Diante dos
pressupostos bibliográficos apresentados neste estudo percebemos que nenhum
conhecimento pode ser tomado como acabado. Isso demonstra que este conhecimento
é construído e reconstruído a todo instante de vida.
A matemática é uma disciplina onde o
sujeito organiza o raciocínio lógico. E a forma de como vamos nós relacionar
com ela vai apresentar perspectivas de erros e a certos, com ela também
passamos a organizar nossos problemas relacionais. É necessário termos em mente
que existem diversas formas de possibilitar o aprendizado com a matemática, uma
delas são os jogos e brincadeiras. Estas ações desenvolvem o raciocínio lógico
e noções de regras e cálculos, o mais importante é o desenvolvimento de memórias
como: memória criativa, atenção, visual e auditiva. No entanto é importante
mencionarmos que existem sujeitos que apresentam transtorno de calculo, este
déficit interfere significativamente no rendimento acadêmico e nas atividades
cotidiana. É preciso ressaltar que, o citado déficit não pode ser detectado
numa simples avaliação cognitiva, os déficits sensoriais além dos testes
cognitivos são necessários uma avaliação neurológica. Porém, o objetivo deste
trabalho é acompanhar problemas relacionais e cognitivos com relação à
aprendizagem da matemática. Estas oficinas pretendem alcançar estes citados
problemas com jogos matemáticos que desenvolvam o raciocínio lógico e os signos
sociais.
Os estudos bibliográficos
evidenciaram que necessitamos do raciocínio lógico para trabalhar outras
disciplinas. Ao passo que não nós afastamos da matemática, as outras
disciplinas, a própria experiência de vida vão exigir dos sujeitos um exercício
da razão pelo qual se procura alcançar o entendimento de atos e fatos. Este
raciocínio também é um exercício de lógica matemática, assim percebemos que
esta ciência que estuda por métodos dedutivos, os objetos abstratos, e as
relações existentes, é presente na cotidianidade dos sujeitos. Contudo, Danyluk
(1999. p. 290) menciona que: “[...] a matemática tratada de forma
apresentacional como algo perfeito que não se faz na história dos humanos
comuns e que também não se alimenta do contexto social, não considera o ser
humano como ser que é compreensão, afeto e comunicação”.
Com base neste raciocínio de
Danyluk, passamos a perceber que, os sujeitos existem compreendendo, construindo
e elaborando conhecimentos e vivência de mundo. Segundo ele a luz do sol não é
percebida no cotidiano das pessoas como um fenômeno da mecânica quântica
ondulatória.
Essa luz reporta-o para um universo de
coisas a serem percebidas, de caminhos a serem percorridos, de possibilidades
de trabalhos a serem realizados. Sem esse mundo originário, o físico não
poderia desenvolver suas pesquisas, até porque não seria possível existir.
Dessa forma, podemos pensar que o ser humano constrói conhecimentos ao realizar
sua estrutura, sendo no mundo (DANYLUK. 1999. p. 290).
Antes de qualquer conceito é importante
destacar que, a luz do sol é um fenômeno de mundo, ela é carregada de sentido
para os estudiosos. Assim devemos afirmar que, o Mundo é um espaço onde as
coisas acontecem e as pessoas se expõem, onde todas as possibilidades e sonhos
se realizam. O Projeto Livro da Vida desenvolveu atividades matemáticas por
esta perspectiva, buscamos a cotidianidade dos sujeitos para construir e buscar
os estilos cognitivos. Realizamos construções textuais e formas geométricas com
o Tangram, o bloco lógico, o ábaco, o mosaico, o dominó, dobradura com figuras
geométricas e outros. Estas ações buscam o desenvolvimento do raciocínio lógico
dos sujeitos, são os jogos pedagógicos.
O desenvolvimento matemático em
oficinas Psicotécnico Pedagógico sugere construir significados diante dos
significantes. Propõe um pensamento dialético, compreensivo e interpretativo, este
processo acontece nas avaliações logo após as oficinas, e ou quando a uma
interrupção do mediador da oficina. Essa interrupção busca reflexões diante das
ações interpretativas do sujeito, ou quando se percebe que este não consegue
realizar as atividades. Como já citamos é importante à observação e as
anotações do mediador da oficina. Contudo, é importante observar o transtorno
específico do cálculo, esse problema, específica a capacidade de aprendizagem
da aritmética não explicada por atraso mental ou escolaridade inadequada. E
afetam a aprendizagem dos conhecimentos aritméticos básicos como: adição,
subtração e divisão.
As interpretações dos sujeitos, isto
é, as ações de jogadas são fundamentadas na sua compreensão de mundo. Porém, ela
não foi construída num amontoados de informações, mas, na sua cotidianidade. Os
jogos buscam ações reflexivas na observação dos significados e dos
significantes. Danyluk (1999. p. 291) menciona que, “[...] é na
intersubjetividade que a objetividade da idealidade ocorre, pois é ai que se dá
o contato do entendimento linguístico”.
O que está subjacente à linguagem é o
discurso, ou seja, a articulação do inteligível, do compreensível. Esse
compreensível diz respeito ao próprio ato de cognição. A compreensão ocorre
juntamente com outros modos constitutivos do ser humano ser no mundo. Para
Heidegger, a compreensão, a afetividade e a comunicação são modos de a pessoa
ser, são constitutivos do ser humano, são as existenciálias que permitem que o
mundo se abra para o sujeito (DANYLUK. 1999. p. 291).
Ao ser lançado a facticidade
do existir o sujeito se defronta com o outro, segundo Danyluk (1999. p. 291)
“[...] sempre há um sujeito que pretende conhecer e um objeto que está à espera
para ser conhecido”. Se o conhecimento acontece juntamente com modos
construtivos do sujeito no mundo, as oficinas propunham um impacto pragmático e
desafiador carregado de sentidos e sentimentos. O pragmatismo com as ciências
aqui proposto visa o despertar no sujeito o retorno às atividades pedagógicas
ou o encontro entre a disciplina e o déficit cognitivo.
A visão do sujeito diante do mundo
uniu-se a sua experiência de vida. “A matemática, olhada como um corpo de
conhecimento organizado por uma lógica possui uma linguagem peculiar de
expressão e revela certos aspectos do mundo” (DANYLUK. 1999. p. 294). Buscamos
explorar estes raciocínios nas oficinas pedagógicas de Liberdade Assistida, ou
em qualquer outra. A psicoterapia pedagógica visa compreender e desenvolver as
funções e os estilos cognitivos dos sujeitos observados. Contudo, este Projeto
propõe expandir-se a outras oficinas educacionais.
REFERÊNCIA
DANYLUK, Ocsana. A matemática e o trabalho pedagógico. Em RAYS, Oswaldo Alonso
(org.). Trabalho Pedagógico – Realidades e Perspectivas. Porto Alegre: Sulina,
1999, p. 289 a 302.
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