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SUPERVISÃO PSICOPEDAGÓGICA




NOME DA ORIENTANDA: K. A. da S. 
          
PROCEDIMENTO: Supervisão Psicopedagógica

DIA(S) E HORÁRIO(S):

ORIENTADOR: Barros Neto

O CASO: 

A criança tem sete anos de idade, estuda numa escola privada, reside com os avós maternos, motivo os pais não querem saber da criança.

QUEIXA: 

Mudança de comportamento, dificuldade de aprendizagem e regressão. 

MOTIVO: ausência dos pais.

CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DE IMAGENS PROJETIVAS – RELAÇÕES SÓCIO- EMOCIONAIS – O CASO LETÍCIA.

“A presença ativa dos pais no processo de aprendizagem comprovadamente aumenta o rendimento, reduz a evasão, a delinquência, gestações indesejadas, [...]” ESTANISLAU, Gustavo M.

          O presente estudo visa analisar traços de desenhos projetivos numa perspectiva sócio/emocional inconsciente/consciente.
Tais traços ou representações foram desenvolvidos num atendimento Clínico Psicopedagógico. A queixa trazida pelos avós e a escola diz respeito sobre a mudança de comportamento, dificuldade de aprendizagem e regressão.
            De acordo com Vigotsky (2014) as crianças desenham de memória e retratam muitas vezes sentimentos e desejos. Ou seja, desenha o que sabe, sobre coisas e características importantes. Contudo, para Vigotsky (2014) a criança não desenha o que vê, representa imagens que formam coisas. Ou seja, não existe um padrão objetal que a direcione como modelo. Para ele (2014) o resultado das imagens projetivas dos 6 aos 10 anos denomina-se de “Desenho em raio X”.
            Se examinarmos o processo do desenvolvimento linguístico, verifica-se que a linguagem é uma reprodução de imagens mentais. É a materialização e/ou projeção de imagens e sentimentos. Assim, quando a criança está desenhando pensa no objeto de sua imaginação e desejo.
            Ao mesmo tempo passa a refletir sentimentos conscientes e inconscientes, desejos reprimidos, sentimentos negativos, negação instintiva entre outros.

“Na sua descrição verbal ela não está limitada estritamente à continuidade temporal ou espacial do seu objeto e pode assim, dentro dos limites de referência do objeto, considerar algumas partes isoladas ou, então, omiti-las [...]” (VIGOTSKY. 2014. p. 99).

Neste Artigo sobre: “O desenho na infância”, Vigotsky (2014) menciona sobre quatro estágios de desenhos durante o desenvolvimento infantil. Ao passo que o presente estudo Clínico de representação projetiva inconsciente utilizou-se o Segundo Estágio observado por Vigotsky (2014). Ou seja, a representação do desenho em “Raios-X”.
Apesar da riqueza esquemática de projeção, o desenho da criança trás traços de representação mista. Esquema de reprodução formal e esquemas puros. É necessário mencionar que o esquema puro segundo Vigotsky (2014) vai dos três aos cinco anos de idade. Por outro lado vemos uma tentativa de representação realística à imagem do objeto.
Cabe ressaltar que a exposição projetiva de representação realística trás a imagem da família: tios na casa de número 12, avós na casa de número 13, pai e mãe na casa de número 14. No entanto, o que mais chama a atenção da terapeuta é que a criança esqueceu-se de se desenhar. Logo após se registra em outra projeção: “casa de número 15”, neste momento a terapeuta pergunta-lhe:
 - Todos moram em casas separadas? A analisanda responde.
 - Sim tia eu sou só!
Diante de tal realidade examina-se que a criança passa a projetar a imagem do objeto de sua solidão, rejeição e negação.Sentindo-se abandonada projeta sua ansiedade, seus medos e desejos inconscientes. Desta maneira as figuras representadas em projeções trazem traços esquemáticos. No entanto, as configurações são denominadas pelas representações formais dos objetos. Dão-nos contornos e planos das imagens, refletem o real e o verdadeiro aspecto próprio do objeto sócio emocional.
Quando a terapeuta pede-lhe para representar a casa onde mora menciona que a casa é dos pais. Por outro lado examina-se que a casa projetada pela criança é dos avós maternos, e seu discurso narrativo representa-se como desejos inconscientes. Assim, analisando as expressões linguísticas e as imagens inconscientes, percebe-se que tanto as imagens, quanto as expressões nascem da carência sócia emocional e do abandono.

OBSERVAÇÕES
            A criança revela um sinal de identificação com a terapeuta numa das imagens representativas (desenho). É necessário que ela não se deixe envolver com tal representação materna;
Menciona também durante as sessões sobre pensamentos loucos, é necessário buscar tais pensamentos;
Acompanhar a criança na escola, trabalhar concentração, autoestima e valorização pessoal; 
Buscar influências sócio/emocionais relevantes como o apoio dos pais ou avós durante o processo de aprendizagem e ao mesmo tempo buscar o apoio da escola;
Provocar o retorno e a convivência dos pais com a criança, inclusive acionar o Conselho Tutelar;
Lembrar que nenhum elogio é mais poderoso para a motivação que o contato do aprendente com o sucesso. Proporcionar atividades com níveis gradativos de dificuldades, possibilitando a aprendente demonstrar seus dons.

CONCLUSÃO
Diante da realidade projetada pela criança examina-se que foi rejeitada pelos pais. É necessário examinar o silêncio da rejeição e a relação sócia-familiar. É importante buscar os fatores desejantes e provocar o retorno do convívio com pais.
Há de se convir que as condições atuais familiares e socioculturais exponham a criança a situações contrárias ao processo de desenvolvimento emocional e cognitivo saudável. Pois, tais rejeições estão afetando o desenvolvimento cognitivo da criança expondo-a a situações de risco.





REFERÊNCIAS

VIGOTSKY, L. S. O desenho na infância. Tradução João Pedro Fróis; revisão técnica e da tradução Solange Affeche. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2014.
ESTANISLAU, Gustavo M.; BRESSAN, Rodrigo Affonseca. Aprendizagem Sócia emocional na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2014. 


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