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A MATEMÁTICA E O PROCESSO DE OFICINA PSICOTÉCNICA PEDAGOGICA



                                                             BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo 

            Diante dos pressupostos bibliográficos apresentados neste estudo percebemos que nenhum conhecimento pode ser tomado como acabado. Isso demonstra que este conhecimento é construído e reconstruído a todo instante de vida.
            A matemática é uma disciplina onde o sujeito organiza o raciocínio lógico. E a forma de como vamos nós relacionar com ela vai apresentar perspectivas de erros e a certos, com ela também passamos a organizar nossos problemas relacionais. É necessário termos em mente que existem diversas formas de possibilitar o aprendizado com a matemática, uma delas são os jogos e brincadeiras. Estas ações desenvolvem o raciocínio lógico e noções de regras e cálculos, o mais importante é o desenvolvimento de memórias como: memória criativa, atenção, visual e auditiva. No entanto é importante mencionarmos que existem sujeitos que apresentam transtorno de calculo, este déficit interfere significativamente no rendimento acadêmico e nas atividades cotidiana. É preciso ressaltar que, o citado déficit não pode ser detectado numa simples avaliação cognitiva, os déficits sensoriais além dos testes cognitivos são necessários uma avaliação neurológica. Porém, o objetivo deste trabalho é acompanhar problemas relacionais e cognitivos com relação à aprendizagem da matemática. Estas oficinas pretendem alcançar estes citados problemas com jogos matemáticos que desenvolvam o raciocínio lógico e os signos sociais.
            Os estudos bibliográficos evidenciaram que necessitamos do raciocínio lógico para trabalhar outras disciplinas. Ao passo que não nós afastamos da matemática, as outras disciplinas, a própria experiência de vida vão exigir dos sujeitos um exercício da razão pelo qual se procura alcançar o entendimento de atos e fatos. Este raciocínio também é um exercício de lógica matemática, assim percebemos que esta ciência que estuda por métodos dedutivos, os objetos abstratos, e as relações existentes, é presente na cotidianidade dos sujeitos. Contudo, Danyluk (1999. p. 290) menciona que: “[...] a matemática tratada de forma apresentacional como algo perfeito que não se faz na história dos humanos comuns e que também não se alimenta do contexto social, não considera o ser humano como ser que é compreensão, afeto e comunicação”.
            Com base neste raciocínio de Danyluk, passamos a perceber que, os sujeitos existem compreendendo, construindo e elaborando conhecimentos e vivência de mundo. Segundo ele a luz do sol não é percebida no cotidiano das pessoas como um fenômeno da mecânica quântica ondulatória.
Essa luz reporta-o para um universo de coisas a serem percebidas, de caminhos a serem percorridos, de possibilidades de trabalhos a serem realizados. Sem esse mundo originário, o físico não poderia desenvolver suas pesquisas, até porque não seria possível existir. Dessa forma, podemos pensar que o ser humano constrói conhecimentos ao realizar sua estrutura, sendo no mundo (DANYLUK. 1999. p. 290).
            Antes de qualquer conceito é importante destacar que, a luz do sol é um fenômeno de mundo, ela é carregada de sentido para os estudiosos. Assim devemos afirmar que, o Mundo é um espaço onde as coisas acontecem e as pessoas se expõem, onde todas as possibilidades e sonhos se realizam. O Projeto Livro da Vida desenvolveu atividades matemáticas por esta perspectiva, buscamos a cotidianidade dos sujeitos para construir e buscar os estilos cognitivos. Realizamos construções textuais e formas geométricas com o Tangram, o bloco lógico, o ábaco, o mosaico, o dominó, dobradura com figuras geométricas e outros. Estas ações buscam o desenvolvimento do raciocínio lógico dos sujeitos, são os jogos pedagógicos.
            O desenvolvimento matemático em oficinas Psicotécnico Pedagógico sugere construir significados diante dos significantes. Propõe um pensamento dialético, compreensivo e interpretativo, este processo acontece nas avaliações logo após as oficinas, e ou quando a uma interrupção do mediador da oficina. Essa interrupção busca reflexões diante das ações interpretativas do sujeito, ou quando se percebe que este não consegue realizar as atividades. Como já citamos é importante à observação e as anotações do mediador da oficina. Contudo, é importante observar o transtorno específico do cálculo, esse problema, específica a capacidade de aprendizagem da aritmética não explicada por atraso mental ou escolaridade inadequada. E afetam a aprendizagem dos conhecimentos aritméticos básicos como: adição, subtração e divisão.
            As interpretações dos sujeitos, isto é, as ações de jogadas são fundamentadas na sua compreensão de mundo. Porém, ela não foi construída num amontoados de informações, mas, na sua cotidianidade. Os jogos buscam ações reflexivas na observação dos significados e dos significantes. Danyluk (1999. p. 291) menciona que, “[...] é na intersubjetividade que a objetividade da idealidade ocorre, pois é ai que se dá o contato do entendimento linguístico”.
O que está subjacente à linguagem é o discurso, ou seja, a articulação do inteligível, do compreensível. Esse compreensível diz respeito ao próprio ato de cognição. A compreensão ocorre juntamente com outros modos constitutivos do ser humano ser no mundo. Para Heidegger, a compreensão, a afetividade e a comunicação são modos de a pessoa ser, são constitutivos do ser humano, são as existenciálias que permitem que o mundo se abra para o sujeito (DANYLUK. 1999. p. 291).
            Ao ser lançado a facticidade do existir o sujeito se defronta com o outro, segundo Danyluk (1999. p. 291) “[...] sempre há um sujeito que pretende conhecer e um objeto que está à espera para ser conhecido”. Se o conhecimento acontece juntamente com modos construtivos do sujeito no mundo, as oficinas propunham um impacto pragmático e desafiador carregado de sentidos e sentimentos. O pragmatismo com as ciências aqui proposto visa o despertar no sujeito o retorno às atividades pedagógicas ou o encontro entre a disciplina e o déficit cognitivo.
            A visão do sujeito diante do mundo uniu-se a sua experiência de vida. “A matemática, olhada como um corpo de conhecimento organizado por uma lógica possui uma linguagem peculiar de expressão e revela certos aspectos do mundo” (DANYLUK. 1999. p. 294). Buscamos explorar estes raciocínios nas oficinas pedagógicas de Liberdade Assistida, ou em qualquer outra. A psicoterapia pedagógica visa compreender e desenvolver as funções e os estilos cognitivos dos sujeitos observados. Contudo, este Projeto propõe expandir-se a outras oficinas educacionais.

                                                           REFERÊNCIA

DANYLUK, Ocsana. A matemática e o trabalho pedagógico. Em RAYS, Oswaldo Alonso (org.). Trabalho Pedagógico – Realidades e Perspectivas. Porto Alegre: Sulina, 1999, p. 289 a 302.

 

 

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