Data:
27/06/2013 – estímulos ambientais
Ontem percebi a influência da dor
sobre os estímulos ambientais no comportamento social dos sujeitos que vivem a
margem. Para ser mais preciso sujeitos que não têm o amparo social, vivem da
esmola do Estado.
Ao mesmo tempo, percebi a instrumentalização
e a imagem do pensamento sobre o outro.
Estava
sentado na salaSILÊNCIO de espera da perícia médica, em silêncio passei a observar a
sobrecarga físico/mental dos pacientes que aguardavam atendimento. Essa dor
resumia-se entre a doença e a ansiedade, estado psicológico direcionado pelo
medo e a dor da espera. Espera miseravelmente, essa miséria é direito do
trabalhador, direito adquirido por leis trabalhistas.
Por outro lado, para os peritos
(médicos) existem uma separação entre a política e a ética, isto é, a instituição
e os sujeitos reprimidos por sobre uma dor físico/mental construída pelo
desamparo do Estado.
Essa obsorção foi confirmada quando
uma senhora deixava a sala do perito. Ela caminhava para lá, e para cá em busca
do resultado, imediatamente percebi na senhora a influência linguística/social.
Vigotski (2007) menciona que a
linguagem desempenha funções importantes no desenvolvimento psicossocial dos
sujeitos, seria a coordenação social e a instrumentalização do pensamento, é a
imagem psíquica do pensamento.
A violência ou a violação dos
direitos humana-sociais leva o sujeito a uma reposta agressiva (ação). É a uma
revolta inexplicável, reprimida pela dor da incapacidade. Mas, ressalto que a
ação deixa agressiva deixa a incapacidade de lado.
Tal agressividade indica condições
externas e internas, ou melhor, são estimulo resposta a excitações pulsionais
do inconsciente, é a dor sentida na negatividade social.
Neste momento percebi a influência
sócio/cultural e comportamental da citada senhora. Por outro lado, observei a
incorporação do plano simbólico no aparato psicológico, este se une a
linguagem. Para Vigotsky (2010) toda palavra é acompanhada por imagens, depois
é que nasce à instrumentalização do pensamento, ou seja, a ação.
Contudo, na ação linguística, a
imagem morre conservando o som, ou melhor, a linguagem dos sujeitos simbolizam
entidades reais de suas relações ambientais. Estas respostas são consciente/inconscientes.
Para ser mais claro são ações
agressivas representadas pela instrumentalização do pensamento social/frustrado,
são respostas às violações de direitos adquiridos por lei, são dores agressivas
da negação exógena. Negação vivenciada por tal senhora, na qual, seu beneficio
foi negado, essa negação existe desde sua fecundação uterina.
Devo mencionar que neste dia tive
medo, medo do domínio organizacional da massa Institucional, até breve!
Data:
28/06/2013 - composições projetivas
Ontem, estava observando composições
projetivas, são imagens inconscientes (desenhos). Tais imagens foram desenvolvidas
por adolescentes em grupos operativos na Liberdade Assistida (Medida
socioeducativa em meio aberto). E neste momento lembrei-me da busca do sujeito
no espaço cotidiano ou do seu reconhecimento como sujeito de direito sobre a
aproximação do objeto de representação.
Lembrava-me também da relação
afetiva entre o observador (monitor) e os sujeitos, isto é, o afeto catalizador
entre os participantes dos grupos operativos e a reorganização dos mundos
vividos. Devo lembrar que tais universos são diferenciados, os desejos vividos
são completamente opostos.
Nas representações projetivas observei
conflitos inconscientes, e a não organização do espaço interno sobre o espaço
externo.
A estas causas conflitivas liga-se
a não escolarização, a negação afetiva (sócio familiar) e o desenvolvimento de
situações circunscritas como situações sensoriais, coordenação motora fina,
atenção visual, a não alfabetização, a relação “eu outro”, e o mais grave,
sentimentos negativos e a não organização do real simbólico.
Há estas observações percebi também
a necessidade de organização civilizatória. Estes pontos estariam no desejo de
superação da lei da natureza. Ou seja, a necessidade inconsciente de limite.
Na obra “Totem e tabu”, Freud
citando Darwin examina que a origem de urgência da vida em comunidade estaria
na lei da natureza, na lei do mais forte. Em sua observação tal lei regulava a
vida dos homens primitivos.
Examinando sobre as citadas
projeções passei a examinar também a interiorização da imagem “eu/outro”. Isto
é, a imagem espetacular direcionada socialmente sobre a invisibilidade dos
sujeitos reprimidos socialmente, banidos do Estado.
Foucault
observa a ilegalidade e a delinquência que existe entre a passagem dos
suplícios e os rituais de ostentação misturados a cerimônias de sofrimento do
Século XVI e XVII. Segundo ele o suplício bem sucedido justificava uma justiça
sobre o corpo supliciado, simbolizava a interiorização do sofrimento.
Lacan examina que a verdade do
sofrimento neurótico consiste em ter uma só verdade como causa. O mais curioso,
é que nas composições projetivas examinadas por mim percebe-se que existia algo
além da subjetividade inconsciente representada sobre o papel. Existe uma
linguagem do pensamento instrumentalizado num intercambio entre o sujeito e o
meio, entre o passado e o futuro. Percebe-se também a miséria, a revolta do
sujeito esquecido e negado pela mãe, hoje negado por toda uma sociedade
neurótica consumista e excludente.
O mais lamentável é perceber a fuga
do “eu atual” ou a morte inconsciente no uso de substâncias psicoativas, drogas.
Devo ressaltar que o consumo de substâncias
talvez não chegue a ser um ponto de interrogação quanto à doença, ela revela a
impotência de se reconhecer-se diante de si mesmo. É a negação da imagem de “si
mesmo”, somos imagens projetadas pelo outro social, somos muitos.
É a marginalização e a morte do “eu
social e familiar”, estes são os verdadeiros sintomas dos danos sociais
causados pela não existência do “self” (eu em si mesmo). Pois, o estíssimo e a
busca pela perfeição e o capitalismo delirante sejam as causas das
circunstâncias patológicas da sociedade contemporânea. Nietzsche (2011) cita
que ninguém é responsável por existir, e a fatalidade do seu ser não pode ser
separada da fatalidade de tudo, o que foi e/ou será...
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