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A INTERPRETAÇÃO CÉREBRAL E A COMPREENSÃO DA LEITURA E ESCRITA


                                            BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo

            Os resultados descritos pelos pressupostos bibliográficos nós mostram que, nossos sentimentos sobre o que vemos depende da nossa interpretação cerebral sobre as nossas vivências de mundo. Ou seja, das percepções intelectuais, culturais e mentais.
        As interpretações orgânicas comportamentais dependem das relações psicossociais (compreensão do "eu" e do "não-eu") e psicobiológico. Isto quer dizer que nossos sentimentos dependem exclusivamente das nossas interpretações emocionais, das nossas vivências interpretativas visuais e relacionais.
          A função dos olhos é colher informação visual e transformar em impulsos de energias nervosas e direcionar ao cérebro.
       É preciso ressaltar que o cérebro necessita de um tempo no momento em que olhamos alguma coisa, e o momento em que vemos. Por tanto, não vemos tudo o que esta diante dos nossos olhos. 
     Nosso cérebro toma decisões a partir da nossa informação visual. Na realidade o que vemos são interpretações dos impulsos nervosos.
     Ao passo que, o cérebro pode cometer engano, isto quer dizer que podemos ver algo que não está diante dos nossos olhos. É pertinente mencionar que na maioria das vezes, olhamos sob uma orientação cerebral, e o cérebro pode cometer enganos. Observemos um exemplo desta informação visual: “2IO LION STREET, você estará vendo um número 210, e duas palavras, Lion street”. O autor menciona que a informação visual é a mesma, e você deve ter visto números e letras. Isto quer dizer que, a quantidade de informação depende das quantidades de alternativas que o cérebro tem para escolher. Assim, podemos concluir que o cérebro precisa de tempo para encontrar sentido na informação visual, isto é, ele vai organizar as informações de acordo com o conhecimento prévio dos sujeitos. Este conhecimento pode contribui para a celeridade da informação processada. Smith (1999. p. 172) menciona outro exercício de informação visual:
                        “J L H Y L P A J M R W K H M Y O E Z S X P E S L M”
            A experiência consiste em procurar limitar a percepção visual, olhar de relance para a imagem da linha de letras. A grande questão é; quantas letras podem ser vistas numa simples olhada? A resposta segundo o autor é que só conseguimos perceber de quatro a cinco letras. Segundo Smith (1999) a limitação não está na familiaridade com o alfabeto ou com a experiência de leitura, e sim no tempo em que o cérebro leva para tomar decisões. Segundo o citado autor quando o cérebro começa a trabalhar os olhos se fecham (mesmo que permaneçam abertos). Ele menciona que, quando olhamos fixamente e demoradamente para o objeto de conhecimento, é porque não estamos entendendo o que está sendo observado. Já a rapidez na leitura depende da velocidade em que o cérebro consegue lidar com as informações, e assim encontrar sentido. Outro bom exemplo sobre a percepção visual é o código de letras fornecidas pelos bancos, são apenas cinco letras e ou números.
            Devemos observar que as construções gramaticais no momento da leitura são limitadas pelo sentido da mensagem a ser enviada. Desse modo, cada palavra deve conter informação visual para ser distinguida entre cem mil alternativas. O que é fato, é que, o conhecimento prévio sobre o assunto tratado pelo texto pode possibilitar a compreensão da leitura, e ao mesmo tempo a compreensão do que foi escrito pelo autor. Quando lemos um texto devemos interpretar as seguintes questões: a que público e área o texto se refere, qual é o objetivo do assunto tratado e quem é o autor. É necessário percebermos também que muitos aprendizes não sabem desenvolver uma interpretação textual, e ao mesmo tempo o texto escolhido impossibilita a compreensão na hora da leitura.  Smith (1999) vem chamar esse mistério de visão túnel, este fenômeno é a falta de conhecimento sobre determinados assuntos ou a falta de conhecimento sobre alguns termos técnico referenciado pelo autor do texto lido.
            Devemos considerar que o processo de leitura e escrita (aprendizagem com um todo) exige uma ampla coordenação de várias atividades orgânicas. Fernández (1990) cita que a aprendizagem é uma inter-relação (conflito) entre, o exterior e a si mesmo, é um processo dialético. É uma construção de quatro níveis, orgânico, corporal, intelectual e semiótica, este processo é simultâneo entre o aprendente e o ensinante.
Quando escrevemos as palavras devem conter informações visuais, elas vêm designar o som e a linguagem da palavra falada. Essa ação nada simples de leitura e escrita são atribuídas a um significado – Linguístico- lexical, isto é, vai simbolizar um recorte biossocial. Estes significados devem ser analisados durante as oficinas pedagógicas para assim percebermos se existe coerência entre o conhecimento mediado pelo ensinante e o conhecimento vivencial do aprendiz. Isto é, devemos analisar: qual é o objeto que vai possibilitar essa aprendizagem – quem aprende – como se aprende e por fim o ambiente no qual se aprende. É necessário entendermos que esses fatores interagem entre si, são mediadores da aprendizagem.  
