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SIGNIFICAÇÕES DO SILÊNCIO - CRÔNICAS DE ANÁLISE PESSOAL

INTRODUÇÃO
          Devo mencionar que sempre perguntei o significado das imagens projetadas em meu Consciente. Ou seja, os questionamentos do eu e as imagens ações construídas em meu imaginário consciente/inconsciente.  
Observando a minha mudez passei então a examinar outras; há de se convir que tanto as imagens projetadas diante de mim, e ao mesmo tempo percebo a mudez dos outros, que refletem sobre a construção do “eu”. Devo mencionar que fazem parte das imagens expendidas a mim.
E partindo da segunda teoria psicanalítica do aparelho psíquico examinada por Freud - conceitos do id, ego e supereu. Estes conceitos são responsáveis pelos três sistemas da personalidade. Para ser mais claro fazem parte da construção do “eu” e do “eu- isso”.
Diante de tais conjecturas psíquicas teci estes escritos, nele exponho as significações do meu silêncio e de outros silêncios examinados por mim.
Curioso, mas descobri que ao dissertar tais significações, estava reverenciando temas psicossociais e todos os acontecimentos significativos registrados no meu superego cultural transportados ao superego individual.
Isto significa que quando exponho tais questionamentos revivo imagens projetivas gravadas na memória sensorial transportadas ao Ego. Posso mencionar que neste momento projeto sensações e desejos reprimidos inconscientemente, são reações intrapessoais e interpessoais. Ou seja, revivendo emoções transporto experiências pessoais relacionadas aos “eu’s atuais” e aos “eu’s passados”.
É importante mencionar que ao dissertar tal complexidade exponho interiorizações, extraindo em todos os aspectos monstros adormecidos ao longo de toda uma vida.
Cabe ressaltar que todo sujeito social apresenta em seu aparelho psíquico mecanismos de defesa, percepções armazenadas na memória sensorial de acontecimentos dos mundos exógenos e/ou mundos interiorizados.  
Tais escritos são imagens projetivas do meu inconsciente, são desejos reprimidos fazem parte do princípio do prazer. São percepções projetivas vivenciadas por mim, tal vivencia mostra minha percepção de mundo. Percepções constrangedoras, dolorosas e muitas vezes desorganizadas interiormente.  
Cabe ressaltar que numa percepção psicanalítica sobre o silêncio examina-se que para evitar desprazeres todos os sujeitos deformam e/ou suprimem sua própria realidade revelando um silêncio interior ou espaços emocionais não ocupados pelo medo. Revela o despovoamento interior chamado de solidão. 
Nasio (2010) menciona que os espaços silenciados manifestam-se idêntico a si mesmo, ou seja, manifestasse na simultaneidade dos elementos absorvidos pelo medo que reprime, onde o tempo suprime o espaço.
Lacan (2009) menciona que o eu é constituído em relação ao outro, posso mencionar que o eu é correlato do outro. E quanto mais o discurso é vazio, mais você será levado ao eu do outro.
Tais contextualizações levaram-me a perguntar: o que é o tempo?
Segundo o discurso psicanalítico o tempo é a supressão do espaço, o espaço é a supressão do tempo revelado pela imagem do espelho e/ou o reverso do mundo exógeno sobre meu mundo interior. É importante mencionar que estes mundos passam a revelar existências pessoais do nosso próprio desejo, das nossas próprias repressões.
Freud (1996) menciona que o sentido da vida transcorre-se na urgência de cada um, transcorre na supressão do tempo não aproveitado. No entanto, a felicidade da vida em comunidade destacasse sobre o princípio do prazer não revelado, e muitas felicidades são subtraídas pelo inconsciente.
O cineasta Christopher Nolan nos leva a um fantástico mundo onírico, filme: “A origem”. Neste filme ele deixa transparecer nossos mais obscuros desejos inconscientes.
Cabe ressaltar que o inconsciente registra-se todos os mais obscuros desejos e os mais longínquos segredos de toda uma vida. Assim, destaco, quando estamos no estado de “sono-rem” (sono profundo), morremos.
