saúde
cognitiva, escolar e relacional (o afetivo/social, organização grupal,
influência, vivência e percepção de mundo), Orienta até na construção de perfis
na internet (rede sociais), Orienta também sobre a saúde mental familiar e a
saúde corporal do aprendente.
É responsável pelo desenvolvimento dos aprendentes
em todos os aspectos. Ao mesmo tempo ajuda a realizar e organizar propostas
pedagógicas, ou seja, acompanha o desempenho pedagógico científico dos
ensinantes, ouve, dialoga e orienta.
Seu trabalho deve ser
sempre orientado por anamnese (registros pessoais dos aprendentes e suas
famílias). Nestes registros se percebem todas as necessidades familiares,
vivenciais emocionais, vivência de mundo, e vivencias acadêmicas.
O trabalho do
Orientador Educacional inclui o acompanhamento Pedagógico Científico, fatores
emocional/cognitivos tanto de aprendentes, quanto dos ensinantes. Ou seja, acompanhamento
diário das práxis educativas. Segundo Freire (1996) ensinar exige saber
escutar, quem escuta pacientemente e criticamente o outro, dialoga, escutar é
aprender. “O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu
discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele” (FREIRE. 1996. p.
113).
PRÁXIS
EDUCATIVAS DO ORIENTADOR EDUCACIONAL
ORIENTAÇÃO
FAMILIAR
·
Contribuir
para integração entre escola X família;
·
Orientar
os pais sobre o direito a educação e a importância do envolvimento nas tarefas
do aprendente – ECA – Art. 53 – Parágrafo Único;
·
Realizar
ou despertar nos pais experiências e/ou atitudes concretas em relação aos
estudos dos filhos;
·
Identificar
possíveis influências sócio-familiares-emocionais que possam estar prejudicando
o desempenho do aprendente, maus tratos – ECA – Art. 56;
·
Identificar
fatores relacional/grupais - Palestras informativas sobre visão de mundo;
ACOMPANHAMENTO ESCOLAR
·
Desenvolver
ações integradoras junto ao Corpo Docente e a Coordenação pedagógica, visando
bons rendimentos pedagógicos científicos dentro e fora de sala de aula, visando
sempre à melhoria do rendimento escolar – ECA – Art. 206, 209 – TÍTULO IV: Art.
12;
·
Atender
os aprendentes analisando, rendimento escolar, fatores comportamentais (relacional/social),
ações linguísticas (atos de fala) e o seu desenvolvimento responsável frente
aos estudos;
·
Identificar
aprendentes que apresentem comportamentos de inadaptação, estados emocionais
que levam aos problemas de aprendizagens e/ou dificuldades escolares.
·
Ter
conhecimento sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei: 8069/90.
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL – GRUPO OPERATIVO
·
Despertar
ou perceber os interesses dos aprendentes sobre a valorização profissional, a
realização pessoal e social;
·
Buscar
interesses profissionais – testes vocacionais - eliminando fatores
influenciáveis que possam atrapalhar seu desempenho e estimulo;
·
Provocar
necessidade sobre escolha profissional.
ORIENTAÇÃO A SAÚDE MENTAL E FÍSICA DOS
APRENDENTES
·
Concorrer
junto à família e a escola sobre o desenvolvimento físico (estimulação a
exercícios físicos[4]), emocional e o lazer;
·
Despertar
na família compreensões de valores e implicações de responsabilidades em
relação ao afetivo-emocional, sexual, profissional e acadêmica;
·
Atender
os aprendentes nas áreas emocionais sempre dentro dos valores escolares e
familiares, Grupos Operativos - estímulo;
·
Identificar
nas famílias (anamnese) expectativas e necessidades de fala (o silêncio do não
dito), informações sobre o aprendente, atender conflitos emocionais
comportamentais.
REFERÊNCIAS
ESTATUTO
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA. LEI Nº 8.069 de 13 de janeiro de 1990.
Brasília – 2007.
FREIRE,
Paulo. Ensinar exige bom senso. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Pp. 6 a 66.
_______,
Ensinar exige escuta. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Pp. 113 a 125.
[1] Barros
Neto, Manoel E. do Rêgo. Pedagogo, Especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional com Orientação Psicanalítica (com publicação na área), Membro do
Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Empreendedor: Ápice Treinamento
e Formação Continuada e Professor Universitário do Instituto Mendes de Ensino
Superior – IMES.
[2] VIGOTSKY, Lev Semenovich. O
instrumento e o símbolo no desenvolvimento da criança. 7ª ed. são Paulo:
Martins Fontes, pp. 3 a 21. 2007.
[3] ECHEITA, Gerardo; MARTÍN, Elena;
apud COLL. Interação social e aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
Pp. 36 a 53.
[4] A
estimulação física por exercícios tanto desenvolve estimulando: o cognitivo, o
comportamental e a saúde corporal. Nota do autor.
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