            E as etiologias do baixo rendimento escolar, das evasões e dos conflitos socioescolar devem ser avaliadas criticamente a partir de diferentes vertentes, o psicobiológico e o psicossocial. Há de se considerar que as Instituições de Ensino não preparam leitores e nem pesquisadores. E a formação de leitores deve ser sequenciada a partir do Fundamental I até o Ensino Médio. Após estes critérios avaliados, ai sim, vamos buscar os déficits cognitivos de leitura e escrita, e devem ser avaliados dentro das escolas, não podemos deixar chegar à clínica psicopedagógico.
            É preciso acentuar que a pós uma leitura, devemos fazer uma conjunção dos elementos atribuídos ao texto, este significação vai possibilitar a compreensão.  Ao lermos um texto, passamos a reconhecer os signos gráficos atribuindo seus significados imaginários do autor. Por exemplo: a palavra “mesa” é reconhecida de imediato pelo cérebro, isto é, a citada palavra é reconhecida em sua modalidade fonológica, ele vem chamar de entrada lexical[1]. Ao passo que, se esta palavra é apresentada pela primeira vez a um sujeito que passa pelo processo de alfabetização deve-se trabalhar todo o processo ortográfico e fonológico durante este aprendizado. E o número de alternativas para a identificação de uma letra depende do seu contexto. Devemos também buscar a compreensão de escrita do sujeito, isto é, a representação interna da palavra “mesa” e a codificação visual do sujeito, ou melhor, como esta palavra deve ser escrita por ele. Já a palavra “logogen”, o cérebro encontra resistência no reconhecimento, isto é, necessitamos da representação interna do objeto sugerido pela expressão gráfica, isto é, da recodificação. É importante mencionarmos que esse significado ou essa compreensão vai depender da aplicação das regras e a correspondência entre fonemas e grafemas, segundo ele é isto que vai caracterizar a organização das escritas alfabéticas. Smith (1999) apresenta um gráfico que vem denominar de recodificação fonológica: “palavra impressa – codificação visual – busca lexical – recodificação fonológica – nomear”. De acordo com o citado autor essa recodificação depende da aplicação das regras e da correspondência entre fonemas e grafemas.  E segundo ele uma vez reconvertida a palavra escrita em versão “oral”, chaga-se ao léxicon, e aos conhecimentos associados a ela.
            É preciso ressaltar que o processo de leitura não acaba na conclusão da leitura, ela continua num contexto linguístico mais amplo, isto é, na representação interna de algumas palavras. Quando analisamos uma palavra, normalmente analisamos numa unidade mais ampla. E segundo os dados bibliográficos o contexto semântico criado pela interpretação da primeira parte da oração com a análise de determinadas palavras traz informações contextuais e perspectivas do reconhecimento de palavras muito mais rápido.
            Muitos estudantes de graduação apresentam dificuldades de leituras científicas, estes sujeitos podem apresentar visão túnel. É oportuno frisar que estes sujeitos necessitam apenas de um conhecimento especifico sobre o assunto tratado nos textos. Smith (1999) menciona que devemos ter informação visual e não visual (conhecimento) sobre o texto lido. Para este autor a falta de conhecimento é algo que ele vem chamar de “relutância”, isto é, informação não visual (falta de conhecimento sobre o texto lido), esse processo pode causar relutância e uma sensação de ansiedade e ou medo. “A ansiedade causa visão túnel, e a visão túnel elimina a probabilidade de compreensão” (SMITH. 1999. p. 182).
            Convém observar também que o conhecimento prévio do assunto escrito e o habito de leitura, e ou ter a preocupação numa leitura correta, possibilita erros na leitura, estes leitores também apresentam visão túnel. Neste contexto devemos observar também, os maus hábitos de leitura, estes hábitos causam visão túnel. Por exemplo: ler devagar, o citado autor menciona que o sistema visual fica saturado com a informação visual. Do mesmo modo a insistência de leitura não compreendida causa apatia do texto e ao mesmo tempo, visão túnel.
            “Nas instituições de ensino encontramos leitores que leem como se não esperassem que aquilo que estão lendo fizesse sentido, como se ler cada palavra corretamente fosse à chave da leitura” (SMITH. 1999. p. 182). Para ele os leitores possuem informações não visuais sobre as escolhas de palavras disponibilizadas pelo autor. Devemos considerar que todo processo de escrita são experiências vivenciadas pelos autores, seja uma escrita acadêmica ou não. Contudo, devemos destacar, existem outros fatores que podem trazer problema de escrita e leitura, são os Transtornos especifico de leitura, ortografia e percepção, e desenvolvimento da aprendizagem escolar. Eis a preocupação na etiologia do rendimento escolar, das relações e na vivência de mundo do sujeito em questão. Não existe apenas uma causa que levem ao déficit de aprendizagem, todos os fatores psicobiológico e psicossociais devem ser analisados para encontramos um diagnóstico e uma possível psicoterapia.  

REFERÊNCIA

SMITH, Frank. Leitura significativa. 3ª ed. Porto Alegre. ARTEMED, 1999.

FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.






[1] Léxico: repertório de palavras existentes numa determinada língua (DICIONÁRIO ELETRÔNICO HOUAISS DA LÍNGUA PORTUGUESA 3.0).

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