BARROS NETO, Manoel Esperidião do Rêgo
Quando
pensamos em aprendizagem pensamos no conjunto dos métodos pedagógicos do ensino
acadêmico e profissional. Contudo, é necessário relatar que este processo
também abrangem as experiências iniciais do desenvolvimento relacional, essa
desenvolução envolve o emocional e o cognitivo, e faz parte do conjunto
psicobiológico e psicossocial. Por ser uma ação continuada envolvem as
estruturas cognitivas, emocionais, corporais e perceptivas. Essa sequência
ocorre entre a objetividade e a vivencia de mundo, isto é, a realidade
relacional, o conhecimento, a lógica, o espaço e o tempo, envolvem as
manifestações simultâneas nos âmbitos individuais e coletivos, essa ação é
comprometida com a apropriação intelectual dos objetos externos.
É
preciso ressaltar que são observáveis nas subjetividades, tanto do ensinante
quanto do aprendiz, a todo este processo observasse: o real simbólico, o real
inconscientes, o desejo e as representações afetivas. Assim devemos perguntar:
o que é conhecimento? Segundo o dicionário eletrônico Houaiss, conhecimento é o
ato de perceber ou compreender por meio da razão ou por meio da experiência. É
o domínio vivencial, teórico ou prático de uma arte, uma ciência ou uma técnica,
e envolve os relacionamentos grupais, a esse processo devemos incluir o ser e o
crer. Diante desta realidade percebemos que, aprendizagem e ensino são modelos
interiorizados pelos sujeitos e se ligam as vivências grupais, isto é, pensamos
e existimos socialmente. Diante de tal observação é importante mencionar que o
ensinante através da educação transfere para ao aprendiz a intensão consciente
de suas ações subjetivas internalizadas por ele em seu processo vivencial de
desenvolvimento cognitivo e emocional. Isto é, transfere os estágios
emocionais, as deficiências cognitivas, as fantasias e as cobranças que lhes
foram direcionadas. Cabe ressaltar que a relação parental tem um caráter
incestuoso, esse caráter se processa no nível de desejo dos pais, incorridos
aos desejos realizados ou não, e neste contexto está à relação dialógica,
ensinante/aprendiz. Voltolini (2011) cita que o ato de falar envolve uma dupla
emissão, a que queremos emitir e aquela que transmitimos a revelia, esse
processo linguístico influi na comunicação com o outro, tornando ponto decisivo
no processo de ensino/aprendizagem. A essa ação transferencial, vamos chamar de
real simbólico, isto é, é uma ação inconsciente que repousa simbolicamente no
assassinato do pai. Para o citado autor (2011) ao falarmos estamos referindo
sempre a outra cena que nos condicionou e condiciona, isto é, falamos através
de nós ou das nossas ações vivenciais. Desta forma é indispensável pensarmos
sempre nos modelos de ser, crer e fazer para assim construir nossa identidade
profissional. Contudo, essa ação é completamente inconsciente e necessita de
uma ajuda profissional para dar consciência. Segundo Fernández (1990) “existe
uma distância muito grande entre a pessoa que os pais supõem amar, e o objeto
do amor.” Winnicott (2011) menciona que a psicanálise revelou as características
de desenvolvimento emocional, psicossexual e maturacional dos sujeitos, e a
necessidade de um ambiente facilitador.
É
importante mencionarmos que durante os processos de análises devemos investigar
a posição do sujeito, frente ao não aludido, isto é, a distância entre, o real
inconsciente e o real consciente. Neste processo investigativo vamos buscar
também qual é o significado que do sujeito no grupo familiar. Desta forma concluímos
que, a ação educativa envolve as dimensões sociais, pessoais e emocionais, ou
melhor, o ensinante também transfere suas objetividades e subjetividades no ato
de dialogar conhecimento, dentro e fora da sala de aula. Como a relação entorno
da natureza educativa, das etapas e dos limites do conhecimento humano é um
processo indissociável, é indispensável compreendermos todos os aspectos emocionais
e cognitivos do sujeito em seu meio social, isto é, família, grupo de amigos e
escola. Desta forma é de extrema importância observar a relação social
professor/aluno e aluno/professor, essa relação envolve inconscientemente a
relação pais/filhos. Muitas vezes nos deparamos com alegações de alguns pais
sobre determinadas ações educativas, esse processo remete a forma de como foi
educado, isto é, “eu fui educado com rigidez, hoje o professor não segue o
livro solicitado pela escola...” Da mesma forma menciona o ensinante: “em meu
tempo o processo educativo era rígido, o aluno respeitava o professor”,
contudo, este sujeito não era respeitado pelo sistema institucional.
A
aprendizagem não é uma ação passiva ou uma ação condicionada, envolve também a
influência estabelecida entre ambos. Na Liberdade Assistida observamos a
relação significante, entre aprendiz e ensinante. Assim devemos refletir sobre
a herança que deixamos ao outro, essa herança se refere a nós transferencialmente,
podendo ou não tornar irrealizável o processo educativo do aprendiz.
REFERÊNCIAS
WINNCOTT, Donald W. O preço de desconsiderar a
pesquisa psicanalítica. P. 171 a 182. 5ª ed. São Paulo: Editora: WMF – Martins Fontes,
2011.
VOLTOLINE, Rinaldo. Educação e psicanálise. Rio
de Janeiro: zahar, 2011.
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
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