Neste momento o corpo baixa energia da pressão arterial, o cérebro funciona em sua carga mínima, a respiração suprime sua intensidade e os batimentos cardíacos diminuem. E passamos a encontrar com nossas dolorosas experiências emocionais de desejos ou dor.
Nossos excrementos reprimidos inconscientemente ao longo toda uma vida. Encontramos com os mais obscuros segredos, medos e mundos não vividos por ações coercitivas.
Dom Cobb, personagem de Leonardo Di Caprio do citado filme, menciona que uma representação mental é como um vírus resistente e altamente contagioso. É uma semente mental que transporta uma ideia, essa semente pode crescer definindo e/ou destruindo você.
Devo mencionar que é no momento da abstração mental (o sono) que seu mundo material passa a não ser mais real. Cabe ressaltar que o seu mundo é definido pelo outro, ou seja, o “eu social”. Somos definidos pela negatividade e/ou positividade direcionada pela imagem psicossocial. Para ser mais claro, somos uma projeção do outro, isolamos fatores que estão relacionados à nossa realidade em favor da realidade comum, quem nos direciona é a massa.
A imagem que projetamos é implantada na nossa mente, muitas vezes é positiva ou negativa e isto pode mudar toda uma vida. É na repressão direcionada a nos que projetamos todas as nossas dores, nossos desejos reprimidos que ardem e doem.
Somos sujeitos psicossociais e muitas vezes revelamos comportamentos primitivos. Simanke (2010) ao estudar o pensamento e a influência filosófico/cientifico contemporâneo a Lacan, passa a examinar o caráter afetivo das representações e/ou o resultado da influencia social sobre os sujeitos. Isto me levou a um questionamento: o que é real? E quem sou eu?
          É necessário observar que os interesses individuais não coincidem totalmente com os interesses sociais. Nossos interesses são transformados pelos agentes infecciosos das imagens projetadas e implantadas como um vírus em nossos desejos. Cabe ressaltar que tais imagens são internalizadas e implantadas pelo contexto social, pelo desejo do outro, e muitas vezes pela neurose urbana, consumista e capitalista.
          O filme: “Ensaio sobre a cegueira” baseado no romance de José Saramago e dirigido por Fernando Meireles revela a “cegueira branca”. Tal cegueira impossibilita os sujeitos de se perceberem, impedindo-lhes de perceberem seus próprios sentimentos, tais impedimentos controlam nossos medos.
          No entanto, deve-se perceber que a sociedade determina e constroem comportamentos acolhendo, reprimindo e descriminando. Pode-se mencionar que este controle determina subjetividades e significações. Tais significações são representações de crises patológicas emocionais e inconscientes, são mortais.
          E diante de crises como estas os sujeitos passam a não existirem individualmente, ou seja, os objetos do mundo social são percebidos diretamente como emblema simbólico num significante sem sentido. Revela todo o tempo projeções oníricas doentias, tais expressões mentais vêm revelar vontades, desejos e mundos reprimidos. Até que um dia revelamos tudo conscientemente sendo taxados de loucos.
          É importante mencionar que no Séc. XVIII e XIX a loucura foi segregada sendo isolada do resto da sociedade. Se compararmos com os dias atuais perceberemos que a sociedade delimita a razão e a desrazão, segrega comportamentos loucos desenvolvidos e criados pela própria sociedade.
          Pergunto: Quem sou eu diante do cogito da razão? Será que a visão cartesiana do mundo denuncia a atual loucura social?    
          Neste momento compartilho a todos os meus mais obscuros desejos, desejos inconscientes e conscientes. Desejos vividos e não vividos, loucos e insanos. Neste escrito passo a registrar minhas análises pessoais, observações, dúvidas, medos, desejos e raivas sobre uma sociedade insana.
          Loucuras reprimidas diante de toda uma existência, para ser mais claro, são cinquenta anos de vida, escritos silenciados ao longo de toda uma vida dissertados nos primeiros meses de repouso do meu tratamento cardíaco e concluídos bem depois. Neste repouso pude perceber em que mundo vivia, pude perceber a insanidade de toda uma construção social e religiosa, toda a hipocrisia humana. No entanto, tenho certeza que em algum ponto do meu silêncio insano você vai se encontrará.            

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