Data:
13/07/2013 – observando outros silêncios
O estado de abstração levou-me a
perceber a dor do outro numa imagem espetacular imposta pela sociedade. É
curioso, mas refletimos imagens direcionadas pelos grupos que escolhemos e/ou
somos escolhidos. Quero dizer que somos acolhidos pelos grupos diante das
nossas necessidades emocionais ou carência afetiva.
Conhecer e estudar sobre o universo
do sujeito em desenvolvimento emocional levou-me a perceber uma busca por
proteção das meninas e a exposição espontânea de perigo dos meninos.
Essa busca é uma resposta ou uma
demanda emergencial da crise aguda/inconsciente, é uma busca por espaço interno
e externo. Contudo, diante do trabalho com oficinas operativas no meio aberto
pude perceber que a busca dos sujeitos atendidos é uma organização interna.
Tais demandas podem leva-los muitas vezes a uma fuga ou uma liberdade
desenfreada. Essa liberdade é uma resposta ou uma acomodação interna.
Buscamos os outros à procura de
liberdade, ou buscamos respostas que não podemos dar a nos mesmo. Quem sou eu?
Qual o meu lugar no espaço e no tempo?
Na realidade não conseguimos
verbalizar o sofrimento difuso que invade um estado psíquico de silêncio, falta-nos
muitas vezes compreensão para traduzir o mal-estar manifestado por nós. Devemos
tentar perceber qual é o meu lugar nos encontros e desencontros ambientais.
Desde quando descobri que a dor
mental reflete sobre o corpo pude examinar melhor comportamentos ambientais. Sentimos
dores e não sabemos explicar as dores sentidas, estas dores são os nossos
silêncios em conflito com outros. São resultados de mundos esgotados, muitas
dores tornam-se psicossomáticas, são panoramas do sofrimento inconsciente de
cada um; as dores são respostas da unicidade do amor exigido por mim na
primeiríssima infância.
Este panorama muitas vezes nós leva
a um corpo deformado pela negação, devo ressaltar que a deformação do corpo
começa pela não percepção ou conhecimento do “self” (si mesmo). E neste momento
passamos pelo crivo do belo, do desejo.
Este estado emocional é como um
bordado de bastidor, cujo tecido se prepara para a remoção de alguns fios. Tais
remoções formam a grade sobre a qual se trabalha o labirinto. Nietzsche
menciona que o belo é a definição humana de si mesmo, ou a medida da perfeição
interior.
As observações de Freud levam-nos ao
complexo de Édipo e ao narcisismo, onde cada um adora a si mesmo, hoje mais que
nunca.
Para a sociedade contemporânea o feio
degenera o homem provocando a degenerescência, a velhice, o cansaço, e a
ausência de liberdade. Sabe pensando bem este tema merece um aprofundamento,
não acham?
Mais uma vez despeço-me sem deixar
que vocês percebam os vossos silêncios! Prefiro que percebam apenas um esboço
do “eu”, ou alguns “eu’s”!
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